Quando Will dissera para Owen que o Papai Noel traria algo para enfeitar a árvore de natal cuja acabou de montar, ele permaneceu como um vigilante naquela manhã, não piscava os seus olhos que brilhavam através da janela. Sempre lembrara a história que sua mãe contara antes de dormir, dos segredos das renas e do natal.

“Chegou! Chegou! Chegou!” disse o garotinho quando ouviu um som de sino, eufórico. “Papai Noel trouxe os enfeites da árvore.”

“Parece que sim, amigão.” concordou Will, com um sorriso.

Ele não perdeu tempo algum, abriu a porta, completamente curioso, com o pensamento de “Jay cumpriu o seu trabalho de bom irmão.” e Owen logo gritou quando viu uma caixa de papelão retangular em cima do tapete. Ele pulou, depois começou a gritar todo feliz da vida pelos cômodos da casa, fazendo Natalie ter a certeza de que adorava ver a empolgação e a interação do filho com Will. Ele o amava, pensou.

Acompanhados por chocolate quente e saborosos muffins de blueberry e limão siciliano, ambos começaram a preparar a árvore de natal juntos. Era um grande trabalho pela frente e Will certificou-se em colocar uma música para a tarefa começar. Colocou uma soundtrack de Guardians of the Galaxy, a preferida de Owen. 

Assim como Natalie, o garotinho amava um estilo musical clássico, blues, jazz e soul. Apesar da pequena idade, Owen sabia exatamente a diferença entre Frank Sinatra, Glenn Miller e Louis Armstrong. Era algo extraordinário. Certa vez Natalie contou para Will que o filho adorava vê-la tocando a música What a Wonderful World no seu violino. Sempre o via encher seus olhos de lágrimas, completamente emocionado.

 A primeira música da playlist era Come and Get Your Love da banda Redbone. O toque inicial já foi o suficiente para Will balançar.

“Hey... hey... What's the matter with your head?” cantou Will, tentando imitar a voz aguda do cantor.

Natalie soltou uma gargalhada quando Will começou a dançar, todo animado.

“Não, por favor, não cante!” implorou.

“O quê?” disse ainda dançando. Estalava os dedos tentando acompanhar o ritmo da música. “What's the matter with your mind and your sign?”  

Toda vez que ela sorria, Will sentia uma vontade quase incontrolável de ser o motivo do sorriso dela. Com certeza era um dos sons que mais gostava de ouvir, como também, uma das visões que mais gostava de ter.

“Quer dizer, qual o seu problema com a minha voz?” Ele sentou ao lado de Natalie e envolveu-a com o braço.

“Meu Deus, Will!” ela tomou um gole do chocolate quente e mordeu um pedaço do muffin. Natalie apoiou o rosto no ombro dele. “Não tenho nenhum problema com a sua voz certo? Ela apenas não está muito agradável.”

“Minha voz não é tão ruim assim, ok?” ele aproximou-se e mordeu o muffin que estava em uma das mãos de Natalie. “Eu poderia substituir o cantor” pensou sinceramente nesta possibilidade. “Droga! Poderia está ganhando dinheiro.”

“Com certeza, você ganharia bastante dinheiro.”

“Nossa, isso está muito bom.” admitiu Will, sem dar importância para a fala dela, a boca ainda cheia de bolo enquanto pegava mais um, disfarçadamente. Ele podia sentir cada sabor envolvido na receita.

“Não é um dos meus melhores, mas obrigada pelo elogio.”

“Ei! Você é sempre modesta assim?” Pegou um terceiro muffin.

“Não sempre.” disse baixinho, fazendo Will rir em seguida.

“Tio Will não canta tão mal assim, mamãe.” disse Owen, depois de um tempo, todo atrapalhado com o pisca-pisca enrolado em suas mãos.

Natalie revirou os olhos.

“Ouviu?” perguntou, encarando-a. “Você ouviu isso?” O comentário de Owen era tudo o que Will precisava para encarar Natalie. Ele estava muito satisfeito com isso.

Depois de longas horas de trabalho, Will entregou uma linda estrela dourada para Owen e o carregou com o maior cuidado no colo, dando a oportunidade de o garotinho finalizar o trabalho, colocando a estrela na ponta da árvore.

“Hora de desligar as luzes e ascender o pisca-pisca.” disse com muita segurança batendo suas mãozinhas, como se em todos os anos fizera o mesmo processo. Owen abriu um sorriso contagiante quando um brilho maravilhoso invadiu a sala. Ele bocejou.

“Olha,” Will olhou firmemente o garotinho. “Parece que alguém está com sono.”

“Verdade” concordou Owen, sonolento. “Acho que não vou aguentar esperar o presente do Papai Noel.” soltou um bocejo entre a fala.

“Owen, por que não mostra o seu livro preferido para o tio Will?” sugeriu Natalie com um sorriso. “Ele pode ler para você.”

O garotinho não perdeu tempo, amou a ideia de mostrar seus livros. Ele tomou Will pela mão e o puxou, fazendo-o subir as escadas junto a ele. Depois de dez minutos Will reapareceu todo sorridente.

“Ele apagou.” contou Will, empolgado. “Não é tão difícil como muitos dizem, ele é um garotinho maravilhoso.”

Natalie riu.

“Qual foi o livro que ele pediu para ler?”

“Peter Pan” falou de imediato. Foi o necessário para Natalie assentir com a cabeça e encarar Will com uma olhar de: Eu já sabia!

“Ele adora esse livro!” disse Natalie totalmente concentrada, terminando de fatiar a massa para a cobertura da torta de maça. Ainda faltava finalizar três pratos para a comemoração na casa de Sharon, amanhã.  

“Um pequeno rapaz que se recusa a crescer e que passa a vida a ter aventuras mágicas.” Will se aproximou de Natalie e a abraçou por trás. Ele podia sentir um maravilhoso cheiro alternando entre o frutal, floral e amadeirado quando depositou um singelo beijo em seu pescoço. “Jeff estaria orgulhoso da educação que está dando para o Owen, você é uma maravilhosa mãe.”

“Obrigada por isso. De verdade.” Ela se virou para Will.

Ela sorriu para ele. Ele sorriu também e a puxou-a para mais perto.

“Só estou falando a verdade, Nat.” disse tirando uma mecha de cabelo do rosto dela e colocou atrás de sua orelha, fazendo carinho em seu pescoço. “Também é uma excelente namorada e...” fez uma pausa olhando o prato vazio em cima da mesa. “E uma ótima cozinheira. Isso me considera um homem de sorte, não?”

Natalie bufou com o seu comentário e o olhou nos olhos, ela abriu um lindo sorriso.

“Eu te amo demais, Will.”

“Quando falei que você é o meu melhor presente de natal...” interrompeu sua própria fala e deu-lhe dois beijos consecutivos. “Não estava brincando, Nat. Eu também te amo. Muito... Na verdade.”

Nesse momento, Will puxou Natalie para si e beijou-a, com uma força suave. Ela sentiu calafrios com aquele toque e rapidamente se viu cercada pelos braços dele. Natalie sentiu impulsos percorrendo seu corpo, quando envolveu os braços em Will, sentindo seus ombros fortes. Ele percorreu os dedos pela cintura dela e a apertou contra seu corpo, novamente.

“Não... Não... Não...” suplicou Will, baixinho, enquanto Natalie, de alguma forma, arranjava forças para parar o beijo. Ele franziu o rosto.

“Temos que terminar esses benditos pratos.” Ela sorriu quando percebeu que Will não a soltava. Natalie começou a sentir cócegas com a barba dele em seu pescoço, fazendo-a soltar gargalhadas incontroláveis. “Por favor, Will, temos um trabalho pela frente.”

“Não acredito que vai parar isto.” disse desapontado.

“Podemos terminar mais tarde e...” Natalie o entregou um prato com cenouras descascadas e uma faca. “Preciso dessas cenouras picadas em cubos para o recheio da torta de legumes.”

Will não falou nada, apenas encarou Natalie. Quando percebeu que estava distraída, ele conseguiu rouba-lhe um beijo. E mais outro.

“Tudo bem!” disse sorrindo, rendendo-se, começando a cortar as cenouras. “Vamos ao trabalho.”