Ensinando a Beijar escrita por Pakkuna
Mello respirou fundo
Ficou respirando
Inspirava e expirava
Ele estava lá de novo
Na frente daquela porta
Quantas vezes ele já não tinha encarado essa mesma porta?
Era uma tarde de segunda-feira
E também o primeiro dia de aula
Mas da SUA aula
Bateu na porta
Logo ouviu aquelas mesmas palavras de sempre
— Pode entrar
E ele entrou
— Oi – disse Mello apenas
— Está aqui para a nossa primeira aula? – perguntou-lhe Near, calmo e objetivo
Mello se surpreendeu sobre como ele conseguia falar disso tão abertamente, sem vergonha alguma
— A-ahn... Sim, né – respondeu Mello. Foi o melhor que conseguiu dizer
— Ok – disse Near levantando e sentando na sua cama – Bom, sente-se aqui - completou, olhando em direção a Mello
— Tá – dizia enquanto caminhava até a cama
Mello se sentou ao lado de Near
— Ta bom, e agora? – questionava Near enrolando uma mecha de seu cabelo e colocando uma de suas pernas sob a cama
Mello não sabia o que responder
Não sabia o que fazer
Não sabia por onde começar
Foi aí que teve uma ideia
De como escapar
.
— Por que a gente... não conversa? – sugeriu Mello – Para, sei lá, nós nos conhecermos melhor e para eu saber até onde você tem... hum, conhecimento sobre esse assunto – Mello terminou, olhando para o chão
Para ele, o professor, estava sendo mais complicado do que para o próprio aluno
Melhor, SEU aluno
— Tá – respondeu Near, com certo ar de decepção – Sobre o que exatamente quer conversar?
— Ah – Mello pensou sobre como iniciar essa conversa – Bom, com quantas pessoas você já beijou?
.
.
.
Mas direto do que isso não dava
— Ahn... Só com você – disse simplesmente Near
— Cara, sério. Pode falar – Mello não acreditava. Para uma pessoa como ele era difícil acreditar em coisas assim
— Estou falando, Mello – retrucou, olhando-o nos olhos
— Ah... – foi só o que conseguiu dizer – É sério?
.
— Que tipo de provas você quer que eu te dê mais? – Near respondeu
— Foi mal, é que parece meio difícil de acreditar – Mello falava deitando-se na cama e apoiando-se pelos cotovelos – Agora entendi por que você não beijava tão bem
— Como assim? – questionou-o Near
— Para você beijar bem é algo que se aprende na prática, ou seja, beijando bastante – falava Mello olhando agora para Near
Que estava vermelho com um pimentão
Mello fez uma cara de confuso
Até que entendeu o que disse
Se for para ensinar Near a beijar bem então eles teriam que...
Beijar bastante?
De acordo com Mello, sim
.
— N-não, e-eu não quis d-dizer t-tipo... – Mello tentava se explicar, e Near ficava cada vez mais vermelho – Eu não quis dizer que vamos nos beijar, s-sabe, tipo eu só vou te ensinar. Você vai beijar quem você quiser!
Near respirava calmamente para tentar voltar a seu estado normal
— Mas Mello... – disse Near
— O quê?
— E se... – Near parou um pouco e pensou no que exatamente ia dizer – E se a pessoa que eu querer beijar for você?
Near nem quis saber de rodeios
Mandou essa diretamente
Na cara de Mello
Que agora estava vermelho
Completamente vermelho
— C-como? – ele ainda quis perguntar para saber se era verdade ou não o que tinha acabado de ouvir
— Tipo, eu beijei o Mello – dizia Near, se aproximando – Então o Mello sabe o que tem de errado – e ele continuava se aproximando – Não seria mais lógico se a pessoa que eu beijasse fosse Mello? – Near finalizou, bem próximo a Mello
Mello não sabia o que responder
Então tentou dizer algumas míseras palavras:
— Bom, e se Mello não quiser beijar o Near?
— Seriam apenas beijos, Mello. Por que tem tanto medo? – perguntou Near, olhando-o nos olhos
— Não tenho medo! – exclamava Mello tentando se afastar de Near
— Então por que está se afastando de mim?
— Porque essa proximidade está estranha! – disse Mello, pondo-se de pé
Logo em seguida, Near também ficou em pé
— Mas seriam apenas beijos? Eu não seria diferente de todas as suas ficantes – falou Near jogando essa verdade na cara de Mello
— Mas é diferente! – tentou se explicar Mello
— Por que é diferente Mello? – Near perguntou com uma voz uma pouco mais alta que o normal
— Porque você é um garoto!
.
.
Sim, ele falou isso
Na cara de Near
O silêncio reinou por um longo tempo
Até que um se pronunciou
— Você não levou isso em consideração quando me beijou no refeitório. Por que tantos rodeios?- questionava Near, com a cabeça baixa
— Eu não te devo explicações e eu já te dei todas sobre o por quê de eu ter feito aquilo. Você conhece todas as minhas explicações (lê-se: Álibi)! – exaltou-se Mello – Até parece que você quer mesmo me beijar – completou
É, ele era cego demais para ver
- Okay então Mello – Near dizia enquanto se sentava da sua habitual forma na cama – Não quero mais discutir. Será que dá para começarmos?
— Não. – respondeu Mello – Vamos deixar para amanhã e eu vou pensar direito no que fazer – disse ele, abrindo a porta e logo a fechando.
Deixando Near sozinho no quarto
E ele seguindo para o seu próprio
— Ah, como eu odeio aquele albino!
Aquelas mesmas palavras de sempre...
.
.
No quarto Near ficou pensando em tudo o que ocorreu
E pensando no quanto Mello era burro
Burro? Não
Melhor dizer cego
Já que não enxergava o que estava bem na sua frente
Near gostava dele
Near sabia disso
Não entendia porque exatamente gostava de Mello
Não entendia direito os seus sentimentos
Afinal quem é idiota o suficiente para gostar da pessoa que mais te odeia?
E ainda querer que essa pessoa descubra?
Então Near quis virar o jogo
Não ia mais tentar fazer Mello perceber
Ia deixar para lá
Ia seguir com as aulas normalmente
Mas sem mais indiretas
Ele já tinha dado todos os sinais possíveis para Mello
Então chega!
É como dizem:
Pior cego é aquele que não quer ver
Mello que continuasse no escuro
Ele que tentasse achar a tomada para acender a luz
E quando acendesse
Melhor, se acendesse
Ele iria se arrepender?
Não sabemos
Near ia ter que continuar com aquelas perguntas
Similares as perguntas que cercavam o Mello dia e noite
Uh, parece que o jogo virou não é mesmo?
Já que gostando ou não
Seu coração não era mais seu
Era a única lâmpada desse mundo escuro
E a única bengala que o cego teria
E o único que o guiaria para fora do quarto escuro
.
.
.
.
.
CONTINUA...
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