Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 48
Árvore da Vida


Notas iniciais do capítulo

Oi, galerinha! Desculpa a demora...
No capítulo de hoje, teremos uma participação do ator Paulo Miklos (de Carrossel - O Filme) interpretando o personagem Ciro Gonzales. Espero que gostem!



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Clarinha ficou muito feliz quando soube que dona Nina havia telefonado para Davi. Só ficou um pouco preocupada porque ele disse que só falou com a mãe mesmo, o pai não deixou nem recado pra ele. E Clarinha se lembrava de que seu Zé parecia muito mais resistente do que a mulher, na verdade, os problemas de Davi sempre haviam sido com ele. Davi confessou que tinha medo de que seu pai não gostasse quando ele fosse ao Vilarejo. Então Clarinha sugeriu que Davi continuasse conversando com a mãe e, em algum momento, tentasse falar com o pai também. Talvez se conversasse com ele antes de visitá-lo, conseguisse resolver melhor os problemas. Davi gostou da ideia, então falou que ia tentar, mas no fundo estava muito apreensivo com isso.

Como essa conversa levou a mente de Clarinha à sua última viagem ao Vilarejo, ela começou a se lembrar de algumas coisas. Pensou em como os filhos de Davi já eram conhecidos por lá por causa das crianças que gostavam da banda, várias delas e seus respectivos pais haviam feito perguntas sobre eles. Mas, de repente, ela se lembrou de uma pessoa que não era nem criança, nem mãe de criança e havia perguntado a ela não só sobre Davi e os Cuecas, mas também sobre as Chiquititas, que, na época da viagem, Clarinha só conhecia de vista, então não pôde dizer muita coisa. Essa pessoa devia ser uma moradora nova do Vilarejo, já que Clarinha nunca a tinha visto antes, nem sabia o nome dela e, como a conversa foi meio rápida, as duas nem chegaram a se apresentar. Mas agora Clarinha sabia exatamente quem era aquela mulher: Flora. Ela tinha certeza! Era por isso que havia achado a foto tão familiar. 

Assim que percebeu isso, Clara contou a Davi, que ficou surpreso pela coincidência, mas também indignado por Flora só perguntar pelas sobrinhas ao invés de voltar pra elas. Clarinha disse que não tinha percebido na hora, mas agora, se lembrando da cena, a mulher parecia muito triste... Por mais que fosse injustificável o que ela fez, talvez tivesse mais alguma coisa por trás ou, pelo menos, alguma chance d'ela estar com saudade das sobrinhas e se arrepender. De qualquer forma, eles já tinham se disposto a ir atrás dela, então, se havia alguma chance d'ela estar no Vilarejo, eles deviam ir atrás. Por enquanto Davi não podia ir porque ainda tinha que resolver aquelas coisas da casa (além disso, se fosse ao Vilarejo, teria que falar com os pais, mesmo que esse não fosse o motivo da ida...). Então, no próximo fim de semana, Clarinha iria, se as Chiquititas concordassem, é claro.

Eleanora e Janete concordaram de primeira, mas Sandy ficou apreensiva com a ideia. Só chegou a concordar porque pensou na possibilidade de Clarinha ter se confundido e ter visto uma mulher só parecida com a Flora, não a própria. Ficou resolvido, então, que as três passariam o fim de semana na casa dos Cuecas.

***

Naquela semana, alguns homens haviam começado a aparecer de vez em quando na casa dos Civil para analisá-la, ver o que estava bom, o que o próximo morador queria que fosse mudado... Sim, próximo morador. Acontece que o dono queria a casa de volta, mas não era ele quem ia morar lá, era um parente (irmão ou primo, os Cuecas não sabiam direito) que morava em outro estado e estava voltando pra São Paulo. Ele queria que a casa ficasse do jeito dele e nem ao menos esperou os atuais moradores saírem pra começar a planejar as mudanças.

Téo não estava gostando nem um pouco daquelas visitas. Não foi com a cara daquele homem, achou que ele não parecia uma boa pessoa... Mas não sabia se era mesmo isso ou se só estava pensando assim porque não queria deixar a casa. De qualquer forma, o menino acabou não ficando tão animado quanto ficaria em outras circunstâncias quando as Chiquititas foram pra lá no fim de semana. Achou que elas também não se sentiriam bem se esses caras aparecessem de novo, ainda mais por elas serem visitas.

A princípio, eles não apareceram, então estava tudo tranquilo. Janete, como já era de se esperar, ficou o tempo todo com a árvore. Até trouxe um livro pra ler pra ela: O Jardim Secreto. Sandy, por sua vez, queria se distrair com alguma coisa pra não continuar ansiosa pela história da tia, então resolveu usar o bom gosto que tinha pra ajudar Davi e os meninos a escolherem a melhor casa dentre as que já tinham visto pra comprar. E Eleanora se juntou a ela.

Houve quase um consenso sobre um apartamento. Os únicos que não gostaram dele foram Téo e Samuca. Mas Téo preferiu não demonstrar que não tinha gostado, porque sabia que não ia gostar de nenhum lugar que não fosse a casa onde moravam, mas tinha maturidade suficiente pra saber que precisavam sair de lá de qualquer jeito, então não importava muito o lugar aonde fossem... contanto que estivessem juntos, claro. Já Samuca, argumentou que o prédio ficava num lugar muito industrializado, muito poluído, sem falar que o condomínio não tinha nenhuma árvore, nenhuma vegetação...

— Falou o cara que gosta de tecnologia, invenções... — disse Joaquim.

— Eu posso até gostar dessas coisas, mas também gosto de respirar, né? — Samuca respondeu.

— Pois sabe o que eu acho? — Sandy falou. — Que você tá passando tanto tempo com a Janete, que tá ficando igual a ela...

— Pode crer! — Joaquim concordou, rindo.

— Não tem nada a ver o que vocês tão falando! — Samuca tentou se defender. — Eu sempre me importei com o meio ambiente.

— Isso é verdade — concordou Téo. — Ele até já foi fiscal de lixo na nossa outra escola...

— Pode até ser. — Disse Joaquim, então voltou-se para Sandy e Eleanora e falou: — Mas vocês sabiam que agora ele vive subindo naquela árvore sozinho, sendo que ele nunca gostou dessas coisas?

As meninas ficaram surpresas com a informação e Samuca ficou envergonhado e disse:

— Acontece que eu percebi que me acalma ficar lá pensando na vida de vez em quando, qual é o problema?

Davi achava graça nesse diálogo das crianças, mas percebeu que era melhor repensar a escolha do apartamento.

Um pouco depois, os homi chegaram. Eram dois dessa vez. Eles vieram em um caminhão. Será que já estavam trazendo os móveis do novo morador pra colocar na casa? Era só o que faltava... Davi foi tirar satisfação com eles, que disseram que ele podia ficar tranquilo, pois não estavam ali para a mudança, mas sugeriram que, no momento, ele saísse um pouco com as crianças porque as ferramentas que usariam seriam perigosas.

Davi estava muito indignado. Ainda não havia acabado o prazo de um mês que o dono deu pra eles encontrarem outra casa, por que já iam fazer reforma? Não podiam esperar pra isso???

— O senhor não precisa se preocupar, a gente não vai fazer nada dentro da casa, não vai mudar nada pra você e pros seus filhos — respondeu um dos homens. — O chefe só quer que a gente tire a árvore do quintal.

Davi e as cinco crianças que ouviam a conversa ficaram preocupadas. Temiam a reação de Janete, e, mesmo que nem todas ficassem subindo na árvore o tempo todo, não queriam que ela fosse cortada. Davi falou aos homens que não havia sido avisado e que, mesmo que não fosse culpa deles, que estavam apenas trabalhando, eles não deviam fazer uma obra dessas enquanto outras pessoas ainda moravam na casa. Os trabalhadores, então, pediram que Davi falasse com o homem que os havia mandado e foi o que ele fez, tentou resolver a situação por telefone.

Enquanto isso, Samuca foi falar com Janete. Alguém precisava dizer a ela o que estava acontecendo. Como o garoto esperava, ela ficou muito mal em saber que queriam cortar a árvore, mas tinha esperança de que o "dono" da casa mudasse de ideia quando Davi falasse com ele.

Porém, Ciro Gonzales, o próximo morador da casa e o homem que mandou derrubar a árvore, era uma pessoa muito rabujenta e sempre queria que as coisas fossem do jeito dele. Ele havia se esquecido de avisar a Davi sobre o que aconteceria hoje e, por incrível que pareça, até chegou a se desculpar por isso, mas falou que já havia pagado os operários e que não mudaria a data, ao invés disso, iria até lá para se certificar de que o trabalho seria mesmo feito.

Muito triste, Davi foi chamar as as crianças para passarem a tarde no parque. Poderia ir pra um cheio de árvores...

— Eu não vou! — Disse Janete, assustada, lá de cima da árvore. — Eu não posso sair daqui sabendo que vão cortar a Árvore da Vida!

Não importava o que Davi dizia, Janete não descia da árvore. Mas é preciso dizer que Davi não estava muito motivado em argumentar contra a menina, já que também não queria que a árvore fosse cortada. As outras crianças estavam surpresas com a atitude de Janete, mas apoiavam ela. Agora Téo tinha certeza de que aquele homem não era uma boa pessoa e achava que ele não merecia morar naquela casa. Mas Samuca estava um pouco preocupado. E se resolvessem cortar a árvore com Janete lá em cima?! Seu coração doía só de pensar numa coisa dessas!

Estranhando o fato de ninguém ter saído da casa ainda, os homens foram até o quintal e viram o que estava acontecendo. 

— Ô, MENINA, DESCE DAÍ! — Gritou um deles. — A GENTE PRECISA TRABALHAR!

— EU NÃO POSSO DESCER, ELA QUER QUE EU FIQUE!

— QUEM?

— Eu acho que ela tá falando da árvore... — Disse o outro operário.

— É isso mesmo, a árvore fala com ela, vocês não sabiam? — Respondeu Joaquim.

— O que está acontecendo aqui? Por que ainda não começaram o trabalho de vocês? — Reclamou Ciro, que apareceu do nada, o que assustou um pouco as outras pessoas.

— A gente tá com um probleminha chefe... — Disseram os operários.

Quando avistou Janete, Ciro perguntou a Davi:

— Quem é aquela menina? Eu pensei que você só tinha filhos meninos...

— As meninas não são minhas filhas, elas só... ah, é uma longa história...

— Tanto faz, eu não quero saber! Se ela não sair dali eu vou chamar a polícia!

— VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO! — Gritou Janete lá de cima, chorando (pra variar).

— Posso e vou ligar pra polícia agora!

— Eu não tô falando de ligar pra polícia, tô dizendo que vocês não deviam cortar a árvore!

— E quem é você pra decidir alguma coisa, menina? Eu sou o dono da casa, posso fazer o que eu quiser com ela!

— Mas o senhor quer matar a Árvore da Vida!

— É só uma árvore...

— É um ser vivo! E ela tava aqui muito antes do senhor ser o dono da casa!

— É, e essa casa nem é sua! — Imediatamente após dizer isso, Téo ficou morrendo de medo da cara com que Ciro Gonzales olhou para ele. Mas, mesmo assim, continuou: — Quer dizer... A casa ainda não tá no nome dele, né, Davi?

— É isso mesmo, Téo.

Janete não sabia disso. Achava que ele realmente fosse o dono. Talvez ainda houvesse um pouco de esperança...

— O dono é o meu irmão, e ele está a par de todas as decisões! — Disse Ciro.

— Então eu preciso falar com ele! — Falou Janete.

— O quê?!

— É a ele que eu tenho que convencer, não ao senhor, porque o senhor não manda em nada aqui! Sem ofenças... — Ela disse, um pouco envergonhada por falar assim com um adulto.

— ARRASOU, MANA! — Gritou Eleanora lá de baixo.

Apesar de estar com muita raiva, Ciro dispensou os trabalhadores, disse que eles deviam voltar depois de duas semanas, ou seja, quando Davi não morasse mais lá e não tivesse nenhuma menina intrometida para interrompê-los. Por essa atitude, Davi e os meninos suspeitaram de que o irmão de Ciro não estava sabendo de nada...

***

É claro que conseguir que Ciro adiasse o derrubamento da árvore não era exatamente uma vitória, mas pelo menos eles teriam tempo para pensar em alguma coisa. Téo falou sua opinião: aquele homem não merecia a casa.

— Se tivesse um jeito da gente continuar morando aqui e não ele...

Samuca pensou um pouco e disse:

— Talvez tenha! Se o dono da casa não sabia ou não concordava com o derrubamento da árvore, talvez ele mude de ideia e não dê a casa pro irmão dele quando souber...

— E já que ele não queria a casa de volta pra ele... Você acha que ele podia vender pro Davi? — Perguntou Janete. 

— Exatamente!

Todos concordaram que era uma ótima ideia, até mesmo Joaquim, que odiava concordar com Samuca e, principalmente, não ser a pessoa que pensa no plano genial.

Imediatamente, Davi entrou em contato com o verdadeiro dono da casa, que disse que ficou muito triste, pois gostava muito da árvore quando era criança e não fazia ideia de que Ciro pretendia derrubá-la. Mas este, realmente, nunca havia sido muito chegado à natureza... Então Davi fez a proposta, que era a ideia de Samuca, e o homem do outro lado da linha falou que iria pensar, não dava pra decidir uma coisa dessas assim do nada. Já era alguma coisa... As crianças ficaram muito felizes e tinham esperança de que tudo desse certo. 

Essa história toda e o amor que Janete sentia pela árvore e pela natureza a inspiraram a escrever sua primeira música. Ela se chamava "Filhote do Filhote".

***

Clipe musical: "Filhote do Filhote" por Eleanora, Sandy, Joaquim, Samuca, Téo e Janete.

***

Clarinha receberia muitas novidades quando voltasse do Vilarejo! Mas será que ela também traria novidades?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Não sei vcs, mas eu adoro essas histórias em que uma menina se recusa a descer da árvore pra ela não ser cortada, então queria incluir esse plot na fanfic desde que eu comecei a escrever! Kkk. Isso acontece em ALVINNN!!! E os Esquilos e em Carrossel, mas eu também me inspirei no filme O Primeiro Amor (Flipped) e no livro que inspirou o filme ❤



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