Promessa de amor - LM escrita por Senhora Sandoval


Capítulo 3
Capítulo 3 - Me respeita, vadia!




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Ouvir aquela voz foi como receber um banho de água fria, a decepção veio nos olhos dela, a tristeza que guardava no peito tomou conta de seu corpo e ela levantou do sofá.

O estômago ardeu, as mãos suaram e ela sentiu a raiva tomar conta de si, o desejo de bater naquela mulher era incontrolável.

Estevão ergueu-se do sofá e se aproximou da esposa, ela estava arredia, eram muitos os sentimentos que tomavam conta de si e que a deixavam insegura, mas de algo ela tinha certeza, que daquela vez pegaria a lambisgoia e daria o que ela merecia.

— Maria, eu não sabia que ela estaria aqui, meu amor. – tocou os braços dela de forma carinhosa e a abraçou por trás. – Eu juro que não sabia.

— Não sabia? Como que não sabia? Ela não deveria ter voltado, estava muito bem na Europa. – a voz estava rasgada de dor e ela se desvencilhou dos braços dele. – Abre a porta, é seu dever atender ela, atender a mãe do seu filho.

Ele arrumou o blazer e seguiu olhando ela, naqueles momentos se sentia o pior homem, pai e marido que existia. Os erros do passado tomaram uma proporção gigantesca e agora ele estava mais uma vez entre a cruz e a espada.

O erro é herdado pelo ser humano, cada falha, cada ação cometida sem antes pensar é uma característica que anda conosco há séculos. Errar, de fato, é humano! Mas com o erro não acarreta só o arrependimento, mas também a dor de quem machucamos, o sofrimento de quem mais amamos.

Para ela, aquele passado era mais doloroso que qualquer outra coisa. Os erros e equívocos do marido eram algo que mesmo com o passar do tempo, mesmo com o renascimento daquele amor ainda sim a deixavam ferida.

Dizem que o erro é esquecido com o passar do tempo, que todos temos uma segunda chance, uma segunda oportunidade. O erro pode ser esquecido, mas as marcas deixadas por esses erros, talvez nunca possam ser esquecidas, a dor passa, mas as cicatrizes ficam cravadas em cada um de nós, independente do tempo, sempre estarão lá.

— Eu vou abrir, mas não leva em conta as idiotices que ela fala, Maria. – a voz saiu calma e carinhosa. – Por  favor, já conversamos sobre isso. – foi até a porta e a abriu.

A mulher entrou na sala como um raio, as roupas eram vulgar, o perfume era barato e ela era uma vadia.

— Que saudades de você, Teb... – se aproximou agarrando o pescoço dele e se esfregou, era uma qualquer. – Nunca mais me ligou, nem me procurou.

— Eu sou casado, minha esposa está bem ali e o único assunto que ainda me liga a você é nosso filho, que não tem culpa de toda essa sua loucura e irresponsabilidade. – segurou os punhos dela e a afastou.

Ela engoliu a seco e olhou Maria com raiva e revolta, amava aquele homem desde que era uma adolescente e Maria, Maria tinha tirado Estevão dela. Aquilo a enchia de ódio cada dia mais, cada encontro era um propulsor de mais sentimentos negros.

— No dia em que foi no meu apartamento não foi isso que me disse, Estevão! Naquele dia, implorou por meu corpo, implorou por minhas carícias, implorou por amor! – encarava Maria do outro lado da sala. – Naquele dia você foi meu e não pode negar, Fernando é igual a você, Fernando é sua cópia!

Os olhos de Maria se encheram de lágrimas, ela se aproximou da mulher e o primeiro que fez foi meter sua mão na face de Ana Rosa sem nenhuma gentileza.

— Você enlouqueceu? – tocou o lado direito do rosto e foi pra cima dela, mas Estevão entrou na frente das duas. – Lambisgoia, mosca morta, Maria! É isso que você é!

 – Me respeita, vadia! Eu sou uma mulher de respeito, não uma vagabunda que abre as pernas pra qualquer um, não sou como você, Ana Rosa! 

Ela puxou o marido pelos ombros e partiu pra cima de Ana Rosa a chutes e tapas, seria daquela vez que toda a raiva acumulada por anos iria sair de seu corpo. Maria batia, arranhava e puxava os cabelos dela, estava ofegante e cada vez mais a raiva tomava conta de si.

Os lábios de Ana Rosa já sangravam, a mulher tinha mais força do que ela pensava e o único que conseguiu foi atingir o rosto de Maria com um tapa estalado.

Ele se aproximou de toda aquele redemoinho de raiva e puxou a esposa pela cintura, colou Maria ao seu corpo e ofegou assustado com aquele momento.

— Escute bem... – Maria encarava ela, a face ardia pelo tapa. – Você pode ter dado a ele uma noite de prazer, pode ter gozado inúmeras vezes e ter feito ele gozar, mas nada passou de sexo! Ele faz amor comigo, Ana Rosa! Toda noite ele pede por mim, por meu corpo, por meu amor e por meus gemidos, você apenas se aproveitou dele naquele noite, jogou com ele, dopou meu marido e nada mais. – apontou o dedo em direção a ela. – Mas não adiantou e nunca vai adiantar, porque o corpo e o coração desse homem são meus! Ele me pertence, cada gemido, cada noite de amor, cada momento de prazer é meu! Você foi apenas uma noite, uma vagabunda e nada mais, eu sou a esposa e a mim que ele sempre vai recorrer, sou eu que aconselho, eu que amo sem visar o dinheiro, sua piranha.

— Isso é o que você pensa... – estava sem saber o que falar, só pegou a bolsa que havia caído e saiu da sala batendo a porta e xingando ela de todos os nomes possíveis.  

 – Cretina! Desgraçada! – mordeu a ponta dos lábios com força.

Maria passou a mão entre os cabelos, as mãos tremiam e o coração pulsava tão forte que o ar chegava a faltar. Ela o encarou com os olhos fervendo de raiva e pegou a bolsa que estava sobre mesa, queria distância, queria estar sozinha, queria pensar.

Estevão se aproximou com pressa, estava desesperado, queria conversar, ele não queria aquilo, ela não era daquela forma, sua esposa não era aquele monstro tomado de raiva. Maria era doce, era calma, mas diante daquele situação estava irreconhecível.

No fundo, ela queria só o colo da mãe, estava assustada, estava tombada pelo medo, pelo rancor e pela tristeza. Ele viu que ela iria correr, mas não permitiu, segurou os braços dela com calma e se aproximou da esposa.

— Maria, se acalma e vamos conversar! Você não pode ficar assim toda vez que encontra a Ana Rosa, eu sei que dói, eu sei que machuca, mas quando fiz aquilo com ela eu não estava consciente e os exames provaram isso, meu amor, não se martirize assim, Maria! – alisou o braço dela com cuidado e sentiu ela recostar a cabeça em seu peito, ela soltou um soluço baixo e deixou mais a vista que nem sempre era aquela dama de ferro.

Ele a virou com carinho, acariciou o rosto dela com a palma da mão e começou a beijar o rosto da esposa, os beijos chegaram lentamente até a boca dela, aquele beijo era mais uma confirmação daquele amor indestrutível, que mesmo com as falcatruas, Ana Rosa e nem ninguém seria capaz de destruir. 

HORAS MAIS TARDE...

Maria saia do banheiro com um roupão, na cama estava a sogra que a olhava com aqueles olhos de um leão pronto para atacar, ela engoliu a seco e se aproximou de Safira.

Sentou-se ao lado da sogra e mexeu os dedos a espera de uma bronca, bronca aquela que não veio, o susto foi ainda maior quando ela sentiu os braços da sogra em torno de si e o carinhoso abraço de Safira.

— Dá próxima vez que aquela vadia ladra de maridos aparecer na empresa ou em qualquer outro lugar me chame, porque ela vai apanhar duas vezes e não só uma. – beijou os cabelos da nora, Maria deu um meio sorriso. – Mulherzinha desgraçada, interesseira. – franziu o cenho.

— Então, não vai brigar comigo como fez da última fez, Safira? – Safira sorriu, aquela postura séria não se encaixava na mulher de sorriso jovial. – Ela é sua sobrinha, eu sou apenas sua nora.

— Maria, eu sei que muitas vezes agimos como cão e gato, mas eu tenho que admitir que minha sobrinha não é flor que se cheire e que ela mereceu essa surra, garota. – deu ombros despreocupada e cruzou as pernas. – Se fosse comigo, ralaria o rosto dela no chão! – Maria riu.

— Seu filho que me segurou, não me deixou fazer isso, sabe como o Estevão é florzinha, Safira. – falou sincera e levantou indo até a penteadeira, sentia falta da mãe, mas aqueles raros momentos com a sogra a deixavam feliz. – Eu não nego de onde vim, não nego que um dia fui pobre e que sei sim acabar com a raça dessas vagabundas que tentam roubar o meu homem! – pegou o creme hidratante e passou na perna direita, sem tirar o olhar fixo na sogra.

— Estevão é como o pai, são delicados e amáveis, nós somos a força bruta da família, Maria, sempre vai ser assim, eles fazem as burradas e nós muitas vezes que temos que concertar.

— Eu conheço bem os homens dessa família, são mais de vinte anos convivendo com eles, Safira. – a voz saiu calma e ela sorriu confiante.

— Mais de vinte anos dividindo meu bebê com você, menina, quer um conselho? – Maria assentiu. – Passa aquele perfume que eu trouxe de Paris, o Estevão adora. – levantou da cama e fechou o robe que usava cobrindo a camisola de seda vermelha.

Maria sentiu o rosto se avermelhar​ com a timidez.

— Maria, não fique assim, todos nós transamos é algo normal do ser humano, assim como o Estevão tem as preferências dele, com o Henrique não é diferente. – passou a mão nos cabelos de forma tranquila. – Se perfume, se arrume, para ele e para você mesma, aproveite a noite e deixe a Ana cobra de lago, garota.

— Ana cobra? – segurou o riso vendo a sogra sair do quarto. – Boa noite, Safira.

— Boa noite, Maria! Desfrute da minha dica, verá que vai me agradecer amanhã. – piscou pra ela e saiu sorrindo.

Maria riu do jeito da sogra, não podia negar que Safira era uma bela mulher e bem vivida, os conselhos da sogra vieram a calhar muito bem naquele momento e ela seguiu passando o hidratante por todo o corpo de forma pensativa.


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