Adult Wolf escrita por CASS


Capítulo 3
III — Acorde.


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas! Como um dos meus leitores lindos pediu (Weirno ♥) eu fiz uma pasta com os personagens que já apareceram, com fotos, nomes, família, raça e personalidade. Cada novo personagem que aparecer irá direto para o site, então procurem salvar o link.

Ah! Dica especial: cliquem na opção "mais antigas" para ver quem apareceu primeiro, e "mais recentes" para ver quem apareceu no final.

Link: https://ibb.co/album/h62wGF



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748920/chapter/3

    Allison abriu os olhos para o mais completo escuro. Esfregou os mesmos, sentando-se. Sentiu as costas doerem, olhou para o chão sem conseguir enxergar. Tateou nas tábuas, e reconheceu uma madeira disforme e torta. Ergueu o corpo, sentindo os pés tocarem o solo frio. Na realidade, o clima era tão gelado que a respiração da garota condensava. Parecia estar no vazio. No mais completo vazio. Sem luz, nem vida.

   — Alguém? — gritou, mas parecia inútil. Abraçou o próprio corpo e começou a andar.

   Para todo lado que fosse, parecia o mesmo caminho sem fim. Andou no breu até sentir o chão mudar para um terreno arenoso e as folhas começarem a pinicar a sola dos pés. Virou o corpo e pôde ver uma pequena faixa de luz, que se estendia até seus pés. Começou a perseguir o caminho iluminado, até estar em um lugar iluminado e aconchegante. Parou na porta, olhando para onde antes estava a floresta escura. Era sua casa.

   Andou até o hall de entrada, vendo o cabelo encaracolado cor de cobre de costas para si. Estava em um vestido rendado branco, que ela conhecia muito bem. Teve medo de perguntar, de chamar.

   “Mãe?...”

   Antes de fazer a pergunta, viu Lydia virar-se e mostrar-lhe seus olhos verdes. Sorriu imensamente, e acolheu a filha dos braços, que correra ao seu encontro. Ambas ajoelharam-se ao chão e, por questão de segundos, Lydia não estava mais lá. Allison olhou em volta, e começou a correr pela casa, até encontrar o pai, sentado na cadeira da cozinha, bebendo um copo de whisky e lendo o jornal.

   Isso não é real.

   Stilinski deu alguns passos para trás, subindo as escadas da casa até entrar no corredor dos quartos. Abriu o primeiro e viu o irmão, Max, encarando o corpo no espelho, sem camisa. Ela lembrou daquele dia.

   — Sai, Allison!

   Ela não foi capaz de responder, apenas fechou a porta e correu para o outro quarto, o de Claudia, a irmã mais nova, ruiva como a mãe, que cantava alto a música tema da pequena sereia.

   — Olha, Ally, eu sou a Ariel!

   — S-sim, você é. — respondeu ela, tremendo.

   Correu até o outro quarto, o do pai, e pôde ouvi-lo chorar. Mas ele estava no andar debaixo! Abriu a porta, encontrando a mãe penteando o cabelo na frente do espelho.

   — Hoje é o grande dia, querida. — disse Lydia. — Não está animada?

   Allison pensou em berrar, mas segurou o impulso. Correu até a última porta do corredor, ansiosa pelo que veria.

   Encarou o quarto por alguns segundos, acostumando-se com a luz. Sua cama estava revirada, o tapete estava coberto pelas roupas que foram arrancadas do guarda-roupa. Os quadros com as fotos que antes jaziam na parede, estavam quebrados no chão. O relógio dos Beatles que ganhara da mãe estava rachado. As cortinas balançavam com o vento forte. Andou na direção da janela, fechando-a, e só então percebeu que estava acompanhada. Olhou para trás, na direção da parede que continha os quadros, e viu uma garota de cabelos vermelhos de costas.

   — O que aconteceu aqui? — perguntou Allison. — Quem é você?

   — Me diga você, Allison. O que aconteceu aqui?

   A garota fechou os olhos. Isso é só um sonho, um delírio. Acorde. Acorde. Respirou fundo, abrindo-os novamente e percebendo estar no mesmo local.

   — Acabei de chegar. — a menor respondeu. — Quem é você? — repetiu.

   — Quem sou eu não importa agora. — virou-se.

   Allison encarou o rosto da garota na sua frente. Os olhos eram castanhos, o nariz arrebitado e perfeito. Ela era linda, e aquilo deixou Ally ainda mais desconfortável, como se ela não existisse.

   — Então o que você faz no meu quarto?

   — Isso parece seu quarto? — ela estendeu o braço, mostrando o lugar. — Está uma bagunça, que você não deixaria.

   — O que raios você está tentando dizer?! — Allison se aproximou.

   — Estamos na sua mente, garota! — disse ela, já irritada.

   Isso explicava o porquê de ela lembrar daquelas coisas.

   — São minhas lembranças. — sussurrou.

   A garota misteriosa pareceu aliviada em ver que ela entendera. Soltou o ar pela boca, ajeitando a postura.

   — Meu nome é Lauren. Eu posso ajudar você. — deu um passo na direção de Allison, sorrindo. — Eu te ouvi dizendo que queria poder fazer algo para mudar tudo.

   — E...?

   — E você pode.

...

   Derek já pressionava o braço de Allison para sentir seu pulso. Estava alterado, e a respiração também estava fraca. Stiles não conseguia pensar em nada, apenas andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça.

   — O que você fez com ela?! — perguntou ele à Ben.

   — Por que todos acham que fui eu?! Eu não fiz nada! Eu a encontrei assim, é gritando!

   — Gente, acalmem-se! Vocês precisam se acalmar! — Chloe ergueu os braços enquanto via Derek se afastar. — Eu sei que estão todos nervosos, mas primeiro vamos esperar que ela acorde!

   Stiles segurou a vontade de avançar no filho do melhor amigo e cobrir o garoto de socos, mesmo sabendo que seria atingido brutalmente depois. Derek segurou seu braço. Ambos respiraram fundo.

   — Ela vai ficar bem. — Derek murmurou. — Só está em transe. Não podemos acordá-la. Deixem que ela mesma faça isso.

   Todos encararam o corpo pálido de Allison, exceto Ben. Ele revirou os olhos e começou a andar para fora, até ser segurado por Derek pela gola da camisa.

   — Você fica, e não me interessa quem é seu pai.

   O mais novo bufou e sentou-se. Cruzou os braços, de cara amarrada.

...

   — Como assim? — Ally murmurou. — Como posso trazer alguém de volta dos mortos?

   — Existem várias formas. — a outra garota respondeu. — Algumas mais fáceis, outras mais difíceis.

   — Qualquer coisa. — engasgou a menor.

   — Toma cuidado com o que você diz, Stilinski. Qualquer coisa é muito, o suficiente para eu tirar sua alma. Mas eu nunca faria isso.

   Os rodeios da garota de cabelos vermelhos chegavam a incomodar Allison, agora vermelha, controlando controlando a vontade de gritar com ela e dizer para que parasse de jogar enigmas e falasse logo. Mordeu o lábio inferior.

   — São lembranças. — repetiu.

   — Sim. — a outra concordou, simplesmente.

   — E o que eu preciso fazer?

   Deu um passo para trás, sorrindo. Os cabelos vermelhos fizeram uma cortina que cobria seu rosto, deixando apenas metade dos olhos e o nariz aparecendo.

   — Você precisa lembrar.

   As trevas novamente tomaram conta do espaço em que Allison estava, e mergulhou no nada. Suas lembranças começaram a preencher o vazio, extremamente rápidas, até coisas que ela nem lembrava. Lembrou do dia que derramou café no vestido preferido, e quando brigou com o irmão mais novo por ele ter tentado matar uma joaninha. Coisas banais, que seu cérebro tinha excluído durante as noites de sono, agora assombravam seus olhos. Coisas simples, às vezes, que podiam significar muito porque, em cada uma das lembranças mostradas, Stiles estava no segundo plano, com o rosto triste ou o olhar vidrado em algum ponto, como se enxergasse alguém. Mas não havia ninguém, nunca. Em uma das lembranças, talvez de quando ela tinha doze anos, pôde ver o pai falando sozinho, enquanto Claudia corria pelo corredor, ainda pequena.

   — Não. — dizia ele. — Lydia não. Ela não!

   O grito saiu surdo, mas Allison podia ouvir, agora. Pegou Claudia no colo e puxou Max para dentro do quarto, fechando a porta.

   — Por que o papai gritou? — perguntou Max, com dez anos.

   — Eu não sei, Max. — respondeu. — Mas vamos ficar aqui.

   Foi naquele dia que receberam a notícia. Uma batida na porta do quarto de Maxwell, onde estavam, revelou Scott, parado na porta, com a cara de quem tentava não chorar, e parecer firme ao dar a notícia para crianças. O filho dele, Benjamin, estava agarrado à suas pernas.

   — Crianças, eu...

   E o resto ela lembrava. "A mãe de vocês virou uma estrela no céu". Max levantou, nervoso, gritando "ela morreu?!". Allison encarou o tio, esperando que fosse mentira. Foi quando apareceu Derek logo atrás. Pela primeira vez, parecia abalado. Allison engoliu em seco e puxou o irmão para perto, ambos abraçados ajoelhando-se no tapete azul, enquanto o garoto soluçava e Allison erguia o rosto vermelho para os homens que estavam em sua porta.

   — E o papai?

   — Ele está lá embaixo, Ally. Está tudo bem. — disse Derek, com o mesmo tom de voz.

   — NÃO ESTÁ TUDO BEM! MINHA MÃE...

   Uma onda de calor correu pelo corpo da menina, fazendo-a empurrar o irmão para o chão e correr para a janela, segurando-se nas bordas de madeira e gritar para a lua nova. Seu primeiro grito de banshee foi doloroso, tanto física quando emocionalmente. Tremia. Ben ajoelhou no chão, segurando os ouvidos que doíam. Scott e Derek pareciam ter se acostumado, mas estavam surpresos. Ela nunca tinha dado nenhum sinal de que seria como a mãe.

   As lembranças continuaram, e ela caiu em um chão gelatinoso, que afunilou. Viu a mãe falando no telefone com alguém, e ajeitava um quadro na estante da sala. Estava sorridente, e sua voz saía de um jeito meigo. Allison tinha saudades de ouvir a voz da mãe. Olhou para a foto. Era ela, o pai e os tios Scott e Malia, sentados em um banco da escola, sorrindo para a câmera. Na outra foto, viu a mãe, ainda mais jovem, com os cabelos extremamente cacheados, junto com Allison, a melhor amiga. Reparou que todas as fotos ali eram deles adolescentes.

   "Você precisa se lembrar"

   — Quando? — a voz da mãe era enevoada. — Mas isso é muito tempo! A Lua Cheia é daqui a alguns dias. Não espera que consigamos deixar todo mundo normal aqui.

   Silêncio.

   — Como assim, sairmos da alcatéia? Scott, nós também somos seus betas. Stiles! — Lydia chamou os marido, que correu da cozinha para a sala, com Maxwell agarrado em sua perna, rindo.

   — Que foi?

   — Scott acha melhor que saiamos da alcatéia.

   — Não, que loucura é essa?

   — Ele disse que eles não vão voltar para Beacon Hills e que estão todos bem lá na Inglaterra junto com o Isaac e a Cora.

   — MAS NEM QUE A VACA TUSSA! Scott, trate de voltar logo. Uma matilha não é nada sem seu líder. Vai se ferrar, você é o líder. Vem logo.

   Fora o suficiente para Allison gritar e sair do sonho, sendo sugada novamente para o quarto, onde estava com a garota.

   — QUEM RAIOS É VOCÊ?

   — O mensageiro não é importante. — respondeu ela.

   — Claro que é! Você tá na minha mente, e eu exijo explicações.

   A garota sorriu para Allison, vencida.

   — Meu nome é Lauren.

   Parecia que ela não iria dar mais informações do que aquela, então Allison contentou-se em saber pelo menos o nome dela. Suspirou.

   — Como eu faço pra acordar?

   — Você precisa?

   — Óbvio! Vou saber quanto tempo fiquei desse jeito?

   — Se você quer acordar, então acorde.

   — Como?

   — Acorde. — respondeu Lauren. — Acorde.

   "Acorde. Acorde. Acorde."

   Allison sentou-se na cama num repente, assustando a todos. Chloe e Thomas seguravam seus braços, e ela suprimiu a vontade de gritar. Apenas olhou em volta, tonta, e deitou o corpo novamente.

   Por que seguravam seus braços? Eles diziam coisas que ela não entendia, e seus olhos correram para uma das mãos, a que Chloe segurava, e suas unhas estavam repletas de sangue. O outro braço começou a arder automaticamente, e ela encarou os cortes no braço que ela mesma tinha feito.

   "A C O R D E"

   Stiles parecia horrorizado, e encarou a filha com certo receio.

   — Allison? 

   A garota não conseguia falar nada. Tinha muitas perguntas, muitos questionamentos e acusações para fazer. Apenas fechou os olhos e ficou assim, enquanto o pai acariciava seus cabelos e Thomas finalmente soltava o braço ensanguentado dela. 

   — Posso ir agora? — perguntou Benjamin, displicente. 

   — Vai, vai. — Derek praticamente o empurrou para fora. — Acho melhor levarmos Ally para casa. 

   Stiles concordou com um aceno, segurando a filha no colo, seguido por Derek. Chloe encarou a amiga por algum tempo, segurando sua mão e deixando um beijo em sua testa.

   — Deixem-nos informados. Por favor. — murmurou Thomas, preocupado. 

   — Eu ligo. — disse Derek, abrindo a porta para que Stiles saísse. Andaram até a viatura que tinham vindo, Stiles passando Allison para o colo de Derek, que a acolhera como afilhada desde a morte de Lydia. Sentou-se no banco de trás, com ela, que chorava. — Calma. Já passou. 

   — Por que você mentiu pra mim? — perguntou Allison. 

   — Eu? — perguntou Derek. 

   — Não! Pai, por que você mentiu pra mim?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Beijinhos da tia Cass. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Adult Wolf" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.