Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 135
Qualquer um que seja amigo do Doutor, também é meu amigo


Notas iniciais do capítulo

Oi! :D

Antes do capítulo de hoje, eu só gostaria de agradecer os comentários sobre o Planeta Oz. Eu realmente amei demais ter criado aquele lugar e fico muito contente com o retorno! Valeu migs :3



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Luisa conhecia aquele rosto. Era parte do seu Doutor Três em Um, mas acima de tudo, era a face limpa do rosto número 10 da lista de regenerações do Senhor do Tempo. Ela o conhecera no Shopping no Fim do Universo, durante aquela confusão de retrocesso regenerativo. Porém, aquele não era o seu verdadeiro Doutor –assim como supostamente o “Doutor Espantalho” do lado de fora do cofre também não era. Aquele homem parado bem na sua frente era um Clone. A TARDIS havia previsto sua criação. Contudo, a coisa que Luisa menos conseguia entender, dentre tantas coisas que não entendia, era como um clone perfeito do Doutor poderia ser treinado para ser mau.

—D... Doutor? –gaguejou ela, ruborizando. Ele estava completamente nu.

—Olá –disse, para a surpresa dela. –Tudo bem Luisa?

—Vo-você me conhece?

—É claro! –sorriu. –Eu sei quem você é. A TAR... alguma coisa acabou de despejar informações no meu cérebro. Seja lá o que signifique. Para todos os efeitos: Você é minha amiga.

Ela sorriu também, um pouquinho ansiosa.

—É! Isso mesmo. Eu sou sua amiga. Ter amigos é uma coisa boa... Nunca se esqueça disso –reforçou. Ela lembrava do que a TARDIS havia dito sobre ele “nascer sem saber diferenciar o certo do errado”. Portanto, pensou que deveria começar a ensinar algumas coisas boas para ele, antes que caísse em mãos erradas e pudesse ter o caráter deturpado. –Olha só... Eu vou... pegar uma roupa pra você, tá bem?

—Tá bem –assentiu, amistoso.

—Fica paradinho aí. –insistiu, meio insegura em se distanciar. -Eu já volto.

—Okay –ele ficou observando a menina se afastar, com tamanha curiosidade. Rapidinho Luisa voltou trazendo um terno azul que encontrara primeiro no armário da TARDIS. Achou que combinaria com ele.

—Tá legal... Já voltei... OH! –ela quase enfartou ao constatar que ele não estava no mesmo lugar de antes. Desesperada, correu para aquele lado do console, só para encontrá-lo agachado num cantinho, observando os cacos de vidro da antiga redoma, espalhados pelo chão. Com cuidado para não assustá-lo, ela se abaixou perto dele, tentando ignorar sua nudez, e tocou seu ombro. –Oi... Você me assustou. Pensei que tivesse sumido.

—Eu só estava olhando esse vidro todo.

—É... É melhor a gente recolher antes que alguém se machuque... –foi ela dizer isso que o rapaz, super ingênuo e curioso, apanhou um caco de vidro sem cuidado algum e acabou cortando a mão e parte da coxa esquerda, ao derrubar o vidro.

—Aaaai! –gemeu assustado, ao ver o sangue escorrer. Luisa imediatamente largou o terno que estava segurando.

—NÃO DOUTOR! –disse alto demais, fazendo-o estremecer. Inesperadamente, ele se encolheu, assustado com ela, e a garota percebeu a besteira que fizera. Rapidamente, entrou na frente do amigo, procurando acalmá-lo. –Desculpa... desculpa... Eu não quis gritar... desculpa –sussurrou, encostando a testa na dele, seus olhos se encontraram. Seu tom de voz o confortou bem mais agora.

—Eu... eu não sabia que isso machucava –ele disse, inocente. Luisa assentiu, compreensiva. –Eu tinha a informação do vidro chamar vidro, mas não fazia idéia de que cortasse...

—Tá tudo bem... A gente vai cuidar de você e esses machucados vão sarar todos... –prometeu. Então abriu a mão, pedindo pela dele. O clone do Doutor não hesitou em estendê-la. Luisa ficou feliz em ver que ele confiava nela. –Olha só... –disse, fazendo carinho na mão dele, depois deu um beijinho perto do machucado –Vai ficar melhor agora –garantiu, sorrindo. O rapaz sorriu pra ela em retorno. Talvez ele fosse tão inteligente quanto o Doutor, mas merecia um desconto, afinal, “acabara de nascer”. Logo Luisa percebeu que ele era suscetível a copiar e compreender pequenas ações, como por exemplo o gesto de carinho e o sorriso de segurança que ela lhe lançara, pois assim que a menina terminou, ele deitou a cabeça sobre a mão dela e lhe deu um beijinho também, depois sorriu reconfortante, igualzinho ela fizera.

—Awn... Seu fofo. –falou.

—Você que é –respondeu, sorridente. Então chegou perto dela e tocou sua bochecha. –Ah! É fofinha mesmo –riu.

Ela tocou a dele.

—Você também é –riu em retorno. –Fofíssimo!—então, diante daquela brincadeira de “copiar”, ela teve uma idéia. –Olha só... Tá vendo isso que eu estou vestindo? Chama-se roupa. Você não tem. –e apontou para o peito desnudo dele.

—É verdade. Não tenho mesmo –ele tocou o corpo, confuso. –Eu devia ter?

—A gente geralmente usa. Sabe? Pra não se resfriar e também pra não ficar andando pelado por aí –explicou. –Quer vestir uma roupa? Eu separei um terno bonitinho pra você... –e mostrou pra ele.

O Doutor instantaneamente se voltou para a peça que Luisa lhe mostrava e a segurou.

—Eu acho que gosto de azul –disse, depois sorriu. –Vou vestir agora mesmo!

Luisa cobriu os olhos enquanto ele se levantava diante dela e só voltou a abri-los quando o próprio amigo afastou as mãos do rosto da menina, anunciando estar dignamente vestido.

—Que tal? –perguntou, ansioso.

—Ah! Agora está muito melhor –ela sorriu pra ele, para depois inclinar a cabeça, refletindo.

—Alguma coisa errada?

—Seu cabelo está “arrumadinho demais”... Deixa eu dar um jeito nisso –e bagunçou os cabelos dele, fazendo-o rir. A menina se encolheu logo em seguida, pensando que ele tentaria fazer o mesmo com ela, mas não ocorreu. Voltou a contemplá-lo: ele apenas a estava observando, com ar de riso.

—Você tem razão... Cabelos bagunçados são mais meu estilo! –concordou. Então parou, analisando sua frase. –Caramba... Eu tenho um estilo!

Ela se juntou a ele, segurando suas mãos, empolgada.

—Tem sim... Aos pouquinhos você vai se lembrar de quem é.

Ele a observou, preocupado.

—Você parece me conhecer bastante... Então... Hã... Será que pode me dizer: Quem eu sou exatamente?

—Você é um Senhor do Tempo. O mais gentil que eu já tive o prazer de conhecer. Todos te chamam de Doutor.

Ele sorriu.

—Ser gentil é...?

—Uma coisa boa. É sim!

Ele sorriu mais.

—Ah, fico realmente feliz em saber! –foi aí que notou a nave ao seu redor. –E essa daqui é a minha... Hum... tá na ponta da língua o nome...

—Essa é a TARDIS. A sua nave. –explicou Luisa. –E ela te estima muito.

O Doutor caminhou até o painel e acariciou a mesa.

—Isso mesmo... TARDIS. Tempo e Dimensão Relativos no Espaço. –sorriu largo para Luisa. –ESTOU ME LEMBANDO! -foi aí que um barulho terrível invadiu a sala da TARDIS, fazendo os dois cobrirem os ouvidos e quase se desequilibrarem. –AAAAh! Disso eu não me lembrava... O que é isso? O que está acontecendo? –ele perguntou, aturdido.

—Com certeza é a tal Aliança do Caos e Desordem que a TARDIS mencionou antes de você nascer. Hã... surgir. –explicou Luisa, aflita. Todo o local ao redor começou a acender; Uma luz forte e amarela os envolvia. Luisa sabia que não devia ser coisa boa. Exasperada com o que viria a seguir, a garota correu para junto do amigo e o abraçou forte. -Promete pra mim que você não vai deixar ninguém mudar a sua cabeça! Promete!

Eu... Eu prometo—ele disse, confuso.  

Então a luz embaçou suas vistas e eles perderam os sentidos.

 

*     *      *

Luisa abriu os olhos, respirando descompassadamente. Sentou-se de uma vez; Percebeu o chão frio com uma leve trepidação embaixo de si: sem dúvida ela estava a bordo de uma nave.

—DOUTOOOOOOOR! –gritou, exasperada. Não havia nem sinal do seu amigo clone. Olhou para os lados, receosa com o que encontraria pela frente. Estava muito claro que deixara o Planeta Oz para trás, mas não sabia há quanto tempo, e o pior: não fazia idéia do que podia ter acontecido com o rapaz. –Não não não... Me diz que isso não está acontecendo... Clama Luisa. Respira. Ele tem que estar por aqui. Por quanto tempo eu dormi? Isso não é bom, não é nada bom... –falou, esfregando a testa. Às suas costas, particularmente num ângulo difícil de ver, houve uma movimentação.

—Com licença –disse uma voz em alto e bom som. –Mas talvez eu possa ajudá-la.

—O QUE!? –Luisa se virou de imediato e gritou por causa do susto que levou. A criatura que dirigira a palavra a ela tinha dois olhos redondos e amarelos, que brilhavam no escuro. A vontade da menina era ter saído correndo e gritando por aí feito uma maluca: uma por causa de toda aquela tenção psicológica que ela vinha enfrentando nas últimas horas no Planeta Oz, outra porque se assustara muito mesmo com a investida inesperada. Teria feito, se não tivesse recuado bruscamente e esbarrado em uma superfície de metal, que começou a apitar, piscando suas luzinhas, e avançando na direção dela. Dessa vez ela conseguiu sair fora do caminho das duas “coisas” que vinham se aproximando de si, contudo, tropeçou em uma terceira coisa: uma espécie de bola, que aparentemente soltou uma reclamação em uma língua desconhecida.

—AAAAAH! Fiquem longe de mim! –Luisa se encolheu, quando percebeu que estava cercada pelos três troços que se aproximavam, querendo tirar satisfação. 

Foi aí que uma porta se abriu num canto e um ser reptiliano entrou, com duas espadas em punhos, acompanhado por uma batata alienígena mau-humorada—armada com uma pistola de três bocas –, e uma jovem magra e esbelta, com vestimentas escuras e justas, como as de um ninja.

—Está certo, a brincadeira acabou! Fiquem longe da garota humana –disse a reptiliana. Era uma mulher.

Luisa franziu brevemente a testa. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Com a luz que entrou na sala escura, a partir da porta aberta, ela pôde ver que as três primeiras criaturas que se aproximavam dela, rangendo e apitando, eram na verdade dois pequenos robôs e um androide.

Como se a coisa não pudesse ficar mais estranha, ainda estava na companhia de mais três figuras agora: uma Reptiliana e um Sontaran –que felizmente ela reconhecia as raças graças às viagens com o Doutor –e mais uma garota humana –que era a única no recinto, capaz de trazer um pouco de tranqüilidade para ela.

Mesmo assim, Luisa aproveitou a distração breve de todos ao se contemplarem, apanhou um cano de ferro que estava apoiado contra a parede, perto de si, e apontou contra os demais.

Fiquem longe de mim!!

A Reptiliana inclinou a cabeça, como se aquilo soasse estúpido.

—Mas do que essa fêmea ridícula está falando? –perguntou o Sontaran. –Ela por acaso tem parafusos a menos? Eu posso consertar isso... –e deu ênfase à arma que estava segurando.

—Strax, se comporte –disse a réptil, guardando suas espadas na bainha do cinto. –Está tudo bem Luisa. Viu? Nós não viemos machucá-la...

—C-como sabem meu nome?

—Com licença senhorita, mas todos sabem o seu nome. É a companheira atual do Doutor, certo? Você e a senhorita Melissa Rivera. –disse a garota humana de roupas de ninja.

Luisa nem negou nem confirmou: estava perplexa e confusa demais para fazer qualquer coisa, mas então a reptiliana tomou a palavra:

—Não se preocupe querida, nós também somos amigos do Doutor. Eu sou Madame Vastra. E esses são Jenny e Strax. Nós todos já trabalhamos juntos e tivemos o privilégio de lutar ao seu lado. –ela então olhou na direção dos robôs. –Eles, por outro lado, eu não faço idéia de quem sejam.

—Olá, todos vocês. Eu me chamo C3PO. –disse o androide, que agora era possível ver: era todo dourado. -E esses dois são meus amigos R2D2 e BB8. –os robozinhos balançaram e fizeram barulho. Luisa se abaixou para vê-los melhor.

—Olá, prazer em conhecer –estendeu a mão para o robô bolinha, que se chamava BB8. Ele rodou um pouquinho, aparentemente feliz, então esbarrou em R2D2, que apitou. BB8 o encarou, como se o respeitasse, então voltou a observar Luisa, curioso. Neste momento, C3PO estendeu a mão para ela (era o único que tinha mãos, entre os três).

—Muito prazer –disse a ela. –Somos robôs auxiliares. Nossa principal função é auxiliar os humanos, quando necessário. Nossa conduta é amigável, eu lhes garanto. Eu sei, estamos todos numa nave inimiga, mas acredite, nós três somos tão vítimas disso tudo quanto você. Havíamos sido presos nesta sala hoje mesmo, como represália pela tentativa do R2D2 de enviar um pedido de ajuda através do universo.

R2D2 grunhiu, apitando. Ele se comunicava assim, numa língua irreconhecível aos ouvidos humanos, mas seu amigo androide era capaz de traduzir.

—O que? Oh, não me venha com essa... Não foi culpa minha coisa nenhuma! Eu estive ocupado, por isso deixei o BB8 de vigia na porta.

BB8 rodou, fazendo sons de protesto.

—Como é? Você não recebe ordens minhas? Mais essa agora...—disse em tom de deboche, por mais que seu rosto sempre permanecesse imutável. Luisa trocou olhares com o pessoal de Madame Vastra.

—Uma Reptiliana e um Sontaran trabalhando juntos?

—O Doutor conhece muita gente, e faz amigos nos mais diversos lugares. Apesar de nossas espécies não serem naturalmente parceiras, há exceções. Strax e eu somos exemplo disso.

—E o que todos vocês estão fazendo nesta nave?

—Estamos infiltrados –disse Jenny, mordendo o lábio como se fosse uma tarefa divertida. –Por causa da posição de Vastra e do comandante Strax, todos acham que eles fazem parte da Aliança do Caos e Desordem, por isso os deixaram entrar livremente em meio a outros representantes de seu povo.

—E quanto a você?

—A Jenny passa como minha dama de companhia –esclareceu Madame Vastra. –Um título bastante íntimo e respeitável.

—Hey! Calada—disse Jenny, à patroa. –Na verdade nós duas somos casadas, mas não dá pra sair dizendo isso pra todo mundo, especialmente numa nave que está cheia de super vilões.

—Então, deixa eu ver se eu entendi: todo mundo aqui está querendo sabotar os planos da Aliança e depois escapar deste lugar. –concluiu Luisa.

—Isso mesmo senhorita –assentiu Jenny. –Não podemos deixar que a Aliança continue firme e forte. Eles já fizeram bastante maldade em tão pouco tempo, quem dera em um longo espaço de tempo...

—Cruz credo, nem quero imaginar –disse Vastra. –Minhas escamas ressecam só de pensar.

Luisa levou as mãos à cabeça.

—Está tudo bem? –perguntou Strax. Ele parecia preocupado de verdade, diferente de seus irmãos clones Sontarans. –Eu sou enfermeiro... Posso dar assistência à qualquer coisa que precisar, se for o caso.

—Não, não. Eu estou bem –falou a menina, com uma leve dor de cabeça. –Só queria mesmo saber por quanto tempo eu dormi... Eu fui trazida para a nave junto do Clone, mas quando acordei ele já não estava mais comigo, o que pode significar coisas bem ruins...

—Acho que eu posso ajudá-la. –disse C3PO, surpreendendo-a. -Por acaso tenho essa informação no meu banco de dados: a senhorita chegou a essa nave exatamente há 240 minutos.

—Quatro horas? Eu apaguei por QUATRO HORAS INTEIRAS!? –exclamou, horrorizada. –Drogaaa... É tempo de sobra para a Aliança fazer lavagem cerebral no Clone do Doutor!

—Oh não! –Madame Vastra arfou. –Você disse “Clone do Doutor”? Mais isso é péssimo! Quer dizer que eles conseguiram o que queriam... Deturpar a personalidade do Senhor do Tempo não será difícil agora...

—A TARDIS me falou sobre isso, mas juntas determinamos um plano de improviso: no pouco tempo que passei com o Clone, eu tentei muito estimulá-lo a ser o mais positivo e bondoso possível.

—Mas seria o suficiente? –questionou Madame Vastra. -Você mesma falou que passou pouco tempo com ele; A Aliança teve horas de vantagem para influenciá-lo.

—Aí é que está: estou confiante que ele vá manter a lembrança dos primeiros resquícios de convívio comigo, e tentar resistir às mudanças propostas posteriormente. Seja lá o que forem fazer com ele, com certeza vai dar mais trabalho do que o esperado.

—Assim esperamos –disse Madame Vastra.

—Só espero que ele esteja bem à uma hora dessas –suspirou Luisa.

—Ele é só um clone do Doutor. Não é o verdadeiro –lembrou Jenny.

—É, mas ele era extremamente carinhoso e parecia ter grandes tendências para ser bondoso... Espero que não tenham estragado isso.

—A Aliança não está preocupada em acolhê-lo ou ampará-lo. –destacou Vastra, sabiamente. -O objetivo principal já era desvirtuá-lo desde o principio e transformá-lo em uma versão malvada do Doutor. Criar um gênio do mau, para poder bater de frente com o verdadeiro Doutor, e assim, colocar contra ele o único rival a sua altura: ou seja, ele mesmo.

—Eu não consigo acreditar que isso esteja realmente acontecendo –Luisa falou, desolada.

—Acredite querida, ninguém consegue. Mas o fato é que aconteceu, e todos temos que conviver com isso... –disse Vastra. 

—O que nos resta agora é tentar estudar o caso daqui para frente e mudar o que ainda for possível. –falou Strax.

—A resposta não está no passado, e sim no futuro. No que ainda não se concretizou, entendeu? Essa é a nossa chance –insistiu Jenny. Luisa assentiu.

—E o que vamos fazer? –ergueu uma sobrancelha. –Imagino que vocês tenham um plano, ou então não estariam aqui.

—É claro que temos. –sorriram. –Por favor, nos acompanhe Luisa Parkinson. Vamos tirá-la desta sala escura.

—Não precisa falar duas vezes! –a menina passou para o seu lado. Então olhou para trás, na direção dos três robôs. –E quanto a eles? Não podemos deixá-los sozinhos aqui... Eles foram presos tentando enviar um pedido de ajuda pelo espaço... Eles pretendiam ajudar!

Vastra, Strax e Jenny se entreolharam.

—Não vejo problema nenhum em deixá-los virem conosco também. Todo mundo que prefere a paz no universo ao invés do caos, também é meu amigo –disse Vastra, dando uma olhadinha discreta no corredor vazio, e logo depois fazendo sinal de que era seguro sair. –Vocês três, apertem o passo! Precisamos chegar ainda hoje ao setor 5/8-Meia.

—O que tem nesse setor? –perguntou Luisa.

—Pelo que sabemos, uma seqüência de celas com amigos nossos presos dentro.

—Está correto. –confirmou C3PO. –Exceto por um detalhe: é a seqüência de celas mais bem vigiada de toda a Estrela da Morte.

Detalhes, detalhes—cantarolou Vastra. –Não me levem a mal... Detalhes são ótimos na solução de casos: mas afora isso, só atrapalham.

—E vocês pretendem se aliar aos prisioneiros?

—Uma ótima estratégia para se vencer um possível e inevitável confronto é formar um exército tão ardiloso quanto o do oponente –disse Strax. –Dessas coisas eu entendo.

E como!—riu Jenny. –O problema mesmo é alcançar a meta de chegar lá sem chamar qualquer atenção, na nave mais repleta de guardas que já existiu.

—E como vocês pretendem chegar lá “sem chamar qualquer atenção”? –perguntou Luisa. –Nessas circunstancias, não seria impossível?

—Bem, digamos que eu sou uma excelente detetive com excelentes contatos –disse Vastra, cheia de si. Assim que se afastou, Jenny sussurrou para Luisa:

—Ela conseguiu arranjar um dispositivo que tem o mapa todo da nave, e ainda mostra uma visão geral de todas as criaturas presentes na nave e suas localizações atuais.

—Revelando os segredos de sua patroa? Que coisa feia –disse Vastra, com ar provocativo. –Não se fazem mais empregados como antigamente...

—Ei! –Jenny fez um bico para ela, que acabou sorrindo torto, voltando sua atenção para o tal dispositivo que Jenny mencionara. –Desculpe, às vezes ela é muito atentada...

Luisa riu.

—Para todos os efeitos, nós estamos escoltando a senhorita Parkinson para as celas no setor 5/8-Meia. –combinou Vastra.

—De acordo. -a menina assentiu. Então se pegou pensando em uma questão e achou que não haveria mal nenhum em perguntar: –Sabe, eu queria muito saber porque fui deixada naquela sala escura e fria...

Vastra olhou para ela.

—Bem, ao que tudo indica, a partir das reuniões da Aliança que presenciamos, eles precisavam de você apenas para fazer com que a atmosfera de Oz ativasse as células adormecidas da mão decepada do Doutor, dentro da redoma de vidro. Tinha todo uma questão simbólica de “ela é a companheira atual e a TARDIS confiará nela para abrir as portas e deixar o ar contaminar seu interior”.  –contou Vastra, e Luisa suspirou.

—Pior que eles tinham razão. A própria TARDIS caiu nessa, mesmo sendo tão zelosa o tempo todo que esteve em Oz. –prendeu a respiração. –Meu Deus... A TARDIS! O que aconteceu com ela? E os meus amigos... “K-9 Totó, Doutor Espantalho, Mickey Homem-de-Lata e Jack Leão”?

—Esperamos que muitas coisas nos sejam esclarecidas quando chegarmos ao setor 5/8-Meia. Que a propósito... Não está muito longe. Estamos indo bem até agora.

—Sim –disse Jenny, focada. –É só virar mais essa última esquina e seguir reto pela legião de celas.

Foi aí que R2D2 e BB8 entraram na frente de todos eles, impedindo a passagem.

—O que foi? Qual o problema rapazes? –perguntou Luisa. Ela passara tanto tempo com K-9 que já melhorara bastante sua relação com robôs.

Estes apitaram e se moveram agitados. Pareciam estar tentando alertá-los de algo.

—Mais o que foi? O que estão dizendo C3PO?

—Eles estão dizendo que essa área é arriscada e devemos tomar cuidado com o modo de segurança B9.

—O que é um modo de segurança B9? –Luisa já vira tantas coisas estranhas em seu caminho, que nem tinha mais pudor em fazer mil perguntas seguidas. –O que significa B9? É uma espécie de código ou...?

—ATENÇÃO! PERIGO, PERIGO! INVASORES NO SETOR 5/8-Meia! PERIGO, PERIGO! –disse a voz incrivelmente espalhafatosa de um novo robô, muito mais alto e robusto que C3PO, e também muito mais barulhento que os dois pequeninos. Ele tinha braços de mola, uma cabeça que lembrava um prato de sopa transparente, com tampa igual, e luzinhas piscando dentro, além de se movimentar com esteiras nos pés, que eram fixos na estrutura.

Todos taparam os ouvidos ao se depararem com tal sirene ambulante.

—EEEEEEI! Não faça barulho, escória robótica de quinta! –resmungou Strax, querendo acertá-lo com sua arma de três bocas.

—Não Strax! Vai piorar ainda mais a nossa situação –impediu-o Vastra. –Eles monitoram todas as armas a bordo. Não podemos arriscar.

—Se a Melissa estivesse aqui, já teria feito um concurso de “quem grita mais”, e começado a disputar o primeiro lugar com ele –comentou Luisa, com Jenny.

—Quieto escória! Se não quiser ser pulverizado, eu sugiro que pare com isso de uma vez por todas! –ralhou Strax, realmente irritado.

Já chega, amigo —disse uma vozinha de repente, surpreendendo todos com o fato de ter conseguido fazer o robô B9 se calar. De trás do grandalhão, surgiu um robô de porte bem menor, da altura de R2D2 mais ou menos, só que marrom, e com olhos de lanterna vermelha e braços com pinças amarelas. –O que temos aqui? Ora ora... Parece que realmente há encrenqueiros no setor 5/8-Meia.

—Aqui, veja –Madame Vastra estendeu um papel para o robô ver: era um certificado que dava livre acesso a ela e Strax, e todos que os acompanhassem pela nave. 

Hum... Muito bem então. Parece que vocês têm uma permissão dada pela própria Aliança. –disse ele, reconhecendo as credenciais. –Isso dá livre arbítrio a vocês, para explorarem toda a Estrela da Morte—eles já estavam prestes a comemorar por dentro, quando o robô veio com essa: -Mas só se me responderem uma coisa: O que partidários da Aliança fazem vestidos com roupas tão rebeldes e ainda por cima acompanhados por robôs que mais cedo tentaram abortar o grande plano do meu amo?

Foi aquela hora básica de todo mundo dar um sorrisinho amarelo –exceto os robôs, que não tinham essa possibilidade.

O robô marrom fez um som de contentamento.

Eu sabia que eram impostores.

—Oh, por favor, não nos entregue sua “robôdicencia”—enrolou Luisa. –É que precisamos mesmo entrar nesse setor... é questão de vida ou morte!

Ele fez um movimento leviano com a pinça.

Ora, não precisa apelar. –e baixou a voz. –Se querem mesmo saber, eu também não estou muito a favor desse plano mesmo... Nem o meu amigo robô B9 aqui, mas até onde ficamos sabendo: todo e qualquer robô que se mostrar rebelde às imposições de seus amos, serão severamente castigados. Dependendo da gravidade da situação, a punição seria o desmanche —ele levou as pinças ao pescoço –Meus parafusos perdem a força só de pensar...

—Não precisa se preocupar, ninguém aqui vai dedurar nada ao pessoal da Aliança. Também porque seria suicídio –garantiu Vastra. –Olhem só: se nos deixarem passar, nós deixamos vocês virem com a gente, para  escaparem dessa roubada antes que seja tarde.

Feito!—o robô marrom nem pensou muito no caso. Estava mesmo querendo arrumar um jeito de cair fora daquela nave, e como dizem que uma oportunidade nunca bate duas vezes na sua porta... –A propósito, eu me chamo Roby.

—Muito prazer. E é realmente muito bom tê-los na equipe –sorriu Vastra. O robô B9 estendeu o braço de mola para ela e também apertou sua mão com as pinças vermelhas. –Agora, vocês podem nos dizem se viram alguns amigos nossos por aqui?

Nós levamos vocês até as celas ocupadas e vocês tentam fazer um reconhecimento—propôs Roby.

—Fechado –sorriu Vastra, então olhou para os companheiros. –Ufa... Essa saiu melhor do que a encomenda

Andaram um curto percurso, passando por um corredor repleto de celas vazias, até chegarem numa parte em que havia duas celas ocupadas de modo isolado. Luisa arregalou os olhos ao encontrar a prima Maria Jackson, Luke Smith, sua irmãzinha Sky, Clyde Langer e Rani Chandra presos em uma, enquanto Jack Harkness, Mickey Smith, um outro cara e K-9 estavam na outra –desta vez completamente incorporados em suas próprias personalidades. Assim que ambos os grupos –presos e libertos –se viram, começou uma sessão de exclamações e ansiedade. Eles precisavam sair dali e rápido.

—Vamos libertá-los logo! –disse Strax, enquanto Roby revirava o molho de chaves. Rapidamente, a cela dos adolescentes foi aberta e Luisa deu um abraço forte em cada um dos amigos e na prima. Quando foi abraçar Luke, ela ficou realmente animada, pois da última vez que haviam se falado, as coisas não estavam indo muito bem em Hogwarts... Puxa vida! Tanta coisa tinha acontecido desde lá para ambos os lados... Eles iam levar muito tempo até colocar todas as novidades em dia.

—O que houve com a Sarah Jane? Vocês a viram? –perguntou Maria, preocupada.

—Ela veio com vocês, mas não foi presa na mesma cela? –Luisa se espantou. -Esquisito...

—Não. Parece que a minha mãe foi levada para um outro andar da Estrela da Morte. –explicou Luke. –E o Sr. Smith em compensação, foi confiscado. Eu tinha conseguido transportar sua energia para dentro de um notebook, para poder levá-lo por aí. Mas agora ele está desativado, para não distribuir informações aos inimigos.

—Espero realmente que eles estejam bem –disse Rani, abraçada com Sky.

—Não é justo o que fizeram... Pegaram a gente totalmente desprevenidos! Nós estávamos indo ao teatro, assistir uma peça do Mágico de Oz... –contou Clyde.

—O QUE? Nem me fale nisso –Luisa já fez uma careta.

—Gente... Não vamos fazer muito barulho. –pediu Jenny, receosa.

Não há motivo para se preocupar com isso—disse Roby.

—Mas... E quanto às câmeras de segurança? –perguntou Jenny.

Não há câmeras nesse setor. Por isso eles deixam o robô B9 e eu como carcereiros. Eles sabem que, apesar de ser uma ala de segurança máxima, ainda sim não tem tanta importância, “pois as peças principais já estão no jogo”. Essas aqui são as descartáveis. Mesmo se eles fugirem, ninguém dará falta. Vão por mim... Não nessa etapa do plano. —disse Roby.

—Ah, sério, valeu pela motivação –ironizou Jack. –Já deu pra notar o quanto a gente é querido por aqui...

—Jack! Mickey! –Luisa correu até eles, conforme sua cela era aberta. –Como estão se sentindo?

—Hey! Muito melhor! –disse Jack. –A minha coragem voltou toda. Pode testar se quiser.

—Olá Luisa, que bom ver você! –disse Mickey, animado, todo sorrisos e abraços. Uma postura bem diferente da do Mickey Homem-de-Lata de Oz. Luisa os abraçou.

—Eu sabia que era tudo culpa daquele planeta... Olha só pra vocês agora!

AMA Luisa!—disse K-9, espontâneo.

—K-9! –Luisa se abaixou para abraçá-lo. –Awn! Como vai o meu cachorrinho favorito?

Esta unidade está funcionando perfeitamente.

—Fico imensamente feliz em saber! –disse ela sorridente, então seu sorriso desapareceu conforme seu olhar recaia sob uma quarta forma de vida naquela cela... Que por acaso não era o Doutor Espantalho. Luisa se ergueu. –A TARDIS estava certa... O “Espantalho” não era mesmo o Doutor.

—Quem é esse? –perguntou Clyde, se apoiando nas grandes da cela. Luke deu de ombros. O homem se virou, ficando de pé.

—Oi, desculpem o surto... Eu bebi uma espécie de poção e fiquei com a aparência do Doutor e também os pensamentos dele se fundiam nos meus, me deixando confuso –explicou, meio ansioso. Luisa foi a única que arregalou os olhos com aquela informação: “Poção Polissuco”, pensou rapidamente. Estudara em Hogwarts sobre um feitiço com efeito muito parecido... Contudo, achou melhor não entrar em detalhes naquela hora. Não queria cortar a linha de raciocínio dele; –Mas okay, ninguém está interessado nessa parte agora, não é? Então vou direto ao ponto: Oi todo mundo, eu sou Rory Williams e gostaria muito de saber se vocês por acaso viram a minha esposa Amy por aí. 

Houve um momento de impacto. Todo mundo o encarou depois disso.

—Como é a sua esposa? –perguntou Jack.

—Ela é ruiva e bem alta e incrivelmente bonita. –descreveu ele.

—Não, foi mal. Até agora a gente só viu uns monstros sinistros e bem feios. –disse Clyde. –Nada de ruivas bonitas.

—Ah... Que ótimo! Perfeito—resmungou Rory, voltando a escorregar até o chão com as costas na parede. –Isso me deixa muito mais tranqüilo –ironizou.

Enquanto todos o olhavam com curiosidade, Luisa tinha outra expressão bem diferente no rosto: entusiasmo.

Sem dar explicações a ninguém, foi logo se aproximando do rapaz e sentou de frente para ele, de modo a fazer Rory olhar diretamente para ela.

—Pois... não? –disse, meio confuso com a aproximação inesperada dela.

—Oi! Desculpa chegar desse jeito... mas, eu creio ter uma coisa que pertence à sua esposa –e tirou o diário de Amy Pond de dentro da Bolsa Que Tudo Tem, surpreendendo Rory e fazendo muitos pescoços se espicharem às suas costas para ver de que se tratava. Rory pegou o caderninho e folheou-o, espantado.

—Mas... Não é possível... Isso é da Amy! –e olhou para Luisa. –Onde você arranjou isso?

—Na TARDIS. –disse ela, preparando-se para enfim contar tudo a ele. –Eu viajo com o Doutor também, assim como vocês fizeram no passado, e ao que tudo indica... Eu sou sua sobrinha.

Rory arqueou as sobrancelhas.

—Não brinca... Isso é sério mesmo?

—Seriíssimo. –assentiu ela, confirmando. –É que a Amy tem uns irmãos com quem aparentemente não manteve muito contato. Uma delas é Danielly Jackson, e eu sou filha dela.

Rory assentiu, mostrando que estava entendendo.

—Então quer dizer que você é mesmo a nossa sobrinha! –constatou, depois de levar em conta todas as coisas que Luisa disse. –Mas... Eu passei grande parte da infância e adolescência ao lado da Amy, eu a vi crescer... Então porque nunca ouvi falar do restante da família? Por que ninguém compareceu ao nosso casamento além dos pais dela e da tia Sharon?

—Eu sinto muito Rory, mas não tenho todas as respostas –admitiu Luisa. –Ainda. Porque eu sei quem pode nos ajudar com isso: O Doutor. Ele está em algum lugar dessa nave, precisando muito mesmo da nossa ajuda... E quer saber, aposto que encontrando o Doutor, a gente também encontra a tia Amy e a Sarah Jane. –disse para todos ouvirem. –E aí galera, estão prontos pra fazer uma entrada triunfal e salvar todo mundo?

—Mas como faremos isso? –perguntou Rani, interessada.

—Eu sei lá... Creio que precisaremos de muita improvisação e uma certa quantia de lógica –a menina disse, andando de um lado para o outro dentro da cela. –Vamos pensar... Qual seria o ponto fraco da Aliança? Será que existe um? Ou talvez não seja a Aliança em si o nosso foco... Ao invés de quebrar a cabeça pensando em uma forma de derrotar todos os vilões de uma vez, por que não pensamos em um jeito de deixá-los desnorteados? Ou de fazê-los precisarem recuar por contra própria? Para que sujar nossas mãos...? Não precisamos de armas. Se ficarmos juntos, podemos fazer qualquer coisa! –ela disse, com um brilho diferente no olhar, motivando os amigos.

—Não é a toa que se tornou companheira dele... Você faz as perguntas certas na hora certa. O Doutor adora pessoas assim –disse Rory, se levantando, e observando a sobrinha em ação. –Faz me lembrar da Amy... Vocês são mesmo bastante parecidas. A Amy jamais desistiria de salvar o Doutor.

—Fico feliz em saber disso -sorriu Luisa, amigável. –E aí pessoal? Estou aberta a idéias... O que vocês sugerem?

Houve um minuto de reflexão, em que cada um ficou em silêncio procurando achar uma boa solução para o problema. Até que Jack se manifestou.

—A Nave. –comunicou, fazendo todos olharem para ele. –A melhor forma de derrotar um homem que tem um plano audacioso e conta com a sua nave para executá-lo, seria justamente sabotar a nave.

—É! Tem razão! O Doutor e suas companheiras devem estar presos na Estrela da Morte. Todos da Aliança estão contando vantagem só porque conseguiram manter o Doutor preso –reforçou Madame Vastra. –Strax e eu escutamos muitas reuniões deles... O principal foco é deixar o Doutor sem possibilidades de dar uma reviravolta e então, tentar destruí-lo aos poucos, primeiro abalando seu emocional, deixando-o com raiva, medo possivelmente, e talvez fazendo-o sentir dor de diferentes maneiras, então por fim, ele teria que encarar o clone malvado, perfeitamente equilibrado e pronto para destruí-lo. –ela fincou uma das espadas no chão, e se apoiou nesta, continuando a falar. –Harkness tem razão, se encontrarmos o ponto fraco da nave, ou pelo menos um deles, poderíamos obter uma pequena vantagem que poderia significar a salvação do Doutor e de todos os seus amigos.

—Mas como nós faríamos isso? Como descobrir se a nave tem um ponto fraco?

—A pergunta não é essa –disse a voz de uma garota nova, pegando todos de surpresa. –A pergunta é: Será que aquela novata bonitona está com vontade de compartilhar as informações que conseguiu? —brincou. Ela era alta, bem branca, de cabelos castanhos escuros compridos e lisos, usava franja, tinha olhos azuis e um sorriso confiante.

—Hey... Eu conheço você! É a Lady Christina de Souza. –disse Mickey.

—Nada escapa do Mickey Mouse –provocou Jack.

—Vê se te enxerga! –provocou Mickey, em retorno. –Escuta só: Eu hackeei os arquivos da UNIT há algum tempo e vi seu nome na lista de “pessoas que interagiram com o Doutor”. Mas você não só interagiu com ele, vocês foram parceiros por um dia inteiro: salvaram o Ônibus 200 e todas as pessoas que estavam dentro dele, tirando-os do “Planeta dos Mortos” antes que as arraias gigantes de metal atravessassem o buraco de minhoca para a nossa realidade... WOU! ESSE É UM CLÁSSICO! Assim como o Titanic...

—Só que há um pequeno erro nesta versão: Nós salvamos todo mundo, como de fato foi dito, menos o motorista do ônibus, e mais três arraias que escaparam para a nossa realidade, da qual a UNIT deu conta do recado, atirando nelas até a morte. –revelou. –Foi mal aí, mas parece que eles quiseram romancear um pouco as coisas... Afinal, ninguém ia gostar de lembrar da bagunça que sobrou pra eles limparem... Então “para que acrescentar três Arrais toscas nos arquivos? Bora tirar e ficar só com a parte emocionante da história”! –ela ironizou.  

—Detalhes. Sempre os detalhes –murmurou Vastra, distraída.

—Pelo menos eu não fui presa no final... Bendito Doutor! –recordou Christina. –Mudei bastante o meu estilo de vida depois disso... Tudo graças ao Doutor. Porém, nunca deixei de manter meu espírito de aventura; Seria pedir muito.

—Então é por isso que está aqui? Você veio retribuir o favor? –perguntou Jack.

—Sim, de certa forma. E também porque faz anos que eu gostaria de revê-lo, mas como todos sabemos... Não é nada fácil encontrá-lo.

—E o time cresce mais um pouco –Luisa comemorou, se aproximando de Christina. –Muito prazer, eu sou Luisa Parkinson, uma das companheiras atuais do Doutor. Qualquer um que seja amigo dele, também é nosso amigo e é incrivelmente bem vindo nesta operação de resgate.

—Operação Salvamento, devia se chamar o nosso plano –acrescentou Clyde. –É um nome bem legal.

—Eu gostei! –Sky sorriu. 

—É, parece bom pra mim –concordou Madame Vastra.

—Com certeza aprovado –assentiu Christina, então voltou-se para Luisa: -Fico realmente feliz com as boas vindas. E só pra constar, eu já ouvi falar de você e da sua amiga Melissa. E olha... Eu gostei bastante das coisas que fiquei sabendo. –apoiou-se numa das grades. Luisa sorriu orgulhosa. -Você parece ser uma garota bastante determinada e cheia de garra... Gostaria de ver o que fará com a informação que eu trouxe pra vocês.

—Então você descobriu o ponto fraco da Estrela da Morte?

—Não o principal, mas uma recente falha do sistema, nadinha programada, deverá servir para que vocês consigam dar uma rasteira naqueles metidos... –cruzou os braços, olhando de rosto em rosto, com uma expressão divertida. –Tá bem, pessoal... Começando do começo: Quem aqui tem um celular com uma playlist bem variada?


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Notas finais do capítulo

Robôs:

*C3PO / R2D2 / BB8 -Star Wars

*Robô B9 ("perigo! perigo!" ) -Perdidos no Espaço

*Quanto ao Roby... Eu mesma inventei! ;)

***
Tá legal! Quem aí se lembra da Lady Christina de Souza? Eu sei que ela atuou como companhion do Doutor em apenas um episódio, mas para mim foi o bastante! Eu simplesmente amei a personagem, me identifiquei logo de cara e comecei a gostar muito dela -e já é de longa data que eu planejava trazê-la de volta para DW, através da fic da Lulu, então, aqui estamos!
"a chance de ouro para uma companhion de ouro"

Pois é... e as surpresas só estão começando...
Bom, queridos, por enquanto é isso. Vejo vocês quinta feira!

;)




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