Teddy Lupin

— Teddy! Teddy! — gritava Lily, correndo em minha direção.

— O que foi pequena? — falei, pegando a no colo.

— Olha o que eu aprendi! — falou, muito animada.

Ela ergueu a mão e começou a contar os dedos. Ela se atrapalhou na hora de contar o 5, 6 e 7, mas eu a ajudei.

— Que menina esperta você é, Li...

Ela já tinha ido mostrar para o tio Harry.

Eu ri.

Algumas coisas que ela fazia mereciam ser documentadas.

E foi aí que eu tive a ideia.

★★★

Subi as escadas correndo e logo logo já me localizava no corredor dos quartos.

Passei pelo da Lily — que tinha uma coroa rosa e dourada com seu nome escrito na porta —, pelo do Albus — uma caveira na porta —, do James — um brasão da Grifinória, sem falar no barulho de gemidos vindo de dentro (certeza que a garota entrou pela janela) e finalmente cheguei no meu.

Uma das únicas coisas ruins de ser rico e morar em uma mansão é que você demora uns 50 anos pra deslocar-se de um cômodo para o outro. E, desde que a meus pai, Remus e Nymphadora Lupin morreram, eu morava ali na Mansão Potter, junto com o meu padrinho Harry, sua esposa Ginny e seus filhos, James, Albus e Lily.

Um detalhe sobre mim: eu não sou nada organizado. Então, já era de se esperar que meu quarto fosse a verdadeira definição do caos.

Driblando caixas de pizza e bagulhos aleatórios e escavando montes de roupa suja — Fleur iria pirar quando visse esses troços — encontrei o que eu queria: uma câmera.

Havia ganhado essa câmera de aniversário de meus pais um ano antes de eles falecerem. Meu primeiro pensamento foi Dude, que inútil. Celular existe, galera! Mas é óbvio que eu não disse isso.

Liguei ela e foquei em mim, começando a gravar.

— OLÁ, LILOCA! E aí? Você, a Lily 2.0 futurística do futuro, deve estar se perguntando "Mas que porra é essa, Lupin?" e é aí que eu te respondo. Bom, eu também não faço a mínima ideia. Só que você aprendeu a contar e eu pensei "Por que não guarda momentos como esse?" e cá estou eu. TCHARAM! Vamos conhecer a versão Idade da Pedra dos seus familiares? Let's go!

Desviei dos entulhos do meu quarto com a câmera apontada para o corredor. Parei em frente à porta do James. Os gemidos já haviam cessado (ele sempre trás as garotas pra casa quando tio Harry está ocupado demais para perceber), graças à Dumbledore, e agora ali se encontrava toda a Turminha-mais-velha-que-a-maioria-mas-não-tão-velha-quanto-eu-e-a-Victoire.

— Olha Lily, esse é o seu irmão Gay... Quer dizer Jay. Aquela ali cujo o cabelo não consegue decidir se é ruivo ou loiro é a Domi — falei, apontando para cada um — , aquela que parece que derramaram spray de Cheetos na cara de tanta sarda que tem é a Molly Mollenga, aquele que tem um olhar de quem quer enfiar uma bomba de bosta no teu cu no momento que você virar as costas e o Fred e aquele que tá achando graça nisso tudo é o Frank.

— Mas que porra é essa, Lupin? — perguntou Dominique.

E fechei a porta.

Encaminhei-me até a porta de caveira e a abri, revelando o Povinho-do-meio. 

— Esse é o seu irmão Al jogando video-game com a Doninha Albina Jr. Essa é a Alice fingindo assistir a partida dos dois só pra poder encarar o Albus pelo canto do olho — ambos coraram —, aquela lendo é a Rosiléia e maluca gritando e falando alto só pra atrapalhar os citados acima em suas tarefas é a Roxy.

Fechei a porta antes de qualquer um falar alguma coisa.

Desceu as escadas e foi para o jardim, onde perto da piscina, os Baixinhos-da-Xuxa conversavam animadamente.

— Esses são Lorcan e Lysander. Ou Lysander e Lorcan, sei lá. Ela é a Lucy e ele o Louis. E aquele correndo atrás de uma borboleta ali no canto é o Hugo. Ele é só três anos mais velho que você e eu prevejo muita pegação no futuro. A garota que tá tentando domá-lo é a Vic. Ela leva muito jeito com crianças.

Perto da churrasqueira, os adultos conversavam.

— E esses são os adultos. Aqui é a Mione brigando com o Rony, o George pregando alguma peça na Angelina, Luna e Rolf caçando algum bicho doidão por aí, Hannah e Neville se pegando como se fossem adolescentes E EU TO VENDO ESSA POUCA VERGONHA AÍ, HEIN! Percy conversa sobre algum assunto monótono com Gui, Molly Original ensinando para Astória e Fleur uma receita de bolo e Charlie conversando sobre dragões com o resto dos homens e tia Ginny. Ah, e olha você.

Ao longe, um vulto ruivo passava correndo para mostrar alguma coisa para a mãe.

— É, eu sei que essa família é muito doida, mas vai se acostumando. A vida é mesmo assim, mas pode confiar em mim. Você vai adorar se conhecer. Boa sorte, Lily!