— ...Você conseguiu ver?

— Não, tentei pegar o celular dele, mas ele apareceu... Quase morro de susto.

— Nenhuma oportunidade durante essa viajem, hyung?

— Não, não consegui mesmo. Até pedi para ele, o celular, dizendo que precisava te passar umas mensagens porque o meu não funcionava, mas ele desconfiou.

— Ér, o Jungkook sempre foi desconfiado...

— Ainda fiz uma tentativa quando nos perdemos em umas ruas lá em Osaka. Ele tem vários aplicativos e mapas para localização e teve que me entregar o celular para que eu pudesse ajudar enquanto procurava o caminho no guia de viagens...

— E então?                                   

— Fui ver as chamadas, mas o número não estava registrado com um nome e ele percebeu meu silêncio olhando para o celular...

— E tomou da sua mão.

— Exatamente.

— Ér, o Jungkook sempre foi desconfiado...  

— Mas ele sempre nos conta tudo. Isso deve ser sério...

— Nee. Olha, lá vem o Yoongi. – Taehyung falou para o Jimin após aquela breve conversa entre ambos.

— E então, Suga hyung, ele disse o que está acontecendo? – Jimin inquiriu apreensivo.

— Não quis dizer, mas está bastante preocupado. Alguma coisa perturba o nosso maknae e pela primeira vez, não tem relação com a BigHit.

Todos ficaram pensativos, mas aos poucos se dispersaram e foram aos ensaios.

***

Após o término dos ensaios, os garotos se dirigiram para os dormitórios da empresa a fim de resolverem quem iria ao banho primeiro, pois estavam todos ansiosos com o jantar que haviam combinado como uma prévia da comemoração de um mês de namoro entre Jimin e Nana. Passou-se um breve mês desde toda aquela história tragicômica das gravações do MV. O famoso MV que uniu um amor de anos entre uma staff e um idol dos mais famosos na Coreia atual no mercado da música.

Bom, falando neste assunto, vale explicar um pouco do que aconteceu durante este tempo: As visualizações do MV à procura da atriz e staff, namorada do Park Jimin, foram enormes a ponto de sair em todo tipo de jornais e noticiários tal relacionamento, quintuplicando as vendas do novo álbum. Sem mencionar que os convites a programas nacionais e internacionais lotavam toda a agenda dos Bangtan Boys.

O casal ainda está sendo convidado também separadamente do grupo para contarem mais detalhes sobre toda a história (e assim alimentar as especulações dos curiosos jornalistas). Mas não precisou, de fato, que Jimin e Nana comparecessem a todos os programas para que os sites de fofoca estourassem com artigos e matérias, diga-se de passagem, muitas inventadas. Os armys em sua maioria estão apoiando a união dos dois e ajudando a BigHit com as denúncias em casos de difamações e exposição da imagem de forma indevida... Talvez tenham mexido com o fandom errado neste quesito.

Já para os que não apoiavam e criticavam, bem, Jimin e Nana estavam sabendo lidar com isto. Enfrentavam o que fosse preciso e entre turbulências e calmarias, um mês estava aparentando um ano com o peso das duas Coreias nas costas, e mais além, devido a toda repercussão e alvoroço do que havia acontecido.

Porém, estavam mais fortes e felizes juntos. Tudo corria bem.

Bang PD viu-se obrigado a realizar uma reunião de urgência para tratar dos negócios da empresa e sobre esta primeira repercussão crítica do grupo. Recomendou que esperassem tudo se acalmar para tomarem alguma outra grande decisão fosse profissional ou pessoal, para o bem de todos. Os Bangtan Boys não podem deixar cair sua popularidade. Mesmo com o apoio dos Armys, deveriam ser prudentes.

Assim as coisas se encaminhavam e os ensaios continuavam para a promoção do novo álbum e shows neste novo comeback.

De volta aos preparativos para o jantar entre amigos...

 Taehyung, Jin e Yoongi, então, já estavam prontos e aguardavam no andar de baixo do prédio, Namjoon, Hoseok e Jimin ainda preparando-se, se apressavam caminhando de um lado a outro no espaçoso dormitório do grupo - dormitório que tanto gostavam mesmo já tendo suas próprias casas na capital -, enquanto Jungkook aguardava calmamente sua vez, escolhendo uma roupa e guardando seus pertences, em seguida, para quando retornassem apenas cair confortavelmente em sua macia cama.

O jovem já estava exausto e preocupado o suficiente naquele dia, mas ainda havia tempo para que um alarme de notificação tirasse um pouquinho da tranquilidade que lhe havia restado:

— Jungkook?

Annyeounghaseyo... Você chegou bem de viajem? É que você havia dito que viria na lanchonete e saiu daquele jeito...  

Bom, se precisar, estou aqui.

Espero que esteja bem.

“Aigo, Kim Heuna noona!” – Pensou o jovem levando uma das mãos à cabeça enquanto encarava o celular - “Ora você diz que vai sair com o tal do Kiji, ora me manda mensagens!... Depois de todo esse tempo, será possível que não tenha percebido?!”

Começou, então, a digitar para em seguida apagar.

Recomeçou, soltando um suspiro. Suas grandes mãos suavam:

정국:

— Annyeounghaseyo, Heuna noona.

Ando meio ocupado... Não pude voltar aí.

“Mando deste jeito?... Vou acabar afastando-a...” – Pensou Jungkook cheio de dúvidas.

Quando der, irei.

Digitou, mas logo desistiu.

“Isto soou ruim...”.

Por fim, enviou:

정국:

— Annyeounghaseyo, Heuna noona.

Ando meio ocupado... Não pude voltar aí. Assim que der, irei.

Desculpe-me por sair daquele jeito hoje cedo.

Kamsahamnida.

— Kookie! Vá logo se arrumar! Estamos te chamando há minutos. – Hoseok falou empolgado. – Deixe-me ver o que tanto tira sua atenção aqui... – Aproximou-se do mais novo a fim de pegar seu celular, mas este, mais alto, levantou-se em ponta de pés e esticou o braço acima da cabeça segurando o aparelho.

— Ani! Ani! – Jungkook exclamou entre risos – Não, Hobbi hyung.

Hoseok tentou, mas não conseguiria ver.

— Saudades do tempo em que você era um garotinho assustado de 15 anos de idade, BEM menor que eu. – Hoseok falou com um tom de lamento e brincadeira, empurrando o maknae que caiu na cama esquecendo, naqueles segundos, suas preocupações.

Encarou o celular novamente, agora deitado e viu que Heuna estava digitando. Esbugalhou seus olhos apreensivamente, negando-se a encarar uma conversa com a garota naquele instante. Afinal de contas, teria que se arrumar; todos o esperavam.

Largou o celular na cama com certo alívio justificável e seguiu para o banho.

No chuveiro, pôde ouvir de repente um toque de notificação e em seguida, mais outro e outro. Aquilo o deixava ansioso, porém receoso em ver o que poderia ser. Seria a Heuna? O que ela estaria dizendo?

Deixou que seus pensamentos vagassem de volta à lanchonete vizinha e vislumbrou a Heuna e toda sua beleza, mista em traços típicos coreanos e brasileiros, seus olhos pequenos puxados e expressivos tinham a mesma cor de seus cabelos: castanho acinzentados que caíam até um pouco abaixo dos ombros desenhando seu delicado rosto mel, em uma suave tonalidade; seus lábios rosados eram bem desenhados. Heuna era dona de uma beleza única.

Jungkook sacudiu a cabeça no intuito de afastar os pensamentos, mas apenas o que conseguiu foi espalhar água e espuma pelo ambiente.

— Aish! – Exclamou o maknae passando ambas as mãos nervosamente sobre seu cabelo levando a franja para trás expondo sua marcante sobrancelha. Franziu o cenho impensadamente e respirou fundo sentindo um repentino frio que insistia em passear do seu coração ao estômago. Ele admitia que Heuna o deixava nervoso.

E levemente impaciente.

Esfregava seus cabelos enquanto a água jorrava por todo seu corpo pálido. Lembrou-se da voz de Heuna quando chamava seu nome, após longos minutos de espera pelo fim do expediente da garota – ou seriam horas? - para comerem algo antes de ela fechar o estabelecimento.

Sentiu uma incontrolável pontada em seu baixo ventre e suspirou pesadamente tensionando o próprio corpo. Fechou os olhos lentamente sentindo a água acariciar-lhe. Passou as mãos pela nuca nervosamente descendo pelo peitoral, abdômen... Soltou um baixo gemido respirando pela boca entreaberta.

Arrepiou-se de súbito e tremeu em reflexo. Apoiou uma das mãos à parede abaixando a cabeça pensativo, enquanto sentia a água em sua nuca.

Aquele banho só aumentava o calor que o maknae sentia.

Abriu os olhos e sacudiu novamente a cabeça. A medida que tentava esquecer-se da Heuna, eram as vezes que lembrava-se dela.

Aquilo parecia impossível.

Desligou o chuveiro pegando sua toalha e se assustou ao ouvir o toque de chamada do seu celular. Enrolou-se na mesma, da cintura para baixo, e segurou rapidamente o aparelho entre as mãos:

— Jungkook-ah!

Jungkook respirou aliviado:

— Estou indo, hyung.

— Você demora, anda logo. Não queremos pegar trânsito! Todos já estão aqui em baixo.

— Está bem, Jin hyung. Me desculpe... – Jungkook desenrolou-se da própria toalha encontrando-se completamente nu, sozinho no dormitório, vestindo às pressas as peças que havia separado, enquanto segurava o celular entre a orelha e o ombro – Estou quase descendo!

— Você sempre fala isso, Kookie e sempre demora séculos também. Da próxima vez você irá se arrumar no banheiro do último andar do prédio! — Jin reclamava enquanto uma voz ao seu lado dizia para deixar o garoto se arrumar em paz. Era a voz do Namjoon.

— Mas hyung, aquele elevador sempre pára no meio do caminho... – Jungkook falou com ares de riso. Na verdade, sempre se divertia com as reclamações do mais velho. - ...E com alguém dentro! – Completou pondo seu celular no viva-voz e jogando-o em cima da cama enquanto vestia uma camisa branca de listras verticais. 

— Usa as escadas, aigoo.

O maknae sorriu divertido.

— Se eu usar as escadas demorarei talvez ainda mais e vocês iriam me esperar o dobro do tempo, hyung... – Jungkook falou com a voz risonha pela própria chantagem, pegou uns documentos, carteira e abriu a porta.

— ...Ele já deve estar descendo... – Falou Jin mais baixo para os demais e voltou-se para o celular – Estou ligando o carro.

Jungkook riu novamente agora ofegante correndo pelos corredores em direção à saída:

— Ah, não está não.

— Sim. Estou, sim. – Jin falou sério, mas o maknae pôde ouvir os risinhos dos demais.

— Não está, não.

— Estou.

— Aish!

— Aish!

— Aigoo, hyung!

— Aigoo, Kookie!

Jungkook chegara, então, ao hall onde todos estavam sentados aguardando-o.

Estavam.

O maknae olhou decepcionado para os sofás vazios parando de súbito com o celular na mão ainda em chamada. Olhou para fora e viu que de fato todos já haviam se dividido em dois grupos e já estavam bem acomodados nos carros.

— Hyung!

— Hum?

Jungkook agora caminhava ofegante abrindo a enorme porta de vidro do prédio.

Desligou o celular e abriu a porta do carro em que estava o próprio Jin no volante, Taehyung e Jimin. No outro carro iriam os demais com o Yoongi no comando.

— Você sempre me espera no hall! – Fechou o cinto de segurança.

Jin sorriu:

— Sim, mas hoje quis ter o gostinho de pregar esta peça em você, Kook, por ter escondido meu notebook semana passada.

— Eu não escondi. Só peguei emprestado sem avisar.

Jin esbugalhou os olhos para o retrovisor a fim de encarar o maknae que abriu um largo sorriso em resposta.

Jimin ao lado do maknae, o bateu rindo abertamente e falou:

— Jin hyung, não se preocupe, o Kookie sempre foi assim. Quanto mais reclamamos, mais ele se diverte...  Ainda temos tempo para o jantar.

— Hey, mas eu ouço meus hyungs – Jungkook falou mais baixo para Jimin.

Jin ouvindo, sorriu de lado, satisfeito com o mais novo e deu a partida.

— Sim, a menos que não esteja distraído no seu celular... – Taehyung falou tranquilo do banco da frente ao lado do Jin.

Jungkook deu de ombros lembrando-se de certa garota da lanchonete vizinha.

Mais uma vez a pontada surgiu sem que o maknae pudesse prever e seu baixo ventre pulsou em hormônios fazendo-o mexer-se inquieto no banco de trás. Porém, apenas o visível a quem o observasse era seu rosto rosado e quente em um misto de sensações.

Seu corpo reagia aos seus sentimentos.

Jungkook estava apaixonado.