O que é amor? escrita por Donzela de Ferro


Capítulo 2
Sentimentos




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Mais um dia começava no colégio Ouran. Após aquele dia que tanto deu dor de cabeça para o Clube dos Anfitriões. Especialmente para Haruhi e Sayuri, as coisas estavam começando a se tornar rotineiras. Haruhi já estava começando a se habituar ao novo ambiente da escola de ricos, levando as discrepâncias de forma mais leve e Sayuri estava entrando nos eixos novamente, aqueles que perdeu ao passar tanto tempo no exterior. Ela precisava retomar o costume de estudar, ainda mais sendo uma pessoa com péssimo desenvolvimento em cálculos e matemáticas.

Nesse meio de adaptação ocorreu o desenvolvimento de uma forte amizade entre Sayuri e Haruhi. Provavelmente, a única amizade feminina de ambas, que devido a circunstâncias próprias de cada, as obrigava a ter praticamente só amizades masculinas. No caso de Haruhi, o seu segredo, que a distanciava de demais amizades femininas, mas que fez com que ela se sentisse à vontade com Sayuri, que soube desde o momento que a viu que ela era menina. Já no caso de Sayuri, sua própria personalidade a distanciava das demais meninas.

Devido ao fato de lutar boxe, usar roupas muitas vezes masculinas, como o próprio uniforme, por exemplo, por andar sempre com os meninos e entrar em suas brincadeiras, ter um lado da cabeça, mesmo que levemente, raspado e não ter muitas frescuras ou voz fina e ficar babando por meninos como os próprios anfitriões, foi muitas vezes taxada de "sapatão", ou de "machinho", o que no início a incomodava, mas que após um tempo, ela viu que não importava de verdade.

Com isso, as duas, mesmo não pertencendo ao mesmo ano se aproximaram muito, deixando um sentimento de confusão em Tamaki, que não sabia se ficava feliz por finalmente haver uma amizade feminina recíproca entre sua prima e sua "filha", como chamava Haruhi, ou se ficava com ciúme da relação, que ele dizia ser atraente para os demais. Aproveitando-se um pouco da situação, Hikaru e Kaoru sugeriram algo meio absurdo, porém, atraente aos olhos das clientes:

—Por que vocês duas não fingem ser um caso?

—An? Um caso? -disse Sayuri.

—É. Uma menina masculinizada com um "menino" afeminado, não acham que funcionaria? -sugeriram os dois.

Nesse instante, o cinema íntimo na cabeça de Tamaki começou a rodar, imaginando cenas onde as duas estivessem entrelaçadas uma com a outra, com Sayuri oferecendo proteção a Haruhi, que permanecia em seus braços. Percebeu-se um sangramento em seu nariz.

—Senpai, você está bem? -perguntou Haruhi, tentando adivinhar o que se passava.

—NÃO! NÃO HAVERÁ NADA DISSO! EU NÃO DEIXAREI QUE ABUSEM DA MINHA FILHA E PRIMA ASSIM! ISSO É UM ABSURDO! O QUE VOCÊS ESTAVAM PENSANDO????!!!! -exclamou Tamaki, fazendo mais um de seus dramas pessoais, enquanto lacrimejava e abraçava Haruhi e Sayuri, numa posição de "proteção" (ou o que ele pensava ser).

—Mesmo que isso desse certo, eu não vou fazer parte disso, tenho coisa melhor para fazer por esse clube do que servir meninas desesperadas por amor inexistente. -afirmou Sayuri.

—INEXISTENTE? É ISSO QUE VOCÊ PENSA DO MEU TRABALHO, AFINAL? -gritou mais uma vez Tamaki, se isolando numa depressão melodramática no fundo da sala.

— O que vocês acham de eu continuar fazendo o que eu já fazia, hein? Tirar fotos para divulgação e revistas e ajudar Kyouya na administração? -sugeriu Sayuri.

—O que você acha, Kyouya-kun? -perguntou Honey-senpai de sua forma meiga, enquanto devorava um pedaço de pudim de chocolate.

Kyouya então ajeitou seus óculos e, após uns poucos segundos de silêncio, respondeu de forma fria:

—Claro, por que não?!

O clima por um pequeno instante ficou meio tenso entre os anfitriões, visto que Sayuri e Kyouya se encararam por uns segundos, até que foi quebrado pelos gêmeos, que com essa exata intenção, começaram a mostrar os trabalhos fotográficos de Sayuri para Haruhi.

—Nossa. Eles são realmente bons! Aonde são? -perguntou Haruhi.

—Ah, essas foram em Moscou. Consegue reconhecer o Kremlin? -respondeu Sayuri.

O clima então se virou para as fotografias, deixando para trás a tensão. Porém, Kyouya não conseguia tirar os olhos de Sayuri, que sabia estar sendo observada por ele, porém, se fez de sonsa enquanto explicava as fotos para Haruhi. Mais tarde, na aula, Sayuri estava em sua carteira quebrando a cabeça para tentar entender a maldita equação algébrica passada pelo professor. Como já mencionado anteriormente, ela já não possuía habilidades matemáticas, sem prática, então? Era um desastre! Quando olhou para o lado, percebeu que Kyouya, que sempre sentou na carteira a sua direita, já havia terminado os exercícios. Ficou pasma com a rapidez dele. Ela sempre soube que ele era bom, mas pelo visto, no tempo em que ficou fora isso se desenvolveu ainda mais. Ele ao perceber que ela lhe olhava com um olhar quase que fascinado (adorando, lógico), finalmente perguntou:

—Precisa de ajuda?

—Er... na verdade eu...eu...sim, preciso...- disse Sayuri, meio envergonhada.

—Algumas coisas nunca mudam, não é mesmo? -disse Kyouya, rindo.

—Ah, pare. Você sabe que sempre fui um fracasso nisso. -respondeu ela.

—Por isso mesmo. Aliás, ainda bem. -disse ele.

—Ainda bem por que? Você não acha mesmo que gosto de não entender, né?! -respondeu Sayuri, meio irritada com a afirmação de Kyouya.

—Ainda bem, porque se você fosse boa em matemática, eu não seria mais o melhor da turma. -disse ele, com um meio sorriso, e continuou- E também, se você fosse boa, eu não precisaria passar tempo tentando te ensinar.

—É, me desculpe. Te livraria de um fardo. -afirmou Sayuri.

—Fardo? Na verdade... eu gosto de te ensinar... me... me faz passar mais tempo com você. -afirmou Kyouya, olhando nos olhos de Sayuri, com um lindo sorriso.

Sayuri ficou envergonhada, o que a fez ficar corada e fez com que suas pequenas sardas se ressaltassem em seu rosto. Kyouya achou fofo, e isso fez seu coração acelerar um pouco, porém, conseguiu se controlar, mais uma vez e começou a explicar a equação a ela. No final das contas, aquela aula foi mais um passo para a aproximação dos dois. Após o expediente no colégio, os dois foram tomar um sorvete, algo que Sayuri amava.

Na sorveteria, papo ia e voltava, e cada vez mais a intimidade de ambos ia retomando, eles estavam extremamente felizes com a companhia um do outro. Em dado momento, Sayuri pôs sua mão em cima da mão de Kyouya, o que novamente fez o coração acelerar, porém, dessa vez não somente o dele, o dela também:

—Sabe Kyouya, você não faz ideia da saudade que eu estava disso. Da escola, do clube... de você.

—Desde que você foi eu só consegui pensar na sua volta, para falar a verdade... quer dizer, nós todos. -disse Kyouya, meio frio e atrapalhado, tentando novamente esconder o que sentia.

—Eu sei o que lhe disse da última vez que ficamos a sós, mas não está sendo fácil pra mim, te ver todos os dias assim, sem poder, você sabe... te sentir. Te ver apenas como os outros veem, um Kyouya Ootori frio e calculista. Dói. -falou Sayuri, com pesar e com os olhos cheios de água.

—Esse é quem eu sou. Mas não precisa ser assim para você. Sabe disso, certo? -respondeu Kyouya, cedendo um pouco às emoções, mas sem fraquejar.

—Você sabe porque não dá. Por favor, não faça isso comigo. -exclamou Sayuri, emotivamente, enquanto mexia o resto de sorvete que tinha na cumbuca e com a outra mão, apertava um pouco a mão de Kyouya.

Kyouya então tirou um lenço de pano do bolso, se inclinou em direção a Sayuri, pegou seu rosto delicadamente por seu queixo, se aproximando de Sayuri e enxugou suas lágrimas, que caiam contra sua própria vontade. Sayuri então, emotiva, porém já recomposta, olhou nos olhos de Kyouya, que ia cada vez mais aproximando seu rosto do dela. Os dois estavam quase... muito pouco era o que faltava. Quando ia acontecer, Tamaki, que estava passando por ali em sua limousine, viu que os dois estavam sentados. Em sua total falta de noção, pediu para seu motorista buzinar o mais alto possível e começou a acenar e gritar escandalosamente, o que interrompeu o momento, impedindo o mesmo de acontecer. Kyouya e Sayuri ficaram com uma cara de bunda indescritível.

Sayuri então, disse:

—Quer saber... foi melhor. Teria sido um erro. Me desculpe Kyouya. Desculpe de verdade. -enquanto se levantava para ir embora, aproveitando a carona de Tamaki para casa.

—Sa... yuri! -exclamou Kyouya, a segurando pelo braço.

—Eu... tenho que ir, me desculpe. De verdade. Não vai acontecer de novo. -respondeu novamente Sayuri, puxando seu braço de vez e se dirigindo ao carro. Entrou e foi embora, deixando novamente Kyouya para trás.

Mas dessa vez, Kyouya ficou realmente mexido com a situação, disparando um soco contra a mesa que estavam sentados. Tão perto, um desperdício. Mas ele mesmo sabia que os sentimentos de Sayuri estavam ali, esperando uma oportunidade de se juntar aos dele. E ele estava certo, porém, alguns dias depois ele teria certeza disso. Se levantou e ligou para um de seus carros particulares ir buscá-lo. Foi direto para casa e logo se deitou, ficando acordado a noite toda pensando em Sayuri.


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