Algemados escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 1
A culpa foi sua, p****!


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal, esse foi um desafio criado entre mim e a Kali, cujo qual deveria constar com um acontecimento e três palavras-chave. Cada uma de nós poderia escolher um ship, e escolhemos, ambas, o ship supremo: ShinoKiba, hohoho.

O meu acontecimento é: Por algum motivo, eles acabam algemados.
As palavras são: brinco, morango e ciúmes.



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Kiba mal podia acreditar no que havia acontecido.

− Caralho, Shino, o que vamos fazer agora? Eu não posso ir pra cadeia!

O rapaz, mais frio e analítico do que o companheiro desesperado e afoito, tentou avaliar a situação de ambos. Por mais que tentasse convocar os insetos sempre presentes em seu corpo pela simbiose, eles pareciam não lhe obedecer ou sequer estar presentes. Shino ergueu o punho, observando a algema que os aprisionava e coçou o queixo.

− Acho que estamos presos por alguma algema de restrição de jutsu.

O que para Kiba era óbvio, já que não conseguia executar nenhum jutsu!

− Isso tudo é culpa sua, porra! – bradou de maneira energética.

Shino suspirou pesadamente, fadado a derrota por ter que concordar que Kiba tinha razão.

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Fato é que certas coisas simplesmente acontecem porque precisam acontecer. E naquela fatídica manhã, que não era uma sexta-feira 13, e na qual Shino também não havia cruzado com um gato preto, o seu dia de azar fora decretado por algum motivo que não devia envolver os astros ou o posicionamento de sua lua em uma posição não favorável.

Shino não era supersticioso, nem qualquer coisa do tipo. E definitivamente, não fazia o tipo ciumento que perseguiria o namorado por qualquer motivo que fosse.

No entanto, lá estava ele aprumado em uma árvore, uma das mãos segurando um brinco prateado de argola, muito parecido com os que Yamanaka Ino costumava usar, enquanto observava Kiba saindo da floricultura com risinhos muito animados enquanto conversava com Ino.

O rapaz observou enquanto o outro, acompanhado por Akamaru, caminhava com as flores recém adquiridas na direção da própria casa. O canino olhou uma vez na direção de Shino, que fez um sinal para que ele ficasse em silêncio. O que, por um milagre dos deuses, Akamaru prontamente obedeceu.

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As coisas poderiam ter acabado numa boa, é claro, se Shino simplesmente tivesse perguntado para Kiba quem era a dona daquele brinco. E ele teria respondido, sem sombras de dúvida, que pertencia à Hana, sua irmã mais velha. Mas Shino fez isso? Nãooo! Porque agir como um stalker insano que quer descobrir se o namorado e companheiro de time o está traindo é muito melhor do que conversar.

Mas, bem, quem conhecesse Shino saberia que ele não era lá muito dado a conversas, não é? A não ser que fizesse isso com a pessoa errada.

Por isso, naquele dia, sendo corroído pelas dúvidas quando havia encontrado aquele brinco sobre o travesseiro de Kiba ao tentar fazer uma surpresa entrando escondido em seu quarto para o aniversário de um ano de namoro dos dois, ele se desolou, sentado no Ichiraku enquanto brincava com o próprio lamen, sem nem sequer tocar na comida.

Foi Naruto, frequentador assíduo do local, que aproximou-se de Shino ao notar uma sombra maior do que a costumeira pairando sobre o rapaz de ares misteriosos.

− Oe! – chamou – Oe, Shino-kun! O que houve?

Shino olhou em sua direção, os óculos escuros ocultando toda a tristeza por trás de seu olhar.

− Encontrei isso na cama do Kiba. – Ele colocou o brinco ao lado de Naruto que, notando sua falta de apetite, já havia começado a tomar o lamen do amigo. Parou apenas por um momento, analisando o brinco com a acurácia de um jumento.

− Caralho, Shino! Será que ele tá te traindo?!

A perspicácia de Naruto para um assunto que Shino tinha dificuldade de abordar fez seu estômago se contrair.

− Acha que devo falar com ele? – Não era de seu feitio pedir opiniões alheias, tampouco escutar o que pessoas tapadas como Naruto tinham a dizer. Mas fazia pouco tempo que o ninja hiperativo havia redecorado seu nome e desde então, agiam como amigos na medida em que era possível ser amigo de Naruto e acompanhar seus papos malucos.

− ‘Cê tá louco?! Confrontar ele assim, na lata?! – Naruto pediu mais uma rodada de lamen para si. – Claro que não! Acha mesmo que ele vai dizer que está te traindo se estiver?! Não, Shino. Você tem que marcar os passos dele e descobrir o que o Kiba está fazendo. Não dá mole pro cara de cachorro não, ‘te bayo!

Naquele momento, atingido pelo mal do ciúmes, as palavras de Naruto pareceram um gatilho para algo que enchia seu coração de dúvidas e mais dúvidas. Por isso ele seguiu aquele conselho inútil de Naruto que nos leva à atual situação.

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− Não consigo tirar! – Kiba choramingou. Nem mesmo seus dentes que eram tão fortes, conseguiam libertá-los daquelas algemas. Akamaru não estava por perto e Shino continuava calado, como se o gato tivesse comido sua língua. – Você não vai falar nada, Shino?!

O outro ninja suspirou pesadamente, e ergueu o olhar para encarar Kiba. Ele parecia muito sério, mas com Shino era sempre difícil dizer quando ele se escondia por trás daqueles óculos escuros o tempo inteiro.

− Sinto muito, Kiba. – disse. – Sinto muito por ter nos colocado nessa situação tão embaraçosa. Mas é que você é meu. E não gostaria de dividi-lo com ninguém.

Aquilo não era bem o que Kiba estava esperando – comemorar o aniversário de um ano de namoro com Shino na prisão –, mas aquelas palavras aqueceram seu coração.

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Seguir Kiba não deu em nada no final das contas. Tudo o que Shino conseguiu descobrir é que ele tinha uma imensa lista de compras no supermercado e que tinha passado na floricultura dos Yamanaka mais cedo. Depois da conversa com Naruto, tudo o que Shino conseguia concluir era que aquele brinco pertencia à Ino, e que eles estavam de rolo de alguma maneira. Por que outro motivo Kiba iria à uma floricultura?! Ele nem gostava de flores!

Shino decidiu, então, que buscaria provas mais concretas. E para conseguir essas provas, teria, é claro, que invadir a floricultura. Afinal, se o fizesse, teria acesso às notas de vendas e saberia o que diabos Kiba havia comprado ali—se é que havia comprado algo, pois saiu de mãos abanando. Será que ele havia ido até lá apenas para conversar com Ino?

As palavras de Naruto ficavam retornando à sua mente, que Kiba estava lhe traindo. Será que ele não era o bastante? Será que por ser tão fechado assim, Kiba buscava em outra pessoa coisas que ele não poderia oferecer? Ou será que era por ser homem também?

A cabeça de Shino estava cheia de minhocas quando por fim ele vestiu uma roupa escura e se encaminhou para a floricultura dos Yamanaka, esperando até a meia-noite, que era o horário ideal para cometer um crime.

Um crime.

Quando Shino havia passado de um namorado ciumento para um criminoso?

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− Me diz porque você foi na floricultura da Ino. – pediu.

Kiba revirou os olhos, mais preocupado em se livrar daquelas algemas.

− Tá de brincadeira, né? Sabe que é por isso que viemos parar aqui, não sabe? Porque se o Akamaru não tivesse me avisado que você estava lá na floricultura dos Yamanaka, provavelmente teriam te matado a pancadas!

− Eu estava sendo muito sutil até você chegar com seu jeito estabanado. – Shino arqueou uma das sobrancelhas.

− Essa não é a questão! – Kiba esbravejou, inflando as bochechas. Shino achou que ele ficava muito bonitinho assim, mas o comentário não era pertinente para o momento. – Você não confiou em mim, Shino. Estamos juntos há um ano, e me perseguiu como um louco. Por que não me perguntou?

Shino se sentia mal por magoá-lo daquele jeito e decidiu que, se saíssem dessa sem serem presos, ele nunca mais duvidaria do namorado.

− Já disse que sinto muito. Ouvi o conselho da pessoa errada e acabei metendo os pés pelas mãos. – suspirou. – E quando te vi na floricultura com Ino, eu achei...

− Achou que eu estava com ela?! Eca, Shino! – Kiba fez uma careta. – Sabe que não gosto de garotas! Eu gosto de você.

O biquinho que Kiba fez foi um convite para Shino beijá-lo e foi um esforço inominável não fazê-lo já que estavam esperando que a Hokage pudesse vir até eles para tomar uma providência.

− Eu sei. – Abaixou o rosto para as algemas novamente. – Eu deveria ter conversado com você desde o início.

Kiba pareceu mais calmo naquele momento e apoiou a cabeça no ombro de Shino.

− Eu fui comprar o seu presente, idiota. – Seus dedos tamborilaram pela coxa de Shino.

− Em uma floricultura? – questionou Shino com ares de curiosidade.

− Claro, seu bobo. Flores para atrair insetos. Os seus insetos.

Dessa vez, Shino não aguentou. E o beijou. Os lábios de Kiba tinham um gosto estranho de morango das frutas que tinham afanado da estufa dos Yamanaka.

X

Shino havia começado a vasculhar as notas de venda dos Yamanaka quando escutou um barulho. Havia deixado alguns insetos de alerta nas entradas, mas nenhum deles havia lhe avisado de nada e logo soube do motivo: o outro invasor da floricultura era Kiba.

− Caralho, Shino, o que você está fazendo aqui?! – Na tentativa de falar baixo, Kiba havia sussurrado mais alto do que se estivesse falando normalmente.

− O que eu estou fazendo aqui? – Largou as notas, encarando Kiba, com incredulidade. – O que você está fazendo aqui?!

Havia uma conotação acusativa no tom de Shino que Kiba simplesmente não compreendeu. Afinal, não era ele quem havia invadido a floricultura e sim Shino! Mas com sua dificuldade de manter a atenção em uma única coisa, o cheiro de morangos frescos somado ao fato de que não havia jantado, o atraiu para outro local: a estufa.

− Oe! Onde você está indo, Kiba?! – Shino se sentiu irritado por ter sido deixado falando sozinho enquanto o companheiro já afanava alguns morangos e começava a comê-los. Tão suculentos!

E foi nesse momento, que o que quer que estivesse armado ali para pegar invasores, apitou. E os dois foram presos por uma rede da qual não conseguiram se libertar até a chegada da polícia de Konoha.

X

E ali estavam eles, se beijando na delegacia quando a Godaime Hokage adentrou o recinto, dando um belo cascudo em cada um pela pouca vergonha.

− Caralho, Tsunade-sama! – exclamou Kiba. – Você quase partiu minha cabeça em dois! Tá pior que a mamãe!

Shino ficou sabiamente calado.

− Partir sua cabeça em dois! – bradou ela, e o cheiro forte do álcool os atingiu deixando-os um tanto nauseados, já que nenhum dos dois era autorizado a beber pela menoridade. – Eu deveria parti-lo em dois, Inuzuka Kiba, por atrapalhar o meu momento de folga!

Kiba abriu a boca para dizer algo, mas Shino colocou a mão sobre ela, impedindo que o namorado falasse mais algum idiotice que os fizesse acabar atrás das grades, ou pior, em uma missão rank E caçando gatos novamente.

− Nós sentimos muito por toda a confusão causada, Tsunade-sama. – Shino murmurou, baixo e categórico. – Estamos dispostos a arcar com as consequências do que fizemos e, claro, com os gastos de tudo o que foi consumido por Kiba na estufa dos Yamanaka.

− Claro, claro. – Tsunade massageou as têmporas, sentindo a cabeça latejar pela ressaca que ainda viria. – Sei que você não tem culpa e provavelmente Kiba o arrastou para isso, Shino, mas mantenha-o na rédea curta! Desta vez, como é o primeiro acontecimento para ambos, deixarei passar. Mas na próxima vez, eu os mandarei para os confins dos infernos para trabalhar nas dunas de areia de Sunagakure sob a supervisão de Temari!

A espinha de ambos gelou; Kiba nem comentou o fato de que a culpa desta vez não era nem dele, mas mais de Shino que havia surtado como uma namoradinha ciumenta.

Finalmente, Tsunade aproximou-se e libertou-os daquela algema. Tanto Shino quanto Kiba puderam sentir o fluxo de chakra em seus corpos novamente, e Shino sentiu-se especialmente feliz ao sentir o vínculo com seus insetos tão vivo outra vez.

− Isso não é justo. – Kiba fez um muxoxo enquanto caminhavam para fora da delegacia.

− O quê? – Shino questionou, aparentemente alheio ao fato que emburrava o namorado. – Estamos libertos e sem maiores problemas. Tsunade-sama não manchou a nossa ficha e não cairemos de grau de missões desde que paguemos tudo o que foi consumido. Parece uma vitória para mim.

− Mas você foi o culpado, porra! – Kiba fez um biquinho que Shino achou lindo. – E mesmo assim, eu saí como o vilão da história.

Shino apenas levantou os lábios no que para ele era o maior dos sorrisos.

− Do que você tá rindo, maldito?!

Em resposta, Shino apenas o imprensou contra a parede de uma das casas.

− Você fica uma graça quando está nervosinho assim. – Mordiscou sua orelha.

− S-Shino, para! Assim vamos ser presos novamente! – Tentou afastar as mãos dele que já subiam por dentro da sua camisa, sem muito sucesso.

− É? – sussurrou em seu ouvido, descendo os lábios do seu pescoço. – Acho que gosto da ideia de ficar algemado a você.

Provavelmente estariam encrencados se alguém os visse, mas Shino tinha uma boa vigilância ao redor do perímetro. Desde que não fosse Kiba a se aproximar. E, bem, a ideia de passar o resto dos dias algemado a ele não parecia tão ruim assim.


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Notas finais do capítulo

Se existe alguém que foi criado para dar maus conselhos na vida amorosa de alguém, essa pessoa foi o Naruto. Quando comecei com essa ideia meio maluca, meio comédia, não consegui imaginar outra situação que não fosse essa, onde Shino age como uma namoradinha ciumenta depois de alguém encher sua cabeça de minhocas!

Enfim.

Esse foi um desafio leve de Natal feito por mim e pela Kali, que também serviu para povoar o fandom de ShinoKiba. E ano que vem tem a de 100 capítulos de um novo desafio nosso! Tanto minha quanto dela serão ShinoKiba. Então se preparem, hohoho.

Espero que goste da fic, Kali, tanto quanto eu gostei de escrevê-la, e tanto quanto gosto da amizade que estamos construindo aqui. Feliz natal, que muitas Skols banhem sua vida com alegria e satisfação.

Que a gente tenha conversas ainda mais maravilhosas em 2018!

Até a próxima com mais ShinoKiba pra vocês!



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