Espírito Natalino escrita por Teruque


Capítulo 1
Único




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— Shadow... Tem certeza? – perguntou mais uma vez na esperança de ver o ouriço mudar de ideia. Porém, sem resposta, apenas suspirou antes de prosseguir. – Ômega e eu estamos indo passar a noite de natal com os outros. Se acaso mudar de ideia, estaremos na casa do Tails. – ainda aguardou mais alguns instantes esperando qualquer reação. – Por que ainda insiste em ficar sozinho? – não esperou por resposta. Sabia que não viria. Apenas partiu sendo seguida pelo robô.


Rouge era a única que sabia onde Shadow estava morando. Longe de tudo e todos. Não queria visitas, nem mesmo que mais alguém soubesse que sobrevivera após o confronto com Dark Oak e os Metarex. Para ele bastava que os outros acreditassem que havia desaparecido ao se sacrificar para evitar a explosão ou até morto. Assim como Cosmos ao neutralizar o ataque.

Tinha consciência que, por estar vivo, cedo ou tarde alguém descobriria seu paradeiro. Porém isso não lhe dava motivos de reaparecer para o mundo. Deixe as coisas como estão. Em silêncio e solitário. Era o jeito que estava acostumado a viver.

Era isso que sempre repetia para si, como se tentasse se convencer. Estar sozinho é melhor que se apegar a alguém e perder.

Suspirou ao encarar a porta onde Rouge se encontrava minutos atrás. Não se incomodava com a presença dela, nem com a de Ômega. Não se importaria se eles ficassem por lá por uma noite. O que não entendia era a insistência de querer fazê-lo se enturmar com os demais. Apenas não saberia como agir e se irritaria.

Por fim bufou já irritado com os próprios pensamentos. Puxando apenas um cachecol, que estava por perto, colocando em volta do pescoço, decidiu sair sem rumo. Estava frio, porém não havia nevado tanto para atrapalhar um breve “passeio”.

Não iria ao encontro de ninguém, apenas desejava esfriar a cabeça. Esvanecer os pensamentos. Era final de tarde e já esperava por uma longa noite.

Como esperado, não havia ninguém perambulando por aquelas horas. Deviam estar reunidos com amigos e família. Nada de vagar sozinho. Podia escutar só o som do vento.

Não sabia exatamente o que esperava encontrar, ainda assim sentia-se... “Desapontado”.

Vagou por mais alguns minutos, sem rumo, impaciente.

— O... Olá? – acabou tendo sua atenção atraída por uma voz próxima. – Desculpa... Está tudo bem? – perguntou receosa, sem se aproximar.

Shadow não respondeu. Apenas encarou estático a jovem ouriço. Algo no olhar dela lhe causava uma sensação estranha. Como uma nostálgica.

Tentou formular algo para falar, mas preferiu manter o silêncio.

— Tem certeza que está tudo bem? – voltou a perguntar se aproximando. Shadow, em reflexo, afastou-se novamente.

A jovem percebendo o estado alerta do outro apenas sorriu, desviando o olhar para a paisagem.

— Está um belo final de tarde, não acha? – tentava puxar qualquer assunto na esperança de conseguir deixa-lo mais tranquilo. – Não me lembro de ter visto um dia tão bonito assim antes... – prosseguiu. – Aliás... Eu me chamo Maria. – se apresentou na esperança que ele fizesse o mesmo, porém apenas o viu parecer ainda mais tenso. – Algum problema comigo?

Shadow ainda demorou mais alguns instantes até expressar algo. Um simples movimento de cabeça em negação.

— Não quer falar comigo?

— Como...? – única palavra que conseguiu escapar de seus pensamentos, deixando a jovem confusa. – Maria?

— Sim. Maria, a Ouriço. – sorriu ao confirmar seu nome. – É tão estranho assim? – deixou um ar de dúvida em seu semblante.

— Não... Só me lembrou alguém... – tentou se explicar, ainda se recuperando do choque.

— Hmmm... E isso é ruim?

— Não! Acho...

A jovem sorriu com a resposta.

— Esse lugar é melhor do que podia imaginar. Valeu a pena todo tempo que esperei. – comentou quase que aleatoriamente. Na inocência. – Já desejou tanto algo, que pudesse transcender o tempo?

— Sim... – a resposta saiu involuntária.

Um breve silêncio se estabeleceu seguido de uma brisa fria. A neve começava a cair, alertando a aproximação de uma possível tempestade.

— Oh não... Me distrai tanto com a paisagem que acho que me perdi. – ditou alarmada. – Acho que vou perder a festa de Natal...

Antes que Shadow formular toda a situação, viu a jovem voltar a se aproximar e segurar uma de suas mãos em um pedido carente.

— Por acaso sabe como posso chegar a casa de Sonic? – indagou pegando o ouriço de surpresa. Por que justo ele? – Mas acho que essa hora ele já deve ter ido para a festa... Ah! Talvez você estivesse indo para lá também.

Shadow voltou a ficar estático com as mudanças de expressões e conclusões precipitadas da jovem. Mesmo não tendo muitas lembranças de “sua Maria”, aquela não se parecia em nada com ela.

— Desculpa... – recuou percebendo sua exaltação. – Eu não parei de falar por nenhum instante e nem sei seu nome ainda... Cheguei aqui faz poucos dias e fui tão bem recebida... Mas ainda conheço poucos lugares e me perco fácil.

— Shadow... – respondeu surpreendendo a jovem. – Meu nome é Shadow. – explicou-se melhor.

— Shadow. – a jovem repetiu sorrindo. – Poderia me ajudar a chegar a festa antes da tempestade?

Aquela não era “sua Maria”, tinha ciência disso. Única coisa que se lembrava quase com perfeição era o dia que a havia perdido. Porém algo dentro de si se o fazia querer acreditar em uma segunda chance. Uma “Maria” que pudesse viver na Terra.

Mesmo a contragosto, não querendo aparecer tão publicamente, não recusou o pedido da jovem. Ele  sabia onde seria a festa, havia prestado atenção em todas as informações de Rouge, também conhecia o caminho e podia ajuda-la. Todavia nada o obrigaria a ficar na festa.

Os olhos da jovem se iluminaram e Shadow não podia evitar que aquela alegria lhe atingisse. Pelo menos um pouco de “sua Maria” estava ali.

Próximo ao local de onde aconteceria a festa, Shadow já pensava em alguma desculpa para deixa-la com seus novos amigos. Algo que não a magoasse. Inventar que tinha esquecido algo e precisava buscar. Se corresse chegaria antes da tempestade começar a cair e teria o “motivo” para não ter voltado.

Mas e se ela pensasse que ele tenha se perdido na tempestade? Não queria preocupa-la. Restava dizer a verdade: Que simplesmente não queria ficar ali com tanta gente. Talvez a magoasse...

Enquanto pensava em como sairia de lá sem magoa-la tanto, acabou por se descuidar e não perceber a aproximação de outros conhecidos.

— Ela está aqui! Amy! Sonic! Maria chegou! – escutou a voz de Cream se aproximando pelo ar.

— Maria! – Amy corria em direção deles. – Estávamos começando a ficar preocupados.

— Que bom que conseguiu chegar antes da tempestade. – Cream se aproximou da jovem a cumprimentando.

— Estava quase correndo a sua procura. – Sonic se juntou ao grupo.

Shadow pensou em usar aquele momento de distração de todos para se afastar antes que se tocassem de sua presença, porém não esperava esbarrar em Ômega. Como não havia notado a presença do robô atrás de si?

— Desculpa pessoal... Acabei me distraindo no caminho. – Maria explicava seu atraso. – Mas encontrei com Shadow no caminho e ele me ajudou a chegar.

— Shadow?! – a indagação foi uníssona, com todos os olhares se direcionando ao ouriço negro que havia falhado em sua fuga.

— Olha só. Não acredito que mudou de ideia. – Rouge se aproximou voando. – Segure-o Ômega, antes que ele recupere o juízo. – ditou brincando. Ela sabia que na menor brecha o ouriço fugiria de qualquer explicação.

— Você sabia que ele estava vivo?! – Sonic indagou recebendo apenas um sorriso e um dar de ombros da morcego.

— Agora temos mais coisas para comemorar. – Amy mantinha sua animação. – Vamos todos para dentro.

— Então Shadow... Acho que alguém tem muita coisa para explicar. – Sonic quis iniciar uma provocação. – Onde esteve se escondendo durante todo esse tempo?

— Não te devo explicações. – respondeu ríspido.

— Que seja. – Sonic deu de ombros. – Mas pode ficar para a festa. Sendo o segundo mais rápido deveria evitar correr e ser pego pela tempestade.

— Como é? – Shadow estava prestes a dar corda a provocação, porém foi interceptado por Maria.

— Vamos entrar Shadow. – chamou o segurando pelo braço. – É natal e eles são seus amigos também, não é? Não precisa ficar sozinho.

Não conseguia ser grosso com aquela jovem. Deixando que toda a raiva se esvaísse. Acabou por ceder e deixar que ela a guiasse.

— Melhore essa cara, Shadow. – Rouge sobrevoava próximo de si.

— Você sabia sobre ela?

— Mais ou menos. Porém não lhe disse nada por não poder prever sua reação. Preferia que vocês se encontrassem naturalmente.

— Ela não é “Maria”.

— Não é aquela “Maria”. Essa pode estar aqui.

— Shadow. – a jovem parou virando-se para ele. – Estou feliz por tê-lo encontrado.


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