Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 137
Hora do Show -parte 2


Notas iniciais do capítulo

HELLO!



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As meninas prenderam a respiração, alarmadas. O Doutor, com o rosto colado no chão, retorceu a face, juntando forças para se erguer novamente, enquanto alienígenas de todos os tipos partiam para cima delas.

Rose gritou por socorro na hora que Daleks, Cybermens, Slitheens e a própria Cassandra começaram a vir em sua direção. Martha ficou paralisada diante das Carrionites, Judoons, Sontarans... Donna começou a dizer “Donna Noble amiga” sem parar, ao se tornar alvo de Oods possuídos, Vashta Nerada, Vespforms; Sarah Jane fechou os olhos, assustada ao se deparar com Trickster, seu maior inimigo, vindo junto de um palhaço com feições malignas, e também uma Górgona. Jenny tentou chutar Rani, enquanto ela se aproximava com uma seringa em mãos, seguida de perto por um Abzorbaloff, o Tormento e a Agouro. Amy berrou conforme Madame Kovarian, Silêncios, Reptilianos e Anjos Lamentadores se aproximavam dela. Melissa ficou firme, tentando permanecer calma. Ela já podia ver várias criaturas que enfrentaram durante as aventuras –ou não –se dirigirem para sua maca... O Doutor pôs-se de pé em seu campo de força, trincando o maxilar para a cena. O Mestre continuava do seu lado, bancando o “guarda de jaula”. A coisa estava ficando feia...

Em sua sala, Darth Vader se sentou confortavelmente –ou o mais perto disso que um cara dentro de uma armadura era capaz de sentir –em uma poltrona e esticou as pernas, observando a cena toda acontecer através de uma televisão enorme, que transmitia em HD tudo o que estava se passando no salão principal. Missy, no seu maior estilo “puxa-saco”, rapidamente fez de tudo para agradá-lo. O plano estava indo muito bem...

De volta ao salão, onde o terror se estabilizava, Melissa empurrou a cabeça contra a maca, conforme as criaturas feiosas se aproximavam, loucas para por as mãos nela... Mas em cima da hora, a luz piscou e tudo que ela pode ver foi um Anjo Lamentador se aproximar bruscamente dela, fazendo-a arregalar os olhos.  

—Merda. Agora lascou de vez –disse, tentando muito não piscar. Porém fracassou miseravelmente nos primeiros cinco segundos. –AI DROGA! Essa não valeu seu Anjo, tinha um cisco no meu olho... Será que eu posso tentar de novo?

O Anjo não se movimentou. A luz tornou a piscar e ele ficou parado na mesma posição. Então Melissa começou a estranhar. Bem, aquilo não era pergunta que se faça, sobretudo numa hora dessas: mas porque ele não atacava?

—Hã... Tá tudo bem? Quer uma água, ou...? –perguntou para o Anjo. Este continuou fazendo-se de estátua inanimada, parado a centímetros do rosto dela. Então a menina percebeu uma coisa: havia algo de errado com ele... Suas asas tinham estranhas rachaduras profundas que eram curiosamente familiares... Quando voltou a observar novamente a expressão cravada em seu rosto de pedra, percebeu que ele tinha o dedo indicador paralisado sob os lábios (como se pedisse silêncio), e além disso, numa piscada de luz, ela pôde ver um de seus olhos lançarem uma piscadela cúmplice. Reconheceria aquele ato em qualquer lugar... Mas, vindo de um anjo maligno? Essa era nova!

Foi então que, num segundo, a mente de Melissa fez as conexões certas, e de repente tudo fez sentido.

—Hã... Ângelo?—perguntou pasma. O Anjo confirmou com a cabeça, disfarçadamente. Ângelo era o Anjo Lamentador bonzinho que a Princesa Isabel tratara como seu protegido. No passado, ela cuidou para que ele se recuperasse de um provável acidente que danificou suas asas, e também, felizmente, seu jeito incontrolável de matar apenas para drenar energia temporal. Desde então, Ângelo era um Anjo Lamentador amigável: possivelmente o único da espécie, e sabe-se lá como, lá estava ele agora, infiltrado por entre os verdadeiros vilões malignos, pronto para ajudá-las a escapar. –Mas... O que está fazendo aqui? Quem o trouxe?

—Eu trouxe –uma criatura encapuzada se aproximou e, quando já estava perto o bastante, ergueu levemente o capuz: Mas não era possível! ERA A PRÓPRIA PRINCESA ISABEL DE 14 ANOS!

Isabel!?—Melissa quase engasgou. –M-m-mas... O que faz aqui?

—Já ouviu falar em elemento surpresa? –disse uma Reptiliana que acabava de por uma espada no pescoço de Sarah Jane ao seu lado, mas que contraditoriamente tinha um semblante amigável e não parecia prestes a fazer nenhuma loucura. –Eu sou Madame Vastra. Meu companheiro Strax, aquele Sontaran ali, está neste instante tentando se responsabilizar pela Martha Jones, assim como eu acabei de fazer com a Sarah e o Ângelo fez com você; E eu ainda tenho muitos outros aliados procurando fazer o mesmo neste exato momento com as outras garotas presas. –sussurrou, com cuidado para nenhum vilão ouvir seu discurso. -Não se preocupem... Estamos do seu lado.

—Mas mesmo que vocês consigam “se responsabilizar por nós”, não acham que os verdadeiros vilões vão desconfiar se ninguém matar ninguém? –apontou Melissa. Isabel sorriu confiante:

—Minha cara Melissa, Lady do Morro dos Ventos Uivantes—brincou, recordando os velhos tempos. –Existem diversas formas de persuadir seu oponente a acreditar em sua lealdade para com ele. Formas estas, que independem da força bruta, e que, quando bem aplicadas, geram excelentes resultados. É como um bom e velho truque com espelhos.

—Vocês pretendem usar espelhos? –Melissa franziu a testa. –Não está me cheirando muito bem esse resgate...

Neste exato momento, Clyde e Luke comunicaram à uma outra mulher de capa –vestida igual a Isabel, só que à paisana –que já estavam prontos para “botarem para quebrar”.

—Vós se saíram bem... Tenham cautela agora, meninos. Câmbio –disse a voz feminina, passando despercebida por entre a confusão de outras vozes alienígenas. –É assim mesmo que se diz? “câmbio”?

—Está certíssimo! Nos vemos mais tarde Agustina... Câmbio e desligo –Clyde desligou seu comunicador e voltou-se para Luke. Ambos estavam num cantinho bem apertado e levemente sombrio do painel de controles, onde ninguém poderia detectá-los. –Tá bem Luke, tá na hora. Todos já estão em suas posições... É hora de libertar a Águia Metálica.

—Pensei que fosse um falcão.

Clyde revirou os olhos.

Falcão, Águia... É tudo ave de rapina! –deu de ombros. –Vamos. É hora de comandarmos um Show, assim como a Christina instruiu!

—Tá bem Clyde. –Luke, o garoto gênio, digitou uns últimos comandos de cancelamento no painel. –Ótimo... Está tudo pronto agora. Vamos lá. –e deu um comando na tela de seu celular, vinculado ao painel de controles por um emaranhado de fios e interligações que eles demoraram até agora para conectar (era um trabalho delicado que exigia muita paciência. Por sorte, isso Luke tinha de sobra). No instante seguinte, as luzes se apagaram em parte do salão, deixando em evidencia novamente as portas principais por onde os vilões entraram no começo. A passagem larga não só ficou iluminada, como também começou a liberar fumaça ou algo parecido com gelo seco pelas laterais, criando uma espécie de suspense. Todas as criaturas presentes prestaram imensa atenção, sem ousarem atrapalhar, achando que aquilo estava sendo coordenado por Darth Vader. Tendo o caminho livre e por enquanto ninguém desconfiando de nada, a não ser o Doutor talvez, Luke deu mais um comando em seu celular e uma música começou a tocar: *Altomatc Lover – Dee D. Jackson; Os alienígenas se encararam, confusos. O Doutor olhou de um lado para o outro, ainda mais desconfiado. Virou-se para o Mestre e este fez que não sabia de nada. Luke deu outro comando de seu esconderijo, e o chão se abriu, de modo que uma plataforma começou a se erguer para cima –muito parecido com o que foi feito com as companheiras amarradas em suas macas, só que em escala bem maior. Agora, a plataforma que subia parecia um palco, e trazia consigo tanto ícones de carne e osso, tanto de parafusos e metal;

O Doutor levou uns segundos para assimilar, então a verdade lhe invadiu e ele ficou perplexo: Lá estava sua Luisa Parkinson, bem no centro de tudo aquilo, vestindo uma espécie de fantasia justa e prateada, que a deixava parecida com aquelas representações antigas de criaturas espaciais em filmes infantis. Porém, ela estava muito bonita (portando, como sempre, sua inseparável Bolsa Que Tudo Tem). E junto dela, estavam ninguém menos que os robôs K-9, BB8, R2D2, C3PO, B-9 e Roby. Todos posicionados ao redor da menina, piscando suas luzinhas e tudo mais que pudessem fazer cintilar sobre a luz que os banhava.

Enquanto a introdução da música passava, outras garotas –vestindo roupas também vistosas –juntaram-se à Luisa e os robôs, tomando suas posições no “palco”: eram elas Maria Jackson, Rani Chandra, Sky Smith, Chanty, Alicia Lenner, Adriana (Calmaria) e até Ofélia –que havia sido recrutada na mesma comitiva de Agustina e Princesa Isabel, muito provavelmente à pedido de Drica, que era sua melhor amiga. A garota acabou chegando meio de última hora, mas ainda assim, em tempo de fazer parte daquilo.

Todos ergueram suas sobrancelhas quando Luisa começou a fazer playback e dançar, junto dos demais robôs e amigas. Ficaram bastante tempo prendendo a atenção de todos com coreografias meio ensaiadas meio improvisadas, baseadas no clipe da própria Dee D. Jackson. Felizmente, parece que a sorte estava bem ao seu favor, pois tudo pareceu colaborar para ajudá-los: Luisa chegou a ver de relance, entre um passo e outro, novamente o tal brilhinho azul que parecia de fada, passar sob o “palco” deles, como que fazendo um arco. Não conseguiu chegar a uma conclusão sobre o que significava... Mas parecia ser bom para chamar atenção. O que ninguém sabia, é que aquilo não tratava-se apenas de uma simples distração: enquanto eles pagavam mico na frente de uma legião inteira de espécimes extraterrestres que provavelmente não estavam entendendo nada e até talvez tirariam sarro, Christina estava em outro ponto da nave, naquele exato instante, sabotando os escudos e defesas da Estrela da Morte, tentando criar uma vantagem, mesmo que pequena, para eles e deixar a tal “falha não programada” ainda mais em evidência, para que sua investida desse bons resultados e realmente afetasse a nave –mas sozinha nem pensar! Lady Christina contava com uma equipe que até onde Luisa ficara sabendo, devia favores ao Doutor e enxergaram nessa situação a forma perfeita de quitar parte de sua dívida com ele, ou simplesmente tinham muita estima por ele e detectaram uma ótima oportunidade de poder ajudar. Em geral, o sentimento era gratidão, e isso era o mais empolgante de tudo!

Entre distrações, passos de dança, e pancadaria no outro andar para basicamente desligar todas as defesas da nave, Darth Vader –que tivera a imagem de sua televisão cortada até então (obra de Christina também), finalmente voltou a enxergar o que estava se passando no grande salão, e sua reação não foi nada boa. Com o punho, ele achatou parte do braço da poltrona, e com a outra mão, puxou Missy pelo colarinho.

O que você fez?—exigiu saber. –Foi você e esses seus aliadinhos que armaram alguma espécie de motim?

—O QUE? EU? Claro que não senhor! Eu sou completamente leal ao nosso líder, palavra!

Me chame de mestre então. –disse, esperando ver sua reação. Missy arregalou os olhos, sem conseguir dar uma resposta.

No salão, enquanto a atenção estivera toda em cima da apresentação de Luisa e seus amigos, Jack Harkness, Alonso (o namorado de Jack), Mickey Smith, Rory Williams, Strax, Jenny (a esposa de Madame Vastra), Vastra, Charles (o deus Hermes), Agustina, Anjo Ângelo e Isabel –infiltrados entre os inimigos –faziam de tudo para não chamar atenção, e ao mesmo tempo, soltarem as companheiras presas nas macas. O problema era que a música já estava chegando ao fim e os braceletes que prendiam seus pulsos continuavam bem apertados.  

Percebendo a aproximação do final da música, Clyde ligou para Agustina.

—Como as coisas estão indo aí? –sondou o garoto.

—Receio que não muito boas –informou Agustina. –O rapaz chamado Jack está fazendo o que pode, mas parece que não... –então parou. –Espere. Aguarde um momento... Oh! Santa Inclinação, ele conseguiu! –comemorou baixinho. –Creio que tenham desvendado os segredos do mecanismo da mesa de metal... Os braceletes devem ficar mais frouxos agora...

—Beleza. Talvez fique um pouco em cima da hora então, mas acho que ainda dá pra finalizar junto com a música. Faltam menos de trinta segundos... Obrigado Agustina. Me mantenha informado de qualquer mudança que houver. Câmbio desligo.

—Câmbio. –Agustina guardou o aparelho de comunicação, e acenou na direção de Charles, informando que faltavam menos de trinta segundos. Com isso, eles apertaram o passo. Ia dar tempo!

Então de repente os braceletes reforçaram o aperto, todos ao mesmo tempo, fazendo as moças sentirem dor.

—Ai Rory, meu pulso! –Amy gemeu, incomodada. –Você está apertando ainda mais ao invés de soltar...

—Mas eu não fiz nada –negou, empalidecendo e olhando preocupado para Jack.

—Reforçaram a segurança. Alguém sabe que estamos aqui e o que estamos tentando fazer. –concluiu Jack. Mickey trocou um olhar ansioso com Rose.

—O que vocês vão fazer agora? –ela perguntou.

—Eu ainda não sei. Mas não se preocupe, vamos pensar em alguma coisa...

—Melhor pensar rápido –Sarah Jane disse, olhando na direção de Luisa, preocupada com o tempo que estava se esgotando. Jenny, a filha do Doutor, fazia o mesmo, mas parecia incrivelmente encantada com toda aquela performance.

Luisa e os outros acabaram a apresentação poucos instantes depois, parando numa pose e congelando assim. Estavam transpirando bastante –menos os robôs, claro –acima de tudo, por causa da pressão que aquilo envolvia. Tinha muitas coisas em jogo, e se elas falhassem em distrair os vilões... Bom, era melhor nem pensar nessa possibilidade.Apesar de tudo, Luisa estava orgulhosa de si. E agora que a ansiedade diminuíra um pouco, começou a procurar o Doutor no meio daquele monte de rostos alienígenas voltados para ela. Mais rápido do que esperava, a garota o localizou, e apesar das circunstâncias, lhe lançou um baita sorriso animado. Não havia como negar: Luisa estava muito feliz em revê-lo, ainda mais porque não o via desde o episódio da queda no vórtice temporal, e a saudade era imensa. Finalmente ele estava ali de verdade, na mesma sala que ela. Finalmente se reencontrariam... Mas acabou mesmo por se surpreender ao encontrá-lo com o 11º rosto, sem sinal do costumeiro misto Três em Um. Não sabia se era definitivo ou não –até porque nada é definitivo para um Senhor do Tempo –mas imaginou que assim como ele a surpreendera com a mudança de rosto, ela também fizera o mesmo ao entrar no salão e executar aquela apresentação. Sem querer, parecia que ambos haviam combinado surpreender um ao outro. A garota ficou bastante descontraída ao pensar na “coincidência” envolvendo aquilo tudo, mas alguma coisa no rosto do amigo, branco feito papel, a fez diminuir a empolgação e voltar a se atentar aos detalhes da realidade ao seu redor. Observando-o melhor, a menina percebeu que ele estava tentando dizer algo para ela. Algo inaudível, que seus lábios velozes tentavam comunicar sem proferir som algum. Graças à distância em que se encontravam, Luisa não conseguiu entender absolutamente nada do que ele falava. Contudo, sua curiosidade durou pouco, já que ouviu Ofélia gritar atrás de si, e seguidamente, as outras meninas. Luisa se virou de imediato e deixou-se boquiabrir: Darth Vader estava de volta, e possuía uma das mãos erguidas na direção das companheiras presas: fora ele quem reforçara as amarras. Luisa e as outras recuaram, conforme ele se aproximava. Os robôs também se afastavam, receosos com o que viria a seguir.

De onde estavam, Clyde e Luke não conseguiam ver o que estava acontecendo, então o primeiro tentou entrar em contato com Agustina, mas essa fingiu não ter escutado o comunicador vibrar. Estavam todos segurando as respirações. Isabel começou a rezar em silêncio, pedindo para que nada de ruim acontecesse à Luisa e seus amigos.

De dentro de seu campo de força, o Doutor crispou os lábios. Não sabia nem o que fazer, seu cérebro estava completamente paralisado diante daquilo tudo.

Porém, mais paralisado que ele, ficou o Mestre logo depois, com o que aconteceu a seguir.

Você—Vader encarou Luisa sem paciência. –Devia tê-la matado quando tive chance...

Senhor, tenha calma... É apenas uma exibição ridícula da resistência! Eles são todos amigos do Doutor, mas o seu plano está indo muito bem... Ninguém nem nada poderá atrapalhá-lo agora, acredite!—Missy entrou toda afobada atrás de Vader, tentando de tudo para acalmar as coisas, mas o líder da Aliança não estava para brincadeira. Encarou-a com severidade, por debaixo do capacete, então deu-lhe um tapa na cara. Mesmo quem não era tão próximo de Missy, sentiu pena dela, ou então medo de Vader. O Mestre soltou todo o ar dos pulmões, incrédulo com o que havia presenciado. O Doutor, igualmente chocado, voltou-se para o rapaz ao seu lado, ainda em tempo de vê-lo levar a mão automaticamente ao mesmo local onde Missy havia sido atingida no rosto. Mestre e Missy eram a mesma pessoa, então era muito difícil não levar aquilo para o lado pessoal... Pior ainda foi o que veio depois, quando Vader puxou a mulher pela gola da roupa e disse audivelmente, com sua voz cavernosa:

Não, Missy. Você não faz idéia de como isso pode ser prejudicial para a execução do meu plano. –retrucou, irado de raiva. O que Missy não sabia, era que o plano de Vader tinha sim um ponto fraco (que por acaso Christina descobrira), e ele preveu que isso poderia botar tudo a perder. —Você não está no comando desta operação. É apenas uma serva impertinente que implora por atenção. Um projétil de vilã muito mal elaborado; Sua vilania é resultado de um erro de cálculos de seu povo de idéias atrasadas. Eu fui lapidado pelo melhor mentor que poderia ter, e o resultado é este que você vê. Pessoas tremem quando escutam a minha voz. Você? É apenas uma tagarela infernal que detesta ser contrariada. Você quer dominar apenas, eu quero mais. Não passa de uma coisinha imprestável que nunca chegará aos meus pés. Vocês todos pensam pequeno, diferente de mim. Por isso sou superior. Por isso sou o líder e você apenas mais um soldado. Nunca mais cometa o erro de me dizer com o que devo ou não me importar. Entendeu?  

—Entendi sim. S-sim s-senhor –Missy gaguejou, quase sendo sufocada. Vader aproximou muitíssimo o capacete do rosto da mulher, então proferiu com desprezo:

Espero que os tambores te atormentem para sempre.

Aquilo foi a gota d’água. O Mestre trincou o maxilar. Por um momento, o Doutor pensou que ele pularia no pescoço de Vader, mas ao invés disso, fechou os olhos e ficou em silêncio. O Doutor estava mais confuso do que nunca: o Mestre sempre fora impulsivo e jamais admitiria que alguém o tratasse daquela forma. Por que então ele se conformara tão facilmente? Será que havia se conformado? O que estaria fazendo?

Passando por cima daquilo, como uma pessoa passa por cima de uma formiga, Vader prosseguiu, atirando Missy no chão e seguindo com sua linha de raciocínio. O Mestre correu até ela e ajudou-a a sair dali, sem chamar muita atenção. Vader tinha todos os holofotes novamente sobre si, mas do contrário do que pensavam, ele não perdeu mais tempo com Luisa e seus amigos. O plano havia sido ameaçado e precisava ir direto para a fase final.

Vocês, imprestáveis—indicou a legião de vilões que até tremeu na base, depois do que ele fez com Missy. – Destruam toda a resistência. Sem falhar desta vez! E Rani—apontou para a Senhora do Tempo. –Liberte a Chave Universal. 

—Imediatamente meu Imperador. –Rani correu, cumprindo sua ordem.

O que aconteceu a seguir foi uma bagunça de vilões tentando partir para cima das companheiras, e os que estavam lá infiltrados para salvá-las, começaram a se revelar, manifestando-se, empunhando armas e partindo para a luta.

Clyde e Luke continuavam sem saber o que estava se passando...

—Isso tá muito estranho. A Agustina não me atende, estamos sem notícias. –disse Clyde.

—Acha que alguma coisa deu errado? –perguntou Luke.

—Provavelmente. –deu de ombros. –Por qual outro motivo ninguém mais retornaria?

—Bom... Clara Oswald, Christina, os pais de Rose Tyler e mais um montão de gente foram juntos lutar para desarmar as defesas da nave, justamente para que a música fizesse ainda mais efeito e a falha no sistema fosse ampliada. –citou Luke. –O restante está no salão, tentando soltar as companheiras. Com todo mundo dividido, agindo por conta própria e ainda por cima sem comunicação, as chances de tudo ter ido por água abaixo, são mais de 75%.

Valeu Luke. –resmungou Clyde. –Isso melhora muito a situação...

—De nada. –Luke sorriu, sem entender o verdadeiro sentido da frase. –Hey Clyde! Você acha que faria mal se a gente desse continuidade na playlist de músicas, por conta própria? Talvez ajude eles de alguma forma...

—Bem, é uma idéia. –considerou Clyde. –É... talvez ajude. Bom palpite garoto Luke!

—Obrigado. Vamos de Katy Perry?

—Só se for pra tocar “This Is How We Do”!

    * * *

E foi assim que *Katy Perry -This Is How We Do começou a tocar no meio da confusão; Literalmente: O salão virou uma verdadeira balburdia de gritos, correria e lutas. Quase um campo de batalha. E no meio de tudo isso... Darth Vader libertou o Doutor do campo de força.

—Por que está me libertando agora? Por acaso eu fui liberado por “bom comportamento”? –perguntou o Doutor, com sarcasmo.

Não, meu caro. Para tudo existe uma deixa nesta vida. E esta é a sua. –empurrou-o no chão, se retirando enfim; Precisava interceptar o causador daquela música. O Doutor parou com o rosto a poucos centímetros de um tênis All Star vagamente familiar. Olhou para cima e levou um susto ao encontrar a si mesmo, parado de pé. Ou melhor, a versão correspondente ao seu 10º rosto. Mas havia algo de errado com ele... Seus olhos estavam vermelhos e ele tinha uma expressão francamente cruel na face. O Doutor engoliu em seco.

Até aquele momento, Luisa vinha tentando localizar o amigo no meio daquela confusão. Quando enfim conseguiu, quase soltou um grito ao descobrir que ele estava diante do Clone, e que este parecia incrivelmente maligno agora.

—Oh não! –arfou. –Ele foi convertido...

—Luisa cuidado! –Drica atirou-se sobre ela, salvando-a da mira de um Guerreiro de Gelo, mas não completamente. Logo ele recomeçou a tentar atingi-las e a Calmaria foi obrigada a emanar sua energia positiva, atrapalhando a visão da criatura e também imobilizando-a momentaneamente. Assim conseguiram escapar.

Quando já estavam em segurança, Luisa se ajoelhou junto de Drica e lhe confidenciou a visão que havia conferido do Doutor diante do Clone, que antes era bonzinho, mas agora havia sido corrompido, como a TARDIS temia que acontecesse. E o pior, era que ela não fazia idéia de como reverter isso, e até se seria possível.

Porém, ao terminar de falar toda afobada, se espantou ao se deparar com o rosto calmíssimo da Calmaria. Tudo bem que esse era o nome de sua espécie, e em grande parte era sua postura natural, mas ela não imaginou que isso influenciaria seu comportamento daquela forma, e num momento tão caótico e determinante quanto aquele.

—Drica! Ei! É sério... Isso é um problema! A gente precisa fazer alguma coisa...

—Eu sei. Não se preocupe. –e sorriu tocando seu ombro, transmitindo segurança. –Você disse que o primeiro contato que o Clone teve com alguém, foi com você, e que ensinou coisas boas à ele logo de cara. Você pode ter certeza que isso não foi apagado dele. Ele se lembrará se alguém trouxer isso à tona. O problema é fazê-lo se desligar da lavagem cerebral que fizeram nele, posteriormente.

Um grito distante fez com que elas se encolhessem; Naquele segundo de apreensão, em que não fazia idéia do que fazer, foi que Luisa prestou atenção na música que tocava, depois observou as companheiras de longe... Então magicamente conexões se fizeram na sua mente e ela teve uma idéia brilhante.

Voltou-se para Drica, completamente renovada e declarou:

—A música liberta, Drica –sorriu para a amiga. –A música é a resposta.

—Ou pelo menos uma delas. –Drica sorriu em retorno. Luisa a encarou com curiosidade.

—Você tem um plano?

—Da última vez que nos vimos, eu soprei uma profecia para o Doutor. Deixe-me mostrar à você –e segurou as mãos da menina, propondo um flashback bem rápido que mostrou apenas o momento de despedida:

(...)

O Doutor já ia se virar quando Drica segurou seu pulso subitamente. O olhar da garota oscilou por um momento e ela pareceu meio fora de sintonia ao concluir: -O amor é a única coisa que importa, no fim. Essa é a chave. Lembre-se disso durante sua segunda chance... Ela o aguardará muito em breve, na queda da realidade.  

(...)

Luisa piscou, e lá estava de novo ouvindo e enxergando a batalha que ocorria ao seu redor, no grande salão da Estrela da Morte.

—O amor é a chave –repetiu, pensativa. –Hum... Segunda chance... –o que aquilo poderia significar?

—Olhe em volta –instruiu Drica, apontando para as companheiras. De repente tudo pareceu ficar em câmera lenta. –Elas não viajam mais atualmente com o Doutor, mas estão aqui. Todos eles, lutando, se defendendo, batalhando... Tudo em nome de uma segunda chance.

—Sério?

—É. Cada pessoa busca uma coisa diferente. Uns estão atrás de uma vida melhor, ou de um relacionamento duradouro, ou um emprego fixo, outros estão em busca de achar um significado para tudo isso, ou quem sabe para encontrar seu verdadeiro lar. Enfim, as opções são inúmeras. O que importa, é que todos buscam algo. O que você busca, Luisa?

A menina a contemplou.

—Eu... Essa é uma pergunta muito delicada... Você está se referindo a algo espontâneo ou um desejo a longo prazo?

—Me diga você. –indicou seu coração. Luisa olhou para o próprio peito; não precisou pensar muito para responder.

—Quero salvar meus amigos. Quero garantir que todos tenham suas segundas chances... –e ao dizer isso, observou o Doutor ao longe, aos pés do Clone. –É tudo que eu mais almejo.

Drica assentiu, depois soltou suas mãos e o efeito “desaceleração temporal” parou, trazendo tudo de volta ao normal, como se houvessem dado “play” num DVD. Era óbvio que ninguém havia notado aquela intervenção de Drica, e continuavam lutando por suas vidas. Porém: Luisa tinha uma pequena luz no fim do túnel agora, e não abriria mão dela por nada no mundo; “Onde há vida, há esperança”, disse alguém muito inspirado certa vez, e de fato estava coberto de razão: ainda havia tempo para consertar as coisas! Sempre havia tempo, quando se pensava positivo.

Entrementes, as coisas não estavam tão cheias de luz e esperança entre o Clone e o Doutor.

—Hã... Oi! Como é que vai? –o Doutor tentou puxar assunto, mas o outro o ergueu de pé pelo colarinho e sentou-lhe um soco no maxilar. O rapaz quase caiu, mas conseguiu se equilibrar. O lábio sangrando por um filetinho; Ele massageou o queixo e depois fez uma careta indignada. –Ah... Tá bem. Parece que você não é muito de cumprimentar...

—Você sempre fala demais: Isso serve para distrair as pessoas enquanto você pensa num plano, mas eu sou você. Não vou cair nesse truque. –e deu-lhe uma rasteira. O Doutor caiu novamente, sem nem perceber o que lhe atingiu.

—Caramba... Você é rápido!

—Obrigado. Diferente de você.

—Você que pensa, “homem palito”. Se você sou eu, então temos os mesmos defeitos...

—Ah, mas isso nunca! –se aproximou, com ar superior. –Eu posso ter sido gerado através do seu DNA, mas com certeza não sou um perdedor sentimental.

—Aaaah! Então quer dizer que você foi gerado pelo meu DNA? Tipo um Clone?

—Exatamente. Eu nasci da sua mão na redoma com conservante. A atmosfera do Planeta Oz tem elementos que conseguem despertar os genes e gerar vida. Eu nasci de você, mas não sou nem um pouquinho parecido! –e enquanto falava, sacou um Sabre de Luz (arma Jedi, dada para ele de presente por Darth Vader), e começou a duelar com o Doutor, que se esquivou, desarmado.

—Ei! Isso foi golpe baixo! Você se utilizou da minha própria estratégia contra mim!

—Essa é a desvantagem de lutar consigo mesmo: eu sei todos os seus passos. –e tentou acertá-lo de novo.

—Se soubesse todos os meus passos, você me acertaria de primeira –e se desvencilhou como um bailarino uma, duas, três vezes... Mas na quarta, um erro de cálculos o fez se precipitar para a direção errada e levar um golpe na perna. Ao entrar em contato com sua carne, o sabre vermelho explodiu em energia e o Doutor caiu de joelhos, agonizando. O Clone sorriu, vitorioso.

—Foi mais fácil do que eu pensei... –e tentou atingi-lo com um golpe realmente fatal, mas o Senhor do Tempo rolou para o lado, ao que a arma entrou no chão, fazendo um buraco. O Clone serrou os dentes, indignado. O Doutor deu uma risada.

—Rará! Te peguei! –o Clone até podia não querer admitir, mas o Doutor ia dar trabalho.

Não estava sendo nada fácil para Drica e Luisa atravessarem o salão por entre criaturas batalhando e atirando com suas armas, mas por fim, elas alcançaram as companheiras aprisionadas nas macas. Drica foi ver a situação dos braceletes presos aos pulsos de Rose, Martha, Donna e Jenny, enquanto Luisa encaminhou-se para Sarah Jane, Amy e Méli.

—Olá todas vocês! –saldou Luisa, ignorando o espírito de guerra e matança logo atrás de si, e lançando um sorriso acolhedor para as garotas.

—Oh! Olha só o que a “Calmaria trouxe para casa” –brincou Melissa, sempre piadista em todas as ocasiões. –Senti saudades, maluquinha.

—Eu também, doida—Luisa riu, então foi se abaixar na altura dos braceletes dela e teve uma surpresa: –Galera, Olá!—só então percebeu Alicia, Chanty, Maria, Rani, Sky e Ofélia (suas companheiras de apresentação, mais os robôs, escondidos naquele cantinho atrás das macas, em busca de abrigo). –Então foi pra cá que vocês vieram? Eu estava me perguntando onde tinham ido parar...   

—A situação estava crítica... Não podíamos simplesmente ter continuado lá. –interpôs Rani, abraçada com Sky.

—Sinto muito prima. As coisa saíram do controle... –disse Maria.

—É, eu sei. Mas nem tudo está perdido... Adriana e eu temos novidades: é possível que tenhamos descoberto a fórmula ideal para libertar todas as companheiras e o Doutor, posteriormente. 

—Caramba, isso seria ótimo! –alguém comentou. Luisa seguiu a direção da voz e se deparou com uma garota ruiva presa na maca ao lado. Não tinha bem certeza, mas lembrava relativamente bem do rosto na foto do diário de Amy Pond... Tá bem. Talvez aquilo não fosse hora para sentimentalismo, mas Luisa poderia estar à apenas alguns passos de sua tia Amy.

—Você é a Amy Pond? –perguntou, como quem apenas tivesse curiosidade.

—Sim. Sou eu mesma. –Ai minha nossa. Luisa congelou por um instante. As sobrancelhas de Amy se uniram. –Está tudo bem? É... Luisa né? 

—Sim. Luisa. –a menina confirmou, meio sem ar. Em outras circunstâncias, chegou a pensar que milhares de coisas poderiam acontecer no momento deste reencontro... Mas com certeza nada soara parecido com uma batalha de plano de fundo. Na real, fora isso mesmo que a trouxe de volta às prioridades e a fez deixar para dizer a verdade à tia uma outra hora mais conveniente. Decidido isso, recapitulou, antes que Amy desconfiasse do modo como ela a estava encarando: -Tá legal gente, vamos focar em libertar vocês agora... Eu preciso me comunicar com Luke e Clyde. Quem está com o comunicador aberto em linha direta com eles?

—Oh, creio que seja eu! –disse uma voz feminina ás suas costas. Curiosa com aquele timbre, Luisa se virou e quase caiu para trás ao ver Agustina e Isabel, ambas paradas bem na sua frente, com capuzes cobrindo parte dos rostos.

Oh meu Deus!—acabou dando um abraço em cada uma, bem corrido. –Eu não sabia que vocês tinham vindo... Estou tão feliz em revê-las!

—Nós também estamos, queridíssima Lady Luisa –sorriu Isabel.

—Deveras feliz –intensificou Agustina. –E creio que esta seja uma boa ocasião para informar que tu esteve magnífica naquela apresentação. Foi um evento tão emocionante, que quase ultrapassou a inauguração da minha amada Torre de Pisa!

—Caramba, então fomos melhor do que eu pensei!—riu. -Bondade a sua Agustina, nos comparar a algo tão importante... Estou realmente encantada, mas não há como competir com a sua Torre. –disse Luisa, sorridente.

—Bom... Isto é meio verdade –brincou Agustina. –Mas não altera os fatos: vós estivéreis fantásticas!

—Fiquem a vontade para se comparar ao meu palácio São Cristóvão, se quiserem. Tudo isso... Foi Colossal!—insistiu Isabel, animada.

—Awn, valeu mesmo! –agradeceu Luisa. Então avistou uma coisa no horizonte e acompanhou com o olhar: o estranho brilho azul das outras vezes continuava flutuando, agora persistentemente acima das cabeças dos vilões, e muitas vezes até parecia se atirar contra eles como uma bomba, querendo atrapalhar suas posturas diante da batalha. Luisa pensou até ter visto uma segunda pequena legião de brilhinhos passar, mas foi tão rápido que não deu para ter absoluta certeza se ela de fato vira ou se pensou ter visto. 

Numa dessas situações em que o primeiro aglomerado de brilhinhos azulados se fizeram de alvo, eis que o rastro deste foi perdido de vista por Luisa, mas na realidade, ele continuou seu trajeto, até que foi detido por uma Rani raivosa (a cientista Senhora do Tempo) que deu um jeito de sugá-lo para dentro de sua máquina e prendê-lo lá.

De volta à batalha do Doutor com o Clone, o enfrentamento estava começando a esquentar, igual o braço do Doutor, ao ser atingido recentemente pelo Sabre de Luz do outro. Desta vez ele estava sem saída e num posicionamento nada favorável, mas milagrosamente o Mestre surgiu de volta ao salão naquela mesma hora, junto de Missy, e gritou o nome do Doutor. Assim que este se voltou para sua direção, o outro Senhor do Tempo lhe arremessou a chave de fenda sônica. Num golpe de sorte, o Doutor a segurou no ar, e começou a utilizá-la para invalidar a potência do sabre do rival.

A pancadaria continuava a todo vapor: Vastra dava um show com suas espadas, Jenny também, sempre lhe dando cobertura. Jack atirava em várias direções com tamanha precisão, seguido por Mickey, Strax e Alonso. Rory arranjara um elmo de soldado romano, junto de uma espada e um escudo, e usava-os para se defender e lutar, lado a lado com o deus Hermes –que acima de tudo tentava enfrentar o General Marte (o deus Ares) e Dite (a deusa Afrodite). Assim como eles, muitos outros aliados o faziam, sempre determinados e movidos por uma força maior que parecia nunca se esgotar. Esse era o time TARDIS em ação!

De volta às companheiras nas macas, Luisa agora havia acabado de ligar para Luke e Clyde, enquanto Agustina, Isabel e Anjo Ângelo lhe davam cobertura.

—Luke? Clyde? Podem me ouvir?

—Alto e claro! –respondeu Clyde.

—Nós perdemos contato com vocês... O que aconteceu? –perguntou Luke.

—Ah, coisas demais pra descrever agora. –ela disse, sem tirar os olhos das criaturas que batalhavam por todos os lados, em todas as direções. –Só entendam desta forma: O plano estava funcionando até Darth Vader intervir. Nesta altura, as companheiras deveriam estar soltas, o Doutor estaria a salvo, e nós tínhamos que estar nos concentrando em escapar daqui antes que a nave toda exploda. Mas ao invés disso, elas continuam presas, o Doutor está em maus lençóis, e nós estamos sem ação.

—Bom, Clyde e eu resolvemos colocar música por conta própria. Não está numa freqüência prejudicial, então vocês podem ficar tranqüilos: isso não irá fazer a nave explodir. –garantiu Luke.

No máximo deixará alguns vilões zangados—emendou Clyde. –É uma pena que não possa resolver todos os problemas... Tem muitos vilões feiosos aí?

—Tem centenas –disse Luisa, ansiosa. –Claro que o Doutor tem muitos aliados presentes aqui hoje também, pra contra-balancear, lutando em seu nome e do equilíbrio do cosmos, mas não há como negar que nossos inimigos estão em vantagem... Pouco a pouco, eles estão virando o jogo.

—Vish, isso não é nada bom. Nada bom mesmo –enfatizou Clyde, arregalando os olhos de leve. Enquanto isso, Luke estava pensando. –Mas estão em vantagem em quais dos sentidos? Armamento, luta, estratégia...?

—Em... todos eu acho. Parece que quanto mais eles apanham, são mortos ou nocauteadas, mais deles aparecem para repor o lugar vazio. Parece um exército invencível... Juntos, eles se tornam indestrutíveis!

—Tá. Isso é um pouco pior do que a gente estava esperando. Mas continue! É sempre bom saber das noticias...

—Olha, eu sei que a situação tá péssima, mas Drica e eu podemos ter conseguido uma suposta forma de começar a virar o nosso jogo também.

—Vocês tiveram uma idéia? –o rosto de Clyde se iluminou, e este aproximou o comunicador de Luke também.

—Bom... A idéia é dar um pequeno passo de cada vez, sem chamar muita atenção, para que então, quando eles menos esperarem, o “time TARDIS” se erga e mostre o que veio fazer aqui hoje!

—Gostei desse discurso.

—E vocês querem nossa ajuda para dar uma reviravolta? –sugeriu Luke.

—Com certeza! Olha só: se tem uma coisa que eu aprendi, passando por toda aquela confusão no Planeta Oz, foi que as palavras definitivamente tem poder sobre a nossa mente. Às vezes somos aprisionados dentro de nós mesmos, porque as circunstâncias nos levam a pensar que não somos capazes de algo, e assim nos sabotamos, baixamos nossa própria bola, nos considerando inferiores ou fracos. Mas quer saber? Eu também aprendi e ensinei aos meus amigos Leão, Homem de Lata e Espantalho, que nunca podemos deixar que os outros nos façam sentir inferiores. Diante desta colocação, o plano é o seguinte... Nós sabemos que a nave sofre com a influência sonora das músicas. E não somente isso: quanto mais poderosa em dizeres e batida, mais a música afeta os comandos... –fez uma curta pausa. –Paralelamente, nós temos uma fileira de companheiras aqui, que apesar de estarem presas, exalam determinação e esperança, enquanto vocês têm um celular com músicas super ecléticas, que contém um poder inigualável também nas palavras... –começou Luisa.

—Espera aí: está sugerindo que a gente liberte as companheiras com uma música? –disse Luke.

—Bem, claro que não seriam só vocês trabalhando aí... Eu pretendo me esforçar aqui com elas também.

Clyde e Luke se entreolharam.

—Você acha que é possível fazer uma coisas dessas? –perguntou Clyde.

—Talvez. O que não é possível hoje em dia? –sorriu Luke, então se inclinou para o comunicador. -Tá bem senhorita Parkinson ... Nós vamos tocar uma música especial pra você. Alguma preferência?

Luisa sorriu.

Poucos segundos depois, ela havia devolvido o comunicador para Agustina e Isabel, e se dirigia agora para as companheiras presas.

—Gente! Boas notícias: Luke e Clyde vão tocar outra música.

—Jura? E depois o que? Vão fazer a gente dançar a dança das cadeiras?—Melissa ironizou. –Bem, eu não quero ser estraga prazeres, mas olha só pra mim: presa dos pés à cabeça. Eu não to muito no clima pra isso não...

—Não se preocupe Méli, dançar não será preciso... Bem, só cantar.

—Cantar? –Donna arfou. –Tipo assim, cantar uma música? Agora? No meio desse fuzuê?

—Qual música será? –perguntou Jenny, empolgada. Ela tinha o mesmo brilho de expectativa que o Doutor possuía no olhar.

Heart Attack, da Demi Lovato. Todas conhecem?

Todas assentiram.

—Ótimo. –a introdução da música começou a tocar no salão, bastante alto desta vez. –Lembrem-se: Não se esqueçam de cantar. Quando tocada, a música se dispersa pela nave toda, mas pra fazer efeito, ela tem que se concentrar em apenas um ponto. Se vocês cantarem, a nave detectará o som de suas vozes como compatíveis aos dizeres da música, e muito provavelmente os braceletes em seus pulsos serão abertos...

Muito provavelmente? —Melissa fez uma careta.

—Desculpem, mas é a melhor chance que temos por enquanto –articulou. -De qualquer forma, eu vou contar com a ajuda de K-9 e dos outros robôs pra tentarem cortar os braceletes com seus lasers... Mas não se esqueçam de cantar dando ênfase e sentimento às palavras! É importante pra poder libertar vocês, senão não vão sair daí tão cedo...

—Okay. É só uma música... não temos nada a perder com isso –determinou Rose.

—Eu to dentro. –assentiu Martha. E com isso, todas concordaram, até mesmo a exigente Melissa.

—Obrigada meninas. Enfim, é com vocês. –Luisa cruzou os dedos, ficando em posição junto com os robôs, sua prima e as demais amigas que estavam livres.

Daquele momento em diante, todas as companheiras presentes se esforçaram para cantarem juntas a canção determinada. Não era nada fácil, sobretudo sem preparação, com a música já em andamento, e ainda por cima, assistindo à batalha que acontecia no grande salão da Estrela da Morte; mesmo assim, elas ergueram as cabeças e deram tudo de si.

Tanto que no ápice da música, Luisa percebeu uma leve trepidação no casco da nave. K-9 e os outros robôs, após o comando da menina, começaram a cortar as tiras de metal que as prendiam nas macas. Com isso, Luisa instruiu Maria, Agustina, Isabel, Alicia e as outras, a ajudarem-na a terminar de deslocar as barras do lugar, libertando assim, os membros das garotas. Todas elas se empenharam bastante em cumprir a tarefa, e o resultado não poderia ser outro: por fim, as companheiras estavam livres.

—Bom trabalho pessoal! Vocês estiveram incríveis! Foi uma perfeita demonstração de trabalho em equipe... Estou orgulhosa. –festejou Luisa, fazendo um cafuné na cabeça de lata de K-9.

—CONSEGUIMOS! –Melissa tacou um mega abraço na melhor amiga. –Desculpa ter sido rabugenta... Mas você sabe que eu nunca duvidaria de verdade de você, mesmo que a sua idéia parecesse biruta—brincou.  

—Eu sei Méli –Luisa sorriu, ainda dentro do abraço. Aquele reencontro também estava sendo memorável, julgando pelo fato de que, assim como com o Doutor, Luisa não via a amiga desde o episódio de sua queda no vórtice. 

—Caramba... Eu senti sua falta, doidinha... Nunca mais saia por aí saltando em vórtices alheios! –Melissa fingiu bronquear, ao que Luisa riu... “como se tivesse tido escolha”.

—Pode deixar Méli. Eu nunca mais vou me separar de você.

—Promessa é divida hein! –Melissa intensificou, rindo depois. –Mas me explica: como que essa nave enorme pode se intitular “Estrela da Morte”, e sofrer abalos na estrutura com uma música tocando?

—Longa história... A nave sofreu danos e interferências por causa da aproximação com o Planeta Oz, onde eu estive numa missão com o Capitão Jack Harkness, Mickey Smith e meu tio Rory Williams. 

Melissa boquiabriu-se ao ouvir a última parte.

—Como é que é? Seu tio?

—É. Eu explico melhor depois... Primeiro vou avisar Luke e Clyde que nossa investida teve sucesso –e pediu o comunicador de Agustina emprestado de novo, pra poder conversar rapidamente. –Olá! Sim meninos, funcionou perfeitamente! Valeu por tocarem a música que eu pedi!

Não há de que, Luisa—disse Luke, todo fofo e orgulhoso, contudo, a menina ficou alarmada quando a conversa foi interrompida inesperadamente por um chiado estranho, e pouco depois, ela escutou a voz de Darth Vader do outro lado da linha, segundos antes de escutar Luke e Clyde gritarem.

A música havia parado.


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Notas finais do capítulo

E tensão again.

YEP. O Show era de fato um SHOW.

kkkk espero que tenham gostado disso!

Bom, continua... :)



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