As Cores da Neve escrita por Souza


Capítulo 4
Capítulo 4 - Boas e más lembranças


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, mais um capítulo para vocês, espero que gostem, desculpe qualquer erro e boa leitura ♥



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O caminho para a casa de seus pais não era tão grande, pelo menos não quando nevava. O cuidado que tinha de ter na estrada era o dobro e, justamente aquela noite havia começado a nevar como a muito tempo não nevava. Sasuke olhava atento para a estrada ao mesmo tempo que não tirava seus olhos do relógio, queria chegar cedo, mas parecia impossível.

O carro começou a fazer sons estranhos, fazendo-o enrugar a testa, sabia que tinha esquecido de algo, levar seu carro até alguma oficina, mas a semana tinha sido tão corrida que acabou esquecendo. Mesmo diminuindo a velocidade o carro acabou “morrendo”, o que o deixou mais furioso ainda.

— Droga de carro! — praguejou dando um pequeno murro no volante — Vamos sua lata velha, pegue! — Girava a chave na tentativa de fazer o carro voltar a andar, mas nada funcionava.

Seu celular começou a tocar e, a junção de tudo estava o deixando louco, sua alegria de horas atrás tinha ido comemorar o natal sem ele. Olhando o visor do aparelho revirou os olhos, era sua mãe, com certeza estava preocupada com a demora. Não queria atender, a deixaria mais nervosa do que provavelmente estaria, mas sabia que se, não atendesse, até seus futuros netos ouviriam os berros que ela lhe daria. Muito contra vontade, atendeu o telefone enquanto em uma tentativa inútil, girava a chave do carro.

— Oi mãe...

— Sasuke? Aconteceu algo? Já era para vocês estar aqui, não? — A voz de sua mãe era de preocupação e nervosismo.

— Eu estou bem, só essa droga de carro que morreu no caminho! — Estava irritado, àquela altura do campeonato já estaria em casa, no quentinho do lar de sua mãe, mas não, estava preso ali.

— Irei pedir para seu pai lhe buscar, a onde você está?

— Na estrada 9... — soltou um suspiro, a última coisa que queria naquele momento era causar algum transtorno, mas não teria escolha, àquela altura e pôr conta da data, não encontraria um mecânico, o jeito era esperar.

— Ele estará aí em meia hora — deu um breve “tchau” a sua mãe e desligou o telefone.

Começou a observar a neve, ele a achava linda, mas ao mesmo tempo misteriosa. Colocou uma música aleatória e pegou seu celular para verificar as redes sociais, pelo menos ele tinha bateria de sobra e sinal, assim teria como passar o tempo. Observando todas as postagens, viu uma notícia que lhe chamou atenção, o acidente que havia acontecido não tão longe de onde ele estava, ele tinha ouvido sobre, sabia que uma pessoa havia morrido, porém não deu muita atenção, estava muito ocupado com a publicação de seu livro. Abriu a notícia, nela falava sobre o enterro, sobre a família... achava aquilo triste demais, o rapaz tinha sua idade, havia deixado para trás uma esposa e sua família, devia ser doloroso para todos os envolvidos. Parou de ler a reportagem quando ouviu alguém bater em seu vidro, que agora se encontrava embaçada pelo frio, abriu a porta, imaginando ser seu pai, mas a pessoa que ele se deparou não o agradou muito.

— Pensei que seria o papai a vir me buscar, se soubesse que seria você, teria ido a pé!

— Deixe de ser infantil Sasuke, entre logo no carro estou congelando aqui fora! — a pessoa o respondeu revirando os olhos voltando para seu próprio carro. Sasuke o observou se distanciar e murmurou um baixo “droga mãe”. Pegou suas coisas de seu veículo e o trancou, também indo em direção do outro carro.

— O que está fazendo aqui Itachi? Não era para estar viajando com sua esposa? — Perguntou sentando-se no banco e colocando o cinto.

— Mudanças de planos. Mamãe me pediu para passar esse final de ano com ela.

— Será o melhor final de ano de todos! Eu, minha mãe, meu pai, meu irmão traidor e minha ex-namorada/atual esposa do meu irmão traidor — comentou sarcástico.

— Ainda com esse ódio todo? Você sabe que vai chegar uma hora que vai ter que superar tudo isso, não é?

— Você sabe muito bem o motivo de eu estar assim, não é? Vocês dois... quer saber, você sempre está certo no final das contas, não é mesmo? — novamente estava sendo sarcástico. Itachi nada respondeu, ligou o carro e deu partida, não entraria afundo naquele assunto, era complicado demais.

*

De longe se via a casa toda decorada para o natal, realmente Mikoto aquele ano havia se superado. Assim que Itachi parou o carro, Sasuke começou a pegar suas coisas. No caminho ambos não trocaram nenhuma palavra. Depois de pegar tudo, se retirou do carro sendo seguido pelo irmão que o observava pelas costas.

— Sasuke!

— O que foi? — Se virou para encarar o mais velho.

— Eu sei que não vai ser fácil, mas por favor, não arrume confusão esses dias, não vamos estragar a alegria de nossos pais, certo?

Sasuke parecia formular o que Itachi havia acabado de dizer. Não seria fácil olhar para ele e para sua esposa e não pensar em mil coisas a se falar para eles, porém, seus pais ficaram chateados com mais uma briga, principalmente naquela época comemorativa que sua mãe tanto amava. Respirou fundo várias vezes, levantou a cabeça direção ao céu e observou a neve cair em seu rosto, sorriu, um sorriso triste. Balançou cabeça voltando a encarar Itachi que o observava sem dizer nada. Sasuke somente concordou com cabeça e voltou a caminhar, não queria dizer mais nenhuma palavra em relação a aquele assunto naquele momento.

Entraram na casa e logo foram recebidos pela matriarca que vinha com um sorriso de orelha a orelha. Estava engraçada na visão de Sasuke, um vestido vermelho vivo de paetês, um gorro na cabeça e um cordão com um sino pendurado.

— Meu bebê! — abraçou o mais novo que revirou os olhos pelo jeito que ela havia lhe chamado — Deve estar com frio, preparei um banho quente para você querido.

— Não era necessário, mãe — respondeu um pouco cansado.

— Com foi a viagem? E as novidades? Me conte tudo! — ela havia ignorado totalmente o que ele havia acabado de falar o enchendo de perguntas, o que fez Itachi soltar um sorriso.

— Deixe-o em paz querida! — o patriarca da casa disse se aproximando do filho com um grande sorrido nos lábios.

Sasuke podia perceber o quanto Fagaku e Mikoto estavam felizes com sua presença, na realidade, já havia bastante tempo que eles não se reuniam e ele preferia assim. Todas as vezes que ele e Itachi ficavam no mesmo local nunca terminava bem, e isso magoava seus pais. Sasuke achava injusto com ambos, envolve-los em algo que era inteiramente particular entre ele e o irmão. Era obvio que sentia falta dos velhos tempos, das reuniões de família e de ter uma boa conversa com seu irmão mais velho, mas Itachi havia estragado tudo e aquilo era algo que não podia se concertar da noite para o dia.

— Irei tomar o banho que preparou para mim mãe — sorriu, sabia o quanto era importante tudo aquilo para ela e faria de tudo para não estragar, ou pelo menos tentaria.

— Ajudarei com as malas querido — Sasuke então seguiu sua mãe pelas escadas em direção ao seu antigo quarto. Pôr ele ficaria aqueles dias todos escondido, mas a casa não era tão grande para isso e também não tinha muitas desculpas para dar a sua mãe. Sabia que mais cedo ou mais tarde teria que se encontrar com a esposa de seu irmão, mesmo não preparado para isso. Viu sua mãe sair do quarto lhe lançando um olhar feliz, suspirou, sabia que seria quase impossível se manter calmo perante a tudo, mas tentaria, devia isto a seus pais.

Tomou um demorado banho, a água estava excelente, se pudesse não sairia dali nunca mais. Levantou-se da banheira se enrolado na toalha e logo em seguida vestiu uma roupa simples e quente. Todos o esperavam no andar de baixo, sua mãe queria conversar com todos, saber como estavam e passar um tempo juntos em família. Desceu sem muita enrolação, não tinha com fugir e quanto mais ele prolongasse mais difícil se tornaria. Assim que chegou aos pés da escada, pode ouvir as risadas que vinha da sala, ele conhecia aquelas risadas, uma em especifico trazia grande dor em seu peito, mas tentaria ignora-la. Ao entrar na sala, a primeira coisa que reparou foi na enorme arvore de natal que sua mãe havia posto ali aquele ano, estava muito iluminada, tão iluminada que, só ela sozinha clareava a sala inteira. A segunda coisa que seus olhos olharam, foram ela, sentada perto de Itachi, com os cabelos soltou emoldurando seu rosto, um vestido de lã que a deixava mais linda do que já era, como podia a cada ano que passava ela estar mais linda? Era maldade demais com sua mente. Viu seu irmão lhe lançar um olhar ameaçador pôr perceber que ele não tirava os olhos de sua esposa, soltou um sorriso sínico, se não fosse trágico iria parecer cômico.

— Sasuke querido, sente-se aqui perto de mim — sua mãe lhe disse dando um espaço ao seu lado para que ele pudesse sentar, e assim ele o fez. Viu que um par de olhos não saia de cima de si, mas preferiu ignorar.

— Do que tanto riam? — perguntou mais para quebrar o silencio do que pôr interesse.

— Izumi e eu estávamos falando de nossa lua de mel, das coisas engraçadas que vivemos lá, não é amor? — Itachi disse para provocar o mais novo, não havia gostado nada do jeito que Sasuke havia olhado para ela, isso o irritava.

— Sim... eu e Itachi passamos pôr situações constrangedoras — falou envergonhada, na realidade ela não estava preparada para encontrar Sasuke, assim como ele.

— Situações constrangedoras? — Perguntou sarcástico, sabia que Itachi havia mencionado a lua de mel para irrita-lo — Como o que? Não me diga que tão novo já tem problemas com.… você sabe, seu amiguinho aí embaixo? Sabe, eu nunca dei esse tipo de  problema para ela, não é Izumi?

— Sasuke! — seu pai o repreendeu indignado.

— Você não sabe a hora de calar sua boca, não é?! — Itachi disse já em cima do irmão mais novo o puxando pelo colarinho, antes que pudesse fazer qualquer coisa, Izumi o segurou pelo braço e o olhou nos olhos com suplica, fazendo-o soltar Sasuke.

— Vocês não vão estragar meu natal, pôr Deus, estou farta disso, não posso ter meus dois filhos juntos? Não posso usufruir mais da minha família? — Mikoto estava furiosa, não aguentava mais toda aquela situação catastrófica que tinha se instalado em sua família.

— Não tenho culpa se ele não aceita brincadeiras — Sasuke disse debochado.

— Já chega! Irei para o meu quarto, amanhã, quando os dois estiveram calmos, comemoremos direito este natal e conversaremos com mais paciência, boa noite! — Mikoto saiu da sala magoada e foi seguida pelo marido. Os que ficaram não trocaram mais uma palavra, Izumi e Itachi saíram logo após o silencio se instalar no cômodo, só restando Sasuke.

***ASW***

— Feliz natal — ouviu aquela voz atrás de si, voz que ela conhecia muito bem.

Ele só podia estar louco, insistia em ir até seu local de trabalho, lhe lançava as mais variadas cantadas o que a deixava envergonhada, mas no fim, ela estava gostando de flertar com ele. A maior preocupação que vinha em sua mente era, o que as pessoas iriam dizer daquela situação toda? Ela era apenas uma simples empregada de uma loja de grife de bolsas, e ele um homem podre de rico, o que ele queria com uma mulher igual a ela? O que seus amigos diriam? Ou pior, o que os amigos dele diriam? Era loucura demais, eram mundos diferentes demais. Ela queria poder ir em um encontro com ele, Sasori era tão divertido, tão calmo, lhe passava uma sensação tão boa que quanto mais ele se aproximava, mais ela o queria pôr perto, mas seu medo era maior que tudo que estava sentindo.

— Feliz Natal senhor Akasuna, em que posso ajudar? — Perguntou lhe lançando um sorriso tímido.

— Gostaria que fosse em um encontro comigo... sei que não é a primeira vez que lhe peço, mas não cansarei, sinto que quer ir comigo Sakura, então não diga “não” mais uma vez.

— Eu não posso ... — sussurrou tristonha — Sabe que isso não é certo.

— Não é certo? Porque? — Se aproximou mais dela, o que fez alguns funcionários e clientes lhe lançarem olhares estranhos.

— Pôr isso — fez ele observar as pessoas que os olhavam — Você é um homem muito importante e eu apenas uma vendedora, não quero criar nenhum tipo de problema, minha resposta continuará sendo não! — Viu que seu rosto havia ficado triste, mas não podia fazer nada, não é mesmo?

Sasori saiu sem lhe dizer uma palavra, Sakura sentia que aquilo era o certo a se fazer, não podiam continuar com aquilo, seu chefe já havia lhe chamado a atenção, dizendo que ela parecia uma caçadora de dotes dando atenção além do que era normal dar para um cliente. Uma hora ou outra ela acabaria perdendo seu emprego.

— Se eu fosse você, daria essa chance que você quer tanto dar a ele, vejo nos seus olhos o quanto quer — sua amiga de trabalho Ino disse se aproximando — E dane-se esse emprego, você merece viver algo como isso, eu no seu lugar não pensaria duas vezes, não por causa do dinheiro, mas pelo homem que ele demostra ser — Viu a amiga terminar de falar com um sorriso nos lábios, e sabia o quanto ela tinha razão.

Ao se virar para a vitrine da loja, levou um pequeno susto, lá estava ele, a observando com um grande urso que quase não cabiam em seus braçso. Sakura soltou um leve sorriso, lembrou-se que em uma das conversas curtas que eles tiveram ela havia lhe dito o quanto queria ganhar um grande urso quando ela era criança, mas nunca pode. Seu coração palpitava, ele lá parado na neve sorrindo para si feito criança aquecia seu coração, não podia deixa-lo lá, não poderia fugir. Saiu da loja sem ligar para as reclamações de seu chefe e foi de encontro a Sasori que não deixava o sorriso morrer.

— Você é louco?! — a rosada perguntou se aproximando.

— Eu nunca iria desistir de você, ainda mais sabendo o quanto quer ficar perto de mim, assim como eu quero — se ajoelhou atraindo mais ainda os olhares para eles, ergueu o grande urso em direção dela e suspirou fundo — Quer ir em um encontro comigo, senhorita Haruno? — Sakura sorriu, pegou o urso e lhe respondeu um baixo “sim”, que para ele já tinha sido o suficiente.

 *

Lagrimas caiam de seus olhos com tais lembranças, dês de sempre ela e Sasori eram ligados, ele sabia exatamente como ela se sentia, assim como ela sabia como ele se sentia. Olhou pela janela de seu quarto no hospital e desejou com todas as suas forças que aqueles dias voltassem, dias em que ele a segurava pela mão e dizia que tudo ficaria bem, dias em que cozinhava vestida com uma das camisas dele, dias em que eles assistiam filmes aleatórios e no final dormiam sem saber como terminava, até mesmo das pequenas discussões para saber a onde o vaso de plantas deveria ficar ela queria de volta. Ela desejava aqueles dias, e era isso que a estava matando-a por dentro, sabia que não importava o quanto ela quisesse, o quanto ela implorasse, ele não estaria ali pela manhã sorrindo para si enquanto se arrumava para mais um dia de trabalho, ele não a abraçaria mais e nem mesmo cantaria com sua péssima voz, mas que ela amava ouvir, pois era uma das maneiras dele a fazer rir. Tudo tinha desaparecido feito fumaça no ar, era inacreditável tudo aquilo.

— Boa noite Sakura — sua mente estava tão longe que não ouvira Tsunade entrar, não era para menos, sua mente estava a mil — Como se sente?

— Fisicamente? Com dores, mas bem! Psicologicamente? Destruída! — Respondeu lhe encarando com os olhos verdes inchados.

— Se eu puder ajudar em alguma coisa eu...

— Você e nem ninguém podem me ajudar agora, então agradeço Tsunade, mas o que eu preciso está fora do seu alcance — Virou o rosto novamente para a janela, a única coisa que ela queria naquele momento era ficar sozinha com suas memorias, suas boas memorias.


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Notas finais do capítulo

Olá gente tudo bom? Queria fazer um desabafo... como aqui no Nyah eu acho que não estou tendo leitores para essa fanfic, acho que será o ultimo capitulo postado aqui, continuarei postando em outros locais, mas não aqui. Desculpe qualquer coisa, espero que entendam, ainda é algo que estou pensando, mas possa ser que venha a acontecer. Bjos no coração de vocês ♥



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