Após o treinador mandar todos irem dormir, Liam foi tomar um banho antes de se deitar. Por mais que estivesse acostumado, se houvesse a opção, ele preferia tomar banho sozinho, então esperou sentado num galho de árvore fora de vista, até todos saírem do recinto.

O castanho abriu sua mochila pegando seus produtos de higiene e se despiu entrando no box compartilhado. No quesito temperatura, Liam não gostava da água nem muito quente, nem muito fria, seu corpo ficava satisfeito com o meio termo. A ducha era grande, jorrando água para além de seu corpo, o que tornava mais fácil se lavar e de aturar a temperatura do local, que parecia estar ficando mais fria para si. Francamente, porque tinha de lavar as mãos em acónito?

O castanho enxaguava o cabelo quando sentiu um calor bem próximo ao seu corpo. Ele sentiu seu corpo se arrepiar quando algo duro se esfregava em suas nadegas e dois braços se envolveram no seu corpo. Liam estava paralisado, ele não se mexeu até que uma mão tocou em seu pênis tentando estimula-lo, quando jogou seu corpo para trás derrubando quem quer que seja e virou para frente cobrindo sua virilha com as duas mãos.

Liam farejou o ar, já que estava escuro demais para reconhecer a pessoa e se surpreendeu quando identificou o aroma.

— Garret? Você tá louco? Se você encostar um dedo em mim de novo, eu vou.. – mas o castanho caiu quando o loiro investiu para cima dele.

— Você é um bom garoto, não é Dunbar? Aprende rápido quem esta no comando.. Qualé, pelo menos me paga um boquete – o loiro estava montado em cima dele com os braços flexionados contra os seus, o impedindo de se movimentar. O membro desperto do maior não estava muito longe de seu rosto. Liam até poderia se soltar se não estivesse com uma gripe sobrenatural, causada por um tipo de acônito que o deixava tão fraco quanto um simples humano, fato que não ajudava no momento.

— Me solta, cara! Perdeu a cabeça? Eu já disse que não estou pronto pra essas coisas.. 

— Perdi a cabeça sim.. Com a ideia de você se entregando de bandeja praquele marmanjo.. – Garret se aproximou do rosto de Liam, mas não conseguindo alcançar os lábios do menor acabou por lamber o pescoço do mesmo, que tremeu com o ato. – Parece que seu corpo gosta... Acho que você também, só custa admitir.. Vamos lá Li, sou muito mais interessante que o Theo..

Enquanto o loiro estava entretido com seu pescoço, que com certeza ficaria marcado, o castanho aproveitou a deixa e lhe deu uma cabeçada que o desconcertou o suficiente para que ele chutasse suas costas de modo desengonçado e se desprendesse do corpo do outro.

— Fique a pelo menos cinco metros longe de mim, entendeu? - apesar da pose, este espirrou perdendo sua postura.

Garret sorriu caído no chão com a mão na cabeça tentando se equilibrar sentado.

— Me pergunto se você tem toda essa energia quando estiver sentando com força em um.. – Liam o desacordou com um soco que muito provavelmente quebrou seu nariz.

O cheiro do álcool era perceptível mesmo na situação atual do menor, o que enfatizava a quantidade de álcool ingerida pelo outro.

O castanho terminou seu banho rapidamente, se trocou e saiu apressado do vestiário antes que o outro acordasse. Francamente, ele não esperava isso de Garret. E que história é essa sobre o Theo? Liam preferiu atribuir esses pensamentos a paranóias causadas pelo álcool.

X.o.X.o.X

A noite estava fria. Não muito fria, mas para alguém que acabou de sair do banho quente era um prato cheio para seu "vírus" sobrenatural.

— Atchim... – espirrou o pequeno coçando o nariz com raiva. Ele nem se lembrava da última vez que adoeceu. Bendito acônito...

Já em sua barraca, Liam percebeu que tremia de frio enquanto tentava puxar o zíper. Era oficial, havia pego uma gripe, o que não era surpresa considerando como se expôs.

Um pouco mais a frente, ele viu Mason e Corey aos beijos. Os dois quase caíram na chão quando uma mão boba apalpou o moreno, de modo que Corey tratou de levar ela até sua cintura novamente, antes de abrir sua barraca para que o companheiro entrasse.

Liam sorriu com o ato. Ele ficava feliz quando via o outro feliz, o que ele com certeza estava desde que conheceu Corey. Ele consegue enxergar além do que os olhos podem ver e isso permitiu notar Mason, que sempre estava atrás de alguma prateleira ou coluna o seguindo. Eles formavam um bom casal.

Dentro de sua moradia até acabar as férias, o castanho tratou de ficar mais a vontade somente de box e uma samba canção por cima. Sim, ele estava com frio, mas preferia usar mais cobertas do que colocar mais roupas, afinal, se ficasse com calor a noite, seu corpo simplesmente afastaria as peças.

X.o.X.o.X

Liam não conseguia dormir. Havia se passado 2 horas, mas seus dentes insistiam em bater freneticamente e seu corpo não passava muito longe, tremendo da cabeça aos pés.

— Psiu... – é a segunda vez que o castanho escutou alguém chamando, mas pensou que fosse na barraca ao lado, então não deu atenção. – Psiu.. Liam...

O menor saiu debaixo das cobertas percebendo que a situação estava pior do que ele imaginava... Seu corpo chegou a doer de frio, mas ele se obrigou a engatinhar até a abertura, Mason devia precisar de alguma coisa.

— Eae ga-aranhão, aprov-veitando a n-noite... T-Theo... O que foi?

Liam via as olheiras no pé dos olhos do maior e percebeu que o outro estava caindo de sono, mas provavelmente também não conseguiu dormir.

— Éhr... Eu queria saber se eu posso dormir com você..

— Quê?

— Não... É.. Foi mal, me expressei mal.. Eu esqueci a cobertura da minha barraca e só trouxe a estrutura, então estou sem opções.. Tentei dormir no refeitório, em cima duma árvore, numa rede... Mas não estou conseguindo dormir e como você está sozinho..

— Quem disse que estou só, o Mas..

— Ele veio com o Corey.. Quando passei pela barraca, pude ouvir o suficiente para saber que ele vai dormir por lá.. E ele não veio com você.. – disse apontando para o lado vazio da barraca.

Liam olhou bem no fundo dos olhos de Theo com uma certa desconfiança. Não confiava o suficiente no outro para dividir a barraca com ele.

— Quer saber? Deixa quieto... Não sei o que me deu vir aqui se humilhar... – o loiro estava se distanciando emburrado, mas Liam foi atrás dele e segurou seu braço, porém Theo se assustou com o toque gélido levantando as garras num rosnado, afastando o menor.

— Pode ficar... Mas entra logo antes que eu mude de ideia...

THEO

O menor se apressou em voltar para dentro da barraca e Theo dessa distância pode ver ele se embrulhar nas coberturas de modo desesperado. Sua mão estava gelada de um modo anormal.. Tinha algo estranho com o castanho.

Ao se aproximar da barraca viu o menor tentando segurar a tremedeira, provavelmente com vergonha, mas ele conseguia ouvir os ossos vibrando.

— Tire o s-sapato do lado de d-dentro da abertura junto c-com os meus..

O maior assentiu e tirou os sapatos no local indicado, colocando as botas do lado dos calçados do castanho que ele pensou que seriam menores devido ao seu tamanho, mas era pequena a diferença.

— Esses saquinhos..

— São para c-colocar as meias.

— Nossa... Você é pior que a minha mãe.. – resmungou Theo fazendo o que o outro pediu.

— Eu n-não sou o-obrigado a aguentar meu p-possível chulé, vou s-sentir o seu? Me o-obrigue.. – O menor se encolheu mais em suas cobertas e olhava de soslaio para Theo.

O maior se abaixou e começou a engatinhar em cima do corpo de Liam, que até parou de tremer quando sentiu a movimentação. O loiro chegou perto de seu rosto e sussurrou:

— Tem certeza que quer que eu te obrigue? – ele segurava uma meia estendida em sua mão.

O castanho cobriu o rosto, mas Theo foi mais rápido colocando a meia na sua cara e saindo de cima de Liam rindo.

— Seu noje.. Ué, não tem chulé...

— Eu não ia fazer você cheirar minha meia usada, Liam..

— Hun.. – resmungou virando para o outro lado. – Feche logo esse zíper...

O loiro obedeceu e posicionou sua mala do lado oposto da outra.

— Você se importa se eu ficar só de bermuda?

O outro não obteve resposta, só uma movimentação da parte do outro.

— Quem cala consente...

Theo acertou seu lado da barraca com o travesseiro e forrou o leito com um edredom, pois não havia necessidade de se cobrir com um, apenas um lençol era suficiente.

Ele retirou suas roupas ficando apenas com uma cueca box vermelho sangue, que logo foi coberta por uma bermuda de malha, dessas de academia.

— Liam... – o outro não respondeu novamente. – Eu sei que você não está dormindo.. De qualquer forma, só quero perguntar se você quer minha coberta? Aparentemente, você precisa mais do que eu.. – o loiro colocou a mão por dentro do amontoado de tecidos e sentiu o corpo ao seu lado se arrepiar com o toque em suas costas gélidas. Houve movimentação da parte do outro, que tinha certo receio de aceitar ou não a oferta.

O menor se virou ficando no seu campo de visão e percorreu seu corpo com o olhar até chegar em seus olhos, analisando mais lentamente seu abdômen e peitoral antes de chacoalhar sua cabeça e levantar o braço em busca da peça.

O loiro abriu a coberta e a extendeu em cima do outro que não deixou de encarar seus olhos até que ele o encarou de volta.

Theo segurou o braço do menor, notando quão baixa a temperatura estava e o guardou junto de seu corpo.

— Você está bem, Liam? Tem certeza que não quer.. – o maior parou para analisar a situação e chegou numa hipótese para o estado atual do menor. – Você foi envenenado com acônito, certo?

O castanho assentiu devagar.

— Como é que você foi afetado por isso... E como o Scott deixa você viajar nesse estado? Ele ao menos sabe disso? Isso é perigoso seu cabeça oca!

— Qual motivo de tanta preocupação? Eu ehn... – rosnou Liam com lágrimas querendo brotar em seus olhos, mas ele as segurava. – Fui infectado aqui, não vim para cá assim.. E eles estão na faculdade esqueceu? Scott, Stiles, Lydia, Malia... E eu não preciso me justificar pra você..

— Ok, Zezé... Se quiser morrer de frio, fique a vontade. Mas saiba que seu corpo não está conseguindo segurar sua temperatura, e ela vai diminuir mais e mais...

O castanho resmungou algo que o loiro não entendeu, mas não falou nada.

— Mato você se contar para alguém, mas acho que vamos ter de dormir mais próximos, talvez de conchinha.. Não, não estou falando de sexo, só precisa..

— Eu estou bem, ok? – Liam falou um pouco alto demais surpreendendo o loiro.

— Faça o que quiser, talvez sentir seu coração congelar seja bom pra você..

Dito isso, Theo se deitou de costas para o menor e se cobriu de modo brusco, remoendo suas ações desde que entrou dentro da barraca.

“Idiota, não quer fazer uma sopinha pra ele se sentir melhor não?”

Ele odiava como a lua crescente mexia com seu estado emocional, deixava o loiro mais bobo do que gostaria de admitir.

“Se o fedelho quer morrer de frio, deixa ele... Virou babá agora?”

Seu animal interior que tomava conta de si durante a imersão da lua crescente era mais bipolar que ele em seus piores dias.

“Cale a boca, saco de pulgas”

LIAM

Liam sentia mais frio do que quando viajou para o Alaska. Seu corpo tremia como se estivesse andando de skate numa rua de paralelepípedos. Os dentes voltaram a tremer e ele não conseguia mais se segurar, ele estava começando a ter dificuldade para respirar.

— Ah, foda-se!

Theo se sentou e tentou levantar seus cobertores, mas o castanho os segurava com o pouco de força que tinha.

— O que f-foi... Solta T-Theo... P-para, para...

— Eu não vou conseguir dormir com seus ossos tremendo desse jeito! – rosnou o maior puxando todas as cobertas de cima do seu corpo que buscou se encolher.

— T-Theo, me dei-ixa em paz... – choramingou o castanho.

— Liam, se houvesse outra opção, você acha... Olhe nos meus olhos e diga que se não houvesse outra opção, se eu faria isso? Ahn?

Theo empurrou todas as peças para seu lado e pegou apenas o lençol.

— Só o l-lençol.. Você t-tá doido..

— Meu corpo é o suficiente para te aquecer até amanhã...

Liam resmungou corando, mas mesmo que não admitisse em voz alta, ele sabia que precisava se aquecer.. De uma forma ou de outra.

O maior se posicionou atrás de si e envolveu seu corpo no dele.

— Nossa Liam... Você está congelando... Calma que logo vai esquentar... Se tirar a roupa é mais rápido – sussurrou essa última parte e recebeu um tapa fraco.

O menor gemeu com o calor emanado pelo corpo do outro e prensou mais ainda seu corpo no de Theo. Ele podia jurar que viu vapor subir do local onde o braço do maior cobriu o seu.

— T-Theo... Será que n-não séria m-melhor em outra p-posição?

— Não. Assim suas costas estão coladas no meu peito e seu corpo esquenta mais rapidamente..

— Ok..

Liam não gostava de como estava gostando daquilo. Podia sentir os músculos de Theo se contraíram em suas costas conforme ele respirava. Seus braços, que exibiam músculos bem trabalhados envolviam os seus com firmeza, ele podia se mexer, mas seus movimentos eram limitados, não que fosse ruim se ver impotente naqueles braços.

— Não é tão ruim assim, é? – questionou o maior com um sorriso sem pudor algum na voz.

— Você está m-me mantendo v-vivo... Posso c-conviver com i-isso... Preciso...

O castanho sabia que o outro podia ouvir seus batimentos e interpretar suas emoções esaladas no ambiente, mas preferia se fazer de desentendido. Ele não iria admitir que estava gostando.

— Você é bem cheiroso sabia?... Calma, calma.. Parei.. – Liam tentou se desvencilhar de seu corpo, mas não estava em condições para tal.

— Então, p-para de f-fazer graça...

— Tá certo.. Eu só queria amenizar a situação pra você, pois não posso dizer o quanto está sendo desagradável pra mim.. – o maior dizia isso, mas mesmo não tendo seus sentidos de lobo, Liam podia sentir que ele estava mentindo.

Theo friccionou a cintura tentando encontrar uma posição mais confortável, porém isso acarretou no membro do maior se apertando em suas nádegas, o que trouxe as palavras de Garret a sua mente o deixando desconfortável. Sua imaginação fértil o fez imaginar a cena dele montado na cintura do maior.

— T-Theo, para de se mexer... Você tá me b-bulinando..

— Não, estou tentando achar uma posição melhor para nós dois!

Liam com o resto de suas forças se impulsionou virando seu corpo ficando de frente para o outro, se encaixando no tronco de Theo que levantou os braços para que o outro se aconchegasse, os pousou em suas costas e sob o braço em cima de seu abdômen. O menor agora usava o peito do loiro como travesseiro e estava colado em sua cintura de lado.

— Eu não posso te bulinar, mas você pode, você tem que admitir que é injusto, não?

— B-boa noite, T-Theo...

O maior sorriu e para sua surpresa encostou a cabeça na dele, encaixando perfeitamente no vão. O castanho suspirou com o ar quente da respiração do loiro proximo de seu pescoço.

— Boa noite, Liam.. – desejou fungando aquele cheiro que não saia de suas narinas.