A decoração estava linda, era impossível não emocionar-se ao ver a noiva em seu vestido branco, cravejado por pequenas lantejoulas que brilhavam como vagalumes que nunca se apagavam.

Quando a marcha nupcial começou, a alegria era tamanha que não podia ser descrita em palavras. O olhar apaixonado trocado pelo casal não podia ser expressado com nada além do momento em si.

Caminharam lado a lado, o peito estufado até que chegasse ao altar e a entregasse ao noivo sorridente.

— Cuide bem dela. – O rapaz pediu, dando-lhe uma piscadela e ficando ao lado da mãe que se segurava para não demonstrar a emoção através das lágrimas teimosas que manchariam sua maquiagem bem feita.

O silêncio imperou enquanto o padre começava o sermão que seguiu breve até que chegaram à parte crucial:

— Aceita-a como sua legítima esposa para amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença durante todos os dias de sua vida?

O sorriso da noiva era visível, embora o rosto permanecesse escondido pelo véu.

— Sim.

— E você aceita-o como seu legítimo esposo para amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, durante todos os dias de sua vida?

O foco mudou-se para a noiva novamente. O sorriso permaneceu em seus lábios até que acenou positivamente com a cabeça. Quando o véu saiu de seu rosto, Kiba viu o sangue que manchava-o, que manchava o vestido quando uma kunai a atingiu por trás.

Tentou gritar, mas a voz lhe faltava. Tentou se mover, mas os pés estavam presos no chão.

— Kiba! Kiba! – Shino o chamou até que despertou, o fôlego lhe faltando enquanto a espuma do travesseiro espalhava-se ao redor de ambos.

— A Hana, a Hana, ela... – Desnorteado, tentou se levantar até sentir os braços de Shino lhe envolverem. – Me solta, Shino! Me solta, ela precisa de mim!

— Ela não está aqui, Kiba! Hana não está aqui! Ela...

— Ela o quê?

Os olhos de Kiba se arregalaram como se finalmente voltasse para a realidade: Hana não estava ali, não havia casamento. Ela havia desaparecido. Já fazia tempo, mas constantemente era assombrado por pesadelos que envolviam o cotidiano, jamais um casamento.

— Não está. – Shino completou, incapaz de colocar as próprias suspeitas como cartas na mesa.

Antes de irem para a guerra, ela estava em um namoro firme com um jounin do clã que ainda aguardava seu retorno.

— Mas eu vi ela, Shino. – Cedeu ao abraço do namorado, engolindo o choro em vão. – Ela estava tão linda naquele vestido de noiva...

Contou para ele detalhes do sonho, a felicidade estampada no rosto da irmã enquanto a levava até o altar.

— Será que nunca mais vou vê-la de novo?

Shino preferiu não responder com palavras, apenas aninhou Kiba em seu abraço, permitindo que o outro garoto chorasse. Processar aquele momento não seria nada fácil. Não enquanto a vida permanecesse demonstrando momentos que Hana ainda não tinha vivido por não ter tido a chance, e que nunca viveria pois a guerra havia tirado isso dela.