Entre Erros e Acertos escrita por Tricia


Capítulo 1
O que fazemos pelos irmãos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem
Boa leitura
os detalhes sobre qualquer coisa, explicação ficam para as notas finais



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“Esquecer e perdoar. É isso que dizem por aí. É um bom conselho, mas não muito prático. Quando alguém nos machuca, queremos machucá-los de volta. Quando alguém erra conosco, queremos estar certos. Sem perdão, antigos placares nunca empatam, velhas feridas nunca fecham. E o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a sorte de esquecer.”

Grey’s Anatomy

 

   Jon

Percorri o pequeno caminho de pedras que levava a larga porta de madeira talhada. Dentro, o silencio vinha como um lembrete de que a maior parte dos moradores resolveu passar o feriado prolongado na casa de um irmão da senhora Catelyn.

— Você chegou – disse a senhora Mordane surgindo com um pano de pratos na mão e sua costumeira expressão fechada. Agora mais do que nunca – Venha comer algo.

Segui-a ate a cozinha onde o aroma proporcionado pela torta de frango feita pela mulher exalava como um delicioso convite. Um pedaço estava separado em um prato ao lado da forma, mas mesmo com ele ali a mulher se pós a cortas outro para mim.

— A Sansa não quis comer? – perguntei, mesmo já tendo uma boa noção da resposta.

— Você sabe muito bem como é sua irmã quando tem o coração partido – a velha grunhiu visivelmente indignada – Primeiro veio aquele bendito e irritante Joffrey que achava que o mundo era seu parquinho de diversões particular; depois o almofadinha educado de jeitinho suspeito apaixonado por flores, qual era mesmo o nome dele?

— Loras – a lembrei entre garfadas. Estava divino.

— Essa peste mesmo – afirmou balando a mão com desdém – E agora vem esse maldito Targaryen. Essa menina tem um dedo muito podre.

Mesmo que Sansa fosse a mais afastada de mim em comparação aos outros irmãos, eu realmente conhecia suas manias de agir em certas ocasiões quando algo a irrita por um tempo prolongado, quando ficava obcecada com algo ou, quando se apaixonava.

A mulher continuou:

— É melhor levar isso para ela e ver se ela come algo mais saldável que sorvete de morango e biscoitos de chocolate.

— Se quiser eu posso levar e tentar ajudar de alguma forma – a duvida cintilou nos olhos da mulher que parecia estar aqui desde sempre como parte fundamental da casa e da família – Talvez ela precise extravasar um pouco a raiva, então, quem melhor do que eu para ela destilar seu veneno.

— Jon...

— Esta tudo bem – garanti, largando o garfo no prato e pegando o prato de Sansa.

Ela bufou audivelmente balançando a cabeça para deixar claro sua oposição a minha ideia, porem, permitiu que eu fosse.

Fantasma estava deitado próximo à lareira apagada, ele fitou-me com seus olhos vermelhos e atentos quando passei rumando as escadas. No segundo andar uma placa vermelha escrita “não perturbe” em branco estava pendurado na porta de Sansa, normalmente estaria na porta de Arya (pois a placa em si pertence à ela) e ninguém realmente se dava o trabalho de obedecer, mas no final da semana passada quando a ruiva chegou de uma festa chorando e a senhora Catelyn ficou em seu pé querendo saber o que tinha acontecido, seguido por Robb e nosso pai ela simplesmente entrou no quarto da irmã mais nova pegando a placa e dizendo “Eu preciso disso mais do que você” e pregou na própria porta exigindo que aquelas duas palavras fossem realmente obedecidas.

 – Sansa – chamei após bater algumas vezes, a ruiva não respondeu e por alguns instantes eu me vi tentado a dar a costas e ir embora para longe e deixa-la com seu “drama adolescente” segundo as próprias palavras do nosso pai.

O único som a sair foi o de Lady batendo a pata na madeira para que fosse aberta. Suspirei, girando a maçaneta para comprovar que de fato esta estava trancada.

— Sansa, abre essa porta. Coma a torta que a senhora Mordane fez e se quiser descontar toda sua raiva o faça em mim.

Não é como se ela nunca o fizesse mesmo...

Minutos se passaram até o ruído da tranca soar bem baixo e a porta ser aberta aos poucos, passando Lady e Sansa surgindo. Os cabelos estavam mal arrumados e seus olhos não pareciam tão brilhantes como normalmente são. O cara realmente pegou pesado...

— Você não é Rhaegar Targaryen – disse rudemente com os olhos semicerrados fazendo menção de fechar a porta, mas a impedi o que, visivelmente aumentou sua raiva – Me deixa em paz, Jon!

— Sansa – suspirei – Vamos conversar um pouco?... Só um pouco.

A ruiva bufou me fitando por longos minutos antes de finalmente soltar a porta, girando nos calcanhares e retornando mais adentro do quarto com o notebook aberto sobre a cama tendo alguma coisa pausada. Ela sentou na cama e eu peguei o pufe rosa para mim deixando o prato próximo para que ela pudesse pegar caso quisesse.

— Sobre o que quer falar?

— Honestamente, eu não vou perguntar o que ele te fez porque sei que não vai me contar. Mas pela senhora Mordane, que cá entre nós esta preocupada com você, tente comer um pouco a torta que ela fez. É sua favorita.

Resignada ela confirmou com um manear de cabeça indo mais pro meio da cama, pegando o prato e resmungando estar um pouco fria com a boca cheia. De todos os irmãos ela também sempre foi a mais sensível, mesmo que tal qualidade fosse constantemente tampada por suas atitudes mimadas e sem a devida noção do que isso poderia gerar em consequência. Ela ainda é uma pessoa boa a sua maneira.

E embora ela me odeie o sentimento não é recíproco.

— Robb me contou que a Arya quase torceu o pé andando a cavalo – comentei olhando a tela do notebook na vaga esperança de identificar o que se passava ali. Nada. 

Os olhos de Sansa focavam apenas o prato, mas os lábios formaram um beicinho que provava seu esforço em se conter para não soltar algum comentário maldoso sobre a irmã que eu certamente rebateria assim como Robb sempre fazia, todavia, sou eu aqui e nunca tivemos intimidades o suficiente para ela os soltar diretamente para mim, eu apenas me metia quando via necessidade.

— Bom para ela – soltou por fim pegando o celular sobre o criado mudo que tocava exibindo uma foto dela com sua amiga Margaery. Deslizando o dedo sobre a tela ela recusou a ligação enfiando o aparelho embaixo dos travesseiros em seguida – Está olhando o que?

— Se não quer receber ligações, desligar o celular seria melhor.

Ela tombou a cabeça para o lado me olhando como se estivesse lidando com a pessoa mais idiota do mundo. Talvez eu realmente fosse na opinião dela, mas agora havia algo mais por trás da raiva refletida nos olhos azuis da ruiva.

— O que ele realmente fez? Eu sei que prometi não perguntar, mas nunca te vi assim, Sansa.

O silencio se instalou no ar por alguns minutos antes dela finalmente falar algo que, milagrosamente não era alguma ofensa redigida a mim.

— Não foi o que ele fez, foi Margaery... – disse continuando a fitar o prato – Ela sabia que eu gostava dele há muito tempo... sabia que eu estava me aproximando, que ele estava finalmente me notando!... e ela foi pra cima como uma cobra peçonhenta e o tomou. Amigas não fazem isso! – exaltou aumentando o tom  de voz e levantando a cabeça deixando evidente sua vontade de chorar. Droga.

— Não mesmo. Eu sinto muito.

— Isso não me faz sentir melhor.

— Eu sei que não – admiti, notando pela primeira vez que o porta-retratos de armação vermelha na penteadeira estava deitado para esconder a foto de Sansa e Margaery tirada em uma festa do ano passado. Elas estavam juntas desde sempre e agora...

 – Eu não quero nunca mais olhar na cara dela. Ou de Rhaegar escroto Targaryen. Eles são traidores.

A porta foi empurrada aos poucos entrando Lady com seu andar calmo e delicado (estranhamente parecido com a dona), subindo aos pés da cama e deitando com a cabeça sobre a perna da ruiva.  Sansa sorriu, não aquele radiante, poderia dizer com certeza que ele só estava ali por Lady, a verdadeira amiga que ela pode afirmar ter agora.

— Ele é só mais um idiota no mundo – afirmei cruzando os braços. Ela deu de ombros, não concordando ou discordando.

— Se eu fosse a Alya pelo menos poderia elaborar algum plano de vingança cruel que me faria dormir com um sorriso no rosto.

— Ela não é assim.

— Ela é sim! Ela ficou muito feliz quando destruiu minhas almofadas e o carro de coleção do Robb – argumentou indignada.

Como eu poderia defender algo que realmente aconteceu?

— Você não é ela.

— Não, e por isso não tenho ideia do que fazer para me vingar dele e dela. Ele merece sentir um pouco do que senti e não ficar por ai pegando minhas amigas, ex-amigas, e curtindo a presença da irmãzinha que deve ser ainda pior.

— Você quis dizer irmão – corrigi.

— Irmã. Ele tem uma irmã. Mais um Targaryen desprezível no mundo e, que agora estará aqui.

— Não deveria julga-la assim.

Ela bufou, me olhando novamente como se eu fosse à pessoa mais estupida do mundo.

— Você conhece Rhaegar, conhece Viserys e conhece o pai deles Aerys. Todos são idiotas iguais. Ela não é diferente – argumentou.

  – Talvez. Só que isso não muda o fato que foi ele que aprontou, não ela.

— Não. Mas se ela sofrer ele vai sentir – afirmou com estrema convicção, os olhos brilharam, só que não de uma maneira boa – Você poderia me ajudar.

— Sansa...

— É um bom plano de vingança. Só preciso de ajuda e você pode me ajudar, Jon.

Maneei a cabeça, me levantando e pegando o prato vazio das mãos dela.

— A resposta é não. Lamento Sansa.

Os ombros da ruiva caíram e a decepção cintilou nos olhos azuis, só que dessa vez eu não vi motivo para tentar consolar por algo “ruim” que foi causado por mim. Apenas continuei em direção a porta sem olhar para trás.

— Eu não quero pedir ao Robb – parei, virando o rosto com o ceio franzido em uma incompreensão que ela logo tratou de justificar – Não quero ter que contar o que aconteceu.

— Talvez ele não te diga não, eu acho isso extremamente errado.

— E ele me magoar é certo? – rebateu.

— Não, mas ele não foi o único.

— Eu ainda vou pensar em algo contra a Margaery. Eu só quero ter por onde começar. Eu nunca te pedi nada.

— E quando o faz me pedi para destruir o coração de uma pobre garota que nada fez a você. É meio difícil pra mim lhe dizer sim.

A bela Northern Inuit de pelos claros levantou a cabeça fitando a dona e depois a mim.

Desde que fui trazido para cá, eu aprendi que deveria seguir certos costumes, sendo um deles o de sempre cumprir com minha palavra, independente do que aconteça, e que a família deve se manter unida com um protegendo o outro. Sempre. Qualquer Stark parece levar isso incrivelmente a sério.

— Por favor, Jon – a ruiva tornou a insistir usando o apelo que eu jamais ousei imaginar sair da boca dela – Eu sou sua irmã.

Merda. Ela nunca fez isso antes.

 Fechei meus olhos, já prevendo o problema que teria pela frente graças a minha irmã.

— Tudo bem – disse em enfim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo. Eu sei que disse para alguém que iria postar logo uma fanfic de Universo alternativo, o projeto em si era outro, mas após o fim das minhas aulas eu resolvi dar uma olhada nas coisas que tinha feito antes e não dado continuidade (não me perguntem por que?) aquelas ideias eram ate boas e por isso resolvi voltar a trabalhar nelas as juntando com as ideias que estão vindo agora. Com isso temos Erros e Acertos que eu sinceramente espero que gostem e acompanhem.
Se bem que eu deveria lembrar de comentar que ele foi meio inspirado em "Ela é Demais" e uma musica que atualmente eu não me lembro mais qual é? (minha memoria nunca foi tão muito boa mesmo)
Enfim, eu acho que por enquanto é tudo que eu acho que precisava dizer, se tiver algo mais (coisa que eu acho que vai ter) eu digo mais para frente, ok?
É isso até o próximo
Bjss



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