Saudade escrita por MidorimaNailss


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Então, eu queria escrever uma história melhor, mas ao mesmo tempo em que não estou completamente satisfeita, também estou um pouco feliz, pois escrevi algumas coisas pensando na gente e sei que você irá notá-las. A história sobre como foi te tirar, você já sabe, mas quero mais uma vez deixar marcado aqui o quanto eu amo ter você como amiga. Espero que goste da leitura, foi de coração. Um presente meu para você, Gabs (Akemihime) ♥
Obs: se eu tiver fugido dos personagens, me desculpa? A questão é que sempre escrevi histórias com o relacionamento sendo formado, em poucas eles já estavam juntos, então não sei se pesei a mão no romance? Espero que não. Enfim, leia e me conte (Gabs e todos os leitores!).



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Midorima sentou no sofá da casa dele, deixando sua cabeça cair para trás, enquanto bufava de insatisfação. Estava extremamente entediado e ainda era de manhã. Uma manhã de véspera de natal. E ali estava ele, sozinho, cansado de pensar na vida e de fazer tudo que já fizera nos dias anteriores, quando entrara de férias (duas semanas atrás, para ser mais exato).

Num primeiro momento, Midorima se sentiu bem ao saber que o Takao viajaria, pois ele poderia ficar sozinho, sendo que seu namorado visitaria a sua respectiva família, e, acredite, o moreno estava morrendo de saudades de todos — ao contrário do Shintarou, que não via a hora de poder relaxar e adiantar tudo que deixara para depois.

Por isso, basicamente, os dias dele serviram para colocar o trabalho em ordem, estudar coisas novas e também ler alguns livros. Claro, ele tirou um tempo para assistir as séries favoritas também. Inclusive, sentia falta do Takao nessas horas, já que ele sempre reagia com entusiasmo em relação à maioria das cenas.

Quando era algo de terror, o moreno se agarrava no braço do Midorima, apertava-o com toda a força possível, a fim de tentar fazer as cenas horrendas desaparecerem. Algumas vezes, parecia que ele estava prestes a chorar. Nessas horas, Takao tentava disfarçar o sentimento extremo de medo, enquanto Midorima tentava conter a risada — então, ao invés de rir, mexia no cabelo do moreno, bem devagarzinho. Sabia que isso o acalmava.

Em compensação, nos filmes de drama, Takao era o primeiro a chorar, já nos de romance ou com finais felizes, emanava uma paz enorme, aproveitando para beijar a bochecha do companheiro e oferecer pipoca com um sorriso enorme no rosto, dizendo algumas vezes, durante o filme, que aquele tipo de casal lembrava os dois.

Midorima Shintarou ajeitou os óculos. Em seguida, pegou o celular. Ficou encarando a tela por um tempo, lendo as mensagens antigas que havia trocado com o seu namorado. Todos os dias falavam um com o outro, mesmo que fosse somente uma mensagem de boa noite.

Decidiu mandar mais uma:

Kazunari. Bom dia. Quando você vai voltar? :O

Hoje o meu item da sorte é uma coleira. Assim que amanheceu, precisei ir comprar.

Enfim, espero que esteja bem.

Atenciosamente, Midorima, the bored one**.

Ficou mexendo mais um pouco no celular, até que seus olhos cederam e ele adormeceu no sofá. Não só estava entediado, como também cansado. Havia madrugado assistindo a uma das séries favoritas dele. Revendo, na verdade: Stranger Things. Considerava todo o mistério da trama muito intrigante, sem contar que realmente gostava de obras envolvendo ficção científica. Outro ponto positivo era o elenco, admirava-os demais.  

Já estava de noite, quando, com o barulho da campainha tocando desesperadamente, um Midorima acordava, todo sobressaltado, sem entender o que se passava. Primeiro que não sabia que horas eram, bem como não se lembrava de ter caído no sono. E mais: não esperava por ninguém. Ficaria sozinho no Natal desse ano.

Então... quem poderia ser? Esfregou os olhos por alguns instantes. Antes de atender, disse que já estava indo, mas a pessoa não parava de apertar a campainha, então Midorima se apressou e finalmente abriu a porta.

— Shin-chan! — Um sorriso enorme estava presente no rosto do moreno. — Eu também estava com saudades! — Midorima esfregou os olhos mais uma vez. Estava sem reação, sem acreditar. Ele estava sonhando ou o Takao realmente estava ali?

— Oi. Oi? — Kazunari fez um olhar de reprovação.

— Duas semanas que não nos vemos e tudo que você tem para dizer é oi? Francamente! E ainda nem responde as minhas mensagens. — Olhou para a camisa amassada do namorado. — Hm, tudo bem, pela baba na sua camisa, diria que você estava dormindo, então dessa vez eu deixo passar.

Takao largou as malas no chão e deu um abraço bem apertado em Midorima, que demorou para reagir em resposta, mas logo estava o correspondendo, recebendo um selinho.

— Surpresa, Shin-chan! — Sussurrara perto do ouvido dele, com uma voz doce e calma. — Não ia deixar você passar o natal sozinho, bobinho. E também, meus pais já não me aguentavam mais. Duas semanas é mais que suficiente para eles.

— O-obrigado. Fico feliz que tenha vindo. — Apertou-o mais forte.

— Não precisa agradecer. E também estou feliz. — Finalmente se separaram, ambos sorrindo e confortáveis com a presença um do outro. — E eu não queria dizer nada não, mas tem mais uma surpresa para você!

Takao saiu pela porta, para logo em seguida adentrar novamente no recinto. Carregava uma caixa de papelão em suas mãos.

— Vai, abre! — Ergueu os braços, levando a caixa para mais perto do branquelo. — Com cuidado, viu? É frágil! — Shintarou estava com um semblante de perplexidade. Primeiro por saber que o Takao era horrível guardando segredo ou fazendo surpresa, então ele deve ter se esforçado muito para fechar o bico. Segundo porque ele guardou não apenas uma surpresa, mas duas, para o mesmo dia e instante.

Geralmente, Midorima sempre descobria o que o moreno estava tramando. Dessa vez, não tinha um rastro sequer do que poderia ser.

— Vamos! Você está demorando. — Takao parecia mais ansioso do que o próprio presenteado. — E eu sei que eu te surpreendi. Consigo ver só de olhar para o seu rosto. Eu sei, eu fui ótimo dessa vez, não fui? — Midorima bufou em resposta, ao mesmo tempo em que ajeitou o óculos com uma das mãos livres (segurava a caixa com a outra, por baixo — tamanho médio, um pouco pesada, porém a mão do branquelo era grande o suficiente para carregá-la, além de estar acostumado, em razão dos treinos de basquete).

Finalmente, havia retirado o laço vermelho que envolvia a caixa, apoiando-a na mesa em frente ao sofá, onde ele havia estado anteriormente. Após, levantou a tampa, dando de cara com um grunhido quase inaudível. Na verdade, estava mais para um bocejo, acompanhado de uma erguida de cabeça, porém sem abrir os olhos.

— Um cachorro. — Dissera surpreso. E também pensativo. — Um poodle. Mini? — Takao assentiu, sentando-se ao lado do seu namorado, para observar junto com ele o novo integrante da família.

— Ele tem seis meses! Um amigo não podia ficar com ele, então doou para mim. — Sorriu. — E tem mais: agora você terá companhia quando eu viajar. Eu sei, eu sei, você gosta de ficar sozinho, ter todo o tempo do mundo para você, só que eu fico realmente preocupado, quando te vejo assim, todo isolado. Eu sei lá se você gostou, mas foi pensando em você. Eu estou nervoso, então diga alguma coisa. Meu deus, Shin-chan! Eu não sei mais o que dizer ou pensar. Eu não sei se você gostou ou não, você quer que eu devolva?

E então, de repente, o Midorima começou a gargalhar. A risada mais sincera e honesta que o Takao já havia visto, como se ele tivesse voltado a ser criança. Dessa vez, o moreno que ficara surpreso.

Shintarou apoiou a mão na barriga, para voltar a respirar direito, bem como enxugou uma pequena lágrima que se formara no canto do olho, de tanto rir.

— Eu gosto quando você fica assim. Todo ansioso. — Fechou os olhos, aproximando-se do Takao. Colocou uma de suas mãos na nuca dele, puxando seu rosto para si, delicadamente, ao mesmo tempo em que deixava seus dedos correrem pelos cabelos lisos e sedosos do namorado. Como amava esses cabelos. — Por enquanto, esse é o meu presente. — Sussurrara, com uma voz carregada de malícia. Depois disso, encostou sua boca nos lábios do moreno e deixou que ali ficassem por um tempo, a fim de matar a saudade que tivera durante todo esse tempo.

— Não sei se te amo ou se te odeio. — Dissera um Takao sem ar, com a cabeça apoiada no peitoral do Midorima, de frente para ele, com seus dedos passeando pelo busto do namorado, sem um caminho certo a ser percorrido.

— Eu amei o presente. De verdade. — Deu um beijo rápido e suave na testa do companheiro. — Obrigado por tudo isso. — Pigarreou. — E não se acostume. O natal deve ter me deixado um pouco amolecido.

— De nada! — O moreno fechou os olhos e revelou um pequeno sorriso. — Ah, é tão bom quando você mexe no meu cabelo. Poderia ficar assim para sempre. — Midorima concordou, passando a acariciar as bochechas do seu moreninho.

Após um tempo, levantou-se, dando sinal para o Takao sair do colo dele.

— Já está quase na hora do Natal. Vamos chamar alguém?

— Dessa vez, queria que fosse só eu e você. Quero dizer, estão todos viajando, menos o Kise, mas fiquei sabendo que ele já tem planos com a Akemi-chan. — Shintarou lançou um olhar de curiosidade. Normalmente, Kise era o primeiro a aparecer na porta deles. Sendo chamado ou não. Mas é, isso acontecia nos anos em que estava solteiro. Era a primeira vez que passaria o Natal namorando, então fazia sentido ele ter planos especiais, ainda mais considerando que a pessoa em questão era a Akemi, uma mulher dedicada e criteriosa aos olhos do Midorima. Admirava muitas coisas nela, mas principalmente a sua força de vontade para aturar o Kise.

— De toda forma, eu, você e o Luffy também temos planos. — Colocou um vinho barato em cima da mesa, ao lado de um chocottone trufado.

— Luffy? — Midorima pareceu se lembrar de algo, pois assim que Takao fez essa pergunta, ele saiu da sala e foi para o quarto deles. De lá, trouxe uma coleira verde.

— Meu objeto da sorte! — Kazunari finalmente compreendera quem era Luffy.

— Então ele já tem nome. É isso mesmo?

— Definitivamente. É o mais correto a se fazer, não é Luffy? — Aumentou a voz, para que o cachorrinho pudesse ouvir melhor. — Assim ele se acostuma mais rápido. E também, a Akemi vai adorar saber que a Nami dela tem agora um Luffy.

— Acho que quem vai ficar mais feliz é o Kise. — O homem de cabelos verdes assumiu uma postura contemplativa.

— Quem liga para o que o Kise pensa. — Abriu a garrafa de vinho e também o pacote de chocottone. — E você sabe, ele fica feliz com qualquer coisa. Se eu dissesse que coloquei o nome de Kise no nosso cachorro, provavelmente teríamos que nos mudar. Ele nos visitaria ainda mais, sendo que ficaria fazendo trocadilhos.

Takao começou a rir muito alto. Simplesmente não entendia como a amizade entre o Kise e o Midorima conseguia funcionar, mas ela existia. E os dois eram muito gratos por isso, por mais que não admitissem (certo, o Kise admitia, até demais).

— Kazunari. — Ergueu as duas taças de vinho, entregando uma para o moreno. — Um brinde a nossa família, que só tende a crescer. — Aquilo fez com que Takao corasse, embora tivesse sentido que seu coração estava preenchido com uma felicidade plena, praticamente prestes a explodir.

Tinha feito a escolha certa, afinal de contas. Voltar para casa e encontrar a pessoa que amava. Que queria para sempre ao seu lado.

— Kanpai! — Disseram em uníssono, não conseguindo conter os sorrisos, embora o de Midorima tenha sido mais discreto.

Já era natal e os dois haviam bebido, até o presente momento, quatro garrafas de vinho. Estavam sentados no sofá, já conversavam alto e não paravam de olhar para o novo membro da família. Luffy ainda não fazia muita coisa, mas era extremamente fofo, já trazendo consigo muita paz e harmonia para aquela casa.

— Mal posso esperar pelas aventuras que teremos com ele. — Takao assentiu.

— Imagino você caminhando com ele. E aí, ele fazendo cocô no seu pé. — Ria sem parar. — Eu preciso ver isso acontecendo, de verdade.

— O Luffy nunca faria tal coisa! Ele é educado. Diferente de um certo moreno que eu conheço. — Sentia seu corpo queimando por dentro, por causa da bebida. — E também, eu vou ensiná-lo a fazer isso em você, só por precaução. — Ficou a fitar o Takao por um tempo.

Parecia que a cada dia que passava, ele ficava ainda mais bonito. Tanto na aparência quanto na personalidade. Antes de namorarem, sabia que ele tinha um bom coração, até que aos poucos descobriu que o amor dele era maior que tudo. No Takao, ele encontrou uma pessoa muito bondosa, muito doce. Extremamente compreensiva e também atenciosa.

— Kazunari. — Desabotoou a camisa que estava vestindo, sem tirar os olhos do namorado e também a gravata em seu pescoço. — Nós também temos planos para hoje. — Viu o seu parceiro corar, o que o tornou ainda mais atrativo. Outro aspecto que admirava no Takao: seu olhar. Em alguns momentos, intimidador. Em outros, apreensivo. Todavia, nas duas situações, não deixavam de ser atrativos, a ponto de se sentir como uma presa caindo em sua armadilha.

Antes que pudessem avançar no ato, viram a caixa de papelão, forrada com jornal, cair na direção deles, revelando um cachorrinho confuso. Fora só tirar o olho, que Luffy se mexera, apesar de não ter tido muito sucesso: somente virara a caixa para o lado, ficando parado no mesmo lugar, deitado, com o corpo estirado no chão, a cabecinha apoiada nas patinhas, olhando para os dois ali na sala, com carinha de quem não entendia o que estava acontecendo.

— Parece que alguém quer aprender certas coisas antes da hora. — Midorima assentiu, esboçando um leve sorriso.

— Paciência você deve ter meu jovem Padawan!*** — Foi até o cachorrinho, fez um breve carinho nele e ajeitou a caixa em que ele se encontrava. — Acho melhor irmos para um lugar mais reservado. — Piscou para o Takao, que concordou, sem disfarçar sua animação.

— Vamos! — Segurou a mão do Midorima, guiando-o para o quarto dos dois, mas não sem antes dar um beijo em uma de suas bochechas.

Assim que entraram, Kazunari tirara sua blusa, deitando-se na cama, somente esperando que seu namorado o acompanhasse. Enfim, Shintarou estava com Takao, em cima dele, tendo apoiado as duas palmas da mão e seus dois joelhos na cama, deixando ambos entreabertos, com o corpo de Takao entre eles.

Os dois se olhavam, já sabendo o que viria em seguida — conseguiam ver o desejo e a malícia emanando em cada um deles.

Midorima Shintarou desceu o seu corpo, deixando sua cabeça um pouco acima do órgão masculino do namorado. Foi voltando para cima lentamente, enquanto desferia beijos suaves ao longo do peitoral de Takao, chegando finalmente em um de seus mamilos... Pescoço... 

Antes de beijá-lo, murmurara:

— Feliz Natal, Kazunari... — Mordiscou uma das orelhas do moreno, até que mais uma vez, deixou seu olhar cair sobre ele, admirando-o em silêncio.

— Feliz Natal, Shin-chan... — Puxou-o pela gravata, sendo esta a única peça de roupa que sobrara na parte de cima, por enquanto. — Eu te amo. — E antes que Midorima pudesse responder, Takao já havia encontrado os lábios dele.

***

Era natal.

Um frio retumbante se fazia presente naquela cidade.

Havia, inclusive, neve lá fora.

Todavia, esta não fora vista e muito menos sentida pelo casal em questão.

O coração daquela casa se encontrava aquecido.

E continuaria dessa maneira por muito tempo — Luffy, o novo integrante da família, que se encontrava dormindo no meio dos novos pais, não tinha dúvidas sobre isso. Deitado, com a barriga para cima, recebia carinho do homem moreno, enquanto o outro, de cabelos esverdeados, observava a cena com um olhar doce no rosto. 

Midorima não sabia como pedir para que o Takao voltasse, era ruim em admitir que sentia saudades dele, mas principalmente sobre não querer passar o natal sozinho. Mesmo assim, parecia que Takao sempre sabia o que fazer. Era como se o moreno lesse a sua mente...

E, assim, tivera o melhor natal dos últimos anos, descobrindo, enfim, o significado de ter uma família, de ter um lar. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. ♥

Algumas considerações sobre partes escritas ao longo do texto:

** o entediado

*** Frase dita pelo Yoda, personagem de Star Wars (ambos não me pertencem).



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