Inveja escrita por anabfernandes8


Capítulo 4
Ex time


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoaaaaaal! Minhas mil desculpas por demorar tanto a postar este capítulo. Não vou me prolongar muito na fala, ^^, então boa leitura e nos vemos nas notas finais!



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Acordaram quando o sol ainda nem havia despontado no horizonte. Todos se sentiam cansados, já estavam há dois dias na estrada e ainda estavam na metade do caminho, outros dois longos dias se arrastavam pela frente até Kumogakure. Seguiram viagem, dessa vez Sasuke estava na frente, em um novo modelo de formação e Naruto se encontrava atrás.

Todos foram surpreendidos quando, um pouco depois do horário do almoço, a paisagem mudou bruscamente. Não nevava, mas o chão e as árvores estavam cobertos de flocos de neve, o que não era nada fora do comum, já que começavam a adentrar o país da Geada. Os membros do time acreditavam que andariam até o fim do dia, como normalmente faziam, aproveitando todo o tempo que tinham para completar o trajeto, mas o sensei os avisou que parariam em Shimogakure (Vila Oculta da Geada) para coletar informações.

Não era nem mesmo fim da tarde quando chegaram ao vilarejo, logo arrumando um local para se hospedarem. Aqueles também eram aliados da guerra, também haviam sido evacuados durante os confrontos. Uma brisa gelada percorria as ruas enquanto eles andavam pela vila.

“Sasuke-kun, está tudo bem?” Gai se aproximou de seu aluno, que andava mais atrás, afastado dos outros. Enquanto todos se maravilhavam com a paisagem do local, o moreno estava ali, pensativo, o que deixou o sensei um pouco preocupado. De onde estavam, podiam falar e se ouvir bem, ninguém os escutaria.

“Não sei.” Se tornaram próximos, professor e aluno. Confiavam um no outro para contarem certas coisas, tamanha era a convivência e o companheirismo. Em um time ninja, a base era a confiança. Sem isso, não eram nada. Foi por isso que ele não hesitou em dizer o que habitava seu coração. Não sabia se estava bem, realmente não sabia. Queria estar, sentia estar, mas em diversos momentos se lembrava das palavras cruéis que ouvira duas noites antes. Isso não saía de sua mente e, por vezes, o deixava mal.

“Você se sente confortável trabalhando com o time Yamato?” Gai não estava alheio ao que estava acontecendo. Ele passava a imagem de desatento, mas na verdade era bastante observador, principalmente quando era algo que envolvia alguém de seu time. Percebia os olhares profundos que Sai lançava a Sasuke, uma fagulha de ódio neles. Percebia o desconforto de Sakura e Naruto diante do mesmo, como se de alguma forma tivessem certo receio em chegar perto. Felizmente, com Tenten e Lee, não havia o que se preocupar.

O Uchiha pensou por um momento, estava claro que a resposta era não. E não precisou falar nada para que o outro entendesse. A fera sublime verde de Konoha envolveu o ombro do homem ao seu lado com seu braço direito, trazendo-o mais para perto e abraçando-o de lado. Naquele momento, não precisavam de palavras. O sensei entendia exatamente como o aluno se sentia, oferecendo o conforto da forma que podia.

Mais à frente, seguia Naruto, que olhava admirado ao redor. A vila, apesar de pequena, era tão bela que era impossível não estar olhando tudo. Virou-se para trás, na intenção de comentar algo com Lee, quando percebeu que Sasuke e Gai andavam afastados, por último, e abraçados. Ficou surpreso com a cena, principalmente ao perceber que o ex-membro do time Kakashi não parecia desconfortável com o ato, nem aparentava prestes a se afastar.

“Oe, Naruto-kun. O que vamos fazer primeiro? Desbravar a floresta gelada, dar 100 voltas pela vila com uma mão só oooou…” O moreno de sobrancelhas grossas estava com os olhos brilhantes, a mão direita com a palma estendida seguindo a linha do horizonte, enquanto se encostava ao loiro, instigando-o a entrar na animação junto com ele.

“Sobrancelhudo…” Lee parou o que estava fazendo quando percebeu a voz séria do amigo. Continuou andando ao seu lado, assumindo uma postura não tão brincalhona. “Por que o Sasuke e o Gai-sensei estão andando abraçados?”

O mestre em Taijutsu olhou para trás, vendo o momento terno entre os dois de seu time. Não se abismou, não era uma cena comum, mas também não era incompreensível. Ele sabia o quanto o professor se esforçava para ver seus alunos bem, quanta paixão mostrava por aqueles que considerava companheiros.

“Gai-sensei é muito sensível aos sentimentos das outras pessoas. Sasuke-kun está passando por um momento ruim e ele só quer ajudá-lo a atravessar isto, mostrar que ele não está sozinho. Ele acredita que esse é o papel de um sensei para com o seu aluno, além do acompanhamento nas missões.”

“Não ficávamos perto assim com frequência, a menos que fosse extremamente necessário… Ele não gosta muito de toques. Então isso me espantou.”

“Imagine como deve ser voltar para a vila e ver todos os seus companheiros te odiando ou não querendo estar em sua presença. Eu sei que a impressão que temos é que Sasuke Uchiha é intocável, que ele está em um pedestal onde os sentimentos e emoções não podem atingí-lo, mas não é verdade. Ele é uma pessoa como nós, que se magoa, que é ferido, que fica triste, que precisa de consolo. Ele só demora um pouco para perceber isso.”

“As coisas que ele fez…”

“Elas moram no passado. O presente está aqui e se não o aproveitarmos, ele passará. O ódio e o rancor não devem ser duradouros, porque eles corroem as pessoas. Sasuke escolheu esse caminho, porque era o mais fácil. E ele aprendeu da pior forma, também, que era o mais doloroso. Não tenho o direito de julgá-lo porque não sei o que faria na situação dele. E mesmo se não seguisse pelo mesmo caminho, é compreensível porque somos pessoas diferentes. Não estou dizendo que apago a culpa dele pelos seus atos, mas o ato de perdão é o ato mais bonito que existe. Ele errou, mas se arrependeu do que fez e nós o perdoamos. Espero que consiga fazer o mesmo, porque ele não precisa de mais dor em sua vida. Perder o irmão, a única família que ele ainda tinha, pelas próprias mãos, por escolhas e pensamentos errados, já consumiu muito dele.”

O Uzumaki ficou sem palavras. Não conversava muito sobre o Uchiha mais velho. Há muito tempo ninguém tocava no assunto.

“Ele… Ele fala muito sobre o assunto?”

“Já aconteceu, são raras as vezes. Você o conhece…” Deu de ombros, achando que a conversa estava acabada. Não achava que o assunto renderia muito, também não falaria muito sobre o que o outro compartilhara com eles; eram momentos íntimos e se ele quisesse que as pessoas soubessem, teria ele mesmo contado. Continuou andando ao lado do amigo loiro, os dois braços altos, apoiados na cabeça.

“Sobrancelhudo… é difícil esquecer. É difícil deixar para trás, sabe. Toda vez que eu olho para ele, eu ainda me lembro de… Me sobe algo. Não consigo ficar muito perto, como outrora.” Lee o olhou e parou, ao mesmo tempo. Naruto, após alguns passos, finalmente percebeu que continuara sozinho; e repetiu a atitude do amigo.

Por que o primeiro havia parado? Bem, não era difícil adivinhar. Sasuke estava logo atrás deles, o sensei ao seu lado, não mais abraçados. Um de seus olhos estava vermelho, o Sharingan ativado, os dois levemente arregalados. Ele escutou.

Foi o primeiro lapso de emoção que o Uzumaki via depois de tanto tempo. Ele ouvira o que dissera ao homem de roupas verdes e havia ficado magoado com o fato; estava claro o que as palavras haviam causado. Mas o Uchiha rapidamente desviou o olhar, coçando os olhos para disfarçar. Claro, não demonstraria. Não queria que os outros o vissem como fraco, o que daria brecha para ser atacado.

Saíra da Aldeia da Folha exatamente por esse motivo, estava ficando fraco com as emoções. Tinha tantos amigos, gostava tanto das pessoas que, se continuasse ali, provavelmente desistiria de sua vingança. E precisava cumprí-la. Era tudo em sua vida. Precisou se afastar e se recompor, ficar longe de quem havia mantido relações de amizade.

Passou ao lado dos dois outros que haviam parado, seguindo em frente juntamente com sua agora intacta máscara de indiferença. Precisava dela, agora mais do que nunca. Andou rapidamente e junto com todos os outros, chegaram ao hotel. A divisão dos quartos foi a mesma e todos estavam agradecendo que, se nada desse errado, chegariam ao destino em um dia.

Descansaram pouco da viagem, como caminharam pouco não estavam muito cansados. Saíram, menos o moreno de cabelos espetados, que alegou querer ficar no quarto. Não se justificou, não era do seu feitio fazer essas coisas. Apenas disse que não queria sair, sem maiores explicações. Deitou-se em seu futon e fechou seus olhos, pondo-se a pensar no que ouvira de Naruto. Era seu rival, claro, mas, ainda, seu melhor amigo. Doeu bastante ouvir aquilo dele, a ponto de ativar seu próprio poder ocular de seu clã.

Não foi exatamente uma surpresa o que ouviu, mas nunca acreditou que o loiro fosse capaz de verbalizar o que sentia por ele; não daquela forma. Esperava palavras difíceis, verdadeiras, mas nunca aquelas: duras, quase cruéis. Era uma confissão, a intenção nunca havia sido magoar qualquer pessoa, sabia. Mesmo assim… não doía menos. Suspirou. Só precisava descansar. Pela manhã, tudo ficaria bem.

No centro da cidade, as coisas também não iam tão bem. Gai não estava entre os alunos, se afastara para poder coletar melhor informações, para saber se as vilas próximas sabiam o que estava ocorrendo. Assim, os ninjas ficaram sozinhos e isso não havia sido nada positivo. De alguma forma, todos de repente ficaram sabendo do episódio da tarde, aquele em que Sasuke havia ativado seu Sharingan ao ouvir a frase de Naruto, falando como se sentia em relação ao outro.

“Eu vou matá-lo.” Disse Tenten, pegando Naruto pelo colarinho de seu casaco e puxando-o para perto de si com força. “Que maldição você fez?”

“Tenten-chan, se acalme.” O companheiro de time apoiou uma mão no ombro da morena, fazendo-a lançar um olhar na direção dele. Seus olhos eram pura irritação e ódio; não duvidava que a amiga realmente fosse tentar matar o Uzumaki. O Jinchuuriki, por sua vez, sabia que merecia aquilo. Havia magoado Sasuke, sabia que havia, e se sentia culpado por isso. Só não sentia arrependimento por isso. Aquela não era nada menos que a verdade, não era como se fosse dizer aquelas mesmas palavras apenas para ferir alguém.

O que Lee dissera antes sobre ele não saia de sua mente. Talvez, só talvez, realmente nunca havia tentado entender o lado do outro. Sempre havia acreditado que sua versão da vida era a certa; mas não existia certa. Apenas visões diferentes de mundo.

Se sentia envergonhado de não ter percebido isso sozinho antes. Sempre havia achado que seu jeito ninja era o certo e o caminho que o Uchiha escolhera seguir errado. Um caminho de ódio e destruição nunca fizera sentido pra ele. Ainda não fazia, mas, por um momento, entendeu toda a trajetória. Tudo o que foi feito. O que precisou ser feito. Como pudera ter sido tão egoísta esse tempo todo, pensando somente em seus próprios sentimentos? Se a morena a sua frente quisesse lhe dar um soco, iria aceitar. Era digno disso, depois do que havia feito.

“Por que você o mataria? Naruto não fez nada.” Sai interveio e a mestre das armas pareceu ficar ainda mais furiosa. Ela suspirou com força, deslocando seus olhos castanhos para o ex-membro da Raiz, fuzilando-o de uma forma que fez Sakura, ao lado, ficar receosa. Nunca vira a kunoichi daquela forma, com tanta raiva.

“Não se intrometa, porque você é o próximo. Não pense que não sei o que você fez também.” Ele se surpreendeu. Como ela sabia? Havia sido uma conversa entre eles dois, durante a troca de vigia, ninguém estava acordado. Todos estavam dormindo, sentira. Então, como? Como era possível? As sobrancelhas finas subiram, levemente, em espanto. A mulher semicerrou os olhos e voltou-se para o atual alvo.

“Estou de olho em você, Naruto. Se vacilar mais uma vez, não responderei por mim. Você não tem o direito de dizer o que quiser, ignorando os sentimentos das outras pessoas. Você não sabe nada, nada, sobre o Sasuke de agora para dizer qualquer coisa. Ele mudou, eu acredito nele, o time Gai acredita nele e não vai ser você a estragar tudo isso. Espero que pense em suas atitudes, pois elas não foram certas.” Soltou-o, empurrando-o com raiva. Olharam-se, marrom e azul. Ela, determinada. Ele, abatido. “Espero que estejamos combinados.”

O loiro balançou a cabeça, afirmativamente. Era o errado da história, era. Sasuke estava sim, errado de muitas formas diferentes, em esferas que ele não sabia nem ao menos medir. Mas, lá, naquele momento, não havia merecido ouvir aquilo. Não havia feito nada, estava de volta à vila, aceitando todas as punições de cabeça erguida, todo o mal havia ficado em seu passado. Por raros momentos e, pela ironia do destino, o ex-nukenin estava do lado certo.

“Sua vez, idiota.” As bocas de todos se abriram em choque quando a Mitsashi atacou o especialista em desenhos com um soco, após algumas palavras. Ninguém esperava aquela atitude dela, nem mesmo a vítima. O moreno levantou-se, alisando o rosto em busca de um potencial hematoma. Olhou ofendido para a mulher à sua frente. Por que ela havia feito aquilo? “Eu quero que você saiba que toda vez que você magoá-lo, vai se entender comigo. Eu sou uma irmã bem protetora e você vai descobrir isso da pior forma se continuar o que está fazendo.”

Assustou-se com a fala. Ela o considerava um irmão? Aquele que havia atacado sua vila, se juntado à Akatsuki e mais várias outras façanhas que nem era capaz de listar. A mulher era, de alguma forma, louca? Era a única explicação. O assombro durou pouco, confusão dominando sua mente. Não… não entendia, simplesmente não entendia.

“Por quê? Por que ele é seu irmão?”

“Você nunca entenderá.” Mas Sai entendia. Não compreendia muitos laços estabelecidos pelas pessoas, entretanto este era diferente. Irmandade era uma das únicas palavras que reconhecia. Tinha um irmão, que morrera fatalmente. Ainda sentia falta dele, seu caderno de desenhos que andava em seus bolsos nunca o deixava esquecer sobre isso. Apertou as mãos ao lado do corpo.

“Eu entendo, Tenten. Eu… realmente… entendo.” Suspiro. Dor. Aceitação. Novo suspiro. Entendia o laço. Não eram irmãos de sangue, em nenhum dos casos, mas não podia ignorar o que a morena lhe falava; passara pela mesma situação que ela. “Eu também tive um irmão. E também o protegeria da mesma forma.” Por hora, consentiria. Daria uma trégua. Pediria desculpas. Pelo irmão. Por Shin.


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Notas finais do capítulo

Simmmm, vamos relembrar mágoas antigas nesta fanfic! Pretendo explorar cada pedacinho do que diz respeito à vida do Sai e do Sasuke, então se preparem porque vem muita coisa por aí. Espero que tenham gostado, de coração. Se você se sente confortável para comentar, sinta-se à vontade. Se não, tudo bem, sem estresse ^^. E então, de qual lado vocês estão? Lado Sakura, Naruto e Sai ou lado Tenten, Gai e Lee, sobre o Sasuke? Nos veremos em breve, não vou demorar muito a voltar com o próximo capítulo! Grande beijo :*



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