A Garota de Vestido Azul escrita por Karina A de Souza


Capítulo 7
Lobo Mau


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas *u*



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Joanne e Jack estavam sentados do lado de fora da TARDIS, num Cânion do planeta Hórus, conversando e admirando o céu de estrelas feitas de diamante. Era uma parada para descansar, depois das confusões em suas aventuras.

Jo tinha ligado para os pais mais cedo, após o Doutor configurar seu telefone, fazendo-o funcionar em qualquer espaço e tempo. A garota sequer sentia falta de casa agora, conhecendo lugares novos e se aventurando por aí.

—Tudo bem, deixe-me ver se eu entendi. -Pediu. -Você decidiu dar férias a si mesmo, e simplesmente saiu caçando o Doutor?

—Exatamente. Faz muito tempo desde que o vi pela última vez, e acho que mereço essas férias. O Doutor pode estar sempre salvando a Terra, mas isso não significa que a Torchwood não tenha suas obrigações. Você pode até arrumar um emprego lá.

—Não acho que eu seja qualificada pra esse tipo de coisa.

—Pode até achar que não, mas você é corajosa e tenta buscar saídas pras confusões onde o Doutor te coloca. É exatamente esse tipo de pessoas que a Torchwood precisa. Só não diga pro Doutor que eu te disse isso, ou ele vai me acusar de tentar roubar você.

—E não é o que está fazendo, capitão?-Jack sorriu.

—Talvez. Vai pensar na proposta?

—Vou. Vou sim. -Bocejou. -Acho que vou entrar, preciso dormir um pouco. Já aprendi que para andar com o Doutor, é necessária muita disposição. -Ficou de pé e se inclinou para beijar o rosto de Jack, que virou rapidamente, quase fazendo o beijo ser no lugar errado. -De novo?

—Na próxima eu consigo. -Jo riu.

—Talvez. Boa noite, Jack.

—Boa noite, Cinderela.

—Engraçadinho.

Entrou na TARDIS. Já tinha se acostumado a andar na nave, não confundia mais o guarda-roupa com a sala da piscina, nem a cozinha com seu quarto.

Enquanto passava pela biblioteca, avistou o Doutor, cercado por livros e mais livros. Ele parecia um pouco agitado, com os óculos tortos e o cabelo bagunçado.

—Você está bem?-Perguntou, o Doutor se assustou e olhou pra ela.

—Estou ótimo. Fantástico. Maravilhoso.

—Certo. Precisa de ajuda? Parece meio... Perdido.

—Ah... Não, não. Já até terminei aqui. -Começou a fechar alguns livros. -Cadê o Jack? Não me diga que ele está dando em cima de qualquer ser vivo que possa ter aparecido lá fora. -Joanne riu.

—Não. Está só observando o céu.

—Bom. Preciso falar com ele. -Tirou os óculos.

—Okay. Vou dormir um pouco, me acorde quando formos para nossa próxima aventura.

—Como quiser.

—Boa noite, Doutor.

—Boa noite.

Quando Jo saiu, ele aproveitou para olhar mais algumas vezes num dos livros. Como era possível não haver nada sobre a Estrela Azul na biblioteca? Ele tinha que descobrir o que ela era, antes que fosse tarde demais.

***

Jo estava num sono tão pacífico, sonhando com estrelas cadentes feitas de diamantes, quando foi acordada pelo chacoalhar violento da TARDIS. Era muito pior do que a movimentação habitual da nave. Pareciam que estavam no meio de um terremoto.

A garota caiu da cama, batendo um dos cotovelos no chão e depois a cabeça. Por que a caixa azul estava se revirando tanto?

Quando a movimentação parou, Joanne levantou e correu para a sala de controle, encontrando Jack massageando a testa.

—Eu definitivamente quero um seguro de vida. -Murmurou.

—O que aconteceu?-Jo perguntou. -Por que nos movemos assim? Onde está o Doutor?

—Ele não está aqui. Ele estava fora da TARDIS quando alguma coisa nos agarrou.

—O que?

—Alguma coisa pegou a gente. Acho que fomos roubados.

—O que quer dizer com “roubados”?

—Quero dizer que pegaram a TARDIS, com a gente dentro. Talvez não saibam que estamos aqui.

—O que fazemos? Não sei pilotar a nave! São muitos botões e alavancas... Ninguém além do Doutor sabe!

—Primeiro de tudo: não vamos entrar em pânico...

—Eu já estou em pânico! Jack, estamos perdidos! Completamente perdidos! Estamos sem o Doutor, fomos roubados e não sabemos pilotar a TARDIS!

—Escuta, vai ficar tudo bem. O Doutor sempre resolve tudo. Ele vai nos encontrar. Até lá... Nós vamos tentar lidar com essa situação com muita calma. -Tirou uma arma do bolso, verificando se estava carregada, e a guardou de novo.

—Pra que isso?

—Vou lá fora ver onde estamos e quem nos pegou. Talvez consiga nos levar de volta. Enquanto isso, fique aqui, e não toque nos controles.

—Não vou ficar aqui, vou com você. Pode precisar de ajuda.

—Prefiro que fique aqui.

—Não recebo ordens de você. -Cruzou os braços. -É bom não tentar sair sem mim.

—Tudo bem, tudo bem! Vá pegar seu casaco.

Se Jo não estivesse tão nervosa por causa da situação, teria desconfiado do pouco tempo necessário para fazer Jack ceder. Quando voltou para a sala de controle, ele já tinha saído.

—Jack Harkness, vou fazer picadinho de você. -Murmurou, indo para a porta. Abriu só uma pequena fresta, o que foi o suficiente para ver o que estava acontecendo lá fora.

Havia dois seres estranhos, grandes e azuis, falando com Jack e apontando pra TARDIS. Eles não pareciam nem um pouco felizes ao saber que roubaram uma nave tripulada.

—Achamos que era lixo espacial. E acredite quando digo que a gente vende isso e lucra muito.

—Bom, já perceberam que não se trata de lixo e sim uma nave em bom estado. -Jack disse. -E o dono dela vai odiar saber que a chamou de lixo espacial.

—Não é como se a gente se importasse. Nós a pegamos, então é nossa.

—Eu acho que não. -Apontou a arma para os alienígenas, que riram. -Acho melhor vocês nos devolverem exatamente onde nos pegaram.

—Acho que não, garoto.

Joanne assistiu, como se em câmera lenta, um terceiro homem azul surgir e atirar contra Jack várias vezes. O capitão caiu, derrubando a própria arma.

—Jack!

—Volte pra TARDIS. -Mandou. -Encontre o Doutor...

—Jack!

Começou a sair da nave, mas agora os homens vinham na sua direção. Fechou a porta e se aproximou dos controles, desesperada.

—TARDIS... Me ajude, por favor. Eu não sei o que fazer. Não sei como achar o Doutor...E Jack... -Começou a chorar. -Jack está morto... -Olhou para a tela a sua frente, os homens estavam em volta da nave, tentando abri-la. -Ele diz que você é como um ser vivo. Então pode me ouvir. Por favor, me ajude.

Silêncio. Se a TARDIS era mesmo viva, talvez não quisesse ajudá-la. Ou talvez não pudesse.

De repete, alguma coisa se moveu do outro lado dos controles e uma luz surgiu. Jo se aproximou, hesitante, rezando para que a nave estivesse tentando ajudar.

***

Jack se manteve imóvel, pensando no que faria a seguir. Joanne, a pobre e apavorada Joanne, estava trancada na TARDIS e não respondeu quando os criminosos gritaram, mandando-a sair. Os três estavam impacientes, discutindo uma maneira de abrir a nave e tirar a garota de lá.

Ele se sentiu culpado por não contar a Jo sobre sua imortalidade. Ela tinha se desesperado ao achar que ele estava morto. Quando tudo isso acabasse, ia contar tudo a ela.

De repente, as portas da TARDIS se abriram e Joanne saiu.

Jack xingou em voz baixa, sabendo que as coisas não iam ser tão simples...

Não era Joanne saindo. Era o Lobo Mau.

—Jo, o que você fez?-Perguntou, ficando de pé. Os homens azuis estavam assustados demais para reagir. -Ah, não... Droga, droga. O que você fez?

—Eu precisava desse poder, para encontrar o Doutor. A TARDIS me despertou, me deu isso... Esse presente.

—Não é um presente, não quando vai matar você!-Abaixou o tom de voz. -Como desfaço isso?

—Não desfaz. Eu posso ser assim para sempre. Há tanta luz e força aqui. -Olhou para suas mãos. -Uma coisa nova. Uma Nova Era para o Lobo Mau.

—Não, você não entende. Não pode ser isso. Você não sabe o que isso pode fazer!

—Eu sei, e não é uma coisa ruim. Eu posso fazer isso. Posso mudar tudo. Eu sei tudo agora. Vejo um novo começo. Um novo poder.

—Jo...

—Eles tiraram o Doutor de nós. E agora eles morrem. -Os homens azuis queimaram como papel, sumindo.

—Não! Você não pode...

—Eu posso tudo. Agora nós vamos encontrar o Doutor. -Voltou para a TARDIS, Jack correu para dentro, e as portas se fecharam atrás dele. -Nós vamos achá-lo.

—Eu espero que sim. Ele é o único que pode te salvar.

***

—Ah, olha só, eles voltaram!-O Doutor disse, se aproximando da TARDIS. Jack saiu apressado. -Eu estava tentando pegar carona, mas não é muito fácil nessa região. Como conseguiram voltar?

—Aquela coisa... Aquela coisa voltou. Lobo Mau.

—O que?-Joanne saiu da TARDIS lentamente. -Como isso aconteceu?

—Ela me mostrou. -Respondeu. -A sua TARDIS. Ela sabia que era a única maneira de voltar pra você. Me deu poder, para que eu o encontrasse.

—Esse não é o tipo de poder que você quer. Ele pode te matar e vai, se não parar agora.

—Não dessa vez. Rose Tyler não era preparada para isso, mas eu... Eu sou. Eu sou mais forte.

—Ninguém é forte o bastante pra isso. -Tentou se aproximar dela, que recuou.

—Diga a ele, Jack. Diga como eu sou poderosa. Diga como destruí aqueles homens maus apenas com palavras. Eles queimaram, Doutor. Eu fiz isso. Posso começar uma Nova Era. Um novo começo para o Lobo Mau.

—Você não pode continuar com isso. Ninguém pode suportar.

—Eu posso!

—Não, você não pode.

De repente, todo aquele poder foi sugado para dentro da TARDIS e desapareceu no mesmo lugar de onde veio. Joanne desmaiou, sem forças.

—Ela está morta?-Jack perguntou, enquanto o Doutor se abaixava ao lado dela.

—Não. Apenas... Desmaiou.

—A TARDIS realmente mostrou o Vortéx pra ela?

—Eu acho que sim. E agora pegou a energia de volta. -Olhou para a caixa azul. -Você foi muito egoísta usando Joanne desse jeito só pra me encontrar! Podia tê-la matado!

—Ela disse mais de uma vez sobre uma “Nova Era”. O que isso significa?

—Eu não faço a mínima ideia. Mas se ela se tornou Lobo Mau sem destruir tudo... Algo diferente aconteceu. Acho que de alguma forma, esse poder era maior dessa vez.

Jack contou tudo o que aconteceu desde que a TARDIS foi roubada, enquanto o Doutor deixava Jo no quarto.

Ela acordou pouco depois, um pouco pálida, mas aparentemente bem.

—Doutor? Você está aqui! Como isso aconteceu?

—Qual é a última coisa de que você se lembra?-Perguntou.

—Jack... Atiraram nele! Ele está...

—Bem aqui. -O capitão interrompeu, assustando-a. -Prometo que posso explicar.

—O que aconteceu? Como nos reencontramos?

—Você ficou muito nervosa e desmaiou. -O Doutor mentiu. -Jack encontrou instruções de como pilotar a TARDIS e trazê-la de volta pra mim. Sem mistério.

—Certo. Foi um dia e tanto... Mesmo que eu tenha perdido parte dele. -Sorriu.

—Vou deixar Jack explicar sobre como ele sobreviveu. -Se aproximou do capitão. -Depois nós conversamos melhor. -Saiu.

Jack se sentou na cama de Joanne e respirou fundo.

—Certo. Tudo começou numa batalha contra os Daleks...


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Notas finais do capítulo

Agora que vocês já sabem que a Jo se tornou o Lobo Mau, adivinha quem colocou o aviso sobre a Estrela Azul.
Eu pesquisei bastante sobre a entidade Lobo Mau antes de escrever esse capítulo. Ainda acho um pouco confuso (minha irmã não entende até hoje) e tive que rever o episódio em questão apenas para ver como a Rose agia quando era o Lobo Mau.
Bem, no próximo capítulo... Bruxas, escondam-se, vocês estão sendo caçadas!
Até lá. ♥



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