Guilda Do Alvorecer: O Reino Caído escrita por Mandy, TenshiAkumaNoLink


Capítulo 11
Capítulo 10 - O Gigante Amaldiçoado - Goro




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A Guilda do Alvorecer era o último lugar no qual eu sonhava em estar na vida, mas por conta de um triste acontecimento, só me restara recorrer a ela. Eu fora amaldiçoado a mais de 50 anos, no vale dos gigantes, Eltharia. Minha maldição? Deixar de ser um glorioso gigante, para aprender a controlar minha própria força. Após tantos anos exilado, e com meu orgulho incandescido, decidi que deveria recorrer a inteligência da guilda. Aproveitando que Hinata e Will iriam até a Guilda, decidi partir com eles e aproveitar o ensejo e marcar uma reunião com o líder da guilda, Volken.

Finalmente chegara a hora de minha reunião, e conforme o marcado, dirigi-me para a sala do senhor Volken, que ao saber que estava aqui, quis tratar do meu problema de forma mais reservada. Ao bater na porta, ouvi sua voz dizer:

— Pode entrar.

A sala de Volken era bastante modesta para um líder. Ela tinha uma mesa cheia de documentos cuidadosamente empilhados na qual Volken se encontrava atrás, escrevendo algo. No fundo da sala tinha uma estante cheia de livros no canto esquerdo e uma janela de vidro à direita dela. Na parede esquerda, tinha uma mesa com um vaso de tulipas, que era a única decoração do local.

Volken fez menção para que eu me senta-se e perguntou-me:

— Como posso ajudá-lo?

— Bom, 50 anos atrás, eu fui amaldiçoado e por conta disso, exilado de Eltharia. Vim até aqui pois talvez vocês possuam uma forma de reverter minha maldição. - Expliquei.

— Que tipo de maldição?

— Maldição de encolhimento, pelo menos foi a única diferença que eu percebi da minha forma original.

— Eu verei se algum mago da guilda está disponível para a tarefa.

 

—__________________________________________________

 Mais tarde, seguindo as orientações de Volken, prossegui para o dormitório dos diplomatas, pois lá eu deveria me encontrar com Lorelai, Samuel, Alice e Aisha, os supostos magos que poderiam remover a minha maldição. Então aproximei-me e logo fora questionado pela mulher loira, alta, de olhos claros, vestida de branco, que estava a minha frente.

— Você é Goro? - Quando assenti confirmando, ela prosseguiu. - Sou Lorelai, líder dos diplomatas.  

Ela apresentou cada um dos seus companheiros: Alice, dos campeões, era uma pequena jovem que devia ter no máximo uns 15 anos, presumi. Ela tinha um cabelo loiro grande,  volumoso, cacheado. Seus olhos eram grandes e verdes, e seu rosto era pequeno e redondo, o que lhe fazia parecer uma daquelas bonecas de porcelana. Samuel, dos diplomatas tinha uns 20 e tantos anos, altura mediana, cabelo curto castanho, barba rala e estava vestido com uma túnica verde. Aisha, uma bibliotecária, era uma elfa do sol que parecia jovem, mas que se tratando de elfos, era impossível dizer ao certo. Ela era magra, de pele bronzeada, e seu cabelo era castanho claro e estava preso em um rabo de cavalo.

— Iremos ajudá-lo com a remoção da maldição. Se me permitir…

— Sim, agradeço pela ajuda, farei tudo o que estiver ao meu alcance para facilitar o vosso trabalho.

Lorelai se aproximou de mim e começou a murmurar palavras de um idioma que eu desconhecia. Após quase uns cinco minutos, ela se afastou e disse aos outros três:

— Eu estudo magia sagrada desde muito nova e aprendi a lidar com muitas maldições, mas eu nunca vi nada como isso. Alice, quando você andou pesquisando sobre maldições meses atrás, você viu algo que pudesse ajudar?

A pequenina se levantou e foi até mim segurando as vestes negras para não tropeçar. Ela virou a cabeça de um lado pro outro, me observou por um tempo. Fiquei intrigado com o fato de ela ficar me encarando sem dizer nada, e então eu ouvi uma voz ecoar em minha mente:

— “Me desculpe por entrar na sua mente assim, eu preciso ver se acho alguma coisa importante sobre a maldição. Tente não resistir, ou pode ser doloroso.”

No começo não foi nada demais, mas depois de um tempo, tudo girou e eu caí de joelhos no chão de pedra. Eu não conseguia ouvir direito, as vozes ao meu redor pareciam um eco distante e minha cabeça começou a doer muito. Voltei ao normal com Samuel, o mago alto de túnica verde, gritando:

— Alice, para! É demais para ele!

A elfa do sol, Aisha, puxou Alice para longe de mim. Olhando para Lorelai, Alice disse:  

— Gigantes vivem muito tempo, são lembranças demais. Eu vi que teria que entrar mais fundo na mente dele e acho a forma que eu fiz isso pode ter sido um tanto demais. Me desculpe. Você está bem? - E ela teria caído se Aisha não estivesse por perto para segura-la.

— Está tudo bem!?

— Estou sim, só fiquei um pouco zonza. - Respondeu Alice. - No que consegui ver, eu acho que o que foi lançado nele foi algum tipo de magia de sangue.

— Eu sei muito pouco sobre magia de sangue. Talvez Serena saiba de alguma coisa, já que magia de sangue é um tipo e magia negra, que é especialidade dela. - Comentou Samuel. - No entanto, eu posso dar uma pesquisada para descobrir alguma coisa relevante para ajudar.

— Eu trabalho na biblioteca. No meu tempo livre posso dar uma olhada na seção de magia negra e posso solicitar à Lizandra uma autorização para entrarmos na seção reservada, que tem tomos sobre Magia de Sangue. - Propôs a elfa.

— Seria ótimo, Aisha. - Disse Lorelai, sorrindo para ela.

— Eu irei tentar achar alguma coisa sobre o encantamento que ouvi nas suas memórias também.

— Magia sagrada geralmente é usada para lidar com maldições e magia de sangue, então visitarei minha antiga mentora a fim de descobrir se existe uma forma alternativa de quebrarmos a sua maldição. - Lorelai sorriu e colocou a mão no meu ombro. - Daremos um jeito nisso, não se preocupe.

— Eu entendo, de qualquer forma eu agradeço, e peço desculpas pelo transtorno.

 

—__________________________________________________

 

Então, no dia seguinte, após as tentativas, acordei-me e desci até o primeiro andar da taverna, porque talvez comer alguma coisa me ajudasse a entender melhor a situação e eventualmente eu saberia o que fazer. Lá encontrei-me com Will e Hinata, que estavam esperando por uma refeição.

— Bom dia Goro! - Cumprimentou-me Will, de bom humor.

— Bom dia senhor Goro! - Disse Hinata, acenando timidamente. - Sente-se conosco.

— Bom dia Will e Hinata! - Sentei-me à mesa com eles. - Vocês parecem estar de bom humor hoje, especialmente o Will.

— Tive uma boa noite de sono, só isso. - Respondeu, tentando desviar do assunto. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele estava escondendo algo. -  Eu já organizei tudo que precisaremos e aquela moça que nos recebeu, Marian, veio até aqui e disse que ela e Henry irão conosco até Tellus. Ela falou que vai vir aqui depois de terminar de organizar algumas coisas.

— Ótimo, estou pronto para partir assim que recebermos o sinal, a propósito, o que vocês pediram para comer?

— Comida. - Respondeu Will.

— Não me diga. - Disse bagunçando o cabelo dele com a mão.

Will riu enquanto arrumava o cabelo castanho.

— Mas é verdade!

— De qualquer forma, espero que a comida chegue logo, meu estômago está faminto.

— Senhor Mokhar sempre está pensando em comida. - Falou Hinata, rindo.

— Bom eu sou um taverneiro, comida é a minha especialidade.

— Aqui está. - Ruffy chegou com uma grande bandeja e começou a colocar os pratos na mesa. Cordeiro assado, arroz, salada, suco de morango e três tortinhas de morango.

— Incrível, parece delicioso, especialmente essa tortinha de morango. - Comentei enquanto dava uma pequena mordida na mesma. Rapidamente o sabor tomou conta de minhas papilas gustativas, me dando a sensação de ter ido aos salões do paraíso. Após saborear cada mínimo pedaço da torta eu falei. - Por Eltharia, mãe de todos os gigantes, esta torta é obra das divindades!

— Concordo, é muito boa! - Falou o jovem Will, enquanto mastigava.

— Eu nunca provei nada assim na minha vida inteira! - Declarou Hinata, encantada,  depois de comer um pedaço.

— Minha esposa ficará feliz ao saber que vocês gostaram.

— É incrível, sua esposa possui um talento incomparável, estou admirado com o fato de ter reconhecido uma receita tão complexa e tão impressionante ao mesmo tempo, quase como se eu mesmo tivesse a receita na palma de minha mão.

— Como!? - Perguntou Ruffy, em choque.

— Bom, trabalho como um taverneiro à 50 anos, deduzir uma receita apenas provando a mesma, não é algo muito difícil quando se tem papilas gustativas apuradas e certa experiência com a cozinha.

— Tem experiência como taverneiro...hum. - Ruffy começou a murmurar algo que não entendi, e depois de um tempo me perguntou. - Gostaria de trabalhar aqui por um tempo? Um grupo deve voltar de uma expedição e teremos muito movimento. Geralmente pediria ajuda a Camille, mas recentemente ela se juntou aos Engendradores, então não pode trabalhar aqui.

— Bom, eu gostaria de falar com Hinata e Wil primeiro. Estava acompanhando a senhorita em uma missão juntamente do Will, e quero ter certeza de que eles estarão bem sem a minha pessoa antes de tomar qualquer decisão. - Olhei para Will e Hinata. - E então, terá algum problema se eu ficar aqui?

— Eu acho que não, senhor Goro. O pessoal da guilda disse que tomariam conta de mim. Além disso, o senhor Will estará comigo.

— Eu cuidarei dela, não precisa se preocupar.

— Compreendo. - Respondi cruzando meus braços, e depois de alguns segundos ponderando disse. - Está bem, eu trabalharei aqui com o senhor e sua esposa.

Marian e Henry entraram no recinto, nos cumprimentaram, e se sentaram no banco do outro lado da mesa.

— Estão prontos para partir? - Perguntou Marian.

— Sim, estou, Srta. Hills.

— Eu também estou.

— Parece que a sua escolta chegou Hinata. Façam boa viagem e tenham cuidado.

 

—__________________________________________________

Então, no dia seguinte à partida de Hinata e Will, acordei cedo, para então começar meu trabalho na taverna. Como o próprio dono disse, este lugar logo começaria a ficar cheio de clientes. Ouvi os donos discutindo de manhã cedo, mas preferi não me envolver. Coloquei meu avental, prendi meu cabelo e segui para a cozinha.

— Bom dia.

— Bom dia Goro. - Cumprimentou Charlie. - Por favor, ajude Ruffy a colocar a taverna em ordem antes de abrirmos.

— Pode deixar, mal posso esperar para que os clientes cheguem.

Não tardou para um rapaz encapuzado adentrar o local. Ele se sentou diante do balcão e pediu uma bebida para Charlie.

— Bebendo logo de manhã? Aconteceu alguma coisa, Keiran? - Perguntou ela, preocupada.

 - Hoje faz dois anos que perdi minha noiva. - Ele tomou toda a bebida e pediu outra pra Charlie. - Ele olhou para o vaso de margaridas que Charlie colocara para decorar o local e murmurou melancolicamente. - Eram as favoritas dela. Dois dias antes do assassinato dela, eu a pedi em casamento e lhe dei um buquê de margaridas. Eu estava tão feliz, eu não podia prever o que estava por vir.

— Oh, Keiran. Tenho certeza que ela não gostaria de vê-lo assim onde quer que esteja agora. Você ainda tem muito o que viver, você tem apenas 26 anos, então tente virar essa página e viva plenamente.

— Eu… - Ele parou quando encontrou o meu olhar e perguntou tenso. - Vocês...contrataram alguém novo?

— Sim, contratamos. Esse é Goro. Ele vai ficar aqui na guilda por um tempo, e contratamos ele pra nos ajudar com o grande fluxo de gente que teremos com o retorno dos Exploradores.

— Hmm? Silas? - Falei com uma certa nostalgia. - Já faz tempo desde a última vez que lhe vi em Yarzeth.  

Keiran tossiu e disse:

— Desculpe-me, mas eu conheço você?

— Claro que sim! Não está me reconhecendo, meu velho amigo? Sou eu, Goro Mokhar, do Caneco dos Gigantes. Nunca mais tive notícias de você por Yarzeth! O que andou fazendo? - Perguntei a Silas, desconfiado de sua presença aqui na guilda.

— Olha, eu realmente não faço ideia do que você está falando.

— Ora Goro, deixe disso. Esse é Keiran Olsen, membro da Guilda Do Alvorecer a um bom tempo. Deve estar confundindo com outra pessoa.

— O senhor realmente deve estar me confundindo. Não o culpo, eu tenho um rosto comum. É um prazer conhecê-lo. Como a Charlie disse, me chamo Keiran Olsen. - E estendeu a mão para me cumprimentar.

— Claro, devo estar confundindo você. - Apertei a mão de Silas, mesmo sabendo que ele estava mentindo. - É um prazer lhe conhecer, “Keiran”.

— Eu lembrei que o Comandante Duncan me pediu um favor essa manhã. Preciso ir. Foi bom conhecê-lo, Goro. Se cuide, Charlie. - Ele pagou pelas bebidas e saiu apressado da taverna.

Charlie me bateu com o pano de prato e disse:

— Não assuste a clientela. Deixou o coitadinho com vergonha! - E olhando para a entrada da taverna, ela me contou - Ele chegou aqui a uns quase dois anos. A família perdeu tudo num saque feito por ladrões ao seu vilarejo e a noiva dele foi assassinada pelos bandidos. Desde então, trabalhou muito duro para se tornar um dos melhores arqueiros da guilda. Ele é um bom garoto, mas com pouca sorte.

— Sinto muito, não irá se repetir. - E abaixei minha cabeça e fui trabalhar em silêncio. Eu tenho certeza, de que aquele era o Silas, eu definitivamente preciso saber o que está acontecendo.

 

FIM DO CAPÍTULO 10


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