A lógica do amor escrita por lovestories


Capítulo 4
Primeira Noite


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem deste capítulo, pessoal!



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À noite, Stan tocou a campainha da casa de Heather. Ao contrário da sua, a casa dela tinha uma fachada enorme, um jardim grande na entrada e uma garagem, parecia ser uma família rica que morava ali.

— Olá, posso ajudar? - uma mulher alta e loira abriu a porta. 

— Oi, sou Stan, um...amigo da sua filha. - respondeu sem graça. 

— Ah, claro! Heather falou que você viria. Pode entrar. 

Stan adentrou e percebeu que eles realmente eram ricos, tinham taças de cristal na estante, sofá de camurça branca, tapete pele-de-urso e uma decoração clássica. A mãe de Heather o conduziu até o sofá principal. 

— Ela desce já, viu?

— Tudo bem. 

— Você quer alguma coisa? Um copo de suco ou água? 

— Não, obrigado. 

— Ok.

A senhora Summers saiu do cômodo ao mesmo tempo em que um garotinho entrou na sala, se sentando na poltrona ao lado do sofá. O garoto cruzou os dedos sobre o colo e ficou observando Stan com uma expressão séria. 

— O que foi? - perguntou confuso, mas o garoto continuou sem falar. - Qual o seu nome? - silêncio. - Você é mudo? 

Kyle continuou encarando Stan que ficava cada vez mais desconfortável, chegou a desviar o olhar do garoto, mas sabia que ainda continuava sendo observado.

— Você pode parar? 

— O que é isso no seu queixo? - perguntou ignorando a pergunta anterior. 

— Isso? - apontou para os pelos no queixo. - É um cavanhaque. 

— Por que não tira? 

— Por que tiraria? 

— É estranho. 

— As garotas adoram. - confessou se esticando no sofá. 

— Mesmo? Acha que ficaria legal em mim? - perguntou repentinamente interessado. 

— Você não é novo demais para pensar em garotas? 

— E você não é novo demais para ter uma tatuagem? - retrucou.

— Kyle! - Heather repreendeu descendo as escadas. - Não deveria estar no seu quarto? 

— Aqui está mais interessante. 

— Vá para outro lugar! Eu e Stan precisamos estudar. 

— Não quero sair. 

— Ah, mas vai sim. - se aproximou pegando na orelha dele. - Aposto que o seu quarto está bem mais divertido. 

— Não, não está. Eu não irei sair daqui! 

— Ok! Então eu irei sair! - puxou Stan pelo braço. - Garoto idiota! 

Ambos subiram ao quarto de Heather que, assim como a casa, era grande. Ficava na parte de cima e tinha uma decoração bem feminina com carpete lilás felpudo, paredes brancas, cama rosa e alguns ursos de pelúcia espalhados como decoração. No canto esquerdo do quarto ficava a janela que dava para uma pequena varanda e no lado direito tinha uma escrivaninha com vários apetrechos de estudo. 

— Uau! O seu quarto é bem...

— Grande? 

— Rosa. - ela riu.

— É, eu gosto de rosa. 

Ela afastou a escrivaninha ao centro do quarto e posicionou duas cadeiras em lados opostos. Heather o convidou para sentar e ele obedeceu, largando a sua mochila no carpete. 

— Então, eu peguei o seu histórico com a senhora Masterson e com os professores... - começou rapidamente. - E percebi que você precisa melhorar e muito para alcançar o que deseja.

— Tipo quanto? 

— Numa escala de zero a dez? - ele concordou. - Onze. 

— O que? Eu pensei que desse para fazer isso... - começou exaltado.

— Calma, vai dar certo. Só que... iremos nos esforçar muito, tipo muito mesmo. - observou o estado decepcionado dele. - Olha, eu não te conheço, ok? Mas sei que com esforço e dedicação qualquer um pode chegar aonde quiser. 

— É fácil para você falar, já nasceu fazendo o que faz hoje. 

— Você tem razão. - deu uma pausa para pensar. - Talvez você só precise de uma mudança de hábitos. Precisa se comportar como...como...

— Como você? 

— Sim! Se comporte como eu.

— Sem chance! Eu não sou um perdedor! 

Heather se retraiu na cadeira, baixando o olhar aos cadernos sobre a mesa. Stan umedeceu os lábios e disse gentilmente:

— Desculpe, eu não quis dizer isso. 

— Está tudo bem, eu sei o que sou.

Eles ficaram fitando o olhar um do outro por um tempo, Stan percebeu que por trás daqueles óculos tinham olhos azuis intensos que escondiam uma dureza implacável e Heather descobriu que o que precisava saber sobre ele se encontrava nos olhos, o medo, a confusão e a determinação estavam ali.

— Muito bem... - Heather desviou o olhar em embaraço. - Vamos começar a estudar, um A+ não virá sozinho, não é? 

— Ok.

Eles estudaram Química naquele dia, a matéria em que Stan tinha mais dificuldade e para a sua surpresa, o hábito de falar muito de Heather o ajudou bastante, pois assim não teve espaço para os seus próprios pensamentos de derrota. Ela ensinava muito bem, percebeu, as palavras pareciam fluir facilmente de sua boca como se fosse natural explicar as diferentes formas de corrosão que um material pode sofrer. 

— Como consegue absorver tudo isso? - Stan perguntou. 

— Eu não sei...apenas presto atenção no que os professores dizem e quando chego em casa estudo o que eles passaram. 

— Eu só consigo ouvir: blah, blah, blah, quando eles falam.

— Neste caso... - Heather levantou da cadeira se encaminhando ao criado-mudo. - Existe uma técnica que usei por muitos anos até não precisar mais. 

— Qual seria? - ele a acompanhou. 

— Isso. - mostrou um gravador velho na sua mão. 

— Um gravador. - pontuou cético. 

— Isso aqui tem um poder incrível. Quando eu era pequena, fazia os meus resumos sobre os assuntos e depois os lia em voz alta, gravando tudo aqui e, toda vez que tinha um tempo livre, eu escutava a minha própria voz repetidas vezes para não esquecer o que estudei. - ele levantou uma sobrancelha. 

— Isso realmente funcionou? 

— Sim, senhor ceticismo, eu mesma testei e comprovei...toma, pode ficar com este. - o entregou. 

— Obrigado. - ele a fitou agradecido. - Sabe o que não entendo? 

— O que? 

— O porquê de você não ter amigos. 

— Mas eu tenho! Tenho muitos amigos, só não no Hayden High School. - ela contornou o quarto ficando bem longe dele.

— Ah, é? E onde eles estudam? 

— Estudam no... no... estudam... isso não é da sua conta! - disse irritada. 

— Me fala o nome de três...

— Eu não preciso...

— O nome de três amigos que você tem e eu vou embora. - ela ficou em silêncio. - O que foi? Está inventando algum? 

— Não! - respondeu rapidamente. - É que são muitos para lembrar. 

— Sei. - disse em desdém. 

— Ok, eu tenho a Sarah, Nicole e Sam. - ela riu. - Ha, toma essa!

— Quero fotos deles. - pediu com um sorriso maldoso nos lábios. 

— Está bem, lhe mostrarei fotos. 

Ela se encaminhou à sua cama, ligando o notebook em seguida, abriu o Facebook e mostrou fotos da Sarah.

— Viu? Estamos juntas em muitas fotos. 

— Hum. Agora a Nicole. - ordenou se sentando ao seu lado na cama.

— Aqui está ela. - mostrou a imagem de uma indiana com aparência de meia idade. 

— Não mesmo que você é amiga dela! - exclamou em risos. - Essa mulher tem idade para ser nossa avó! 

— Hey! Eu posso ter amigos mais velhos!

— Mas na Índia? 

— Por que não?... vou te mostrar a foto do Sam.

— Eu conheço esse cara, preguei ele no vaso com fita isolante semana passada. Espera...por que você está beijando ele?

— O que? - observou a foto chocada. - O idiota ainda não apagou as fotos?

— Você costuma beijar os seus amigos? 

— Não! É que nós... - suspirou pesadamente. - Nós namoramos por um tempo.

— Você teve um namorado? - indagou incrédulo. - Estou me surpreendendo com você. 

— Sim eu tive, mas não durou muito. 

— O que aconteceu? Ele te traiu? 

Heather apenas confirmou com a cabeça fazendo o clima ficar pesado e estranho. 

— Eu vou indo, minha mãe deve estar esperando. 

— Ok, eu te acompanho até a porta. 

Eles desceram e se despediram  na entrada. 

— Boa noite, Heather. 

— Hey! Você acertou o meu nome! - disse animada. - Bate aqui! - Stan levantou uma sobrancelha em confusão. - Vamos! 

O garoto obedeceu dando um leve toque na mão macia dela antes de ir embora. 

— Tchau! 


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