No capítulo anterior:

Fui pra piscina morrendo de rir, agora sim ela vai comer nas minhas mãos.Tirei a camisa e me deitei naquelas cadeiras pra tomar sol, se passou alguns minutos.

–ARAM!-Ela pigarreou.Me sentei, ela estava com um maior azul escuro, que deu um contraste com sua pele clarinha.Ela esticou o braço e me deu o copo cheio de água.

–Toma cachorro!

–Nana nina não!-Falei.

– O que é agora, quer que eu te der na boca?

–Seria uma boa!-Ela bufou, tomei a água.

–E a partir de agora você vai me chamar de “Meu senhor”!

Ai que beleza!

                                         ****************

                                                

POV Sol on

Sacanagem, puro vacilo meu e agora o que eu faço pra virar esse jogo de novo?

Por incrível que pareça não sei, mas agora to cansada demais pra pensar em alguma coisa, o idiota me usou hoje, to só o caco, o dia foi bem puxado, ele mandou eu arrumar o quarto dele, lavar os banheiro, depois eu fiquei abanando ele na piscina, tive que passar protetor solar no vagabundo, começou a chover e  ele me obrigou a pular na piscina e ficar de molho lá por umas duas horas até meus dentes começarem a bater.

Quando acabei tudo, vim aqui pro meu quarto, ele com certeza ia me mandar fazer mais alguma coisa, tinha que dar um jeito de sair de casa.Vesti uma blusa com mangas, a noite tava fria de novo, calça jeans e um tênis, peguei meu celular e sai do quarto, a velha já estava dormindo, tava com dor de cabeça, as meninas saíram, o velho ainda estava no trabalho, já o vagabundo não sei onde está, olhei as horas, já ia dar nove da noite.

Desci as escadas e o idiota tava deitado no sofá assistindo TV , tentei passar despercebida mas ai meu nariz começou a ficar irritado e espirrei, ótima hora pra essa merda dar vida, na próxima eu corto na hora de sair e coloco de volta que nem o Michael Jackson.

–Vai sair?-Perguntou o imbecil.

–Não, to fazendo um desfile, é claro.-Depois lembrei de ser simpática, mais uma das regras dele.-Vou dar uma andada por ai, por que?

–Você não pediu minha permissão empregada, você sabe se eu te liberei?

–Cacho...Meu senhor, eu estou livre?-Perguntei, mas com vontade de matar o vagabundo.

–Claro, mas com uma condição...

–Qual meu senhor?

–Tenho que ir junto com você!-Ele falou com um sorriso debochado.

Respirei fundo, tentando não ter um ataque de raiva.

–Tá, ta, ta!Vamos!

–Como é que é?Eu esperava um ataque seu, simples assim?

–Então eu passo ter um ataque?-Falei me preparando pra chingar ele.

–Não!-Soltei o ar que tava guardando pras primeiras rajadas de palavrões.

–Tá bom, espera ai que eu vou vestir mais uma camisa.

–Vai logo, não vou te esperar o resto da noite!-Ele me mandou um olhar de reprovação, depois o que eu já conhecia, o que eu tinha que fazer uma coisa.

–Meu senhor!-Depois me ajoelhei.

–Assim é melhor!-Falou o cachorro subindo as escadas.

                                     [...]

Estávamos sentados em um banco na pracinha olhando as estrelas, o silêncio era reconfortante.

–Quantos anos você tem pirralha?-Até agora.

–Por que, vai usar isso contra mim também?

–Não...eu só quero saber!

–18

–Hum...eu tenho 19!

–Primeiro que eu não perguntei e segundo que eu já ... Ei você disse uma vez que tinha 20!

–Ai, é que eu menti!-Falou dando um sorriso amarelo.

–Idiota!

E o silêncio voltou, mas comecei a me sentir incomodada , olhei de canto de olho pro carrapato e percebi que ele me olhava, virei e fiquei olhando pra ele.

–O que foi menino, ta escrito palhaça na minha testa?

–Não, você é...esquece!

–Tá , depois eu sou a doida!

Voltei a olhar pro céu e contar as estrelas, olhei de canto de olho pra ele que continuava a me olhar.

–Cara qual é o teu problema?

–Nada, eu tenho uma proposta pra você!

–Qual?

–Se você começar a ser uma pessoa boazinha, nada de tratar mal as pessoas, de xingar, sempre fazendo o bem ao próximo, eu prometo não mostrar o vídeo pra ninguém, mas é claro, que você vai continuar fazendo coisas pra mim, mas prometo também que vou pegar leve, nada de trabalho escravo. Topa?

–Quem me garante que você ta falando a verdade?

–Você pode pelo menos confiar em mim?-perguntou fazendo uma cara de cachorro sem dono.

–Tá bom então, mas eu juro que se você tentar passar a perna em mim garoto você vai ta fudi.....-Ele colocou a mão na minha boca.

–O que eu disse sobre falar palavrão?

–Já ta valendo?-Perguntei, mas o som saiu abafado pela sua mão, ele entendeu, o menino balançou a cabeça dizendo sim.

–E tem mais, você só vai poder me chamar de Matheus agora ou como as meninas me chamam “Matt” ou... -Ele soltou um sorriso saliente. -...Como eu me chamo “Matt gostoso”.

–Nem a pau que eu te chamo dessa ultima parte ai e tira essa mão da minha boca!-Ele atendeu o que eu  falei, tirou a mão.

–Que bom que você concorda com tudo agora, as coisas vão ser mais fáceis daqui em diante!-Enruguei a testa. Ele sorriu pra mim, a garoto se aproximou mais de mim, tratei de me afastar logo.

–Por que se afastou?

–Porque você me assusta as vezes!-E o pior que era verdade.

Voltei a olhar as estrelas, mas não entendi muito bem por que ele tava fazendo aquilo, não mostrar o vídeo, querer que eu me torne uma pessoa mais podemos dizer... Humana.

–Por que você ta fazendo isso?O vídeo!?-Perguntei. Ele me olhou.

–Pra falar a verdade eu nem sei direito, mas... não acredito que vou falar isso...acredito que tenha um lado seu que não tenha arrogância, palavrões e mais coisas ruins!

Essa reposta eu não esperava.

–Er...então ta, se você diz!-Falei, ele começou a ri baixinho.

Passamos mais alguns minutos vendo as estrelas...

Me levantei e comecei a andar pra voltar pra casa.

–Onde você pensa que vai?-Perguntou...  Matheus, me virei e olhei pra ele.

–Querido, já vai dar onze horas, queres dormir aqui? Eu já vou pra casa!

–A ta, eu esqueci que já era tarde, foi mal!-Ele veio andando na minha direção, virei e voltei a andar.Ele me alcançou rápido, andamos uma certa distancia, ele parou do nada, continuei andando, pensava que ele iria está logo atrás de mim, resolvi ver o que tinha acontecido, me virei e ele estava parado me olhando a alguns metros, voltei pra ver o que ele tinha, não que me importasse é claro.

–Por que você parou? Tá sentindo alguma coisa?

–Eu não sei!-ele tava me olhando tão intensamente que fiquei até meio constrangida, uma coisa que dificilmente acontecia,o que tava acontecendo ali?

–Vamos logo!-Falei segurando no braço dele e puxando, mas ele não saiu do lugar.

–Espera!

–O que você tem menino?

–Preciso fazer uma coisa!

–O que?

Ele segurou no meu braço e me puxou, me prendeu pela cintura e me deu um beijo, meu coração disparou como nunca, comecei a bater nele, mas ele não parava de tentar me beijar. Eu nunca tinha beijando um garoto na minha vida. Resolvi desistir e fiquei parada, esperando aquilo acabar, finalmente ele desistiu, o empurrei.

–Qual é o seu problema?-Perguntei meio nervosa.

–Eu não sei...acho que eu ...não deveria ter feito isso...me desculpe!

E ele foi embora com passos largos, fiquei parada, calada, sem reação alguma, tentei entender o que tinha acabado de acontecer.

PDV Sol off

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

PDV Matheus on

Não acredito que acabei de fazer isso, o quê que eu tenho na cabeça? Eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo, mas eu precisava fazer aquilo... Mas, ela era minha prima! Eu precisava ser internado num hospício e já!

Agora mesmo que ela vai me odiar pra sempre.

–Seu idiota!-Falei pra mim mesmo.

Cheguei na frente de casa e peguei a chave que fica debaixo do tapete, abri a porta e as meninas estavam com um monte de roupas nas mãos e os sofás estavam cheios de sacolas.

–Matt, olha o que a gente comprou pra você!- Falou a baixinha.

–Desculpa, agora não dá meninas!- Fechei a porta e subi as escadas quase correndo.

–O que ele tem?- Pude ouvir  Isa perguntando, entrei no meu quarto e tranquei a porta, me sentei na cama e passei a mão no rosto.

Definitivamente eu não posso ta afim da Marisol, ela...ela me dá nos nervos, ela é arrogante, não posso  tá afim dela, me ordeno a não ficar afim dela.

Me joguei na cama e berrei contra o travesseiro.

PDV Matheus off

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

PDV Sol on

Resolvi ir pra casa, quando cheguei as meninas estavam na sala com um monte de roupas e sacolas pelo sofá, me sentei em uma parte que tava livre, fiquei calada ainda pensando no que tinha rolado.

–Sol, sabe o que o Matheus tem? Ele entrou e nem falou direito com a gente e subiu com mais de mil!

–Eu não! Por que saberia?

–Calma, eu só to perguntando!- Falou  a baixinha.

–Ei, eu comprei uma coisa pra você!- Duda levantou uma blusa com um capuz, ela era bem legal.

–Obrigada, gostei!-Peguei a blusa.

–Tudo bem, você me ajuda e levar essas sacolas pro meu quarto?-Perguntou Isa pra mim.

–Sim!- Me levantei e peguei as sacolas que ela estava me dando.

–Tá, não é só o Matt que ta meio estranho, você também está!- Falou Duda.- Sendo a irmã prestativa.Estranho mesmo!

Subimos as escadas, chegamos na frente do quarto da Isa, ela foi pegar a chave do quarto dela e acabou se atrapalhando, deixou as sacolas caírem no chão, fazendo o maior barulho.

–Ei, toma cuidado menina!-Falei, o barulho deveria ter acordado a velha.

–O quê que ta acontecendo ai?-Me virei e vi o Matheus na porta do quarto dele, ele encontrou meu olhar e ficou me encarando, não consegui desviar o olhar.

–Nada não Matt!-Falou Duda, consegui olhar pra ela, ela me encarou e depois encarou Matheus.

–Será que eu sou a única a perceber que o ar aqui ta bastante pesado bem mas do que eu já tô acostumada?-Ela olhava pra mim e pra ele.

–Do que você ta falando?-Perguntamos os dois juntos, olhei de canto de olho pra ele.

–Tá bom então!

Nessa hora Isa abriu a porta do quarto dela, entrei e esperei as outras entrarem, depois fechei.

–Sério, o que ta rolando?-Perguntou a fedelha.

–Nada garota, nada! Vou assistir TV, tchau!

Sai do quarto e ele não estava mas no corredor, desci e me joguei no sofá, liguei a TV e fiquei um tempo lá, fui na cozinha procurar alguma coisa pra comer, abri a geladeira e servi um copo de leite, peguei umas bolachas recheadas e comecei a comer, depois de um tempo, acabei e coloquei a louça na pia, quando me virei ele estava encostado na porta da cozinha.

–O que foi?-Perguntei.

–Olha o que aconteceu hoje lá no parque, não deveria ter acontecido!

–O que aconteceu?

–Hã?

–O que aconteceu no parque? Eu não lembro de nada!-Fiz uma cara pra ver se ele entendia.

–A sim, então ta bom ótimo.

–Ótimo!- Repeti, comecei a andar pra sair da cozinha, fui pra um lado e ele foi pro mesmo lado, fui pro outro e ele voltou a ir pro mesmo lado, paramos e ele ficou me olhando, trinquei os olhos em sua direção.

–Eu vou pela direita e você pela esquerda.

–Tá bom!

Saindo da cozinha dei uma olhada rápida pra trás e ele estava com a geladeira aberta. Desliguei a TV e subi pro meu quarto, esperava conseguir dormir.