Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 58
Desentendimentos


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, gente!
Aqui estou eu, depois de um mês, finalmente com um capítulo pronto! Kkk
Espero que gostem!



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Como Joaquim estava namorando a Sandy e estava feliz da vida, Samuca achou que já podia falar com ele sobre Bel. Então chegou perguntando como estavam as coisas com a Sandy, como quem não quer nada, e depois disse:

— Então, eh... eu tô a fim de uma menina. E já que você tá namorando agora...

— Já sei — Joaquim interrompeu o irmão. — Você quer ajuda pra conquistar a Janete.

— Não, eu não gosto mais dela...

— Desde quando?

— Faz um tempo já...

— Ah... De quem você gosta agora então? — Perguntou Joaquim, estranhando.

Samuca hesitou um pouco.

— Olha... eu não escolhi gostar dela! Se eu pudesse escolher, eu ia gostar de outra pessoa, mas...

O rosto de Joaquim ganhou uma expressão irritada, como Samuca temeu que acontecesse, e o primeiro falou:

—Você tá gostando da Sandy???

— Não, claro que não, nada a ver! — Respondeu Samuca e em seguida ficou um pouco aliviado. — Então... já que não é a Sandy, você não vai se importar, né?

— Samuca, fala logo quem é essa menina, para de enrolar!

— Tá bom. É a Bel.

— Ah... Nesse caso, quer que eu te dê uma dica?

— Sério?

— É melhor você desistir dela logo. Ela deu um fora até em mim...

De todas as reações que Samuca esperava do irmão, ele definitivamente não esperava essa. Ele sabia que Joaquim era mais popular e que geralmente era dele que as meninas gostavam, mas não podia haver uma exceção, não? Enfim, Samuca preferiu não discutir com o irmão, então não disse mais nada. Apenas resolveu pensar sozinho em uma maneira para se tornar mais confiante e poder conquistar a Bel. 

Joaquim, por sua vez, ficou incomodado pela revelação do gêmeo. É claro que ele não sentia mais nada pela Bel, na verdade não se importaria nem um pouco se ela começasse a namorar qualquer outro garoto da escola. Mas se seu irmão ficasse com uma menina que o dispensou, seu orgulho seria ferido. Por isso disse pra Samuca desistir.

Mas dizem que tudo o que uma pessoa faz acaba voltando pra ela. E logo, logo, Joaquim se arrependeria por ter ficado tão incomodado com a aproximação de Samuca e Bel.

 

Os Cuecas e as Chiquititas fizeram mais uma apresentação no abrigo Cantinho da Harmonia e, logo depois, as Chiquititas receberam a notícia de que Flora havia conseguido sua guarda permanente. Estavam todos muito felizes, principalmente a tia e as meninas, que até saíram pra comemorar no shopping depois.

Porém, após um tempo, Sandy voltou a ficar insegura, com medo que passasse o tempo e a tia voltasse a tratá-las mal, já que agora a justiça não ia mais ficar no pé dela e não ia mais aparecer uma assistente social de vez em quando na casa delas. Nem a síndica do prédio fazia mais tanta questão de bisbilhotar sua vida...

Desde que havia começado a namorar, Sandy andava feliz e sorridente o tempo todo e Joaquim achou que, enquanto estivessem juntos, ela sempre estaria assim. Mas começou a perceber que estava errado. Porém, não era só a preocupação com Flora que estava afetando o humor da garota. Ela também havia percebido que Joaquim prestava muita atenção em Samuca e Bel. E ele estava mesmo reparando neles.

Um dia, Joaquim chegou na escola e viu que a namorada estava sentada sozinha num banco, de cara amarrada. Ficou pensando se ia falar com ela ou não. Quando Sandy estava com aquela cara, ela não costumava ser muito delicada com as pessoas, mesmo se elas não tivessem culpa de nada... Mas depois o garoto se sentiu um covarde por pensar assim. Não podia fugir dela sempre que ela estivesse mal. E se ela estivesse com um problema sério? Afinal, não era justamente por ele sempre ajudá-la que ela gostava tanto dele?

Então ele sentou ao lado dela e disse "oi". Mas ela não respondeu e nem o olhou.

— Tá tudo bem? 

Sandy finalmente olhou pra ele e perguntou:

— Desde quando você se interessa por mim?

Joaquim ficou confuso.

— Por que você tá perguntando isso? É claro que eu me interesso por você, eu sou seu namorado, lembra?

— Eu me lembro, só não sei se você lembra...

— Quê? — O menino ficava cada vez mais confuso.

— Por que você fica prestando tanta atenção na Bel?

— Eu... não faço isso... — ele respondeu, desviando o olhar.

— Para de se fazer de doido! Joaquim, eu quero que você fale a verdade. Você ainda gosta dela? Aquela música que você escreveu era pra mim ou pra ela???

— É claro que era pra você! — Agora ele conseguiu olhar nos olhos de Sandy, já que estava realmente sendo sincero. — Eu nunca ia escrever nada assim pra ninguém além de você!

A menina semicerrou os olhos, desconfiada, e não disse mais nada, apenas saiu.

***

Davi e Clarinha decidiram que se casariam nas férias, já que era melhor pra todo mundo. Estavam começando a pensar na lista de convidados para o casamento. Essa parte não era muito difícil, era só incluir as pessoas do Vilarejo, da gravadora e da escola onde Clarinha trabalhava. Ah, falando na escola, a mulher se lembrou de contar a seu noivo uma coisa muito inusitada que havia acontecido. Uma nova professora havia sido contratada lá.

— E você não vai acreditar na coincidência! — Dizia Clara, contando a novidade. — É a Suzana, acredita? Você lembra dela? Ela sempre andava comigo e com a Flavinha...

— Ah, sim...

Davi se lembrava bem dessa Suzana. Ela dizia ser a melhor amiga de Clarinha, mas na verdade sempre tinha sido uma péssima amiga. Falava mal dela pelas costas, mentia, era invejosa... totalmente o oposto de Flávia, que era a outra amiga do grupo e tinha uma personalidade bem mais compatível com a de Clara. Ela agora era professora na escola do Vilarejo, foi uma dos muitos amigos de infância que Davi e Clarinha reencontraram na última viagem.

— Não é engraçado que todas nós somos professoras agora? — Continuou a noiva de Davi. — Eu perdi o contato com a Suzana depois que ela saiu do Vilarejo, nunca pensei que a gente fosse se encontrar de novo! Eu falei pra ela que também encontrei você e do nosso noivado, ela ficou bem feliz!

— Sério?

Davi não pôde evitar de pensar o pior ao ouvir isso. Pelo que se lembrava de Suzana, ela com certeza estava sendo falsa. Ainda mais porque... Vocês se lembram quando Davi contou sua história de amor aos garotos e disse que Clarinha só abriu os olhos e percebeu o que sentia depois que uma amiga começou a gostar dele? Pois é, essa "amiga" era a Suzana. E depois que Davi e Clara começaram a namorar, ela fingia que apoiava a amiga, mas ficava dando em cima do namorado dela quando ela não estava por perto. Ele tentava falar disso com Clarinha, mas esta sempre dizia que não gostava de falar mal dos outros, então que, se ele fosse dizer algo ruim de Suzana, ela preferia não saber.

Porém, isso já fazia muito tempo. Eles eram adultos agora, talvez ela já tivesse amadurecido e nem se lembrasse mais dessas coisas. Podia ser que realmente tivesse ficado feliz em saber do noivado de sua ex-amiga de colégio / nova colega de trabalho. Então Davi resolveu deixar essas lembranças pra lá e mostrou contentamento com a novidade de Clarinha.

— Será que a gente coloca ela na lista de convidados? — Ela perguntou.

Ah, não, aquilo já era demais! Davi não sabia o que responder. Seria muito estranho! Mesmo sem dizer nada, sua noiva percebeu que ele parecia desconfortável com a ideia e disse:

— Olha, eu lembro que você não gostava muito dela, mas... a gente vai convidar todos os outros professores da Escola Mundial, ia ser meio chato se só ela ficasse de fora... Tive uma ideia: o que você acha da gente se encontrar com ela algum dia? Aí, depois disso, a gente decide se põe ela na lista ou não. O que você acha?

O homem hesitou um pouco, mas respondeu:

— Tá... pode ser...

***

Sandy não queria mais falar com Joaquim e ele, depois de um tempo tentando insistir, acabou ficando com raiva dela também. Para não pensar na tia ou no namorado, a menina preferiu se concentrar em outras coisas. Começou a pensar em como tinha sido bem sucedida com a mudança de visual de Janete e cogitou fazer o mesmo com Eleanora. A ideia surgiu enquanto estavam na escola. A aula tinha acabado e as duas esperavam Janete, que tinha ido ao banheiro, para irem embora.

Sandy começou a olhar fixamente para o boné na cabeça de Eleanora, que ficou bem desconfortável com a irmã encarando ela.

— O que você tá olhando?

— Esse seu boné...

— Ah... Ele é legal, né? Combina com o uniforme da escola — ela respondeu, sorrindo.

— Então... eu acho ótimo você ter percebido que não dá mais pra usar maria chiquinha no sétimo ano, mas... não acha melhor substituir por um penteado mais estiloso?

— Como é?

— Eu posso te ajudar a escolher. Você não quer ficar bonita que nem a Janete?

Eleanora tinha decidido guardar para si o que pensava sobre essa nova Janete, mas agora não ia aguentar mais! É sério que Sandy estava tentando fazer a mesma transformação nela???

— Bonita que nem a Janete? — Perguntou Eleanora com raiva. — Você quis dizer patricinha que nem você, né? Porque a Janete não tem mais nada dela mesma! Agora só quer saber de maquiagem e dessas besteiras... Eu não quero ficar igual a vocês, só quero a minha irmã de volta! Ninguém merece mais uma Sandy, né?

Eleanora não quis dizer essa última frase, mas foi o que saiu de sua boca. Ela estava realmente com raiva, não gostava quando Sandy ficava tentando controlar as outras pessoas, mas quando viu a expressão da irmã ao ouvir isso se arrependeu na hora. A mais velha parecia não só com raiva, mas ofendida, magoada. 

— Você odeia tanto assim ser minha irmã?!

— Não foi isso que eu quis dizer, você entendeu errado...

— Não, eu entendi perfeitamente! Eu sei que a Janete é melhor do que eu e que você prefere ela, até o nosso pai gostava mais dela...

— Ai, nada a ver isso que você tá falando! Os nossos pais gostavam das três igualmente. E o que eu quis dizer é que eu prefiro a Janete do jeito que ela é e não como uma cópia sua, porque você já existe. Entendeu?

— Mas você preferia que eu não existisse, né?

— Ai, meu Deus! — Exclamou a mais nova com a mão na testa.

Assim como quando conversou com Joaquim, Sandy não parecia estar acreditando na tentativa de retratação da irmã.

— Quer saber? Tá impossível conversar com você! — Disse Eleanora, por fim, e foi saindo.

— Pra onde você vai?

— Vou perguntar pro Téo se posso almoçar na casa deles, tchau!

Sandy ficou com muita raiva, mas não disse nada. Janete demorou um pouco no banheiro porque estava retocando a maquiagem e arrumando o cabelo. Ela estava mesmo começando a se preocupar bastante com sua aparência! Quando saiu, estranhou a ausência de Eleanora. Sandy não contou detalhes, só falou a Janete que elas tinham brigado, e a irmã do meio ficou um pouco triste com o que ouviu, mas ficou na esperança de que as duas fizessem as pazes assim que Eleanora voltasse.

Enquanto isso, a mais nova já estava no carro com Davi e os meninos.

— Obrigada por deixar eu ir pra casa de vocês! — Ela disse a Davi, muito sorridente.

— Você é sempre bem-vinda! Mas por que as irmãs também não vieram? Você tem outro trabalho pra fazer com algum dos meninos?

— Ah, não, não é isso. É só que eu não tô mais aguentando a Janete e a Sandy, elas tão insuportáveis! Aí preferi ficar com vocês.

Todos no carro estranharam, a não ser Téo, para quem Eleanora já tinha contado toda a história da briga.

— É que ela e a Sandy brigaram — explicou o garoto.

— Ah, só podia ser! — Disse Joaquim. — Você tem o meu apoio, Lelê, tamo junto nessa!

— Peraí... — foi a vez de Eleanora ficar confusa. — Vocês também tão brigados?

— Desde ontem.

— Que estranho, ela não disse nada... Quer dizer, pra mim ela não disse, mas pode ser que tenha dito pra Janete, já que agora elas ficam o tempo todo grudadas e cheias de segredinho...

— Eu acho melhor a gente falar de outra coisa, e vocês? — Sugeriu Samuca, não só por não querer que Eleanora pensasse na raiva que estava sentindo das irmãs, mas porque não queria ouvir sobre o quanto Janete andava diferente, já que estava se esforçando muito pra ignorar isso.

— Tem razão, Samuca, eu não quero ficar falando mal delas, isso é muito feio! Então, Davi, você e a Clarinha já escolheram alguma música pro casamento?

Eles começaram a conversar sobre música e Eleanora foi ficando mais tranquila, achou que foi realmente uma boa decisão ir pra casa dos Cuecas. Acabou passando a tarde inteira lá. Porém, como tal decisão foi tomada de forma impulsiva num momento de raiva, ela acabou se esquecendo de avisar à tia aonde ia.

Flora, obviamente, ficou preocupada quando viu que a garota não estava em casa, assim como aconteceu com Janete naquela vez. Foi Sandy quem contou onde a irmã mais nova estava, e a tia não pôde deixar de notar a raiva em sua voz. Janete, então, explicou que as duas haviam brigado e a mulher achou melhor não falar com Sandy por enquanto, sabia como a garota ficava quando estava com raiva de alguém. 

No fundo, Flora sabia que o ideal seria conversar com a sobrinha e convencê-la a fazer as pazes com a irmã. Mas ela simplesmente não sabia como ter essas "conversas de mãe" com as meninas. Não é a toa que Eleanora foi atrás de Davi e não dela, foi o que pensou.

Mas quem ajudou Eleanora não foi Davi, foi Téo. Ele não gostava de vê-la triste ou com raiva e também não gostava quando as pessoas brigavam. Enquanto jogavam um jogo de tabuleiro na casinha da árvore, o menino deixou que ela, aos poucos, contasse tudo o que a estava incomodando, ao invés de tentar mudar de assunto como os outros.

— Mas qual é o problema da Janete mudar de penteado? — Ele perguntou, depois de ela reclamar da mudança da irmã. — Você também mudou.

— Ah, mas foi diferente. Eu mudei de penteado porque eu quis, a Janete só mudou de visual porque a Sandy obrigou ela.

— Tem certeza? Você perguntou se foi por isso?

— Não... Talvez eu pergunte... Ah, mas não é só isso. Sei lá, elas duas tão muito estranhas... Eu acho que acho que elas tão me excluindo só porque eu sou mais nova.

— Eu sei como é isso! O Samuca e o Joaquim fazem a mesma coisa comigo o tempo todo.

— Por que será, né? Eles nem são tão mais velhos do que a gente, você já tem 11 anos, eu vou fazer 11 no próximo mês...

— Pois é... mas eu acho que você devia contar o que tá pensando pra elas. Às vezes pode não ser nada disso...

Eleanora pensou um pouco e perguntou:

— Você sabe por que o Joaquim e a Sandy brigaram? Eu queria que ela tivesse me contado...

— O Joaquim disse que foi por causa de ciúmes.

— Ué, de quem?

— Lembra que ele gostava da Bel? Pois é, ele disse que a Sandy acha que ele ainda gosta, mas ela não tem motivo pra achar isso porque quem gosta da Bel é o Samuca agora, não ele.

— O Samuca gosta da Bel? Como assim???

— Ih... acho que eu não devia ter te contado isso...

Agora tudo fazia sentido pra Eleanora. Era por isso que suas irmãs andavam tão estranhas: as duas estavam com ciúmes dos garotos que elas gostavam. "Ainda bem que eu não preciso me preocupar com isso!" Ela pensou, sorrindo e olhando pra quem ela sabia que só gostava dela e de mais ninguém. Téo, entretanto, achou que esse sorriso era fruto do contentamento da menina por saber uma fofoca (ela sempre ficava contente quando sabia de alguma), então implorou pra que ela não dissesse a ninguém de quem o Samuca gostava.

— Tudo bem, eu não vou contar. Mas eu acho que é melhor mesmo eu falar com as minhas irmãs. E pedir desculpa pra Sandy, porque eu tô bem arrependida por umas coisas que eu disse pra ela... Obrigada por me ajudar, você sempre consegue fazer eu me sentir melhor!

Téo ficou muito feliz em saber disso. Eleanora foi até ele e lhe deu um beijo na bochecha, o que o deixou todo vermelho.

***

Clipe musical: "Brinquedo pra Montar" por Téo e Eleonora.


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Notas finais do capítulo

Pra que terapia quando se tem o Téo, né? Kkk
Gostaram do capítulo?
Infelizmente eu não sei qd vou postar o próximo, já que não tô de férias, mas posto assim que puder!
Até a próxima!



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