Lunar escrita por Ino, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

HELLO, FOLKS!
Presente pra Júlia de Moraes, porém A HUGE THANKS para Lena por ter dado uma lida mesmo com sono, e um thanks adiantado pra Iamz, porque eu já planejei tudo certinho e escravizarei-a para ler a história de cabo a rabo também, só que mais tarde.
Ainda não foi betada, mas SÓ VAMO.
Boa leitura ♥



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I’m building this house on the moon

Like a lost astronaut

Looking at you like a star

From a place the world forgot

 

(Moondust – Jaymes Young)¹

 

20h ― 18 de julho de 2000

 

 Com a virada do milênio, todos pareciam um pouco mais entusiasmados com a vida num geral, como se um véu de otimismo brilhasse na visão do horizonte. Não era por pouco, no entanto. Não havia quem não houvesse perdido pelo menos uma única coisa por causa de Voldemort e das batalhas; a virada do milênio representava muitas coisas, e, entre elas, um novo marco que prometia seguir adiante sem novas guerras e perdas.

 Gina Weasley mantinha isso em mente quando convidou os amigos para uma noite no Três Vassouras, para relembrar os velhos tempos. Infelizmente, questão era: o convite havia sido feito em janeiro, mas todos estavam tão ocupados com as suas tarefas e realizações pessoais que a data fora alterada inúmeras vezes. Até o presente dia, ao menos.

Quando Harry Potter entrou no bar, dez minutos atrasado, ele sentiu uma intensa sensação de déjà-vu. Hermione estava sentada, de costas, numa mesa ao canto. A visão o lembraria quase perfeitamente os tempos que ainda estudavam em Hogwarts, caso não fosse a moça dona da longa cabeleira quase prateada, que estava sentada na cadeira ao lado, de mão dada com a velha amiga do rapaz.

Ao trocar o primeiro olhar com Harry, Mione rápida e nervosamente soltou a mão da sua acompanhante, escondendo as palmas debaixo da mesa. Ela tinha um olhar culpado, e momentaneamente o garoto perguntou a si mesmo se ela pensava dever algo a alguém. Hermione ainda não tinha completa certeza, porém, se devia. Tudo que sabia era que desejava ter resolvido as coisas de uma forma que houvesse menos efeitos colaterais, mas que não se arrependia da sua decisão final.

― Oi ― saudou Harry, sem jeito, enquanto puxava uma cadeira para se sentar. ― Desculpe, tive um problema…

Luna arqueou sua sobrancelha, com um olhar de quem sabia muito mais do que o garoto contava. A outra garota não percebeu, pois encarava as próprias mãos, subitamente desconfortável com a presença de Harry.

― E-ele... ― Hermione limpou sua garganta e tentou novamente, dessa vez encarando-o nos olhos. ― Ele está vindo?

No entanto, ela já sabia a resposta. E Potter também, por isso apenas se limitou a acenar a cabeça negativamente, com pesar.

― Mas a Ginny vem ― ele acrescentou, tentando mudar o rumo da conversa para algo mais agradável. Afinal de contas, era um reencontro, não um funeral. ― Só que deve ter começado a se arrumar na exata hora que combinamos de nos encontrar aqui.

Hermione soltou uma risada nervosa, mas aceitou a deixa para tentar levar seus pensamentos para longe de Ronald Weasley. Entrelaçando novamente seus dedos da mão esquerda com os de Luna, dessa vez por baixo da mesa, os três engataram numa conversa amena e agradável sobre as trivialidades dos seus novos cotidianos.

 

― Desculpe, desculpe, desculpe! ― E foi assim que Ginny se anunciou meia hora depois, seguida do clac clac clac dos seus saltos. Ela se meteu entre as cadeiras de Luna e Hermione, abraçando as duas rapidamente, uma com cada braço. Em seguida, sentou-se ao lado de Harry, dando um beijo estralado na sua bochecha, o que o fez sorrir. A ruiva viu as cinco canecas vazias de cerveja amanteigada em cima da mesa e ficou vermelha de vergonha, pelo atraso. Depois, comentou: ― Achei Neville e aquela garota da Lufa-Lufa, Ana, eu acho, e os chamei aqui.

Luna sorriu, com os olhos nublados do seu jeito habitual e sonhador. Hermione achou graça dos cabelos bagunçados da amiga; ela parecia tê-los arrumado apressadamente.

― Vejo que os zonzóbulos finalmente ajudaram-o. Fico feliz que agora ele tenha alguém para amar também… ― Luna entreolhou Hermione com carinho, enquanto deixava sua voz se perder nas palavras não ditas. Ainda por baixo da mesa, Mione sentia os dedos da outra mão da garota traçando círculos nas costas da sua. Ela se sentiu aquecida por dentro.

Ehem. ― As duas pularam de susto. Todos caíram na gargalhada, porque, afinal de contas, mesmo depois de anos, a imitação da Ginny de Umbridge ainda continuava idêntica. ― Vai ser bom ter todo mundo reunido de novo… bem ― ela pausou, incerta ―, não todo mundo, mas…

O clima, que havia ficado extremamente tenso de novo, foi interrompido pela chegada de Neville e uma garota baixinha, que os outros não conheciam muito bem. No entanto, eram o mais novo casal. Estavam juntos a um pouco mais de um mês, e trocavam olhares apaixonados toda vez que tinham contato físico… O que acontecia de ser toda hora.

O recém chegado deu um sorriso enorme para os amigos, apresentando a namorada oficialmente. Ninguém deixou de notar que ele parecia irradiar brilho e luz, de tão feliz. Essa constatação silenciosa alegrou Luna e Hermione, especialmente, e elas trocaram um daqueles olhares silenciosos cheios de palavras e conversa silenciosa.

Felizmente, o assunto pareceu voltar naturalmente após o casal se acomodar e pedir duas cervejas amanteigadas. O que era bom, porque havia muito a ser conhecido sobre Ana Abbott.

― O seu anel é lindo! ― comentou a mais nova garota do grupo, notando o reluzente anel de diamantes descansando no dedo anelar da mão de Ginny, que corou. ― Meus parabéns, quando aconteceu?

A Weasley sorriu esplendorosamente, entrelaçando sua mão a de Harry, que estava apoiada em cima da mesa. Hermione desejou que fosse fácil assim para ela também.

― Semana passada ― Os olhos dela brilhavam, mesmo que já tivesse falado sobre o mesmo assunto várias vezes; ela nunca cansava do fato. ―, foi a maior surpresa! Mas me conte, como foi o primeiro encontro de vocês?

E com uma frase tão simples quanto, Mione, que havia estado silenciosa a conversa inteira, simplesmente viajou para dentro da sua própria cabeça, lembrando-se de como havia sido o seu primeiro encontro com a garota que hoje compartilhava um lar: Luna.

 

31/10/1999 ― Casa dos Weasley

 

Hermione se virou nervosamente para o espelho, de olhos fechados. Respirou fundo uma, duas, três vezes; na tentativa de acalmar o seu coração descompassado. Não sabia como lidaria com o impacto de abrir os olhos para o seu belíssimo vestido de noiva rosa-perolado. Contudo, no fundo seu coração, sabia que por mais que o vestido fosse maravilhoso, ela choraria pelos motivos aos quais não se deve chorar no seu próprio casamento.

 Uma hora atrás, a Sra. Granger pegara sua filha, quando a deixaram sozinha por apenas alguns minutos, arrumando o quarto de Ginny e comentara que o nervosismo era totalmente natural, levando-se em conta que estava prestes a se casar com Rony ― “o amor da sua vida” ― nas palavras da mãe. Mas não sabia ela que a filha estava nervosa por todos os motivos errados para a situação.

E era nisso que Hermione estava pensando quando fora deixada sozinha novamente, faltando meia hora para se tornar uma mulher casada. Todavia, agora, inúmeras perguntas se passavam na sua cabeça, e a cada minuto que passava as ideias ficavam mais claras, a decisão ficava mais certa.

Ela olhou pela janela do quarto que havia sido expandido magicamente, já que os preparativos da noiva estavam ocorrendo ali, enquanto os Weasley terminavam de arrumar os últimos detalhes do lado de fora. A tenda que fora usada para o casamento de Gui e Fleur estava sendo enfeitiçada naquele exato momento. Seria um casamento modesto, mas lindo, e enfeitado por vários arranjos de flores que os pais da garota haviam insistido em pagar.

Lembrar-se de Gui e Fleur a fez completamente certa da sua decisão e, pensando nisso, Hermione abriu os olhos para o seu vestido. O casal que havia se casado anteriormente era como uma alma em dois corpos, o que ficava claro em cada vez que estavam no mesmo cômodo… E ela sabia que a dinâmica dela e de Rony não era assim.

Com uma lágrima solitária escorrendo na sua bochecha, já levando indícios da maquiagem fraca e natural que ela havia optado, Mione percebeu: como poderia se casar sem isso?

A resposta estava clara.

― Ainda não entendo por que você vai se casar de rosa e não branco… Você já está pronta, querida? ― o Sr. Granger comentou novamente ao abrir a porta, de súbito. A sua filha poderia ter corado furiosamente em qualquer outra situação, mas, naquele momento, uma cascata de lágrimas se seguiu a primeira delas, já seca no vestido. O homem paralisou ao notar. ― Hermione?

Devagar, ela se virou para o homem que havia a criado.

― Não. E acho que nunca estarei. ― Ela respirou fundo, limpando os olhos e borrando a maquiagem no canto dos olhos. As suas próximas palavras foram de igual coragem como quando pronunciou a palavra Voldemort pela primeira vez. ― Não posso fazer isso.

Então a noiva correu tão rápido quanto podia, para a saída, largando os saltos no caminho e esquecendo-se momentaneamente que poderia aparatar. Foi então quando viu ela, através da visão borrada. Não enxergava quase nada, mas lá estavam: inconfundíveis cabelos quase prateados e um vestido vermelho vibrante, encantado com piscas-piscas. Não existiam dúvidas de quem estava na sua frente.

 

23h ― 18 de julho de 2000

 

Luna largou as chaves em cima da mesa, após fechar a porta. Estava feliz em estar de volta ao lar que compartilhava com Hermione: aquele pequeno apartamento em Londres. No entanto, quando a companheira se jogou pesadamente no sofá da sala, viu que ela não compartilhava o mesmo bom humor.

Encaminhando-se para o lado de Mione, notou que apenas o luar iluminava o cômodo, mas gostava disso. O sofá ficava de frente para uma grande janela, que dava vista para a cidade de Londres, e apenas quando a Lovegood se sentou pode admirar completamente a lua cheia. Luna amava a lua… E sentia a mesma coisa pela garota sentada ao seu lado, que estava com a cabeça apoiada nas mãos.

― Você fez o que precisava para se sentir bem ― afirmou, antes que Hermione pudesse se culpar novamente. ― É exatamente como no dia que nos mudamos para cá, lembra? Você achou horrível, mas eu pendurei aquela guirlanda de alhos na parede. Precisamos evitar os vampiros, afinal… E eu precisava daquilo. Você odiou, mas, com o tempo, entendeu as minhas necessidades.

As palavras pareceram surtir efeito, porque Hermione ergueu os olhos e mirou a mesma guirlanda que era citada, na parede ao lado do sofá. Ela sorriu fracamente. Ainda odiava o cheiro do objeto, porém agora ele fazia a composição da casa completa, não havia como tirar aquilo da parede sem parecer que faltava algo no cenário.

Luna levantou assim que a companheira fez o mesmo, e ficou parada atrás dela, as duas de frente para a grande janela. Di-Lua apreciava o luar, mas continuava completamente ciente de que a outra estava perdida em pensamentos. Também tinha noção de que não adiantava interferir em qualquer que seja a conclusão que Hermione estivesse chegando.

Perdida em pensamentos, Mione lembrava que achava que tinha tomado a decisão certa quando disse sim para Rony, meses atrás. Agora, no entanto, notava o porquê da decisão tão precipitada. Eles haviam passado meses perto da morte, e inúmeras vezes de frente para ela. Mesmo quando a batalha final terminou, ainda parecia como se tivessem pouco tempo… E então, Hermione agiu precipitadamente.

Machucara ambos no final, por causa das suas escolhas, ela sabia, mas todas as suas coisas que fez a levaram até situação que estava agora. Tinha conhecimento de que se não tivesse corrido quinze minutos antes de subir no altar, e assim esbarrado na atual namorada, Luna nunca teria entendido o seu olhar aflito, cheios de lágrimas, e perguntado se queria ajuda para sair dali. Essa foi a primeira vez que Hermione realmente notou os olhos da companheira livres daquele aspecto nebuloso de sonhos, que ela normalmente carregava.

― Obrigada… ― sussurrou, ao repousar a cabeça no ombro da namorada. Ao olhar para lua, gargalhou ao notar pela primeira vez que havia duas; a que iluminava o céu escuro e a Di-Lua, em pé, ao seu lado. E Luna iluminava tanto sua vida quanto o satélite no céu, que deixava o quarto visível em meio à escuridão.

Luna colocou a mão no queixo da namorada, guiando-o até que seus rostos estivessem frente a frente, e muito próximos. E então, ela a beijou com uma intensidade que parecia dizer eu te amo. Mione sabia que era exatamente isso que a companheira queria dizer, porque também tentava passar o mesmo com cada fibra do seu corpo, enquanto suas mãos abraçavam a cintura pequena de Luna.

Ali, naquele momento especial, Hermione teve plena certeza de duas coisas:

Se tivesse um vira-tempo e o usasse, faria novamente as mesmas escolhas, contanto que a levassem até ali novamente. Agora ela entendia completamente como escolhas diferentes te levavam a lugares diferentes.

A segunda coisa que percebeu foi que se faziam presentes três constantes absolutamente importantes naquele cômodo... A Lua, Di-Lua e ela própria, que, naquele momento, descobriu ser lunar².


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Notas finais do capítulo

¹: Eu estou construindo essa casa na lua/ Como um astronauta perdido/ Olhando para você como uma estrela/ De um lugar que o mundo esqueceu.

²: adjetivo de dois gêneros; 1. Da Lua, ou a ela relativo.



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