Snowing In Paris escrita por TonyTonyBela


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Eae, pessoas. Bom, gostaria de começar dizendo que essa é a minha primeira vez escrevendo pra esse fandom, então eu realmente espero que gostem. Sempre me perguntei como seriam os outros "escolhidos" dos Miraculous ao longo dos séculos e, por algum motivo desconhecido, ao ouvir Snowing In Venice (música que inspirou a fic), eu senti a necessidade de finalmente escrever algo do estilo. Recomendo que vocês escutem a música, mas não é como se fosse fazer muita diferença também heueheueheueheueh
Boa leitura, pessoas :3



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“Maybe my song isn't happy enough but I"

 

Egito, 46 a.C.

 

— Está frio aqui ou é impressão minha? Você podia se deitar ao meu lado... Para me esquentar, óbvio.

 

A mulher deu um riso travado que contradizia as lágrimas em seu rosto e o sangue impregnado em suas vestes. 

 

Ela deitou ao lado do parceiro e começou a acariciar seus cabelos negros. Ele parecia fraco: seu corpo lutava, com determinação, contra a infecção que o consumia. Mas aquela era, infelizmente, uma batalha perdida. A morte de Anúbis estava certa. 

 

"— Deve haver um... Um poder! Os Miraculous podem fazer mil maravilhas! Por favor, deve haver um jeito de salvá-lo...

— Sinto muito, não podemos fazer mais nada por ele." 

 

— Por que está chorando? 

 

— E-eu não posso... Não quero te perder... 

 

— E não vai. Serei eternamente seu. — A voz do homem estava mais fraca, como se estivesse se esvaindo de sua garganta enquanto falava. — Eu te amo, te amei e sempre te amarei. E se os deuses forem bons, nos veremos de novo. 

 

 

Os olhos verdes se fecharam e a máscara preta que cobria o rosto do seu dono, desapareceu. 

 

 

 

"I see it take flight with the snowflakes above me" 

 

Bélgica, 1917

 

 

— Deixe-me ver. 

 

— Não! Esqueça isso! Foi só um arranhão. — Ela disse em voz alta. 

 

— Por favor... — Suplicou. 

 

E quem poderia resistir a um pedido daqueles olhos azuis? 

 

Se libertando do traje de gato preto, a mulher bufou e o soldado sorriu enquanto examinava a ferida no ombro da colega. Limpou o sangue seco e enfaixou o ferimento, com cuidado. 

 

— Você parece cansado. 

— Todos estão. A enfermaria está um caos, a cada dia que passa, mais de nossos profissionais estão sendo mandados para as trincheiras todos os dias... Sinceramente, não sei se... 

 

— Nós vamos sair dessa. — afirmou, com convicção.

 

— Nós vamos? 

 

— Juntos. 

 

Os soldados se olharam intensamente e demoraram para perceber a neve caindo a sua volta. Cada encontro, cada conversa, poderia ser um último adeus e coisas tão simples, como ver a neve fresca cair, pareciam cada vez menos triviais. 

 

Eles voltaram ao trabalho, mas nenhuma arma, nenhum ferimento e nenhum outro sentimento parecia tão forte quanto a única coisa que lhes tinha restado; nada parecia tão certo quanto aquela promessa de amor.

 

 

"My coffee gets cold as I'm staring enthralled

At the snow that keeps falling outside" 

 

 

Pompéia, 79 d.C.

 

— Eu falhei... Se.. se tivéssemos... Eu... Argh! 

 

Angústia se enraizava dentro do homem ao passo que a tristeza virava raiva. Lágrimas caíam contra a sua vontade, criando rastros em seu rosto manchado de cinzas. 

 

Um par de mãos delicadas tocou-lhe a face subitamente. 

 

— Eu sei... Mas nós não perdemos tudo. — disse a dona das mãos. — Posso ter perdido minha casa, mas lar, para mim, é onde você está. Vai ficar tudo bem, eu prometo.

 

Então, por um momento, o homem se permitiu esquecer as cinzas que caíam a sua volta, focando somente na máscara vermelha e preta e no par de olhos azuis a sua frente. 

 

 

"And traveling light is a curse and a blessing

For someone like me, whose heart has gone missing" 

 

 

França, 1794

 

Por muito tempo ele achara que amor era uma fraqueza, que impedia o indivíduo de alcançar o objetivo desejado.

 

E ele estava terrivelmente enganado. 

 

No amor, achou poder. 

 

No amor, teve refúgio. 

 

No amor, encontrou apoio. 

 

No amor, deu e recebeu. 

 

No amor, salvou um país.

 

No amor, descobriu o melhor de si.

 

Infelizmente, ainda existiam coisas tão fortes quanto o amor: a obsessão de um homem que buscava poder, por exemplo. 

 

E, porque o amor é forte e volátil, o dito Homem transformou o amor que tinha por sua nação em ódio e desconfiança. 

 

Toda uma revolução, antes baseada em igualdade, liberdade e fraternidade, agora podia ser resumida em uma palavra: Terror. 

 

Terror este que matou todo o resquício de amor que um dia vivera e lutara para sobreviver naquela terra. 

 

Ele tentou fugir, para salvar o seu Amor, mas não foi rápido o suficiente para escapar do sinistro Terror. 

 

Ele estava prestes a ver uma guilhotina matar seu Amor e destroçar seu coração. Aquilo o destruía por dentro, pois nada que fizesse mudaria o futuro. 

 

Um par de brincos em sua mão era a única coisa que lhe restava. 

 

Isso, e a promessa de que o Homem não encontraria o poder que desejava, assim como ele não amaria de novo.

 

 

 

"And see you in London" 

 

 

Grã-Bretanha, Século V

 

— Morgana não descansará até trazer à Bretanha o mal e a destruição. Só de pensar no poder que ela pode possuir... Não podemos falhar. É uma questão de vida ou morte...

 

— Eu sei. Mas eu também sei que não iremos falhar. Aqueles homens — Lancelot apontou para o grupo de cavalheiros, escolhidos a dedo pelo rei com quem conversava — são mais do que capazes de nos ajudar a vencer essa guerra. 

 

Lancelot segurou o punho cerrado de Arthur e, mirando seus olhos, continuou. 

 

— Merlin nos escolheu por um motivo. Iremos cuidar do reino com a ajuda dos Miraculous e nem mesmo Morgana poderá impedir o triunfo de Arthur Pendragon, rei prometido da Bretanha.  

 

 

 

"Berlin will be waiting" 

 

 

Fronteira entre Bélgica e Alemanha, 2 de setembro de 1945

 

—  Nós conseguimos... A-a-acabou... Você sabe o que isso significa? Nós-nós vamos poder... voltar! Você ouviu?? ACABOU! VAMOS VOLTAR PARA CASA! 

 

O soldado ao seu lado disse alguma coisa que fora abafada pelo barulho: os sons da cidade sendo acudida por militares felizes com o fim da Guerra era muito alto para conseguir entendê-lo.

 

— O que você disse? — a mulher perguntou. 

 

O soldado deixou de lado o traje de gato que usava na batalha, revelando o uniforme igual a de seus companheiros de tropa. O homem se aproximou do ouvido da mulher, abraçando-a fortemente e lhe falou:

 

— Com você, eu já estou em casa. 

 

Naquela frase, ambos viram uma promessa silenciosa, e quase infinita, sendo refeita: onde quer que estivessem, seu lar sempre estaria com eles. 

 

 

 

"Or maybe in Paris

And so will be Rome"

 

 

Itália, Roma, 1630

 

Assustada e cansada, a mulher se levantou da cama e andou em direção à janela do quarto. O medo parecia consumir cada fibra do seu ser. 

 

As imagens de seu pesadelo passavam em loop, como se estivessem acontecendo naquele exato momento. Homens e mulheres queimando até a morte por uma ordem de homens que se consideravam bons.

 

Seu coração acelerado sofria antecipadamente por uma visão que poderia nem se tornar realidade. 

 

— Outro pesadelo? — Perguntou o homem, que caminhava lentamente até sua esposa.

 

Ela não respondeu. Do que adiantaria? Ele já sabia a resposta. 

 

— A Igreja nunca descobriria a verdade...

 

— Mas, e se? 

 

Era a vez do homem de ficar calado. Os dois olharam a cidade, pela janela. A esmagadora maioria daquelas pessoas não pensaria duas vezes antes de entregar seus "heróis" nas mãos dos opressores, para morrerem na fogueira, sendo considerados bruxos.

 

— O que nós fazemos não é fácil, mas precisamos continuar. Assim que recuperarmos os outros Miraculous, eu prometo, iremos para a Inglaterra, ou talvez para a França, tanto faz... Iremos para longe daqui e viveremos sem medo. 

 

— Aqui, França, Espanha, Inglaterra... O lugar não importa, só... Prometa que não vai me deixar? 

 

O homem arregalou os olhos ao ouvir o pedido da amada. 

 

— Prometo. Nunca vou te deixar. 

 

 

 

"And maybe I'll see you again when it's snowing in Venice"

 

 

Mar Jónico, 7 de setembro de 1571

 

A batalha não fora fácil. Quando a Liga Santa colidiu com as forças do Império Otomano, uma batalha violenta se desenrolou.

 

O Mar Jónico estava vermelho com a quantidade de sangue derramado. Inclusive, com o sangue de sua recém parceira, morta com um tiro de mosquete que atravessou o coração. 

 

Miguel tinha reconhecido a figura, que parecia muito com a de um gato, na batalha. Os dois possuíam uma ligação importante, Tikki o havia dito. 

 

 

"— Vocês foram escolhidos por uma razão. Estão destinados a lutarem juntos contra o mal desse mundo.

 

— Como vou saber que a encontrei? Haverão muitos outros no meio da batalha...

 

— Você vai saber..."

 

Não que um dia ele fosse entender o significado dessa ligação. 

 

A moça estava morta, não havia mais o que fazer. 

 

 

"Leve meu anel", disse um pouco antes da morte, "cuide bem dele".

 

Essa foi a única coisa que o jovem a ouviu dizer.

 

Ainda assim, lutar, depois daquela insignificante morte, tinha sido mais difícil do que o esperado. Era quase como se uma parte de si estivesse perdida. 

 

E, então, aconteceu: um barulho audível, mas não perceptível em meio a tantas outras vozes e sons. A dor aguda no ombro esquerdo. 

 

Miguel foi capturado pelas tropas otomanas, mas não era como se aquilo fosse realmente fazer diferença.

 

Afinal, a batalha do jovem havia acabado antes mesmo de começar. 

 

Dessa vez apenas, a promessa não foi cumprida. Até porque ela não teve a chance de ser feita. 

 

 

"And I will be on my way home"

 

 

França, Paris, 2022

 

Coração de Pedra marcou o início de uma nova era para os Escolhidos. Com um novo mal a solta, era necessária uma nova dupla de heróis que pudessem usar seus Miraculous para o bem. 

 

Então, mais uma vez, dois civis foram escolhidos para proteger a humanidade: Marinette virou Ladybug e Adrien, Chat Noir. 

 

Assim como todas as outras gerações passadas, os dois jovens tiveram dificuldades, mas não importava o que acontecesse, eles estavam juntos, uma equipe quase perfeita, pronta para defender Paris de todo o mal imposto por Hawkmoth. 

 

Contudo, um dia, o mal que assolava a cidade foi derrotado. 

 

— Chat? — Marinette chamou o parceiro. 

 

O garoto estava sentado no telhado de um prédio qualquer, observando o alvoroço por toda Paris, uma onda de felicidade preenchia a cidade, todos os cidadãos comemoravam por estarem seguros mais uma vez.

 

Todos, menos Chat Noir. 

 

— Adrien... — Tentou mais uma vez. 

 

— Ele nunca foi um bom pai. Mas ele era meu pai... — Marinette podia ver as lágrimas escorrendo com voracidade pelo rosto do jovem. — Ele era a única família que me restava e agora... — Ele suspirou. — Agora, estou sozinho. 

 

Uma solidão e tristeza excepcional tomavam conta do jovem. Em épocas diferentes, Adrien poderia até mesmo ter sido akumatizado. 

 

— Não, você não está. — Ladybug abraçou o amigo, que retribuiu a ação. — Você nunca vai estar sozinho. 

 

E aquela promessa foi cumprida. Ladybug e Chat Noir eram mais do que simples parceiros no combate ao crime: eles eram uma família, destinados um ao outro. Somente juntos estavam completos. Juntos cumpriam uma promessa de gerações. 

 

Adrien sentiu um toque em seu ombro e virou-se para ver Nino, Chloé e Alya. 

 

— Não deveriam estar comemorando na cidade? — Chat Noir perguntou, sem maldade ou sarcasmo. 

 

— Queríamos ver como você estava e, bem... — Carapace começou.

 

— Eu tive a brilhante ideia de comprar pizza! — Rena entregou as três caixas quadriculadas para a amiga vermelha e preta. — Por conta da Chloé. 

 

Bom, talvez a família tenha aumentado pelo caminho. 


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer aos meus fiéis betas: Luip, Mona e KetKet. (Não lembro o nome do perfil deles, mas o que vale é a intenção.) É isto.



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