A lógica do amor escrita por lovestories


Capítulo 2
Não quero estudar com você!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, seus lindos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751771/chapter/2

— Quem? - Stan indagou confuso. 

— Heather Summers. - repetiu firmemente. - Sou sua tutora. 

— A quatro olhos? Você é minha tutora? 

— Você não me escutou? 

Eles estavam no meio do corredor do Hayden High School. Heather segurava alguns livros na mão enquanto Stan escondia as suas nos bolsos da jaqueta azul do Warriors.

— Pode esquecer, eu não vou estudar com você. 

— Espera, o que? - indagou confusa. - Você...você não quer estudar comigo? 

— Não me ouviu? 

Heather ajeitou os óculos grandes, umedeceu os lábios e passou a mão pelo cabelo cacheado que naquele dia estava um pouco revoltado. 

— Quem deveria recusar era eu! - replicou exaltada. 

— Uou! Fala baixo comigo, espantalho! 

— Você deveria agradecer por eu ter aceitado isso, ok? Ninguém mais iria suportar passar dias e dias com você...

Stan tapou a boca da garota, a arrastando para dentro de uma sala de aula vazia enquanto Heather se contorcia nos braços dele.

— O que foi isso? - perguntou irritada. 

— Você estava berrando no corredor...escuta, eu não vou fazer isso, ok?

— Mas, a diretora Masterson...

— Dane-se aquela mulher! Não preciso da sua ajuda! 

— Eu preciso disso! Preciso das horas para entrar em Yale!

— Não estou nem aí para o que você precisa! - se encaminhou à porta. - Não me siga! - fechou a porta fortemente. 

Mas que filho da puta! Ele não pode fazer isso comigo! Não cheguei até aqui para desistir assim, ele vai fazer isso nem que eu tenha que abrir o seu cérebro! 

— Idiota. 

 

— Você vai à casa dele? Ficou maluca? - Sarah perguntou no telefone. 

— Preciso de uma força a mais e os pais dele serão essa força. 

— E se ele estiver em casa?

— Não está. 

— Como sabe? 

— Pedi à senhora Masterson o horário dele. Neste exato momento, ele está no colégio treinando com os Warriors. 

— Heather, não faz isso. Ele pode ficar muito bravo. 

— Tarde demais, já apertei a campainha. 

— Não! Sua lou... - Heather desligou. 

Após alguns minutos de espera, a porta se abriu, um homem estranho estava parado entre a entrada e a varanda da casa. Tinha cabelos escuros arrepiados, uma barba grisalha, olhos grandes e usava roupas pretas como coturnos, calças de couro e correntes de prata.

— Aqui é a casa do Stan? - indagou receosa. 

— Sim. O que deseja? - perguntou com uma voz rouca e arrastada enquanto a observava de cima a baixo. 

— Sou uma...colega do colégio e gostaria de falar com os pais dele.

— Eu sou o pai dele. Pode entrar. 

— Obrigada. 

Heather entrou na casa lentamente observando o ambiente, tinha uma decoração que inicialmente deve ter sido leve, mas com o tempo ficou escura pela sujeira e desleixo dos moradores. Na sala tinham algumas pessoas sentadas, usavam o mesmo estilo do pai de Stan e estavam igualmente chapadas. 

— Essa é a minha banda, Star Rock. Diz um oi pra moça, galera! 

— Oi. - responderam em uníssono. 

— Onde está a senhora Ford? - perguntou na esperança dela ser normal. 

— Está lá em cima, mas não vamos incomodar, ela não anda muito bem de saúde. - sussurrou. 

O bafo de álcool e cigarro invadiu as narinas de Heather, a fazendo se afastar e tapar o nariz discretamente. Ele a conduziu até a cozinha, onde parecia um chiqueiro, tinha latas de cerveja por todo canto, sacos de carne, biscoito e algo que ela não identificou no chão,  além de uma pia lotada de louça para lavar. 

— Então, minha jovem, o que o Stan fez dessa vez, huh? - perguntou enquanto sentava. - Partiu o seu coração? 

— Não! - respondeu rapidamente. - Na verdade, vim falar o que ele não fez.

Heather explicou toda a situação ao senhor Ford que parecia estar entendendo, mas o modo como olhava fixo para as próprias mãos a deixava em dúvida se deveria continuar a falar ou desistia ali mesmo. 

— Escuta, menina... Stan não pode sair desta casa, ok? Ele precisa cuidar da mãe dele.

— Mas é o futuro dele. O senhor como pai deveria ter isso em mente. 

— E tenho, mas muitos jovens desistem de seus sonhos por causa das dificuldades e digo, Natasha está muito mal. 

— O senhor está aqui para ajudar a sua esposa. 

— Não, minha querida, a Star Rock me rouba todo o tempo disponível.

— A senhora Ford não gostaria que o filho dela fosse para Stanford? Isso irá mudar tudo! 

— Natasha não pode falar por si neste momento, menina. Eu sou o homem da casa agora e digo que o Stan não vai para a faculdade. 

— Mas, senhor Ford...

— Você já acabou? Preciso ensaiar com a minha banda. - informou rispidamente.

— Sim...já acabei. Obrigada pela atenção. 

Ele a conduziu até a porta da casa e se despediu, deixando Heather decepcionada. Que tipo de pai não quer que o filho tenha sucesso na vida? Que ser humano sem coração traria aquelas pessoas e deixaria a casa daquele jeito quando se tem uma mulher extremamente doente em casa? Como Stan consegue viver ali? Com esses pensamentos ela foi para casa.

No dia seguinte, Heather vestiu um vestido simples na cor azul, um cinto fino marrom e botas escuras, se olhou no espelho. O seu cabelo mais uma vez estava de mal-humor, os fios loiros não decidiam se queriam ser lisos ou cacheados, então ficavam no meio termo, mas não do jeito legal, era um ondulado rebelde totalmente indiferente a ela.

Subiu na sua bicicleta branca e se encaminhou ao colégio, adorava sentir o vento no seu rosto, o cheiro das flores e os sons das pessoas caminhando para onde quer que fosse. Sempre fora assim, sensível a vida, gostava de sentir as coisas nos seus dedos, mas desde que o pai de sua amiga Sarah havia sido transferido para a Inglaterra estava sozinha no colégio, enfrentando o ensino médio. Não achava de todo ruim, afinal poderia fazer o que quisesse desde que os seus pais deixassem é claro, mas de resto não via necessidade em estar rodeada por pessoas que nem mesmo se importavam de verdade com ela.

— Turma, abram os seus livros na página 55. - ordenou o senhor Porto. 

Naquele momento, Stan entrou furioso na sala de aula, abrindo a porta com toda a sua força. Todos se assustaram menos o senhor Porto que apenas parou de escrever no quadro, olhando seriamente o aluno atrasado.

— Está atrasado, senhor Ford. - e voltou a escrever no quadro. - Não me faça lhe dar outra advertência. 

Stan ignorou o comentário do professor de Química, buscando sua cadeira para sentar-se em seguida. Ele procurou um rosto conhecido e parou os olhos ainda furioso sobre um par azul no canto da sala. "Peça para ir ao banheiro", disse com os lábios. Heather franziu o cenho em confusão e Stan repetiu a frase, dessa vez, ela negou com a cabeça. Stan ficou mais furioso, mas se controlou o suficiente para informar ao professor:

— Senhor Porto, esqueci de dizer que a diretora Masterson quer ver a senhorita Summers agora...por isso cheguei atrasado. - acrescentou. 

— Heather? - o senhor Porto chamou. - Pode ir. 

Heather olhou espantada para o professor diante da mentira, mas concordou com a cabeça e se levantou da cadeira contornando a sala. Depois de alguns segundos, percebeu que Stan a seguia e continuou andando. Após alguns minutos, sentiu mãos grandes lhe puxarem pelo cotovelo até a sala do zelador. 

— O que foi agora? Pensei que não... - Heather começou indignada. 

— Por que foi à minha casa? - rugiu.

— Eu precisava de uma força para te convencer a tentar a bolsa. - respondeu um pouco assustada. 

— Você não tem nada a ver com a minha vida, entendeu?

— Pelo visto, nem você! Essa é a sua chance de sair daquela casa, Stan!

— Por que eu sairia? 

— Não quero ofender, mas o seu pai não tem muito...

— Meu pai? - indagou confuso. - Oh meu Deus, você pensou que o Jonas fosse o meu pai? 

— Ele disse que era. - retrucou envergonhada.

— Aquele imbecil não é o meu pai! É um cara com quem minha mãe casou. - esfregou as têmporas com a ponta dos dedos. - Diabos, que dor de cabeça! 

— Se você se acalmasse de vez em quando, talvez não tivesse isso... - ele apenas a fuzilou com os olhos azuis.

— Olha, desculpa por ter me intrometido na sua vida, mas...

— Mas o que? Huh? Quer saber o número do meu CPF também? O meu RG?

— Você pode, por favor, sair da defensiva por cinco minutos? - disse exaltada. Stan apenas cruzou os braços. - Eu preciso de você, ok? - ele a olhou com um brilho diferente nos olhos e ela percebeu o significado do que tinha dito. - Quer dizer, eu preciso das horas que eu vou passar com você, isso irá contar pontos para a universidade que quero entrar, entende? E a senhora Masterson disse que escreveria uma carta de recomendação...por favor, precisa me deixar fazer isso.

— Eu não tenho nada a ver com isso, Hannah.

— É Heather! - repreendeu.

— Pense comigo, Stan, se você passar para a Universidade de Stanford, poderá sair de sua casa e nunca mais ver o seu padrasto. 

— Não posso sair da cidade. 

— Por que não? 

— Não irei deixar a minha mãe nas mãos daquele estúpido! - bradou. 

Heather levou um susto com a declaração, mas o susto maior foi saber que Stan Ford se importava com alguém além dele mesmo. Ela ajeitou os óculos, pondo-os mais para cima, e umedeceu os lábios para falar:

— Leve sua mãe com você. Tenho certeza que conseguirá um emprego para arcar com as despesas. 

— Isso é loucura. Minha mãe não tem condições de viajar, ainda mais numa distância tão grande. 

— Mas, Stan...

— Não entendeu ainda, Helen? Não irei fazer isso! - abriu a porta da pequena sala e saiu as pressas. 

— É Heather. - disse para si num fio de voz. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Stan é muito durão né?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A lógica do amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.