O garoto da Casa ao lado escrita por Almofadinhas
No dia 1º de Setembro, meus pais me levaram à estação Kings Cross.
— Você não esqueceu nada?
— Não, mãe - respondi pela trigésima vez.
Meu pai ia empurrando o carrinho pela estação. O malão com as iniciais C.W ia em cima dele, junto com uma gaiola ocupada por uma corujinha - agora devidamente nomeada: Bowie. O nome dela tinha sido ideia da minha mãe e eu concordei que combinava muito com ela.
Quando passamos pela passagem, não demorei muito para encontrar Hannah, conversando alegremente com Henry.
— Oi! - falei, chamando a atenção deles para mim.
— Chloe! - disse Hannah, vindo me abraçar.
— E aí, Wood? - Henry cumprimentou.
— Então agora ela chama Bowie? - Hannah perguntou apontando para a coruja.
— Sim.
Meus pais começaram a conversar com os pais de Hannah e Henry.
Assim que Jane nos encontrou na plataforma, decidimos que era melhor entrar no trem e buscar um bom lugar para sentar antes que tudo ficasse ocupado (embora eu tivesse a cabine dos monitores). Nos despedimos dos nossos pais e entramos no enorme e vermelho Expresso de Hogwarts.
— Quer ajuda para colocar o malão e a coruja na cabine dos monitores? - Henry perguntou.
— Ah, não precisa. Pode ir indo com elas, depois eu encontro vocês.
Enquanto meus amigos seguiam pelo trem a procura de uma cabine grande e vazia (pois agora teria que abrigar Jane, Henry, Hannah, Travis e Brice, além das minhas visitas periódicas) eu rumei direto para a cabine dos monitores.
Alguns novos monitores já estavam lá, assim como Pietro, da Sonserina.
— Oi Pietro - cumprimentei sorrindo, tentando quebrar o gelo - As férias foram boas?
— Oi Chloe. Foram sim, e as suas? Você esteve na Irlanda, não?
— Sim, estive - falei - Foi maravilhoso!
— Quer ajuda com o malão?
— Pode ser.
Ele guardou meu malão junto com o seu no compartimento e deu uma olhada na gaiola.
— Essa coruja é nova?
— É. Ela estava tão sozinha no Empório das Corujas que eu não pude resistir. Obrigada pela ajuda, Pietro.
— De nada.
Eu deixei a cabine e fui direto colocar minhas vestes da escola. Ajeitei o distintivo de monitora e saí. Não deu 2 segundos e o expresso começou a andar. Decidi voltar para a cabine. Arthur já estava lá, conversando com o monitor-chefe da Grifinória. Meu coração deu uma leve descompensada quando viu ele.
Sentei com o resto do pessoal da Corvinal, mas não demorou muito para ele vir falar comigo.
— Chloe - ele disse - Quanto tempo.
— Não exagere - falei - São só dois meses de férias.
— Pare de ser sem graça, Wood - ele reclamou, sorrindo.
Eu sorri de volta.
— Você vai passar patrulhando as cabines?
— Daqui a pouco.
— Que tal irmos juntos? - propus - Assim a gente para na cabine dos nossos amigos na volta.
— Pode ser, então.
Ele ficou uns dois segundos em silêncio antes de dizer:
— Ei, você sabe da novidade?
— Qual novidade? - perguntei.
— Eu virei capitão do time de quadribol da minha casa.
— Isso é incrível, Arthur. Parabéns!
— Obrigado.
Nós fomos andar pelos corredores do trem, a procura de qualquer aluno que estivesse fazendo alguma coisa errada. No meio do caminho de volta, paramos na cabine dos nossos amigos.
Quando a bruxa do carrinho passou, nós compramos um monte de doces. Peguei meu bolo de caldeirão e um suco de abóbora e voltei a andar pelo trem. Samantha Campbell parecia tramar alguma coisa com Jessica e Amanda, enquanto estava de mãos dadas com Luke. Passei rápido por ali, sem querer me meter em suas armações e voltei para cabine dos monitores.
O céu já estava escuro quando chegamos à Hogwarts. Os alunos do primeiro ano seguiram pelo Lago, enquanto nós fomos pelas carruagens até o castelo. Era bom estar de volta.
Houve a famosa Cerimônia de Seleção, vários discursos, nós cantamos o hino da escola e por fim o banquete foi servido. Eu não tinha me dado conta de que estava com tanta fome até começar a comer.
— Vejo vocês na sala comunal - disse à Jane e Henry e me levantei com os outros monitores, pronta para levar os alunos do primeiro ano ao dormitório.
— Alunos do primeiro ano da Corvinal! Me sigam, por favor!
Nós saímos do Salão Principal logo atrás da Lufa-Lufa. Eu ouvia as conversinhas animadas atrás de mim e a excitação de estar pela primeira vez em Hogwarts. Lá pelo quinto andar, eles já haviam cansado de subir.
— Já estamos chegando - falei, para a felicidade deles.
Quando paramos em frente a águia da Corvinal, ela nos fez uma charada.
— É assim que vocês entram - avisei - Resolvendo a charada. Caso respondam errado, precisarão ficar aqui até alguém acertar, portanto pensem bem antes de responder.
Levei as meninas ao dormitório, enquanto o outro monitor levava os meninos ao deles. Depois disso, pude voltar a sala comunal. Jane e Henry tinham acabado de voltar.
— Primeiro ano é sempre tão emocionante, né? - comentei.
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Com a nota dos N.O.M.s, eu podia me matricular em qualquer uma das disciplinas que eu havia feito, porém desisti de História da Magia (por motivos de tédio), Runas Antigas, Astronomia e também Herbologia, contrariando o que eu havia pensado que iria fazer.
Eu pretendia continuar todas as matérias, mas com a extensa carga horária e com uma chuva de responsabilidades sobre mim, decidi parar com algumas. No 6º ano, os alunos também tinham aula de aparatação, o que aumentava ainda mais o número de aulas.
Como agora havia poucos alunos por aula, todas as casas faziam as aulas juntas. Minha primeira aula do dia foi a melhor de todas - Poções.
— Muito bom ver vocês aqui - o prof Williams falou - Poções é uma matéria difícil e que exige muitas habilidades, por isso só aceito em minhas aulas quem teve E ou O nos N.O.M.s. Portanto, parabéns pelo desempenho dos senhores no exame.
Logo na primeira aula, tivemos que fazer uma poção super complicada.
Depois, foi a vez de Transfiguração e Defesa Contra as Artes das Trevas. Logo após o almoço, tive uma aula de Feitiços e Trato das Criaturas Mágicas.
Após essa aula de Trato, estudando os Dugbogs (Cava-Charco), os alunos precisaram ir se limpar, pois esses pequenos seres habitam no brejo. Aproveitei para ir tomar banho e depois rumei direto para a biblioteca.
Como era o primeiro dia de aula, ela ainda estava praticamente vazia, o que para mim é uma maravilha. Sentei em uma mesa afastada e comecei a fazer meus resumos e anotações, até ser interrompida por alguém.
— Já estudando, Chloe? Você não se dá uma folga, não?
— Boa tarde pra você também, Arthur.
Ele puxou uma cadeira e sentou do meu lado.
— Feitiços?
— É. Tá mais complicado do que eu imaginava - falei.
— Boa sorte - ele fez uma pausa - Sabe, eu achei que fosse ter notícias suas nas férias.
— Eu estava na Irlanda - falei rapidamente, me justificando.
A verdade é que durante as férias eu tinha esquecido da existência dele, mas não podia falar isso, porque depois do nosso quinto ano, eu iria parecer fria e insensível e pior, iria parecer que eu estava mentindo.
— Achei que você iria mandar pelo menos uma cartinha.
— Por que você não mandou primeiro, então? Se era tão importante pra você - falei antes que pudesse medir minhas palavras, me arrependendo logo em seguida.
Ele fez uma cara estranha.
— Sei lá, Chloe. Quando se trata de você eu não consigo usar a minha razão direito.
Nesse momento Hannah entrou na biblioteca.
— Chloe! Eu estava mesmo precisando de você.
Arthur levantou.
— Eu preciso ir, boa noite para vocês - ele disse e saiu.
— O que eu atrapalhei? - Hannah perguntou, sentando onde ele estava segundos antes.
— Nada - respondi.
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