Operação Zumbi escrita por Morgenstern


Capítulo 10
10 - Um plano




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— Califórnia. – Nathan disse acenando com a cabeça. – Como está seu pé?

— Bem e obrigada por... Pelo o que você fez.

— Está tudo bem. Eu faria outra vez se precisasse. – Nathan respondeu com um sorriso grande no rosto, poderia encostar os lábios das duas orelhas se fosse possível.

— Tomara que não. – respondi rapidamente.

— É, tomara que não. – Parker disse com os braços cruzados no peito. – Vai para casa?

— Sim. Você vai?

Os dois trocaram olhares rapidamente antes de Parker concordar com a cabeça. Eu poderia ter dito apenas sim ou não, e não perguntar se ele também iria, até por que, o que isto importava para mim? Sorri para Nathan enquanto passava por ele e não esperei por Parker. Já estava arrependida com minha resposta. Parker apareceu ao meu lado acompanhando meu ritmo, os mesmos passos e tão perto que nossos braços quase se tocaram. Olhei para minhas botas, para o chão, para o céu azul com poucas nuvens, pensei em Vítor, no médico e em tudo, menos na conversa que tinha acabado de ouvir, ou que Parker estava ao meu lado.

— Cora, eu preciso te dizer uma coisa. – Parker disse de repente.

Evitei olhar para ele e ver alguém na qual não estava acostumada a ver, afinal de contas, Parker sempre foi para mim um idiota completo e vê-lo tão perto, sentir sua mão e sua preocupação era algo totalmente novo para mim, principalmente depois de ouvir a conversa entre ele e Nathan. Pensei seriamente em não responder, ou melhor, dizer que precisava descansar e qualquer outra coisa para evitar aquele momento.

Limpei a garganta, ergui a cabeça e respirei fundo, mas antes que pudesse abrir a boca para falar, Tony apareceu em meu campo de visão correndo se aproximando de nós, ofegante e assustado.

Salva pelo gongo.  

— Cora! Parker! – Tony gritou.

— E ai? – Parker respondeu elevando a voz em um tom irritado. Tony parou frente a nós inclinando-se para frente apoiando as mãos nos joelhos enquanto tentava respirar.

— Luke... Ele...Ele...

— O que? – perguntei ansiosa.

— Luke. Ele...

— Tudo bem, já entendemos. – Parker resmungou. – O que Luke fez? – Tony respirou profundamente se erguendo para nos encarar.

— O Grupo Y não estava fazendo o trabalho de cuidar da entrada direito e Luke foi ajudá-los.

— Por que ele faria isso? – perguntei intrigada.

— Não sei. Ele fez... Ele está fazendo agora mesmo.

— E onde está o Grupo Y? – Parker perguntou passando uma mão pelo rosto.

— Com ele.

— E porque...

— Vamos lá. – falei interrompendo Parker, desesperada para sair dali.

— Por favor. – Tony suplicou. – Precisamos fazer algo.

Cuidar da entrada não era tão difícil para que um Beta, ou um grupo, precisasse de ajuda e quando isso acontecia, não era pelo fato do grupo responsável para o trabalho pedir, era simplesmente pelo fato de que o Beta se voluntariou para ajudar. Ou seja, Luke foi de boa vontade fazer o trabalho dos outros.

Quando chegamos na entrada dois Tori já estava escondida em um dos arbustos que cresciam no muro, o que significava que nenhum soldado sabia sobre a atitude de Luke e nenhum de nós iríamos dedura-lo. Seguimos Tony nos escondendo entre os dormitórios, jipes estacionados e arvores até estarmos completamente fora da vista de algum soldado ou civil ou até mesmo um Beta.

— Ainda bem que chegaram. – Tori sussurrou amarrando seu cabelo preto e curto, ela sempre fazia aquilo antes de uma saída ou um treino. – Luke saiu e não avisou a ninguém.

— Por que ele faria isso? – perguntei intrigada, não fazia sentido Luke ser irresponsável daquele jeito.

— Não sabemos. – Tony respondeu.

— Como ele saiu e nenhum soldado o viu? – Parker perguntou adiantando o que seria minha próxima pergunta.

— Nós seguimos ele até aqui e vimos ele sair por uma porta que nem mesmo sabíamos que existia. – Tori disse. – Os soldados não o viram e provavelmente ele deve está se disfarçando como um do Grupo Y.

Olhei para minhas botas, para o chão tentando pensar em algo que não nos colocasse em encrenca e que ao mesmo tempo ajudasse o Grupo Y. Pensei na possibilidade de me apresentar para o soldado de vigia no muro e pedir permissão para ajudá-los mas como sempre, iriam me achar arrogante por achar que o grupo não tinha condições para trabalhar sozinho. Pensei em nos juntarmos como um grupo só mas seria muito Beta para um grupo comum, não daria certo. Pensei, olhei para as botas frente a mim. Pensei, ergui o olhar pela calça militar. Pensei, reconhecendo a blusa de flanela. Parei de pensar encontrando o olhar de Parker em mim. Desviamos o olhar rapidamente e lá se foi minhas chances de pensar em algo bom o bastante, afinal, quem tinha essa função estava no lado de fora da Cidade, ajudando um grupo na qual havia recebido trabalho extra por não cumprir as regras. Estávamos com uma suicida boa de mira, um cara na qual só sabia atirar, um garoto que cresceu em um campo de treinamento e uma garota na qual se exercita 22 horas por dia. Qual a possibilidade de alguma ideia racional surgir ali?

— Tudo bem, escutem. – Parker disse de repente. – Um de nós vai até lá e chama Luke.

— Ou podemos ajudar. – Tori disse.

— Não tem como. Vão saber que estamos lá. Nem mesmo sei como Luke não foi reconhecido.

— Bem, a ideia de um ir chamá-lo é boa. – falei. – Mas, estes soldados não nos conhecem. Nem mesmo lembram nossos nomes. Poderíamos trocar de lugar com o Grupo Y.

— Boa! – Tony disse no instante em que Parker sussurrou: – Nem pensar.

Entre as duas ideias que foram ditas ali, a minha estava ganhando da de Parker. Tori e Tony haviam votado em mim enquanto que ele votou em si mesmo, o que não valia como voto. O próximo passo era escolher alguém que iria até Luke e diria sobre o plano. Todos se voluntariaram, mas, como dona da ideia e por não querer ficar ali com Parker, eu deveria ir. Tori, por outro lado, tinha argumentos sobre minha proposta com a explicação de que o mais discreto deveria ir, alguém como ela ou Tony. Parker, deu de ombros ignorando-nos e enquanto discutíamos em dez tons mais baixo, ele saiu sem que notássemos e quando havia voltado ainda estávamos brigando para decidir quem deveria sair.

Esse era nosso grupo. Tori sempre argumentando minhas opiniões e eu as dela. Tony sempre pensando em algo menos perigoso, Luke sempre pensando em algo inteligente e Parker sempre agindo por seus instintos.

 


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