Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 16
Fourteen


Notas iniciais do capítulo

Aposto que ninguém mais esperava atualização aqui né hihihi
Agradeçam à @euapenasju por me motivar a voltar a escrever depois de tanto tempo — detalhe que agora ela ta escrevendo comigo rs



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Charlie estava esperando por mim na porta. Enquanto eu parava o carro, ele veio me encontrar.

— A Sra. Biers me ligou furiosa. Ela disse que você estava brigando com Riley e disse que você estava super brava...

Ele explicou enquanto abria a porta pra mim. Eu vi momento em que seus olhos encontraram os meus e uma espécie de reconhecimento horrorizado se registrou em seu rosto. Tentei sentir meu rosto de dentro pra fora, para saber o que ele estava vendo — meu rosto parecia vazio e frio, e eu me dei conta de que isso deveria preocupá-lo como o inferno.

— Não foi exatamente isso que aconteceu. — eu murmurei.

Charlie colocou seu braço ao meu redor e me ajudou a sair do carro — agradeci mentalmente por ele não comentar as minhas roupas ensopadas.

— Então o que aconteceu? — perguntou quando estávamos do lado de dentro. Ele puxou a manta que ficava atrás do sofá enquanto falava e a colocou nos meus ombros e eu me dei conta de que ainda estava tremendo.

Minha voz estava sem vida.

— Samantha Uley disse que eu e Riley não podemos mais ser amigas.

Charlie me deu uma olhada estranha.

— Quem te disse isso?

— Riley. — eu disse, apesar de não ter sido exatamente isso o que ela disse. Bem, ainda era verdade. As sobrancelhas de Charlie se juntaram.

— Você realmente acha que tem alguma coisa errada com aquela garota Uley?

— Eu sei que tem. Porém, Riley não quis me falar sobre isso. — eu podia ouvir a água das minhas roupas pingando no chão e fazendo barulho na madeira. — Vou trocar de roupa.

Charlie estava perdido em seus pensamentos.

— Okay — ele disse ausentemente.

Eu resolvi tomar um banho antes porque estava com frio, mas a água quente não pareceu afetar a temperatura do meu corpo — eu ainda estava congelando quando desisti e desliguei a água. No silêncio repentino, podia ouvir Charlie falando com alguém lá embaixo então me cobri com uma toalha e saí do banheiro.

A voz do meu pai estava raivosa.

— Eu não vou acreditar nisso. Isso não faz o mínimo sentido.

Tudo ficou quieto, e eu me dei conta de que ele estava no telefone. Um minuto se passou.

— Não culpe minha filha por isso! — Charlie gritou de repente.

Eu pulei. Quando ele falou de novo, sua voz estava cuidadosa e mais baixa.

— Bella deixou muito claro para mim o tempo inteiro que ela e Riley eram boas amigas... Bem, se era isso, então porque você não disse isso antes? Não, Bonnie, eu acho que ela está certa nisso... Porque eu conheço a minha filha, e se ela diz que Riley estava assustada antes... — ele parou no meio da frase, e quando recomeçou estava quase gritando de novo — O que você quer dizer com eu não conheço minha filha tão bem quanto penso que conheço! — ele escutou por um breve segundo, e a resposta dele foi quase baixa demais para que eu ouvisse — Se você pensa que eu vou fazer ela se lembrar daquilo, é melhor você pensar de novo. Se o que quer que Riley estava fazendo com essa tal de Sam vai fazer ela voltar para a aquela depressão, então Riley terá que responder por isso. Você é minha amiga, Bonnie, mas isso é machucar a minha família.

Houve outra pausa para Bonnie responder.

— Você entendeu direito: se essas crianças colocarem um dedo fora da linha eu vou saber. Nós estamos mantendo um olho na situação, você pode ter certeza. — Ele não era mais Charlie; ele era o Chefe Swan agora.

— Que seja. É. Tchau — o telefone bateu no receptor.

Eu andei na ponta dos pés rapidamente até o meu quarto. Charlie estava murmurando com raiva na cozinha.

Okay, então Bonnie ia me culpar. Eu estava incomodando Riley e ela finalmente ficou de saco cheio. Era estranho, pois eu mesma temia isso, mas depois da última coisa que Riley disse essa tarde, eu não acreditava mais nisso. Havia muito mais envolvido nisso do que uma paixonite não correspondida, e me surpreendia que Bonnie dissesse que se tratava disso. Isso me fez pensar que qualquer que fosse a porra do segredo que eles estavam escondendo, era muito maior do que eu imaginava.

Pelo menos Charlie estava do meu lado agora.

Eu coloquei o meu pijama e me arrastei para a cama apenas para ter um sonho totalmente novo.

A chuva estava caindo e Riley estava andando silenciosamente ao meu lado, mas embaixo dos meus pés o chão parecia estar cheio de gravetos se quebrando. Mas ela não era a minha garota Biers — ela era uma nova Riley, ácida e graciosa. A graciosidade do seu caminhar me lembrou de outra pessoa, e, enquanto eu observava, o rosto dela começou a mudar. A pele delicada foi embora, deixando o seu rosto ficou pálido como papel. Os olhos dela ficaram dourados, depois vermelhos, depois dourados de novo. O cabelo mudava com a brisa, ficando cor de bronze quando o vento o tocava. O rosto dela ficou tão lindo que fez meu coração disparar. Eu tentei me aproximar, mas ela deu um passo para trás, erguendo a mão como um escudo. E então desapareceu.

Eu não tinha certeza, quando acordei na escuridão, se eu estava começando a chorar, ou se estive chorando durante o sonho e simplesmente continuava agora.

Olhei para o meu teto escuro. Podia sentir que era no meio da noite — eu ainda estava meio adormecida, talvez fosse mais que a metade da madrugada.

Fechei meus olhos cautelosamente e rezei por um sono sem sonhos.

Foi aí que eu escutei o barulho que deve ter me acordado primeiramente.

Alguma coisa afiada arranhou o vidro da minha janela com um barulho agudo e alto, como unhas na janela.

Meus olhos se abriram com o medo, apesar de eu estar tão exausta e confusa, que eu nem tinha certeza se estava acordada ou dormindo.

Alguma coisa arranhou a minha janela de novo com o mesmo barulho alto, fino. Confusa e lerda com o sono, eu me arrastei pra fora da cama e fui para a janela, piscando no caminho com as lágrimas que permaneceram nos meus olhos.

Uma enorme sombra escura se moveu erraticamente do lado de fora da minha janela, se lançando na minha direção como se fosse se jogar para dentro. Eu me inclinei para trás, aterrorizada, minha garganta se preparando pra gritar.

James. Ele veio para me pegar. Eu estava morta.

Charlie também, isso não!

Enquanto eu surtava, uma voz familiar chamou vinda da figura escura.

— Bella — ela assobiou. — Ouch! Droga, abra a janela! Porcaria!

Eu levei dois segundos para me livrar do horror antes de conseguir me mexer, mas depois eu corri para a janela e abri o vidro. As nuvens deixavam uma luz fraca passar por entre elas, luz suficiente para que eu pudesse identificar as formas.

— Mas que diabos você está fazendo? eu asfixiei.

Riley estava se pendurando cuidadosamente no topo da árvore que crescia no meio do pequeno quintal na frente da casa de Charlie.

O peso dela havia feito a árvore se curvar na direção da casa e agora ela estava se balançando — as suas pernas estavam se balançando a vinte metros do chão — a menos de um metro de mim.

Os galhos finos no topo da árvore arranharam o lado da casa de novo fazendo um barulho agudo.

— Eu estou tentando manter... — ela bufou, inclinando seu peso enquanto o topo da árvore balançava — A minha promessa.

Eu pisquei com os meus olhos molhados e turvos, e de repente eu tinha certeza de que estava sonhando.

— Quando foi que você prometeu se matar caindo de uma árvore na frente da casa de Charlie?

Ela bufou, sem se divertir, balançando as pernas para manter o equilibro.

— Saia do caminho. — ela ordenou.

— Como é?

Ela balançou as pernas de novo, para frente e para trás, aumentando o ritmo. Foi aí que eu me dei conta do que ela estava tentando fazer.

— Não, Riley!

Mas eu me joguei para o lado, porque já era tarde demais.

Com um grunhido, ela se lançou em direção a minha janela aberta.

Outro grito se construiu na minha garganta enquanto eu esperava que ela caísse para a morte — ou pelo menos que ela se machucasse feio quando caísse. Para o meu choque, ela se balançou habilmente para dentro do meu quarto, aterrissando nos calcanhares com um estrondo baixo.

Nós duas olhamos para a porta automaticamente, segurando a respiração, esperando para ver se o barulho havia acordado Charlie.

Mais um breve momento se passou em silêncio, e depois nós ouvimos o som abafado do ronco dele. Um grande sorriso atravessou o rosto de Riley; ela parecia extremamente feliz consigo mesma. Aquele não era o sorriso que eu conhecia e amava — era um sorriso novo, um que era mais uma piada ácida da sua antiga sinceridade, no novo rosto que pertencia a Sam.

Isso era um pouco demais para mim.

Eu chorei até dormir por causa dessa garota. A rejeição dura dela havia feito um buraco no meu peito. E agora ela estava aqui no meu quarto, sorrindo para mim como se nada tivesse acontecido. Pior que isso, mesmo a chegada dela tendo sido estranha e barulhenta, me lembrou do jeito como Edythe costumava se enfiar pela minha janela à noite e essa lembrança cutucou maldosamente nas minhas feridas não curadas.

Tudo isso, acumulado ao fato de que eu estava cansada feito um cão, não me deixou com um humor muito amigável.

— Se manda! — eu assobiei, colocando tanto veneno no sussurro quanto pude.

Ela piscou, o rosto ficando apático com a surpresa.

— Não — ela protestou. — Eu vim para me desculpar.

— Eu não aceito.

Eu tentei empurrá-la de volta para a janela — afinal, se aquilo era um sonho, ela não ia se machucar. Porém, foi inútil. Eu não a movi nem um centímetro. Baixei as mãos rapidamente e me afastei dela. Sua pele estava queimando de tão quente, como a sua cabeça estava da última vez que eu a toquei como se ela ainda estivesse com febre, mas ela não parecia doente. Ah, e claro, a garota estava total e completamente nua, apesar do vento que soprava pela janela ser frio o suficiente para me fazer tremer — eu não me senti confortável colocando as minhas mãos no peito nu dela. Pisquei um momento, me dando conta de como ela parecia enorme.

Riley se inclinou pra mim, tão grande que bloqueou a janela, com a língua presa pela minha reação furiosa.

De repente a coisa toda era mais do que eu podia aguentar — era como se todas as noites que eu fiquei sem dormir estivessem se jogando em cima de mim juntas. Eu estava tão brutalmente cansada que pensei que podia cair bem ali no chão. Eu balançava instável e lutava pra manter meus olhos abertos.

— Bella? — Riley sussurrou ansiosamente. Ela agarrou meu cotovelo quando eu balancei de novo, e me guiou de volta para a cama. Minhas pernas desistiram quando eu alcancei a beirada e eu me deixei cair com tudo no colchão.

— Ei, você tá bem? — Riley perguntou, a preocupação começou a crescer no rosto dela.

Eu olhei-a, as lágrimas ainda não haviam secado nas minhas bochechas.

— Por que motivo eu estaria bem, Riley?

A angústia foi substituída por um pouco de acidez no rosto dela.

— Certo — ela concordou, e respirou fundo. — Merda. Bem... Eu lamento muito, Bella. — as desculpas foram sinceras, sem dúvida, apesar de ainda haverem algumas pontas de raiva espalhadas pelo seu rosto.

— Porque você veio aqui? Eu não quero desculpas de você, Riley.

— Eu sei — ela cochichou. — Mas eu não podia deixar as coisas do jeito que estavam essa tarde. Aquilo foi horrível. Me desculpe.

Eu balancei minha cabeça cautelosamente.

— Eu não entendo nada.

— Eu sei. Eu quero explicar... — parou de repente, quase como se alguma coisa tivesse cortado o ar de seus pulmões. Então ela sugou o ar com força. — ...Mas eu não posso explicar. — disse ainda com raiva — Eu queria poder.

Eu deixei minha cabeça cair nos meus braços. Minha pergunta saiu abafada pelo meu braço.

— Porque?

Ela ficou quieta por um momento. Eu virei minha cabeça para o lado — cansada demais pra segurá-la pra cima — para ver a expressão dela e me surpreendi. Os olhos dela estavam apertados, seus dentes trincados, a testa enrugada com o esforço.

— Qual o problema? — eu perguntei.

Ela exalou pesadamente, e eu me dei conta de que devia estar segurando a respiração

— Eu não posso fazer isso. — Riley murmurou, frustrada.

— Fazer o que?

Ela ignorou minha pergunta.

— Olha, Bella, será que você nunca teve um segredo que não podia contar pra ninguém? — e olhou para mim com olhos sábios, e os meus pensamentos pularam imediatamente para os Cullen. Eu esperava que a minha expressão não estivesse muito culpada.

— Alguma coisa que você sentia que tinha que esconder de Charlie, da sua mãe...? — ela pressionou — Uma coisa que você não falaria nem comigo? Nem mesmo agora?

Eu senti meus olhos se estreitarem mas não respondi a pergunta dela, apesar de saber que ela consideraria isso uma confirmação.

— Será que você pode entender que talvez eu esteja na mesma... Situação? — ela estava lutando de novo, parecendo batalhar pra encontrar as palavras certas — Às vezes a lealdade fica no caminho das coisas que você quer fazer. Às vezes, nem é o seu segredo.

Então, eu não podia discutir com isso. Ela estava exatamente certa — eu tinha que guardar um segredo que não era meu, e mesmo assim era um segredo que eu me sentia inclinada a proteger. Um segredo sobre o qual, de repente, ela parecia saber tudo.

Eu ainda não via como isso se aplicava a ela, sua mãe, ou Sam, ou Bonnie. O que era isso para elas, agora que os Cullen haviam ido embora?

— Eu não sei o que você veio fazer aqui, Riley, se você só faz enigmas ao invés de me dar respostas.

— Me desculpe — ela sussurrou. — Isso é tão frustrante.

Nós olhamos para os rostos uma da outra na escuridão por um longo momento, os dois rostos sem esperanças.

— A parte que me mata — ela disse de repente — É que você já sabe. Eu já te contei tudo.

— Do que diabos você tá falando?

Ela sugou o ar alarmada, e então se inclinou na minha direção, o seu rosto passou de desesperançosa para brilhante de intensidade em um segundo. A garota me olhava penetrantemente nos olhos e a voz estava mais rápida e mais ansiosa. Riley falou as palavras diretamente no meu rosto; o hálito dela era tão quente quanto sua pele.

— Eu acho que vejo um jeito de ajeitar as coisas, porque você já sabe disso, Bella! Eu não posso te dizer, mas se você adivinhasse, isso não estaria me envolvendo!

— O que você quer que eu adivinhe? Adivinhar o que?

— O meu segredo! Você consegue, você sabe a resposta!

Eu pisquei duas vezes, tentando limpar minha cabeça. Eu estava tão cansada. Nada do que ela dizia fazia sentido.

Ela viu minha expressão vazia, o rosto ficou tenso com o esforço de novo.

— Porra, deixa eu ver se consigo te ajudar — ela disse.

O que quer que fosse que ela estivesse tentando fazer, era muito difícil quando ela estava ofegando.

— Ajudar? — eu perguntei, tentando acompanhar. Minhas pálpebras queriam se fechar, mas eu as forcei a ficarem abertas.

— É — ela disse, respirando com força. — Como pistas, esse tipo de babaquice.

Ela pegou meu rosto entre as suas mãos enormes e quentes demais e o segurou a apenas alguns centímetros do seu e me olhou nos olhos enquanto cochichava, como se estivesse me comunicando algo além das palavras que dizia.

— Se lembra do dia em que você viu Jacob Black na praia em La Push pela primeira vez?

— É claro que lembro.

— Me fale sobre isso.

Eu respirei fundo e tentei me concentrar.

— Ele me perguntou sobre o Tracker...

Ela balançou a cabeça, com pressa de que eu continuasse.

— E aí nós falamos sobre carros...

— Continue.

— Nós fomos andar pela beira da praia... — minhas bochechas estavam ficando quentes embaixo das mãos dela enquanto eu me lembrava, mas Riley não ia reparar, de tão quente que a sua pele era. Eu tinha pedido para Jacob andar comigo só porque eu queria arrancar algumas informações dele.

Riley estava balançando a cabeça, ansiosa por mais.

Minha voz estava quase sem som.

— Jake me contou histórias assustadoras...  Lendas dos Quileute.

Ela fechou os olhos e os abriu de novo.

— Sim.

A palavra era tensa, fervente, como se estivesse à beira de alguma coisa vital. Ela falou lentamente, tornando cada palavra distinta.

— Você se lembra do que ele disse?

Mesmo no escuro, ela deve ter sido capaz de ver a mudança na cor do meu rosto. Como eu poderia esquecer aquilo? Sem se dar conta do que estava fazendo, Jacob Black me contou exatamente o que eu queria saber naquele dia — que Edythe era uma vampira.

Riley olhou para mim com olhos que sabiam demais.

— Pense bastante. — ela me disse.

— Sim, eu me lembro. — eu respirei.

Ela inalou com força, lutando.

— Você se lembra de todas as histó... — ela não conseguiu terminar a pergunta. Sua boca se abriu como se alguma coisa houvesse agarrado a garganta dela.

— Todas as histórias? — eu perguntei.

Ela balançou a cabeça ainda muda.

Minha cabeça se agitou. Somente uma história me importava de verdade. Eu sabia que Jacob havia me contado outras, mas eu não conseguia me lembrar do prelúdio inconsequente, especialmente quando minha mente estava tão nublada de exaustão. Eu comecei a mexer a cabeça.

Riley grunhiu e pulou da cama. Ela pressionou os punhos na testa e respirou rápido e com raiva.

— Você sabe disso, você sabe disso. — ela murmurou pra si mesma.

— Riley? Por favor, Riley, eu estou exausta. Eu não estou muito bem pra isso agora. Talvez amanhã de manhã...

Ela respirou para se acalmar e balançou a cabeça.

— Talvez as coisas voltem pra você. Além do mais, acho que posso entender porque você só se lembra de uma história.

Riley acrescentou num tom sarcástico, ácido e sentou de volta no colchão perto de mim. Porque ela havia resolvido acreditar, porque justo agora? Meus dentes se apertaram e eu a encarei de volta.

— Está vendo o que eu disse sobre lealdade? — ela murmurou, ainda mais áspera agora — É o mesmo pra mim, só que pior. Você não pode imaginar o quanto eu estou envolvida...

Eu não gostei disso — não gostei do jeito como os olhos dela se fecharam como se estivesse sentindo dor quando falava no quanto estava envolvida. Mais que não gostar — eu me dei conta de que odiava isso, odiava qualquer coisa que a fizesse sentir dor. Odiava ferozmente.

O rosto de Samantha encheu minha mente.

Para mim, isso tudo era essencialmente involuntário. Eu protegia o segredo dos Cullen por amor — bem, um amor que não deu totalmente certo, mas era amor verdadeiro. Para Riley, isso não parecia ser o mesmo.

— Não há nenhum jeito de você se libertar? — eu sussurrei, tocando a parte de trás do seu cabelo.

As mãos dela começaram a tremer, mas não abriu os olhos.

— Não. Eu estou nisso pra vida inteira. Uma sentença de vida. — uma risada vazia — Mais longa, talvez.

— Não, Riley — eu gemi. — E se nós fugíssemos? Só você e eu. E se saíssemos de casa, se deixarmos isso para trás?

— Não é uma coisa da qual eu posso fugir, Bella. — ela cochichou. — No entanto, eu fugiria com você, se eu pudesse. — agora os ombros dela estavam tremendo também. Ela respirou fundo. — Olha, eu tenho que ir.

— Porque?

— Pra começar, parece que você vai desmaiar a qualquer segundo. Você precisa do seu sono, precisa recarregar suas baterias. Você vai descobrir tudo, você precisa.

— E porque mais?

Ela fez uma careta.

— Eu meio que dei uma escapada já que não tenho permissão de ver você. Eles devem estar imaginando onde eu estou. — a boca dela se contorceu.

A raiva passou por mim com força

— Eu os odeio.

Riley olhou pra mim com os olhos arregalados, surpresa.

— Não, Bella. Não odeie os caras. Não é culpa de Sam e nem de nenhum dos outros. Eu já te disse antes, isso sou eu. Sam é na verdade... Bem, incrivelmente legal. Jules e Paul são ótimos também, apesar de Paul ser meio sei lá... E Leah sempre foi minha amiga. Nada mudou aí, a única coisa que não mudou. Eu realmente me sinto muito mal pelas coisas que eu costumava pensar sobre Samantha...

— Sam é incrivelmente legal. — eu olhei para ela sem acreditar, mas deixei passar — E então porque é que você não pode mais me ver?

— Não é seguro. — ela murmurou, olhando para baixo.

As palavras mandaram um arrepio de medo pelo meu corpo.

Ela sabia disso também? Ninguém sabia disso além de mim. Mas ela estava certa — era o meio da noite, a hora perfeita para uma caçada. Riley não devia estar aqui no meu quarto. Se alguém viesse atrás de mim, eu tinha que estar aqui sozinha.

— Se eu achasse que era muito... Muito arriscado, nunca teria vindo. — ela sussurrou e segurou minha mão — Eu farei todo o possível para estar lá por você, assim como prometi.

Ela sorriu pra mim de repente. O sorriso não era meu, nem de Sam, mas uma estranha combinação dos dois.

— Ia ajudar muito se você pudesse descobrir isso sozinha, Bella. Se esforce muito para isso.

Eu fiz uma careta fraca.

— Eu vou tentar.

— E eu vou tentar te ver logo... — ela suspirou. — E eles vão tentar me convencer a não vir.

— Bem, não os ouça.

— Vou tentar. — ela balançou a cabeça como se duvidasse do seu sucesso — venha me ver assim que você descobrir — alguma coisa ocorreu a ela nessa hora, alguma coisa que fez as mãos suas tremerem. — Isso se... Isso se você quiser.

— Porque eu não iria querer ver você?

O rosto dela ficou duro e ácido. Aquele rosto pertencia cem por cento à Sam.

— Oh, eu posso pensar numa razão — ela disse num tom áspero — Olha, eu realmente tenho que ir. Você pode fazer uma coisa por mim?

Eu só acenei com a cabeça, assustada pela mudança nela.

— Pelo menos me ligue, se não quiser me ver de novo. Me deixe saber se for assim.

— Isso não vai acontecer.

Ela ergueu uma mão, me cortando, se levantou e foi para a janela.

— Só me deixe saber.  

— Não seja idiota, Riley. — eu reclamei. — Você vai quebrar a perna. Use a porta. Charlie não vai te pegar...

— Eu não vou me machucar. — ela murmurou, mas se virou para a porta.

Riley hesitou enquanto passou por mim, me olhando com uma expressão como se alguma coisa estivesse incomodando-a. Eu peguei a mão dela, e de repente fui puxada — com força demais — para fora da cama e para corpo nu dela.

— Só pela dúvida. — ela murmurou no meu cabelo, me apertando num abraço de urso que quase quebrou minhas costelas.

— Não consigo, respirar. — eu asfixiei.

Ela me soltou imediatamente, mantendo uma mão na minha cintura para que eu não caísse.

— Durma um pouco. Você precisa fazer sua cabeça trabalhar e entender. Eu não vou te perder, Bella. Não por isso.


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Notas finais do capítulo

TT: @eldiablexx
TT: @euapenasju



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