Eu dirigia, com a velocidade máxima que minha caminhonete permitia, eu precisava falar com Jake, ele iria me ouvir, nem que essa fosse à última coisa que eu fizesse. Eu precisava falar para ele o que estava sentindo, ele precisava saber que eu fui burra, uma completa idiota, eu o amava, mas não enxergava isso, eu estava tão obcecada pelo Edward, que não queria enxergar que eu amava outra pessoa, que eu poderia fazer o que ele me pediu, eu poderia ser feliz novamente, amar novamente. Viver novamente, sem ele.

-Idiota. – xinguei a mim mesma. Edward me deixa dizendo que eu não pertencia ao seu mundo, e mesmo assim eu fico de olhos vendados para o resto do mundo, ele não me queria, eu não passei de uma brincadeira infantil para ele.

Cheguei na frente da casa dos Black. Desliguei o motor, coloquei meus pés no painel e me preparei para esperar o quanto fosse necessário. Pude ver Billy me olhando pela janela, mas não fiz nada a não ser acenar com a cabeça.

Não demorou mais do que dez minutos para mim conseguir avistar Jacob chegando. Junto com ele havia mais quatro garotos, Embry, que reconheci facilmente, Sam e mais dois que não conhecia, ou, pelo menos, não me lembrava. Abri a porta, e sai, chamando a atenção do grupo.

-O que você está fazendo aqui? – Jacob rosnou, me olhando de uma maneira, que me fez parar automaticamente, como se meu extinto de sobrevivência, nunca antes existido me avisasse que se eu chegasse mais próxima do isso neste momento, eu estaria colocando minha vida em perigo. Não, não minha vida exatamente, a vida de Jake.

-Vim falar com você. – respondi de onde estava.

-Pode falar. – respondeu, seco.

-Sozinha. – olhei sugestivamente para os outros. Jacob olhou para Sam, que assentiu e pronunciou alguma coisa que não consegui entender, não por não ter ouvido, mas por não saber em que língua ele falava. Os outros quatro saíram, e Jacob andou em minha direção.

-Diga. – falou, e eu pude perceber quatro olhares em nós. Comecei a andar, me embrenhando na mata.

-Por que não me atende? Achei que estivesse doente ainda, mas estava passeando com os amigos. Aliás, está com amigos novos? – perguntei, com a voz irônica no final.

- Estava ocupado demais, não tinha tempo para ficar no telefone. – respondeu, com a voz dura. Aquilo me machucou, aquele não era o mesmo Jacob que foi meu amigo, que me ajudou a curar minha ferida, e por quem me apaixonei.

-O que aconteceu com você? – perguntei, com tristeza na voz. – Você não era assim, não era assim quando me ajudou.

-Era somente para isso que eu servia não é? Para quando você sentia saudades do namoradinho que te deixou, te ajudar. – eu iria protestar, mas ele foi mais rápido. – Eu cansei sabia, não quero ser apoio para alguém que sofre por desamor.

-Jacob. – dei um passo a frente, mas ele se afastou.

-Por favor Bella, eu me cansei, cansei de secar suas lágrimas ok? – Falou. Uma lágrima rolou pela maçã de meu rosto, e eu tenho certeza que pude ver uma pontada de dor em seu olhar. Como ele mesmo disse, não iria secar mais nenhuma lágrima. Jacob me deu as costas, e saiu correndo para sua casa. Também sai da floresta, alguns minutos depois, liguei novamente o motor da picape e fui para minha casa.

Duas dores brigavam por espaço dentro de mim. Uma deixada por Jacob, e uma outra, que me fazia querer explodir. Jacob não me deu chance nem ao menos de falar com ele, eu fui lenta de mais para entender meus próprios sentimentos, lenta demais para perceber que eu amava Jacob. Jacob me disse que não queria mais secar minhas lágrimas. Ele está fazendo exatamente o contrário, está provocando novas lágrimas.

Preparei um dos peixes que Charlie trouxe de uma de suas pescarias, deixei-o no forno. E fui para meu quarto. Não iria dormir, isso eu duvido que conseguiria fazer, mas eu precisava ficar sozinha. Deixei as lágrimas que estavam presas dentro de mim escorrerem pela minha face, e molhar o travesseiro em que eu escondia meu rosto. O único barulho que se ouvia naquele quarto era o de meus soluços. Tantos sentimentos estavam dentro de mim ao mesmo tempo, raiva, arrependimento, culpa, mas o que predominava era a tristeza.

Me levantei da cama, coloquei um casaco não muito pesado, já que, por um milagre, eu estava sem frio algum. Desci as escadas e sai, para retomar de onde eu e Jake paramos, o caminho para a clareira em que Edward me levou.

Liguei novamente a picape, e a coloquei em uma velocidade um pouco lenta. As lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, e os soluças continuavam a dominar o local. Não sei como, mas a minha dor era ainda maior do que a que senti quando Edward me deixou. Talvez pelo fato de meu corpo querer explodir, ou apenas porque eu sabia que com Edward, eu não o veria mais realmente, mas Jacob eu correria todos os dias, o risco de vê-lo.

-AHHH! – gritei, tentando aliviar um pouco minha dor. Tentativa sem resultados, a dor continuou lá, sem se mover um milímetro com a intenção de sair. Estacionei a picape, peguei o mapa e entrei a floresta, marcando o restante que faltava do caminho até chegar a lareira. Pude avistar uma parte mais clara no meio da floresta. Reconheci quando cheguei mais perto, ser a entrada da clareira.

Ela continuava igual, as flores coloridas a cercando, o sol batendo livremente sobre o circulo perfeito que era formado. Coloquei meu corpo inteiro lá dentro, e senti uma quantidade razoável de paz me dominar. Ainda assim, as duas dores continuavam a discutir sobre quem venceria dentro de mim.

Me sentei na grama, e observei a clareira inteira. As flores não eram nunca iguais, sempre alguma acabava por ter uma pétala a mais ou a menos do que a outra, jamais se repetindo. As árvores que também cercavam a lareira, pareciam mais vivas do que as do resto da floresta, e do resto da cidade. As cores dançavam em harmonia pelo ambiente, Tudo ficava colorido, diferente, único, com toda certeza.