Prefácio de Uma Vampira escrita por Gabriela Cavalcante


Capítulo 2
Confusões


Notas iniciais do capítulo

Rosalie está confusa. Ela tem muitas dúvidas a respeito de James. E Emmett, que antes era seu melhor amigo, mudara muito por causa de uma ex-namorada. Qual surpresa o destino guardou para Rose?



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Dessa vez, não acordei com o despertador irritante. Uma fresta da janela que eu havia deixado aberta permitiu que a luz do sol passasse e irritasse meus olhos. Certifiquei-me que já era a hora de despertar e peguei na gaveta uma roupa qualquer, indo para o banheiro.

                Enquanto a água quente caía por sobre meu ombro eu pensava nele. E tinha vontade de punir-me com um jato de água gelada por isso. Seus olhos escuros que me fitavam o tempo inteiro não me saíam da mente. Sua voz aveludada que saía quase como um sussurro idiota, para mim era como ouvir a mais bela música do mundo. Eu me encantara com aquele rapaz e não tinha condições de desistir dele.

                Desci as escadas de dois em dois degraus, e por pouco não tropecei. Naquela manhã não senti fome. Só fui lavar a louça deixada pela mamãe, que saíra para trabalhar. Sara veio para a cozinha saltitando feliz.

                - O que tem pra comer? – ela perguntou, largando a pequena mochila no chão e prendendo seus longos cabelos de princesa, gozando de seus exatos sete anos de idade.

                - Bom dia, Sara. – corrigi.

                - Bom dia, Rose. – ela bufou – O que tem pra comer?

                Largando a louça e ainda com as mãos molhadas, indiquei para a minha pequena irmã a caixa de cereais em cima do balcão que dividia a cozinha e o corredor. Ela me agradeceu com um sorriso e foi em direção ao tão sonhado café da manhã. Achei graça da cena enquanto enxugava as mãos e pegava o casaco e a mochila, que me esperavam ansiosamente no sofá, e saí de casa para a chuva fraca.

                Eu andava em direção ao ponto de ônibus, protegendo o rosto com o capuz, quanto escutei uma voz familiar e irritante, seguida do som de uma buzina.

                - Rose! – ele gritou, acenando de dentro do carro.

                Fingi que não escutava e continuei andando, sem olhar para trás.

                - Rose. – agora a voz estava tão perto que me assustei e me obriguei a olhar para trás. – Quer uma carona? – ele estava bem atrás de mim. Nunca soube como ele faz isso.

                - Obrigada, Emmett, mas não. – respondi, virando para frente e continuando a andar.

                - Prefere andar de ônibus?

                A pergunta me corroeu por dentro. Não, eu não preferia andar de ônibus. Mas não queria carona de um idiota. Olhei para ele novamente e tive uma surpresa.

                - Deixe que eu a levo, meu amigo. – James sugeriu, dando tapinhas nas costas de Emmett. James envolveu minha cintura com o braço e eu o segui até o carro, sem contestar. Sentei no banco do carona e abracei a mochila sem dar um pio. Ele girou a chave e acelerou de repente, sem que eu pudesse perceber. Eu estava confortável em meio ao silêncio, mas ele não.

                - Não tem nada pra dizer, Rose?

                Sacudi a cabeça, negando.

                - Será que não pode me dizer o que aquele idiota queria com você?

                - Me dar uma carona. – respondi.

                - Desde quando ele te persegue?

                - Desde sempre.

                Ele riu.

                - Quero que me conte esta história. – pediu.

                - Nossas famílias são amigas desde que eu me lembro. Crescemos juntos. Mas de uns anos pra cá, ele tem agido dessa maneira estranha, querendo sempre me agradar. Eu preferia quando éramos amigos.

                - E não são mais?

                - Parece que não. – suspirei, lamentando. – Ele mudou muito depois que namorou uma garota aqui da cidade, chamada Victoria. Eles eram felizes, até que ela o largou de repente. Depois disso ele ficou deprimido, e quando enfim superou, criou uma obsessão por mim, talvez porque eu era a única que estava ao lado dele naquele momento. Seus pais queriam interná-lo numa clínica e levá-lo ao psiquiatra e eu não concordei. Me arrependo amargamente.

                - Que história, hein? Essa tal de Victoria não deve ser lá flor que se cheire. – ele comentou, enquanto procurava uma vaga para estacionar.

                - Pois é, James. Victoria sumiu do mapa. Ninguém sabe onde ela foi nem com quem. Ela simplesmente desapareceu. Alguns dizem a ter visto ser atacada por uma criatura estranha e pálida, mas eu não acredito nisso.

                - E Emmett, acredita? – ele perguntou, puxando o freio de mão e abrindo a porta para sair.

                - Ele acredita. E esse é o verdadeiro problema. – informei, empurrando a porta para sair do carro. – Ele diz que a criatura estranha que a atacou foi um vampiro. Pura bobagem. –resmunguei, enquanto batia a porta do Volvo vermelho.

                - Va-vam-vampiro? – ele gaguejou, e eu senti seu rosto enrijecer. Seus olhos, de repente, mudaram de cor e eu me assustei. Parecia que a palavra tocara na alma de James.

                - James, você está bem? Seus olhos estão escuros.

                - Não é nada. Impressão sua, Rose. Vamos entrar. – ele quis me despreocupar, pegando minha mão e me levando em direção ao prédio da minha primeira aula.

                Percorremos o caminho inteiro em silêncio, ele segurando forte a minha mão. Percebi que sua mão era fria e quase não agüentei segurá-la por muito tempo. Minha sorte foi que a sala estava perto.

                Emmett estava na porta, de braços cruzados, conversando com Chad. Os dois nem perceberam quando entrei na sala, acompanhada de James e me sentei no meu lugar, ao lado de Vera. James olhou para mim e disse, entre dentes:

                - Rose, eu vou para minha aula. Até mais.

                Virou-se de costas e foi em direção a porta. Emmett estava entrando na sala, e ele aproveitou para pôr o pé em sua frente para que caísse. O resultado não poderia ser outro: Emmett tropeçou no pé de James e caiu em cima de uma cadeira. Sua testa sangrava. James olhou o sangue na testa de sua vítima e saiu correndo pela porta.

                Levantei-me depressa e fui socorrê-lo. Peguei em sua mão e o ajudei a levantar.

                - Vamos para a enfermaria. – ordenei.

                Ele concordou com a cabeça, e depois de ter um esparadrapo na testa, ele enfim abriu a boca.

                - Rose, está gostando dele?

                - Acho que sim. – respondi.

                - Rose, não faça isso, ele não é bom para você.

                - Se fosse por você, ninguém seria bom pra mim. Agora deixa disso e vá para casa, Emm. Antes que se esgote a minha paciência.

                Ele obedeceu em silêncio, dando apenas um aceno sem vontade e indo para o estacionamento, respeitando a ordem da enfermeira. Eu fui para a minha aula, pensando em tudo o que acontecera. Por que James fizera aquilo com meu amigo? E por que fugiu ao ver sangue? Por que a palavra “vampiro” pareceu corroer sua alma? Eu sinceramente não sabia, mas queria saber. Eu estava afogada em confusões vindas da minha própria cabeça.

 

 


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, James leva Rosalie para conhecer sua família. Mas a sua prima, Eve, lhe parece familiar. Qual o mistério escondido na vida da prima Eve?



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