Sangue, Suor, Lágrimas e Estilhaços escrita por Blue Blur


Capítulo 42
Primo Victoria


Notas iniciais do capítulo

Amennekht ensina uma expressão nova para seus soldados.



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Os meses se passaram. A terra inteira continuava off-line da rede de comunicações de Homeworld. As gems leais continuavam sendo perseguidas e caçadas por milícias humanas enquanto vagavam a esmo, tentando se reagrupar. Enquanto isso, no palácio de Mênfis, Merit havia engravidado de Amennekht, e agora, com a barriga já volumosa, estava passando mais tempo nos aposentos reais, ao invés de cuidar das questões políticas de Mênfis. Amennekht havia estado mais presente para cuidar de Merit, mas ela sentia que seu marido estava presente só de corpo. Sua mente, no entanto, parecia estar vagando mais e mais longe, a cada dia que passava.

Um dia em particular, um dos oficiais de Amennekht o chamou, enquanto ele estava nos aposentos reais, cuidando de Merit. Naquele dia, o bebê parecia especialmente agitado na barriga dela. Amennekht se dirigiu apenas à porta, não querendo deixar Merit sozinha.

(Oficial, cochichando): Bom dia, Vossa Majestade.

(Amennekht, cochichando): Estou cuidando de minha esposa. Seja rápido.

(Oficial): Já está tudo pronto. As pérolas que o senhor mandou já reuniram a todos nós, e nós, por nossa vez, já convocamos todos os nossos subordinados e outros aliados nossos também. A coalisão está pronta.

(Amennekht): É bom ouvir isso.

(Oficial): Quando partimos?

(Amennekht): Reúna todos à meia-noite e me espere na saída da cidade. Dispensado.

O oficial se retirou e Amennekht se voltou para Merit. Apesar da discrição do Faraó, Merit já havia entendido que ele havia recebido notícias envolvendo a campanha militar.

(Merit): O que ele queria?

Amennekht sabia que a essa altura do campeonato, não fazia sentido mentir para Merit, então resolveu contar o que podia.

(Amennekth): Há uma operação em curso. Uma operação secreta. Se conseguirmos concluir essa operação com sucesso, a guerra terá seus dias contados.

(Merit): Quem concebeu essa operação, Amennekht?

(Amennekht): Eu concebi com Thanos, enquanto ele ainda estava vivo. Aquela batalha, na qual ele morreu, era apenas a primeira fase. Eu tenho que concluir a segunda fase agora, enquanto as gems ainda estão lambendo suas feridas.

(Merit): E o que envolve a segunda fase?

(Amennekht): Isso eu não posso contar.

(Merit): Você não confia em mim?

(Amennekht): Quanto mais você souber, mais você se preocupará.

(Merit, angustiada): Eu estou me preocupando justamente por não saber o que você pretende!

Amennekht permaneceu em silêncio.

(Merit): Amennekht, você está ficando cada vez mais distante de tudo: de Rose, das Crystal Gems, dos seus amigos... de mim, de seu futuro filho... Amennekht... eu quero você aqui, comigo, com seu futuro filho.

Amennekht removeu sua coroa, e Merit pôde ver a grisalha que já se formava por baixo. Se aproximando mais ainda, Amennekht permitiu que Merit visse as linhas de expressão que já se formavam em seu rosto.

(Amennekht): Merit... eu não posso ficar aqui. Meu tempo neste mundo está acabando. Esta guerra... as armas das gems... estão me fazendo envelhecer mais que o normal. Se minha geração inteira morrer, a humanidade volta à escala zero, e a guerra vai afetar o nosso filho.

(Merit): Amennekht...

Amennekht segurou as mãos de Merit, de uma forma acalentadora e reconfortante.

(Amennekht): Você e nosso pequeno Amenhotep merecem crescer em um mundo livre. Conte a ele sobre mim, sobre você, sobre Rose, Garnet, Pérola e sobre as Crystal Gems. Conte a ele sobre Thanos e seu Esquadrão Platina. Sobre tudo o que aconteceu aqui. Você terá uma grande história para contar. A história do nosso maior triunfo.

(Merit, lacrimejando): Triunfo...

Pelo resto do dia, Amennekht e Merit ficaram o mais próximo possível. Conversaram sobre suas inseguranças, seus sonhos para o futuro, sobre como seria o mundo que seu filho, Amenhotep, herdaria. De noite, Merit se esforçou para ficar acordada o máximo de tempo possível, para que ela pudesse dizer adeus a Amennekht quando ele fosse embora. Infelizmente, ela não conseguiu.

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Trilha Sonora: https://www.youtube.com/watch?v=uZ_Hjv_mCrc

Meia-noite. O vento frio do deserto cortava Mênfis, fazendo até os ossos se estremecerem de frio. Justamente por saber quão incômodo isso deveria ser para seus homens, que Amennekht chegou no momento exato em que prometeu aos seus oficiais. A coalisão de Amennekht estava acampada em um arraial, construído próximo a um teletransportador gem. Quando viram Amennekht chegando em sua carruagem, todos se levantaram para se aproximar dele, até que ele sinalizou para que mantivessem sua posição. Ele tinha algo para dizer.

(Amennekht): Todos vocês que estão aqui, neste arraial, são meus soldados mais confiáveis. Vocês serviram ao meu pai, e serviram a mim, numa guerra contra um inimigo diferente de qualquer outro. Agora, eu peço a vocês um sacrifício definitivo, um sacrifício que eu mesmo serei o primeiro a fazer.

Amennekht fez uma pausa para apontar para o teletransportador que estava no centro do arraial.

(Amennekht): Aquele teletransportador nos levará para um país distante, localizado no oriente. Segundo meus batedores e informantes, é lá que se esconde a nossa maior inimiga: a Diamante Rosa!

Aquela declaração fez todos cochicharem entre si, parando apenas quando Amennekht voltou a falar.

(Amennekht): Eu não posso avisá-los contra o que está por vir. Eu nunca vi uma Diamante pessoalmente. Eu apenas posso recontar a vocês o que Rose nos contou: Ela é maior, muito maior do que as gems que enfrentamos normalmente. Ela também tem poderes os quais eu mesmo não conheço. Ela está reunida, neste país oriental distante, para ajudar a reagrupar as tropas de Homeworld espalhadas pela Terra. A cada dia, mais quartzos se juntam a ela. Bom, nós vamos impedir que elas se reagrupem.

Nós vamos entrar neste teletransportador e, juntando-nos ao resto da coalisão que nos aguarda do outro lado, nós vamos atacar a liteira da Diamante Rosa. Sei que já disse isso antes, mas esta batalha será diferente de tudo o que fizemos até agora, e vou explicar por que: Nenhum de nós, nem mesmo eu, iremos recuar, não importa se as gems do outro lado estiverem nos massacrando! Só teremos uma chance para matar a Diamante Rosa. Se fracassarmos, ela voltará a se entocar entre as estrelas, e a Terra jamais será livre!

Um oficial egípcio se manifestou, incrédulo quanto ao que foi dito.

— Senhor... nós não nos importamos em nos sacrificarmos todos pelo Hórus vivo na Terra, mas... o senhor morrer? Não, isso não! Já presenciamos o Faraó antigo morrer, não podemos perder de novo o que temos de mais importante e precioso!

(Amennekht): Soldado, você acredita que eu sou o Hórus vivo na Terra?

(Oficial egípcio): Sim, senhor!

(Amennekht): Então ouça as palavras que seu Faraó tem a dizer agora: Primo Victoria! Esta é uma expressão criada pelos etruscos. Ela significa “A Vitória em Primeiro Lugar!”. Ao bradarem estas duas palavras, os guerreiros etruscos declaram que suas vidas não importam mais! Só o que importa é a vitória, que deve ser alcançada a qualquer custo!

O oficial que falou anteriormente ficou pasmo, assim como todo o resto do arraial.

(Amennekht): Meu último ato como Hórus Vivo nesta Terra é declarar que minha vida não importa mais, apenas a vitória contra a Diamante Rosa, e pedir para que todos aqueles que são leais a mim façam o mesmo! Façam isso para que não só nosso mundo, mas todos os outros mundos espalhados entre as estrelas saibam de nossa história! Que todos saibam que homens livres se levantaram contra tiranas! Que todos saibam que mortais se levantaram contra principados e potestades! E que, antes que a batalha termine, que todos saibam que Diamantes podem ser quebrados! PRIMO VICTORIA!!!

— PRIMO VICTORIA!!! PRIMO VICTORIA!!! PRIMO VICTORIA!!!

O exército de Amennekht adentrou o teletransportador organizadamente, e do outro lado, eles encontraram uma clareira. No centro dela, estava a liteira da Diamante Rosa e, cercando-a, estava um exército enorme, formado 100% por humanos (https://images-wixmp-ed30a86b8c4ca887773594c2.wixmp.com/i/faeeeefd-a152-45bd-bd11-5dca0513dd0e/dcbd9xd-d53819e1-8d2e-4ec9-a0ac-4c6870bd10c9.png/v1/fill/w_1192,h_670,q_70,strp/_mmd_x_su__pink_diamond_s_palanquin__dl_by_tsunlion_dcbd9xd-pre.jpg). Amennekht havia marchado várias vezes com exércitos grandes ao longo da guerra, mas ele não se lembrava qual fora a última vez que viu um exército de tais dimensões formado apenas por soldados de carne e osso.

A guarnição que estava protegendo a liteira da Diamante Rosa observou tudo aquilo, completamente bestializada. Estavam completamente cercadas, sem nenhuma rota de fuga. Os humanos visivelmente queriam levar aquilo às últimas consequências. Uma ágata laranja gritou para as gems da guarnição.

— Todas vocês, formem círculos agora! Quartzos no arco externo! Atiradoras no arco central! Unidades de morteiro no círculo interno!

(Amennekht): Avancem todos fechando o círculo! Tentem ao máximo penetrar as defesas gems e, uma vez que penetrarem, pincem elas! Avante e não as temam, pois a hora delas é chegada! Lanças serão quebradas! Escudos serão esmigalhados! Anunciando um dia de espadas, um dia vermelho, o sol nasce agora, atrás de nós!

Com esta frase, a estratégia de Amennekht se revelou: devido à diferença de fuso-horário continental, enquanto era de madrugada no Egito, o dia amanhecia naquele país oriental. Os soldados de Amennekht estavam todos de costas para o sol, que refletia diretamente no rosto das defensoras. Enquanto isso, os atacantes humanos que estavam do lado oposto do círculo tinham suas vistas protegidas da luz do sol pela liteira da Diamante Rosa, que se erguia sobre eles.

Uma última vez, Amennekht cavalgou em frente às suas legiões, com sua khopesh erguida, batendo nas lanças de seus homens.

(Amennekht): Sigam-me, filhos do Alto e Baixo Egito! Que nossas vidas efêmeras virem flechas ardentes de esperança, e que nossos corpos construam uma ponte que leve nossos filhos para um futuro melhor! DEVOTEM SEUS CORAÇÕES!!!

Os gritos de várias nações se ergueram, juntamente com o de Amennekht.

— ODŚWIEĆ SWOJE SERCA!!!

— TUA MORE DEVOTO!!!

— AFINETE TIN KARDIA SAS!!!

— WIEDER DEINE HERZEN!!!

— SHINZO WO SASAGEYO!!!

Nova Trilha Sonora: https://www.youtube.com/watch?v=UQ-Fb90GBhE

Dos portões do inferno

Nós marcharemos rumo ao paraíso

Pela linha hostil

PRIMO VICTORIA!!!

 

A enorme massa de guerreiros cavalgou, seguindo Amennekht, e como uma onda, o círculo inteiro começou a se fechar, como um cerco poderoso. A terra estremecia com o cavalgar de milhares de cavaleiros avançando contra o palanquim rosa que se erguia em meio a clareira, o símbolo maior da tirania que se erguia contra todos os povos da Terra.

 

Nós lutamos por anos

Hoje isso vai acabar

A última batalha vai começar

(Ágata Laranja): Morteiros, atirem à vontade!

As explosões dos obuses começaram a cair sobre a massa de atacantes, espalhando borrifos de sangue, pedaços de carruagens, armaduras e até mesmo membros, com seus cavalos desabando no chão.

 

Somos os primeiros a avançar

Os primeiros a nos juntar

Àqueles que morreram aqui

(Ágata Laranja): Blasters, fogo!

Os dois modelos estavam sendo usados: os de disparos únicos e os de raios. Cavaleiros viraram esqueletos, bigas e seus guerreiros eram perfurados e dilacerados por feixes laser um pouco mais finos que um cabo de vassoura. Ainda assim, a turba continuava avançando, sem hesitar.

 

Hoje vamos pagar

com nossas vidas o preço

Para a história mudar

 

Após as primeiras dezenas de baixas do lado humano, ocorreu a colisão: lanças perfuraram os quartzos na linha de frente, enquanto os que estavam mais atrás foram atropelados e pisoteados pelos cavalos e pelas bigas. O primeiro círculo de defesa havia sido rompido.

 

Neste inferno ardente

Que destrói os valentes

Nós insistimos e seguimos em frente

 

O segundo círculo, o das atiradoras, tinha suas armas apontadas aos atacantes, porém a proximidade entre eles fez com que elas partissem para um ataque de baionetas. As guerreiras quartzo que compunham o segundo círculo de defensoras avançaram contra as bigas para agarrá-las e jogá-las no chão, e em breve um monturo de homens e gems se formou. As defensoras do terceiro círculo, as operadoras de morteiro, vendo-se incapacitadas para operar suas armas sem atingir aliadas, decidiram partir para o combate físico também.

Servimos no inferno

Para o céu alcançar

Hoje vamos vencer

Hoje isso vai acabar

 

Axel Battler, Erik e Amennekht foram os primeiros a confrontar as operadoras de morteiro. Combinando sua velocidade incrível com o escudo energizado do finado Olaf, o viking saiu atropelando gems como um aríete, com Axel e Amennekht retalhando com suas espadas. Tyris e o Samurai se juntaram aos dois, para atacar os reforços.

(Erik): Tyris, Axel, arremesso!

Os dois que ouviram seus nomes sendo chamados juntaram suas mãos para servir de degrau para Erik pular em cima de uma ametista que era operadora de morteiro. Erik meteu a mão na mochila dela e tirou de lá um obus de morteiro. Ele bateu com a parte de baixo do obus na cabeça da ametista e depois jogou o obus armado em um grupo de quartzos que avançava, causando uma explosão que as arremessou para todo canto.

 

Dos portões do inferno

Nós marcharemos rumo ao paraíso

Pela linha hostil

PRIMO VICTORIA!!!

Num país oriental

Escondida na região montanhosa

O alvo final

A Diamante Rosa

 

Enquanto o grosso do exército estava travado em combate com a maior parte da guarda real da Diamante Rosa, Amennekht viu um pequeno destacamento de gems recuando para criar um círculo de atiradoras, que estavam com a mira apontada para a turba, com a intenção de atirar em qualquer humano que tentasse investir contra a liteira. Amennekht sabia que mandar as tropas avançarem contra esse bloqueio. Foi aí que ele teve a ideia de repetir o que Erik havia feito antes.

(Amennekht): Erik, jogue dois obuses para cá!

(Erik): Bata a parte de baixo no chão para acioná-los!

Erik obedeceu. Amennekht sentiu o corpo inteiro se curvar ao agarrar os dois projéteis. Obedecendo o comando de Erik, Amennekht acionou um dos obuses e o jogou com toda a força que tinha contra o bloqueio, depois jogou o outro. A primeira explosão debandou a linha de defesa. A segunda explosão estilhaçou algumas das defensoras.

(Amennekht): Sigam-me, guerreiros da humanidade! Para a vitória!

Aproximadamente uma dezena de soldados seguiram Amennekht, enquanto este corria em direção à liteira quando, de lugar nenhum, saiu um borrão branco que atropelou todo e estraçalhou todo mundo, respingando sangue para todo lado. O único que se salvou foi Amennekht. Quando o borrão se revelou, Amennekht viu que era Jasper. Um pedaço ensanguentado de um dos soldados, que Amennekht preferiu não tentar adivinhar o que era, ficou grudado no uniforme de Jasper, que o tirou com uma expressão de repulsa.

(Jasper): Teria sido melhor que você tivesse morrido nesse impacto!

(Amennekht): Morrerei apenas depois de levar a Diamante Rosa comigo!

(Jasper): Então você sofrerá indefinidamente até que desista dessa insanidade!

Trilha Sonora: https://www.youtube.com/watch?v=R1GgwghgCNw&t=142s

Aquele era o último obstáculo que separava Amennekht daquela que fora sua maior inimiga. Brandindo a Khopesh, Amennekht avançou contra Jasper, que vestia seu característico elmo marreta. Amennekht golpeou com a lâmina algumas vezes, apenas para que seus ataques fossem bloqueados pelos antebraços de Jasper. Num dado momento, Jasper agarrou a lâmina de Amennekht com a mão direita e com a esquerda deu-lhe um murro no rosto, e depois agarrando-lhe a cabeça com as duas mãos, pretendendo esmagar seu crânio. Amennekht evitou esse fim grotesco plantando os dois pés no peito de Jasper e empurrando-a para trás.

O soco que Jasper deu em Amennekht havia quebrado sua mandíbula. Pegando um odre de couro, Amennekht bebeu um pouco da água que tinha lá, que havia sido tirada de uma das fontes de Rose. Isso regenerou sua mandíbula e o pôs de volta na batalha. Vendo um blaster aos seus pés, Amennekht o pegou e atirou em Jasper, que começou a avançar na mesma forma esférica de antes, forçando Amennekht a parar de atirar e sair de seu caminho para não ser estraçalhado. Quando Jasper estava dando a volta, Amennekht viu um martelo de guerra gem no chão e o pegou, usando-o para martelar Jasper como se ela fosse uma bola de croquet, esborrachando-a contra um dos pés da liteira da Diamante Rosa, danificando-o e fazendo a liteira se inclinar, impossibilitando qualquer forma de fuga.

Amennekht agarrou o elmo de Jasper e o empunhou como uma soqueira, acertando-a no rosto ao mesmo tempo que recebeu outro soco no rosto, o qual quebrou sua maçã do rosto direita. Enquanto Jasper ainda estava caída por causa da pancada, Amennekht pegou uma lança de gem e arremessou em Jasper, prendendo-a na liteira pelo ombro. Ainda segurando o elmo de Jasper, Amennekht acertou a Jasper imobilizada no rosto e na cabeça, várias vezes, tentando de qualquer forma estilhaçar a pedra dela, até que seu braço direito foi agarrado e esmigalhado, antes que ele fosse arremessado feito um boneco de pano. Novamente bebendo do odre, Amennekht regenerou a fratura do braço e do rosto.

(Jasper): Eu vou matar vocês, Crystal Gems! Vou matar até a última de vocês! Não deixarei sobrar nenhuma!

(Amennekht): Eu não sou Crystal Gem!

Sacando novamente a Khopesh, Amennekht pegou um machado gem, e avançou novamente contra Jasper. Novamente, ele começou a atacar Jasper, que se defendeu com os antebraços, esperando pela brecha para atacar Amennekht. Dessa vez, quando Jasper deu o soco com o braço esquerdo, Amennekht se esquivou e rolou por cima do ombro e das costas de Jasper, fincando o machado no lugar onde ficaria o fígado de Jasper se ela fosse humana. Urrando de dor, Jasper tentou esmurrar Amennekht com o antebraço direito, mas ele rolou por baixo, dando um golpe com a khopesh que teria esventrado um ser humano normal. Jasper tentou dar uma cabeçada, com o elmo-marreta, em Amennekht, mas ele bloqueou com o escudo e, depois de bloquear com o escudo, enfiou a Khopesh no pescoço de Jasper.

Em uma gem normal, o golpe teria facilmente atravessado o pescoço inteiro, mas Jasper era feita de um material mais resistente, e por causa disso, a Khopesh meramente espetou o pescoço de Jasper, deixando-a mais irritada ainda. Mesmo com as duas armas fincadas em Jasper, Amennekht não desistiu de atacar: ele desferiu um soco com suas manoplas de batalha no joelho esquerdo de Jasper, fazendo-a perder o equilíbrio, então, usando a perna direita de Jasper como degrau, Amennekht deu um salto para pegar a khopesh que estava fincada no pescoço de Jasper, também dando um soco no rosto dela.

Com as duas lâminas em mãos, Amennekht desferiu um golpe cortante na horizontal, que fez voar faíscas do torso de Jasper, depois ergueu ambas as lâminas, buscando enterrá-las nas clavículas de Jasper. A campeã da Diamante Rosa agarrou as duas armas pelo fio de corte e, após jogá-las para longe das mãos de Amennekht, o chutou contra uma pedra que havia no local. Jasper avançou para encher Amennekht de murros. O faraó, ainda aturdido pelo impacto, fez o possível para se esquivar, fazendo os punhos furiosos de Jasper encontrarem apenas a rocha nua, arrancando pedaços dela, e evitando que seu corpo tivesse o mesmo destino. Quando Jasper ergueu a cabeça para dar um golpe com o elmo-marreta, impossível de se esquivar, Amennekht olhou para o lado e viu Erik.

(Amennekht): Erik, o seu escudo!

Erik obedeceu a ordem e jogou o escudo para Amennekht, vendo o estado em que ele se encontrava. Amennekht bloqueou o golpe no último segundo, e a energia cinética foi tão intensa que carregou o escudo de imediato. Amennekht não hesitou em disparar a carga no rosto de Jasper, arremessando-a para trás. Devolvendo o escudo para Erik, Amennekht avançou novamente contra Jasper, agora agarrando uma alabarda que estava no chão e avançando com um golpe perfurante. Jasper assumiu uma postura de guarda e, sem nenhuma dificuldade, partiu a ponta da alabarda e, tomando o cabo quebrado, acertou-o na costa de Amennekht como se fosse uma chibata, fazendo o faraó cair de joelhos.

Com o que havia sobrado da alabarda nas mãos, Jasper ergueu os braços se preparando para linchar Amennekht, apenas para ser surpreendida com Amennekht acertando um escudo em seu joelho. O que em um humano teria destroçado sua rótula, causou uma dor nada desprezível em Jasper, fazendo-a cambalear para trás. Com um grito inumano, Amennekht pegou uma maça morningstar gem e a enterrou na têmpora de Jasper, recebendo, logo em seguida, um punho laranja e vermelho enterrado em seu rosto. O corpo de Amennekht se curvou e cambaleou doentiamente para trás. O osso frontal do crânio de Amennekht havia se quebrado em três ou quatro partes. A única coisa que o mantinha vivo e de pé era sua teimosia...

... e as lágrimas curativas que ele havia tirado de uma das fontes de Rose.

A luta assumia, cada vez mais, aspectos dantescos: após outras talagadas no suprimento de água que separava a vida da morte, Amennekht se erguia, com olhos esbugalhados, um deles quase saltando da órbita devido ao dano que seu crânio tinha. Enquanto saliva escorria de sua boca, que escorria de forma animalesca, o ponto no qual seu crânio havia afundado se regenerava, sem deixar sequer um hematoma.

Aquilo também estava se tornando cada vez mais pessoal: Jasper já matado Amennekht três vezes. Quer dizer, os ferimentos que ela havia causado à Amennekht já teriam matado três humanos, no mínimo. Ainda assim, lá estava ele, se erguendo, golpe após golpe desferido por ela, considerada um quartzo perfeito por Homeworld. Perante ela, estava a encarnação da rebelião contra a Diamante Rosa: uma criatura inferior, de uma raça inferior, que se recusava a morrer, se recusava a aceitar sua extinção. Um mortal que tinha a pretensão de matar uma deusa.

Diante do egípcio, estava uma monstruosidade. Um demônio laranja, com marcas vermelhas do sangue de inocentes que ela matou. Uma criatura que, diziam, era incapaz de sangrar. Os cabelos, brancos como um fantasma, cortantes como uma foice, capazes de retalhar um homem adulto como se fosse um pedaço de carne. Atrás dela, uma deusa que se sentava em um trono feito de pedras preciosas que se erguia sobre a região montanhosa, como um bastião de tirania. Ela acreditava estar alheia àquilo tudo. Acreditava ser intocável. Acreditava que todas aquelas criaturas inferiores lhe deviam adoração e culto.

Ele provaria que ela estava errada.

Jasper se propulsionou contra Amennekht, envolta por uma aura brilhante e ardente como fogo. Só um suicida tentaria agarrar aquilo, e por mais possesso que Amennekht parecesse, ele ainda estava consciente de sua missão. Não podia morrer ali, não sem antes ver sua nêmese morrer. Amennekht se esquivou, mas não para longe. Apenas o suficiente para que não pegasse o impacto diretamente. Quando a poeira do impacto diminuiu, Jasper imaginou, por um momento, que Amennekht teria saltado para longe para se proteger.

 Nem passou pela cabeça dela que Amennekht estaria colado em suas costas.

Erguendo uma arma gem, que parecia uma picareta, Amennekht golpeou Jasper novamente em sua rótula esquerda, tentando girar o cabo como uma alavanca para causar dano extra. As lições que recebera de Garnet, 22 anos atrás, voltavam a ecoar em seus ouvidos.

 

“Você jamais será tão forte quanto uma gem”

“O lutador mais forte não é necessariamente o vencedor”

“Cada centímetro de campo conta numa luta”

 

Não importava que Jasper fosse uma gem, ela ainda tinha a mesma fraqueza de todo gigante: os joelhos.

Jasper girou na própria cintura, tentando acertar a costa do punho em Amennekht, que se esquivou e, arrancando a picareta gem, enterrou na rótula direita. Mesmo gritando de dor, Jasper conseguiu agarrar Amennekht pelo pescoço. A luta acabaria ali: ela esmagaria o pescoço de Amennekht até que ele morresse, e ele não se regeneraria se não pudesse beber das lágrimas curativas.

O que Jasper parecia ignorar, entretanto, é que Amennekht já havia deixado bem claro que as lágrimas curativas não eram seu único truque: Sacando a khopesh, Amennekht a ergueu e segurou como uma guilhotina, descendo o fio de corte sobre a fossa antecubital de Jasper. O golpe não cortou o braço dela, mas fez seu braço perder a rigidez e se dobrar, e Amennekht aproveitou isso para acotovelar Jasper no nariz, que era exatamente onde ficava a pedra. Isso permitiu que Amennekht se soltasse e recuasse um pouco.

Ainda com a picareta na mão, Amennekht assumiu uma posição de guarda enquanto Jasper avançou para dar-lhe um soco. Usando o cabo da arma como proteção, Amennekht fez o punho de Jasper deslizar e escapar pela tangente, para então golpear com a picareta na parte de trás do joelho esquerdo de Jasper, que rugiu como um leão ferido. Pegando um gládio gem, ela desferiu um corte horizontal largo, que pegou Amennenkht de raspão, mas ainda foi o suficiente para abrir um corte considerável na barriga. Depois ela ergueu a arma para afundá-la na jugular de Amennekht. Sem um escudo, Amennekht bloqueou instintivamente com o braço esquerdo. O golpe acabou partindo o braço de Amennekht em duas partes, e se enterrando na clavícula esquerda do egípcio.

Ainda assim, ele aguentou o impacto, o que deixou Jasper chocada. Urrando como um animal, Amennekht pegou o odre e começou a beber. Isso fez com que ele tivesse forças para remover a lâmina e curar tanto sua clavícula esquerda quanto o braço esquerdo que quase fora decepado. Então, erguendo a picareta, afundou-a mais uma vez, no joelho direito de Jasper, ainda fazendo uma torção que teria sacado fora o osso do joelho... se ela tivesse um.

Assim que Jasper agarrou a picareta, Amennekht recuou rapidamente para não ser atingido por um contra-ataque dela. Jasper quis avançar de supetão para golpear Amennekht, mas sentiu suas pernas falharem por um instante. A estratégia do faraó estava surtindo efeito, sua oponente não tinha mais a mesma agilidade de antes. Recolhendo a khopesh e pegando um arpão gem, Amennekht pensou por um instante na possibilidade de poofar e talvez até estilhaçar Jasper. Quer dizer, aquela era a campeã da Diamante Rosa. A gem que todos julgavam “inestilhaçável”. Ele só precisaria quebra-la, ali e agora, e o último grande trunfo de Homeworld cairia, certo?

Errado!

Uma sombra se ergueu sobre Amennekht, e o fez se virar para trás, ignorando Jasper. Até aquele momento, Amennekht jamais havia visto uma Diamante, ainda assim, ele soube reconhecer uma: com quase 4 metros de altura, sua altura fazia os gigantes anaquins (que descansem em paz) parecerem anões. De pé, ela era iluminada pelos raios de sol que batiam nas paredes de sua liteira, sendo refletidos em vários tons de rosa. Uma visão quase divina.

Ali estava a Diamante Rosa. Ali estava a responsável pelos seus 22 anos de guerra, dor e sofrimento. Ali estava a responsável pelas mortes de seus pais, de Rubelita, de Sebek, Menob, Thanos, Olaf, Baleog, e muitos outros...

E ali ela morreria.

Amennekht desfez-se do odre com lágrimas curativas que ainda pendia nele pela bandoleira. Balançava demais, e ele não podia se desequilibrar agora. Amennekht também largou seu escudo, era pesado, e ele precisava empregar todas as suas forças para acertar o alvo distante.

A lança gem voou em direção à liteira, arremessada pela fúria de Amennekht e de todos os que haviam sido mortos por Homeworld. Passando a centímetros do rosto da Diamante Rosa, ela cortou a lateral de sua franja, e se fincou atrás dela. Enquanto os cabelos rosa-claros caíam, a Diamante Rosa os segurou em sua mão, alternando seu olhar perplexo, entre eles, e entre o guerreiro egípcio extremamente ferido, de joelhos, que a encarava com um misto de ódio, descrença e determinação em terminar o serviço.

Porém, antes que Amennekht se pusesse novamente de pé, viu a Diamante Rosa gritar em dor e agonia!

(Jasper): NÃO!!!

Saindo das costas da Diamante Rosa, pela sua barriga, estava a ponta de uma lâmina. A lâmina correu por sua barriga, de um lado a outro, fazendo-a se contorcer de dor e gritar, enquanto seu corpo rachava e explodia numa mistura de luz e fumaça. Pedaços de diamante caíram pelo chão, e atrás deles, estava uma Rose Quartz consternada, com torrentes de lágrimas escorrendo pelo seu rosto, os longos cabelos rosas encaracolados cobrindo seus olhos.

(Amennekht): Ela... conseguiu...

A expressão animalesca e beligerante de Amennekht desapareceu. Só o que havia agora era um misto de felicidade com alívio. Aquele era o fim. Sem a Diamante Rosa, não haveria mais por que a guerra continuar. A Terra seria livre. Seu povo seria livre. Sua Merit seria livre. Seu filho seria livre. Rose lentamente se aproximava de Amennekht, provavelmente indo curá-lo com suas lágrimas curativas. No fim das contas, ele voltaria para casa.

(Amennekht, cochichando para si mesmo): Thanos, você estava errado! Não havia nada demais! Não havia nenhum segredo! É a mesma Rose de sempre, a líder das Crystal Gems, a minha mã...

Amennekht não terminou a frase. Ele viu algo em Rose, algo que não deveria ter visto. Rose percebeu isso e ficou parada, a alguns metros dele.

(Amennekht): Pérola... por que você está com a aparência da Rose Quartz?

A gem diante de Amennekht desviou o olhar. Amennekht a segurou pelo rosto e a forçou a manter o contato visual. Sim, não restavam dúvidas, aquela era a Pérola, não a Rose.

(Amennekht, começando a soar transtornado): Pérola, cadê a Rose? ONDE ESTÁ ROSE QUARTZ???

Pérola tirou um momento para olhar para a sua mão, e isso fez com que Amennekht olhasse para o mesmo lugar. Escondido, na mão cerrada de Pérola, metamorfoseada em Rose Quartz, estava uma pedra preciosa, cor-de-rosa. Ele só viu uma pequena parte dela, uma parte pontuda...

Pontuda, igual à base de um diamante.

“Uma pérola sem dona”, diziam sobre ela. “Uma Pérola que escolheu seu próprio destino”, e por isso, foi considerada defeituosa.

Amennekht já havia visto outras pérolas de Homeworld. Viu a Pérola Negra ser morta por Thanos, devido à sua lealdade inquebrável para com a Lignita. Ele mesmo tinha duas pérolas, que salvara da turba ensandecida na batalha de Ahkvata. Ele as tratava decentemente, só isso, e mesmo assim elas tinham uma lealdade estranha e extremamente intensa para com ele.

Todas as pérolas que Amennekht havia visto eram leais a alguém, morreriam por alguém. A Pérola das Crystal Gems era a única que parecia fugir a essa regra, já que ela não só era sua própria gem, mas também havia escolhido uma mestra por conta própria, Rose Quartz.

Ou era isso o que ele pensava.

Agora, vendo aquilo, a fala de Thanos fazia sentido! Tudo fazia sentido: por que Rose Quartz não estilhaçava gems, por que ela era tão poderosa, por que Pérola, que supostamente era uma gem de livre arbítrio, tinha uma lealdade tão cega por Rose, a ponto de se arriscar tanto por ela.

Agora, tudo fazia sentido. O rosto de Amennekht começou a se contorcer, até assumir uma expressão de raiva. Com uma força considerável, para alguém ferido e exausto, Amennekht agarrou a falsa Rose pelo vestido.

(Amennekht, furioso): Me entregue a Diamante Rosa! Ela precisa ser estilhaçada! A Terra deve ser livre!

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“Tem uma última coisa que eu preciso fazer.”

“O que é?”

“Ninguém jamais pode saber que fizemos isso. Eu não quero olhar para trás! Então, essa é minha última ordem para você como Diamante: Por favor, não vamos falar disso nunca mais! Ninguém pode saber!”

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“Ninguém pode saber!”

A última ordem que ela recebeu de sua Diamante...

... e como uma Pérola fiel, ela a cumpriria, a qualquer custo.

Ninguém saberia o que aconteceu ali...

... e ninguém suspeitaria daquela flecha de Homeworld enfiada em Amennekht.

Afinal, aquilo aconteceu no meio de uma batalha. Soldados morrem flechados a todo momento.

Foi tudo tão rápido, que o próprio Amennekht levou um tempo para processar o que havia acontecido. Quando voltou a si, viu que Pérola, ainda disfarçada de Rose, dando meia-volta, Amennekht usou suas forças, que se esvaíam a cada segundo, para agarrar a falsa Rose por trás.

(Amennekht, furioso e moribundo): Como o representante do Hórus vivo na Terra...

Amennekht tossiu e regurgitou sangue no vestido de “Rose”/Pérola.

(Amennekht): ... eu amaldiçoo você e todas as que traíram a humanidade: que este mundo seja a prisão de vocês, que suas companheiras neste complô maligno sofram um destino pior que a morte, e que aquela a quem você mais ama seja tirada de você.

Ainda chorando, Pérola empurrou Amennekht para longe que, enfraquecido, rolou descendo a pequena colina onde estava a liteira. Ele caiu perto de onde estava o odre com as lágrimas curativas, que ele havia descartado antes. Ele estendeu as mãos para pegá-lo, mas uma mão laranja com marcas tribais vermelhas, havia pegado o odre primeiro. Ela bebeu o que restava do conteúdo, e curou as rótulas que Amennekht havia lesionado tão impiedosamente. O rosto furioso, enxarcado pelas lágrimas de alguém que perdeu aquela que era como uma mãe, fuzilava Amennekht com o olhar. Outras sombras familiares o cercaram: Jade, Lignita e Larimar. Junto com elas, Amennekht viu alguém que passou despercebido por suas algozes: Anúbis, o deus da morte.

(Anúbis): Dessa vez, Rose Quartz não lhe salvará. Você morre aqui, humano.

A voz de Anúbis havia saído, na verdade, de Jade. Com suas últimas forças, Amennekht se colocou de pé.

(Amennekht): Morrerei de pé, erguido contra vocês, assim como morreram meus pais.

E assim, aquelas quatro gems cumpriram o último desejo de Amennekht.

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— Já chega de truques, Hórus. Você deve vir comigo agora.

Amennekht se levantou, em meio à escuridão, diante dele, estava Anúbis, o deus da morte, do qual sempre fugira várias vezes. Ele sempre havia se mostrado de forma hostil e monstruosa, mas agora parecia sereno e calmo. Talvez porque agora tudo estava acabado.

(Amennekht): Está bem... me leve para o julgamento de Osíris.

Anúbis pareceu surpreso ao ouvir isso.

(Anúbis): Então finalmente você aceita seu destino, sem mais nenhum truque na manga... até que enfim. Não aguentava mais elas perguntando sobre você.

(Amennekht): Elas?

Anúbis fez um gesto para que Amennekht o seguisse e, à medida que ele o seguiu, ele chegou a um portão. Entrando nele, Amennekht contemplou o corredor magistral que daria para o palácio de Osíris, dentro do qual seria realizado seu julgamento, para decidir seu destino no pós-vida. No corredor, Amennekht reencontrou seus finados pais. Ao vê-los, não se conteve e abraçou os dois, chorando.

(Amennekht): Pai, mãe... Há quanto tempo

(Pai de Amennekht): Você se tornou um grande Faraó, Amennekht.

(Mãe de Amennekht): Estamos muito orgulhosos de você.

— Ameni?

Amennekht reconheceu aquela voz, que parecia até estar cantando ao pronunciar aquele apelido tão familiar. Amennekht correu na direção de sua Rubelita e, agarrando-a nos braços, beijou-a apaixonadamente.

(Amennekht): Você... me esperou aqui por todo esse tempo?

(Rubelita): Eu sou apenas sua, Ameni... e de mais ninguém.

(Pai de Amennekht): Nós já fomos julgados... e Osíris nos aprovou. Ainda assim, ficamos aqui, esperando por você, Amennekht.

(Mãe de Amennekht): Mas você não veio, se recusou a vir. Você fez de tudo para continuar vivo. Lutou contra Anúbis até as últimas consequências, para continuar liderando seu povo em batalha.

(Pai de Amennekht): É por isso que você, mais que qualquer um de nós, merece ser aprovado por Osíris.

(Anúbis): Vamos Amennekht, seu julgamento começa agora.

(Mãe de Amennekht): Vá meu filho.

(Rubelita): Nos veremos em breve... e nunca mais seremos separados.

Jamais saberemos o que Amennekht viu em seus últimos momentos antes de morrer... mas seria de melhor tom imaginarmos que foi algo assim, ao invés de estar consciente para ser destroçado por quatro gems inimigas, logo depois de ser traído por uma de suas mentoras.

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Epílogo I – A Humanidade

O corpo de Amennekht foi ocasionalmente encontrado pelas Crystal Gems. Ainda tinha em seu corpo a flecha que Pérola fincou nele, e também um ferimento da baioneta de Lignita, um do arpão de Larimar, um corte do machado de Jade e um afundamento no peito, no lugar do coração, feito pelo elmo-marreta de Jasper.

 

Conte nossa história. A ordem mais simples que o Hórus vivo na Terra poderia dar. Lembrem-se de nosso maior triunfo.

Um jovem adulto egípcio, vestindo trajes reais, discursava em meio a um arraial, formado tanto por soldados, como nobres e até mesmo Crystal Gems, incluindo rostos conhecidos, como Garnet, Pérola, Topázio Imperial e Rose Quartz. Também estavam lá alguns rostos que ele provavelmente não conhecia: um Gilius magro e enrugado, se apoiando em muletas; um samurai com um rosto de meia-idade; um Erik, cujos cabelos e barba cor-de-fogo já mostravam suas primeiras mechas prateadas, e uma bela mulher, alta, loira e musculosa, ao lado de uma Tyris Flare com cerca de 50 anos de idade.

Ele não queria riquezas, nem estátuas. Nem pinturas, poemas, ou mesmo uma pirâmide com seu nome. O desejo dele foi simples: contem nossa história.

 

Amennekht foi embalsamado segundo a tradição de seu povo. Seus órgãos, mesmo os bastante danificados e esmagados pelo golpe das gems, foram colocados nas urnas funerárias. No desenho de seu sarcófago, estava uma representação visual dele em vida, segurando o seu escudo. Em seu escudo, estava o desenho de uma cruz ansata, com o buraco da alça sendo esculpido e customizado para ter a forma de uma estrela de cinco pontas, o símbolo das Crystal Gems. Nas paredes da pirâmide que servia como seu túmulo, estavam desenhos mostrando seus grandes feitos em vida, com destaque especial para um desenho mostrando quando Rose o achou e o resgatou.

 

Esse foi seu último pedido. “Caso todas as vozes da humanidade sejam silenciadas pela onipotência das Diamantes, então que as pedras rachadas e esmigalhadas gritem em nosso lugar: ‘Lembrem-se de nós!’. Vá dizer a qualquer remanescente que encontrar que aqui, perante a liteira rosa, a humanidade foi libertada.” E assim morreu meu pai!

 

O nobre egípcio era Amenhotep, o filho de quem Merit estava grávida. Agora, 20 anos depois, ele seguia os passos de seu pai, mas ele faria isso apenas por um curto espaço de tempo. O sacrifício de Amennekht, a despeito de todas as circunstâncias, não foi em vão. Aquela guerra estava com seus dias contados. Agora, ele estava com um exército atrás dele, marchando por um lugar localizado ao norte, onde já jaziam algumas armas gems, de diversos tamanhos, ao redor deles.

 

(Amenhotep): Durante 20 anos, minha mãe e minha avó postiça me contaram essa história enigmática, a qual elas sempre se referiam como uma história de triunfo. Hoje eu entendo que elas tinham razão. Pois entre homens do norte e do sul, do leste e do oeste, se espalharam as histórias de que o nobre Amennekht, o impetuoso Sebek e o engenhoso Thanos, tão longe de seus lares, deram suas vidas, não só por suas nações, mas por este mundo belíssimo, e por tudo o que ele pode vir a se tornar um dia!

Agora, nestes jardins do Norte, as hostes de Homeworld serão todas exterminadas!

 

Num tom de aprovação, os que estavam nas primeiras fileiras do exército de Amenhotep começaram a gritar.

 

(Amenhotep): Assim, o puro terror corre pelos corpos do mais ignóbil guerreiro até daquelas que ousam se denominar deusas! O medo aperta seus corações, com dedos gélidos, porque sabem que as criaturas que desprezavam como insetos e vermes, foram capazes de matar uma das Matriarcas! E as que restaram, avistam agora, cobrindo estas planícies verdejantes, a maior coalisão que este mundo já viu: 50.000 Crystal Gems e 800.000 guerreiros do mundo inteiro!

 

Os gritos se repetiram, mas dessa vez, o exército inteiro gritou, fazendo o chão tremer e criando um coro que poderia ser escutado mesmo do céu.

 

(Amenhotep): À frente de vocês está um dos últimos espaçoportos ativos de Homeworld! O inimigo fará de tudo para não deixá-lo cair em nossas mãos! Hoje, expulsaremos as três tiranas que restaram do nosso mundo, e construiremos, para nossos dois povos, um futuro mais brilhante do que qualquer homem ou gem jamais poderia imaginar!

 

Amenhotep recebeu, das mãos de Garnet, a khopesh que um dia havia sido de seu pai. Ela também havia treinado o filho e herdeiro de Amennekht. Amenhotep tirou um tempo para contemplar uma das poucas ligações que tinha com seu falecido pai, e então, voltou a discursar para todos.

 

(Amenhotep): Agradeçam a todos que tornaram esse momento possível: Amennekht, Sebek, Thanos, Rose Quartz e suas Crystal Gems! E DEVOTEM SEUS CORAÇÕES!!!

Com aquelas palavras, todos saíram correndo atrás do novo Faraó, o herdeiro de Amennekht. Ali nascia a promessa de um novo mundo.

 

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Epílogo II – Homeworld

Uma cacofonia horrenda poluía o salão de comunicações da Torre Lunar. Várias chamadas de SOS, vários gritos de socorro, o clangor de metal no fundo... ainda assim, as três Diamantes que estavam presentes naquela sala pareciam alheias a tudo, se portando como se tudo estivesse em um silêncio solene. A Diamante Azul chorava todas as lágrimas que podia chorar, abraçada à cadeira que um dia pertenceu à Diamante Rosa. A Diamante Amarelo permanecia encarando o planeta abaixo dela, vendo todas as naves que o abandonavam em fuga desesperada.

(Diamante Amarelo): Como pudemos deixar as coisas chegarem a esse ponto? Um exército de gems defeituosas... e macacos, armados apenas com paus e pedras...

(Diamante Branco): Como isso aconteceu não importa mais... o que importa é o que faremos agora. Não foram gems defeituosas ou esses primatas primitivos que nos venceram, foi a nossa própria complacência. Ignoramos os sinais, não tratamos o problema com a urgência que lhe era devida, mas isso mudará agora. Venham comigo. A Diamante Branco subiu as escadas da Torre Lunar, até chegar no topo dela. Lá, havia o que parecia ser uma lente de aumento gigante, maior até mesmo que as Diamantes. Ela olhou para aquilo por alguns momentos antes de voltar a falar.

(Diamante Branco): Este planeta é um caso perdido... ainda assim, há dezenas, centenas de planetas galáxia afora que ainda têm um grande potencial de colonização. Porém, este potencial é ameaçado por este mundo. Sua rebelião é um câncer, que ameaça se espalhar pelo resto de nossas colônias. Devemos fazer das gems defeituosas deste mundo um exemplo para os demais mundos.

Ao dizer isso, A Diamante Branco estendeu sua mão, apontando para a lente de aumento.

(Diamante Amarelo, estendendo a mão): Elas querem esta bola de lama insignificante para elas? Ótimo...

(Diamante Azul, estendendo a mão e ainda chorando): Elas merecem sofrer!

As três Diamantes, com suas três mãos erguidas, começaram a fazer suas mãos brilharem. Delas, saíram três raios que foram potencializados e misturados pela lente de aumento. Os três raios banharam todo o planeta Terra.

Do planeta, humanos e gems que ainda não haviam conseguido sair observaram, com terror, aquela luz estranha. Ela saiu varrendo tudo, ofuscando a todos.

Em um dos espaçoportos que ainda restavam, as últimas gems do que havia restado da Divisão Sigma se apressavam para sair o mais rápido possível daquele mundo.

(Jade): Rápido, Larimar!

O rosto de Jade mudou para uma expressão de terror, enquanto que que Larimar, notando que havia algo de errado, virou de costas para ver a mesma luz que Jade estava encarando.

Elas foram engolidas pela luz, antes que pudessem escapar do Planeta Terra.

Rose Quartz estava num campo de batalha, quando viu a luz brilhando, de longe. Em uma fração de segundos, ela fez a única coisa que poderia fazer: criou um escudo gigante... puxou, para si, Pérola e Garnet...

E aguardou pelo impacto...

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Epílogo III – Crystal Gem

Séculos se passaram desde que a última batalha da Guerra Gem acabou. Só o que restavam agora eram destroços, espalhados pelo mundo inteiro, e histórias que, a esta altura, eram pouco mais do que lendas. Ninguém sabia agora por onde vagavam Rose Quartz, Pérola, Garnet, ou qualquer outra das outrora famosas Crystal Gems. As linhagens dos guerreiros de outrora ou desapareceram, ou se tornaram tão dispersas a ponto de serem indistinguíveis das linhagens de quaisquer outras pessoas.

O Jardim de Infância Alfa, aquele que começou toda a guerra, jazia abandonado. Os injetores estavam silenciosos havia milênios. O Jardim todo estava silencioso havia milênios...

Até aquele momento.

Rachaduras começaram a aparecer numa das paredes. Pequenas quantidades de vapor saíam das frestas, até que a terra, como se tivesse sido cortada, caiu, revelando um buraco por onde saía bastante vapor. Seria apenas mais um buraco que se juntaria à miríade de buracos espalhados por aquelas paredes, mas este era bem menor que os outros, era do tamanho de uma criança.

De dentro dele, saiu uma ametista, bem menor que as gigantes púrpuras dos tempos de Amennekht.

— Olá! Tem alguém aí?


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Notas finais do capítulo

42 capítulos. Quase 4 anos até ser concluída. Esta foi uma jornada e tanto. Acho que dificilmente vou conseguir fazer uma nova fanfic no mesmo nível dessa... e para ser honesto, não acho que eu queira isso. Enquanto eu escrevia o último arco dessa história, comecei a ter várias ideias para histórias originais, com personagens originais e um mundo original. Foi divertido escrever SSLE, foi divertido criar todos estes personagens originais, mas agora eu cheguei num ponto onde eu quero ir além. Eu quero contar minhas próprias histórias do zero, com meus próprios cenários, e ser reconhecido por isso.

Não vou dizer que este é um adeus. Talvez eu volte a escrever uma nova fanfic (eu até tive algumas ideias legais de um AU/crossover entre Transformers e Steven Universo), mas por hora, vou começar a trabalhar em projetos pessoais de histórias originais. Talvez eu poste elas aqui, talvez no Spirit, ou talvez no Wattpad. Bom, essa história de Transformers + Steven Universo, SE eu escrever isso, eu postarei no Spirit, por recomendação da minha amiga MusaAnônima12345. De qualquer forma, isso foi divertido enquanto durou. Meu storytelling e minha escrita melhoraram muito, graças à prática ganha com todas as histórias que eu escrevi e postei aqui.

Se ainda houver alguém aqui, acompanhando esta história, mesmo depois do hiato causado pela pandemia de Covid-19, obrigado por ler até o final a jornada do Faraó Amennekht, e obrigado pelos comentários que você deixou. Se você não deixou nenhum... bem, nunca é tarde para deixar alguns ou mesmo uma recomendação ;-)



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