Operação Zumbi escrita por Morgenstern


Capítulo 2
Grupo Z




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— Cora. – a voz de Luke chegou em um sussurro aos meus ouvidos, me fazendo virar em sua direção no instante em que ele pulou a janela com uma de nossas mochilas pretas em seus ombros. 

— Limpo! – sussurrei voltando a observar no visor. 

Não precisei olhar para saber que ele estava avisando aos outros que vinham logo atrás, não precisei ver que estavam dando cobertura uns aos outros até todos estarem nas escadas de incêndio. Observei pela última vez e então me ergui em um pulo colocando a alça da minha CFR Whisper no ombro enquanto descemos do prédio.

Nosso grupo era formado por cinco jovens, três homens e duas mulheres. Luke, o mais velho e o mais racionalmente instável que nos liderava. Parker, que se considerava o vice-líder, ele pensava mais com as mãos do que com a cabeça, ou seja, se o irritasse levaria um soco ou um tiro. Tony, o mais novo com apenas quatorze anos era considerado nosso mascote. Vitória e eu tínhamos a mesma idade, perdemos nossos pais quando ainda éramos crianças, nos tornando órfãs sendo aquela a única coisa em comum que nós tínhamos. Além de sermos as duas únicas garotas do grupo. Os rapazes nos chamam de lado bom e lado mal. Eu ainda não sabia qual lado eu era, mas podia arriscar adivinhar.

— Limpo. – Luke disse espiando pelo muro a rua da frente. 

Passamos por ele fazendo um meio círculo observando por todos os lados com nossas armas nas mãos e bolsas nas costas. Eu gostava de andar atrás, gostava de caminhar devagar e observar ao redor, gostava da sensação de proteção, de ser silenciosa e não hesitar ao atirar em qualquer coisa que se arrastasse atrás de nós. Passamos por ruas desertas, por carros largados de qualquer jeito como se não adiantasse fugir com eles, por prédios sombrios e empoeirados com janelas e portas quebradas. O ar sempre parecia mais sombrio no lado de fora dos muros, parecia assombroso.

— Limpo. – Parker disse na esquina de uma rua. Tori passou na frente se escondendo atrás de um carro espiando a próxima rua. 

— Limpo. – ela disse. 

E foi assim até chegarmos aos grandes portões da Cidade. Papai dizia que ali se chamava Nova Iorque antes do fim do mundo, que aquela era mais uma das três entradas para a Cidade e que todos adoravam passar as noites na iluminada Nova Iorque. Bem, eu a conheço apenas por Cidade e apesar de também ser iluminada a noite, duvidava que houvesse muita semelhança.

Um refletor cegante caiu sobre nós quando paramos lado a lado frente ao portão, erguemos as palmas das mãos para trás da cabeça e esperamos enquanto a segurança nos observava tempo suficiente para um bando de zumbis conseguir nos alcançar. Era a mesma coisa de sempre, tinham medo que estivéssemos infectados ou com o vírus evoluído o bastante para não possuir diferença externa. Mas eu sabia que estávamos limpos. Luke, como líder do grupo, foi até os portões, até a máquina de segurança que escaneou seu polegar e liberou a entrada. Nos cinco segundos em que o processo acontecia observei as cabines da segurança que ficavam em dois pontos acima dos portões, uma ao lado direito e outra ao lado esquerdo. Eu não sabia o que faziam ali, porém, tinha certeza que aqueles caras não dormiam muito. 

Um alarme ecoou pelo lado de dentro avisando que os portões seriam abertos. Eu odiava aquele alarme. Odiava pois esperava ouvi-lo em cada saída em que meus pais faziam e quando eles não haviam voltado mais, o alarme me dava calafrios como um lembrete do que eu havia perdido há alguns anos. 

Os portões eram rápidos para abrir e eram mais rápidos ainda para fechar, era para nossa segurança eles diziam e lá estávamos outra vez sendo observados em um cubículo entre o lado externo e o interno. Os soldados vigias haviam nos deixado entrar, mas ainda existia um segundo teste onde mediam nossa temperatura e revistavam se havia algum ferimento pela equipe de soldados médicos. Eles ficavam com nossas mochilas e com o que tinha dentro para então, depois de uma vistoria crítica, serem levados ao galpão de distribuição. Haviam três portões na Cidade em lugares estratégicos que nos permitia sair e entrar com suprimentos, todos eles estavam nas pontes que ligavam aos outros distritos completamente desertos. Havia duas cabines com soldados vigias em cada portão e o mesmo procedimento de verificação na entrada por soldados médicos.

Tivemos sorte desta vez. 

Os segundos portões abriram para nossa passagem mostrando ruas iluminadas com grupos de soldados que marchavam em várias direções na troca de turno enquanto as casas dos civis faziam parte do plano de fundo. Caminhamos pela rua iluminada e larga o bastante para o movimento dos únicos veículos que tínhamos ali, jipes e tanques, meu preferido apesar de nenhum Beta ter permissão para pilotar ou até mesmo entrar em um deles. Desviei meu olhar das costas de Parker para um grupo que treinava no Campo A, faziam flexões na grama gasta brilhando com o suor e não pareciam cansados. No Campo C estava os dois outros grupos que haviam saído pelos outros portões, eles se mantinham em seus grupos conversando entre si até um deles encontrar meu olhar, sussurrar algo que fez com que os outros virassem rapidamente.

Nada sutil, eu diria. 

Para os Betas como nós, treinar com soldados, perto deles ou no local de trabalhos deles era uma forma de nos manter em alerta, sem contar na pressão que é ver o que cada um de nós se tornará quando adulto. Tínhamos três campos grandes o bastante para que pudéssemos correr, lutar, treinar tiros, exercitar o corpo e suar bastante. 

— Grupo Z, apresente-se. – o soldado responsável pela saída da noite se aproximou segurando uma prancheta.

— Grupo Z se apresentando senhor! – Luke exclamou no momento em que batíamos continência ao mesmo tempo em linha reta. 

— Estão todos aqui? – o soldado perguntou encarando sua prancheta. 

— Sim, senhor. – respondemos em coro. O soldado ergueu seu olhar para nós colocando as mãos para trás enquanto nos observava atentamente e nós fazíamos o mesmo. 

— Como foi? – quis saber.

— Chadwick ficou do lado de fora, senhor. – Luke disse fazendo o soldado me encarar. – Entramos no terceiro andar. Estava limpo. Sem qualquer movimentação estranha. Brooks e Calhoun pegaram os remédios listados. Parker e eu descemos até o segundo andar para pegarmos alimento. Estava limpo, senhor. 

O soldado concordou com a cabeça, porém ainda me analisava. Eu o conhecia apenas de vista, já havia visto conversar com meus pais quando eu ainda era criança e ele foi um dos três soldados que arrumaram minhas coisas e me levaram para o dormitório Beta depois que meus pais foram tidos como mortos. Foi ele também quem escolheu a nova família que iria morar na casa 55. A minha casa. Arrisquei desviar meu olhar para ler sua identificação que todos tinham no bolso de frente do uniforme e voltei ao seus olhos pretos. 

Cabo Bosco

— Quero os três grupos aqui, em fila! 

Rapidamente Luke deu um passo para frente, Parker se posicionou logo atrás, Vitória, Tony e por último eu. Os dois outros grupos fizeram o mesmo, com seus líderes na frente e seus suicidas no final da fila. Isto por que, quem se voluntariava a ficar do lado de fora enquanto os outros faziam o trabalho mais fácil, era considerado um suicida, afinal, nenhum de nós sabíamos quando as sombras se aproximariam o suficiente para se tornarem ameaçadoras e não sabíamos se teríamos ajuda de nossos colegas de grupo. 

O cabo Bosco assentiu levemente e então começou a ler algo preso em sua prancheta, alto o suficiente para que o grupo de veteranos Betas, quase soldados, no Campo A pudessem ouvir. 

— Grupo X conseguiu quarenta por cento de roupas e quarenta por cento de alimentos. O Grupo Y conseguiu trinta por cento de alimentos. O Grupo Z conseguiu trinta por cento de remédios e quarenta por cento de alimentos.

Urgh, aquilo não era bom. Quando os grupos de buscas são separados, espera-se que ultrapassem a média dos grupos passados e foi o que não aconteceu com o Grupo Y. Geralmente os soldados tinham péssimas tarefas para o grupo que ficava abaixo da média.

— Grupo Y cuidará da entrada dois. 

 Como eu disse, tarefas terríveis.

Ficar na segurança da entrada seria fácil demais para quem não cumpre as regras, o que o cabo quis dizer foi realmente o que ele disse, cuidar da entrada plantando armadilhas para zumbis, reorganizando as que já estavam lá e o mais perigoso, reajustando as já armadas. Um corte ou um arranhão seria o suficiente para o vírus se alojar em seu corpo. Um deslize ao montar as armadilhas e você morre. Qualquer apreensão em reajustar as armadilhas já armadas, você está ferrado e isso acontece principalmente por quase todas elas possuírem um zumbi burro o suficiente para tentar atravessá-las e ficar preso nelas. Ou seja, muito ferrado. 

 O grupo Y bateu continência ao cabo Bosco virando-se em seus calcanhares e em fila se apressaram em direção a entrada dois. O cabo os observou sair de vista e então nos liberou com uma continência rápida. 


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