A vida as vezes parecia disposta em ser a mais chata possível, Juby era profissional em perceber isso, pois a sua vida estava quase virando de cabeça para baixo e dando uma cambalhota.

Juby era uma mulher normal de cabelos castanhos, que vivia mais no mundo da fantasia do que no mundo real. As maiores paixões da sua vida eram livros e mangás, os quais ela sempre se imaginava dentro.

Essas paixões a levaram para o mundo da escrita, logo começando a escrever seu primeiro livro. Com certeza esse poderia ser o começo de um grande sucesso... Doce engano.

O livro estava parado no seu notebook fazia quatro anos, ninguém nunca quis publicá-lo, era sempre a mesma desculpa de “falta conteúdo”. Mas Juby não desistiu.

Durante esses quatro anos ela arrumou um emprego em uma editora de revistas adolescentes, escrever fofocas não era algo que ela gostava de fazer, mas foi o mais perto que ela chegou de ser uma escritora, quem sabe a sorte não batesse em sua porta?

O despertador tocou, indicando que, infelizmente, deveria se levantar para trabalhar. Nada como uma maravilhosa manhã de segunda-feira.

Naquela manhã, Juby tinha se levantando mais cedo do que o normal. Sentia-se tão feliz por motivo nenhum, apenas estava com a sensação de que algo muito bom aconteceria.

Mal esperou o horário normal para sair de casa, já estava arrumada, para que esperar? Saiu quase que correndo para a editora, ficava na esquina do quarteirão em que morava.

Chegou parecendo uma louca sorridente, logo avistando sua “amada chefe”. Samantha, a chefe da editora era uma morena alta e com cara de bruxa. Sempre muito mal humorada, descontando suas frustrações em seus funcionários, principalmente em Juby que trabalhava diretamente com ela.

— Pelo visto chegou mais cedo hoje, assim me poupa tempo. Venha até minha sala — entrou virando as costas.

— Droga... — resmungou Juby, antes de entrar e sentar em uma cadeira.

— Bem, como todos já sabem, estou fazendo uma expansão na editora. E para isso preciso de dinheiro, você sabe o que isso significa, certo?

— Mais trabalho e horas extras, eu suponho...

— Também, mas que melhor jeito de ganhar dinheiro, do que demitindo alguns funcionários? — sorriu feliz.

— Espera... A senhora está querendo dizer que...

— Sim, você está demitida!

— Como assim? Eu sou a principal escritora de artigos das revistas. Não faz sentido!

— Para a minha pessoa, funcionário é funcionário. Eu não sabia quem demitir, então peguei esse pote de paçoca e coloquei papéis com o nome de todos. Escolhi dez ao total, e o seu nome estava entre eles.

— Ok, se é isso que a senhora quer... Espero que não se arrependa depois.

— Pode deixar, não vou me arrepender. Qualquer coisa posso fazer tudo sozinha.

— Certo, então... Adeus.

Juby não podia acreditar no que estava acontecendo, saiu da sala sem sequer olhar para trás e foi para sua atual ex-sala. Pegou tudo o que achou importante, coisas relacionadas a empresa podiam ficar, ela não fazia muita questão de ficar com elas.

Saiu de lá com a cabeça erguida. Antes de ir para casa, passou em uma cafeteria qualquer e comprou algo para comer, ainda não tinha tomado café da manhã naquele dia. 

Chegou em casa se sentido derrotada. Acordou feliz para no final sua única chance de alcançar seu sonho ir para a vala. Comeu rapidamente e se jogou na cama.

O lado ruim é que agora estava desempregada, o lado bom é que finalmente poderia dormir em paz, sem sua ex-chefe a ligando a cada vinte minutos.

— Nada disso teria acontecido se eu não vivesse nesse mundo, queria tanto entrar em um mundo fictício...

— Se é isso que você deseja, eu posso lhe conceder seu pedido — uma mulher ruiva com um vestido longo preto e chapéu de bruxa apareceu em pé ao lado de sua cama.

— Ei, invadir a casa de alguém é crime! — levantou revoltada.

— Eu sou a bruxa dos desejos, eu realizo pedidos aleatórios pelo mundo e hoje você é a premiada. Vamos começar logo com isso — pulou animada.

— O que você... — não teve tempo de perguntar, a tal bruxa levantou uma varinha e apontou para ela.

— Faça uma voa viagem, minha querida. 

A varinha se iluminou e uma espécie de pó amarelo atingiu Juby, a fazendo desmaiar.

—— // ——

Juby acordou com dor de cabeça, mesmo assim resolveu se levantar e foi ai que o problema começou: aquele não era seu quarto.

Estava deitada em uma cama de casal, em um quarto não muito grande. Além da cama, tinha um guarda-roupa, uma escrivaninha cheia de folhas, um criado mudo e um pequeno sofá de dois lugares.

Ao seu lado tinha um bilhete branco, logo pegou para ler.

Se você está lendo isso, quer dizer que meu feitiço deu certo.

Aproveite sua nova realidade, ou melhor, sua outra realidade.

Eu sei o que você está pensando, e sim, essa é uma realidade alternativa, mas me dei ao trabalho de deixar tudo mais divertido, então você está sem suas memórias da sua “eu” desse mundo.

Boa sorte para se adaptar e quem sabe, lembrar de tudo.

Beijocas, Bruxa Gigi.

Ps. Uma dica: comece vendo os porta-retratos, talvez isso ajude!

Agora sim tudo fazia um pouco de sentido. Olhou melhor ao redor e viu alguns porta-retratos, assim como dizia o bilhete, mas quando decidiu sair da cama para ver de quem eram, alguém batei na porta.

— Juby? Estou entrando — era a voz de uma mulher.

Assim que a porta foi aberta, a morena arregalou os olhos. Quem estava entrando no quarto era ninguém mais, ninguém menos que Nami.

— Na... Nami? O que faz aqui?

— Eu vim te chamar para o café, Sanji-kun pediu para eu chamar todo mundo, só falta você. Você está bem? Parece meio pálida — a ruiva se aproximou.

— Bem... Eu lembro de mim, e de nomes. Nada além.

— Você perdeu a memória? Bem que aquela fruta que você comeu ontem parecia meio estranha... Vem, vamos conversar com o Chopper, ela vai saber o que fazer.

Nami nem esperou resposta, segurou na mão de Juby e saiu a arrastando até a enfermaria, saindo em seguida para chamar a rena.

— Era só o que me faltava, bruxa maldita — pensou sentada na maca.

Passou um tempo até ouvir batidas na porta, e alguém entrar. Era Zoro.

— Amor, está tudo bem? — o esverdeado perguntou naturalmente.

— A.... A... Amor? — sussurrou com os olhos arregalados, sua visão começou a ficar escura.

— Juby!

A última coisa que viu antes de desmaiar, de novo, foi um Zoro desesperado correndo em sua direção.