Realmente (Me Chamam de Rei) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 6
A segunda aurora


Notas iniciais do capítulo

Ninguém entendeu o que deu no Baepsae, fato... Nem o Jin. Será que ele vai ter coragem de desafiar o mestre?



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Eu fiquei algum tempo tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Tentando entender por que ele tinha se dado ao trabalho de me seduzir para me deixar como se nada tivesse acontecido. Mas enfim… Eu olhei para aquela cama enorme novamente, então realmente não foi um tempo longo. Eu me deitei ali e apaguei, enquanto os pensamentos sobre aquele homem misterioso e extremamente bipolar ainda dançavam pela minha mente.

Acordei naturalmente, sem nenhum barulho de corrente nem nada do tipo, e abracei o travesseiro ali perto na tentativa de dormir mais um pouco. O fato de eu ainda não ter sido acordado só podia significar que ainda era muito cedo. Então fiquei me revirando por poucos segundos.

— Dormiu bem?

Meu coração acelerou com o susto. Não tinha notado que havia mais alguém no quarto, muito menos que era Lord Baepsae. Levantei o rosto para fitá-lo: sentado na poltrona, em uma posição confortável e com a máscara no rosto.

— Sim. E você?

Só depois percebi que talvez estivesse agindo errado ao chamá-lo de “você” em vez de senhor, mas ele não pareceu se incomodar.

— Eu também. Tive que ir para outro quarto, já que você ficou aqui, mas não há problema nisso. Temos muitos quartos aqui.

Eu queria perguntar por que ele havia agido daquela maneira, mas escolhi ficar quieto e esperar por uma oportunidade melhor, assim como estivera fazendo com relação ao conselho de Taehyung. Estava esperando um bom momento para chamá-lo por seu verdadeiro nome.

— Estava esperando você acordar para te pedir o almoço.

Pedir? Ele deveria ordenar, e não deveria me esperar acordar. Mas, de novo, eu fiquei quieto, embora ele aparentemente tenha notado meu estranhamento.

— Não estava no seu roteiro de hoje, mas eu gostei muito do que você fez ontem.

— Tudo bem, eu faço — eu disse, me levantando.



Lord Baepsae usou o argumento (que para mim era mais uma desculpa) de que eu teria menos tempo de descanso para me deixar almoçar no mesmo tempo que eles. Eu não falei nada durante toda a refeição, porque tudo aquilo estava me deixando bastante desconfortável. No entanto, ao fim, ele disse.

— Sua tarefa para esta tarde será dar banho no Hebi.

Olhei para ele, indignado.

— Como é? Espera que eu dê banho no monstro que vai me devorar amanhã?

— Devorar não. Engolir.

— Ah, sim. Fez toda a diferença.

— Hebi é um capturandam obediente, eu o treinei bem. Ele não vai comer você antes do tempo.

— Me sinto muito melhor agora — disse, ironicamente.

— Aish, chega, você fala demais. Está acostumado a dar ordens, não é mesmo?

— Eu poderia agir como um escravo se quisesse, mas você nunca deixa claro como eu devo agir.

— É porque eu realmente não sei o que quero de você. Quando eu descobrir, eu te conto.



Depois de descansar um pouco do almoço, fui levado por Lord Baepsae para o lado de fora do palácio. Logo avistamos Hebi deitado perto das árvores. Assim que ele percebeu nossa presença, veio até nós.

— Preciso mesmo fazer isso?

— Vou até fingir que não ouvi essa pergunta — murmurou ele. — Boa tarde, Hebi, tudo bom? — perguntou ele, mudando de humor e fazendo carinho na cabeça do capturandam. — Hoje o Jin vai te dar banho.

— Eu não sei como dar banho em um capturandam.

— Isso é óbvio. Comece levando-o para perto do lago.

— Que lago?

— Ali — disse ele, apontando para o pequeno lago mais à direita. — Vai precisar de muita água, então é melhor ficar perto dela. É só uma sugestão…

— Hum… Certo. E como o levarei?

— É só você ir e chamá-lo.

Baepsae só poderia estar de brincadeira comigo. Queria que eu agisse de maneira fofa com Hebi? Realmente? Bom, eu tinha que fazer alguma coisa, não tinha jeito. Então, fiz assim. Perdi alguns minutos chamando Hebi para perto do lago. Ele não parecia confiar tanto em mim no começo. Baepsae acompanhava, enquanto ria, o que me fez ficar com um pouco de raiva dele. Em algum momento, ele se ausentou e voltou com baldes e sabão. Colocou tudo no chão, tirou o manto e a camisa. Era difícil não olhar para ele, mas eu tentei.

— Nós vamos começar molhando bastante o pelo dele.

— Nós?

— Sim. Isso é um trabalho para duas pessoas, que geralmente são Taehyung e Hoseok. Decidi dar uma folga para eles.

— Entendi. Você não acha melhor prendê-lo?

— Fazia assim no começo, mas ele não foge mais. Eu o domei bem. — Baepsae pegou o balde e o encheu de água no lago. — Mas tem que molhá-lo devagar, ou ele toma susto e aí… Não vai ser muito legal.

— Ah, então pode mostrar como se faz, jebal.

Baepsae riu do meu medo e jogou água no Hebi bem aos pouquinhos, espalhando por áreas diferentes do pelo. Pegou mais água e foi molhando cada vez mais.

— Pode começar já. Acha que eu vou fazer tudo sozinho?

— Longe de mim — disse, pegando o outro balde. Enchi-o de água e fui para o lado do Hebi, ainda com medo de fazer errado. Virei-o muito devagar, de modo que, quando a água começou a cair, foi bem pouquinho.

— É para terminar hoje — disse Baepsae, aproximando-se rapidamente. Me ajudou a virar o balde em uma velocidade adequada. — É assim. Quando ele se acostumar com a temperatura da água, vamos poder adiantar isso.

Ficamos um bom tempo só molhando todo o pelo de Hebi. Baepsae teve que subir nas costas dele para terminar de molhá-lo. Quando ele ficou bem encharcado, pegamos sabão e começamos a esfregar o pelo dele. Ficamos em um tempo de silêncio, apenas trabalhando, enquanto eu ficava pensando se deveria ou não fazer a pergunta que estava guardada, se deveria ou não desafiá-lo. Como ele estava do outro lado do Hebi e eu não precisava encará-lo, decidi ir adiante.

— Eu posso te fazer uma pergunta? — perguntei, com a voz bem mansa, já que estava com medo de um questionamento tão delicado.

— Pode — disse ele, sem dar muita importância ao que eu poderia perguntar.

— Você ia fazer alguma coisa comigo ontem à noite. Por que desistiu?

Eu percebi que a pergunta havia mexido com ele de alguma forma, pois parei de ouvir o som do trabalho dele.

— Por acaso — perguntei, novamente — eu não estou à sua altura?

Depois de algum tempo de hesitação, ele voltou a trabalhar e respondeu.

— Eu não teria aceitado a troca se você não estivesse à minha altura.

— Então qual foi o problema?

Baepsae riu.

— Parece até que você queria ser punido.

Pressionei os lábios para não rir. Era verdade de duas formas diferentes.

— Eu acho que mereço ser punido, mas não por esses crimes dos quais você fala, que até hoje não sei o que são. É difícil ser punido sem saber o que você fez por isso, sabia?

— Então me conta por que você acha que deve ser punido… E eu te conto quais são os crimes pelos quais estou punindo você.


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Notas finais do capítulo

Parece que estamos nos encaminhando para as revelações de alguns mistérios, né?



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