Um Porto Seguro escrita por Hay Linn


Capítulo 4
Capítulo 3 - Nick


Notas iniciais do capítulo

Sobre a surpresa? Hehe, vamos ter POV'S... sim, sim. Eu gosto muito quando a história tem um ponto de vista de outra personagem, porque tipo cada pessoa é de um jeito. O capítulo não vai ser muito longo, mas acho que vai dar pra entender um pouco sobre o rumo que a história vai tomar...
Vamos de Pov Nick?



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Capítulo Três

ᴗᴗᴗ

Pov Nick

            O baile, a dança, a música. Essa era mais uma das poucas vezes que eu tinha oportunidade de ficar a sós com Clare, mas como sempre ela me escapava como areia entre os dedos.

            Desde que eu cheguei a Kent e coloquei meus olhos sobre ela, eu sabia que ela seria meu maior acerto, ou erro da minha vida. Eu não pude em nenhum momento deixar de querer pelo menos um pedacinho que fosse dela, qualquer instante que eu tinha de estar perto dela eu estava. E mesmo quando ela parecia um pouco atrapalhada e sem palavras eu a achava adorável, e foi aos poucos que ela se infiltrou em meu coração e o tomou de uma forma irrecuperável.

            Nesses poucos anos que vive aqui nessa pequena cidade eu fui mais feliz do que nos últimos três anos. Eu morava em Nova York, tinha uma boa vida lá, amigos que fiz para uma vida toda e uma família incrível. A família da minha mãe Lauren é de Ohio, mas necessariamente de Kent mesmo, e foi por isso que viemos para cá logo após meu pai falecer. Cara foi um tempo difícil. Desde o momento em que ele descobriu que estava com câncer até o ultimo suspiro de vida. Eu tinha treze anos quando ele foi diagnosticado. No começo os médicos diziam que havia pelo menos sessenta por cento de chance dele se recuperar, e para ele que ainda havia vivido tão pouco de sua vida era uma porcentagem animadora em vista do grau avançado que estava.

            Minha mãe e meu pai fizeram de tudo para mantermos uma vida normal, mas eles não tentaram esconder de mim, o que poderia vir a acontecer futuramente. Apesar de ser um adolescente bastante temperamental naquela época eu sabia quando era hora de ser responsável e assumir os deveres que me eram devidos. Foram dois anos de luta, muitas viagens à procura de tratamentos que pudessem ajudar, mas infelizmente ele não conseguiu. O último ano de vida dele, desistimos de procurar. Ele principalmente. Nós passamos mais tempo juntos, ele me deu muitos conselhos, me ensinou como ser um homem em menos tempo que o direito, mas eu aproveitei cada segundo sabendo que poderia ser o último.

            Quando por fim ele se foi, parecia que haviam arrancado meu coração de dentro do meu peito. A tristeza por vezes tentou vencer na minha cabeça, eu perdi algumas semanas de aula, sai do time de basquete, me afastei da maioria dos meus amigos. Não foi nem um pouco fácil, e foi por essa e outras razões que minha mãe decidiu que seria melhor nos mudarmos para sua cidade natal, onde ela teria melhor apoio de sua família, e eu poderia tentar recomeçar. De alguma forma, isso funcionou, e aos poucos eu voltei a minha rotina normal e a dor da perda ficou guardada em algum canto dentro de mim.

— Cara eu juro que não sei o que fiz dessa vez – Tom falou me distraindo dos meus pensamentos do passado.

— Como assim? – eu perguntei. Ele revirou os olhos, mas respondeu:

— Com a Sam oras, nós estávamos dançando e conversando. Sabe as coisas pareciam que iam rolar dessa vez. Então do nada ela pisou no meu pé com aquele salto e saiu pisando duro para longe de mim – eu ri sem conseguir me segurar – não é pra rir Nick, isso é serio.

— Eu sei Tom – eu disse depois que consegui me controlar um pouco, o riso era exatamente porque ele também havia atrapalhado meus planos – você deve ter feito algo sem perceber que ela não gostou, as garotas são assim.

— Ah merda. Tem razão – ele disse como se tudo fizesse sentido agora – eu fiquei verificando algumas vezes a bund... quero dizer os vestidos de algumas lideres de torcida, mas eu juro que fiz isso enquanto ela não estava olhando.

— Cara, você mandou bem einh. Se estava de olho em outras bundas - eu disse pontuando bem a palavra que ele não quis dizer – nem deveria tentar nada com a Sam. Ela não parece ser o tipo de garota que atura isso.

— Eu sei – ele disse suspirando – às vezes é difícil lidar com todas as facetas da Sam, mas... eu realmente a quero.

— Se você quer então lute por ela – eu disse e olhei ao redor ainda havia muitas pessoas no baile, mas eu não estava mais no clima. Tudo que eu queria agora era ir para casa. Percebi um movimento a minha direito e vi que era uma das lideres de torcida ela estava totalmente me secando. Desviei o olhar e me voltei para Tom, que me olhava estranho no momento. Eu franzi o cenho instigando a dizer o que quer que fosse.

— E você? – ele disse por fim.

— O que tem eu? – perguntei sem entender.

— Por que não luta por ela também – eu sabia bem do que ele estava falando, mas as coisas não eram tão fáceis assim.

— Você sabe Tom – eu disse e me levantei – eu tô indo nessa – me virei e fui embora.

            Não foi uma, nem duas, mas muitas às vezes em que eu quis tomar Clare nos braços e sentir seus lábios macios nos meus. Mas todas as vezes que eu pensava em fazer isso, algo me apertava o peito me sufocando e eu acabava desistindo. Não era que eu não queria fazer isso, eu queria e muito, era só que eu sempre me lembrava do que meu pai dizia antes dele morrer “Siga seus sonhos, não importa o que acontecer no decorrer da sua vida, não desista deles por nada meu filho.”. E ter Clare em minha vida atrapalharia muitos dos meus sonhos. Eu jamais conseguiria deixa-la para trás, me causaria ainda mais dor, e deixar de realizar meus sonhos desde criança não era algo que eu estava disposto a abrir mão também.

            Quando eu tinha cinco anos, meu pai me levou para assistir ao meu primeiro jogo de basquete. Depois disso todo o meu caminho foi feito para alcançar o sonho de ser um grande jogador da liga nacional. Desde o primeiro dia em que cheguei em Kent, tudo era sobre voltar a Nova York e fazer de tudo para alcançar meu sonho, continuar vivendo em uma cidade pequena não era pra mim, era tudo que eu dizia a mim mesmo. No entanto depois de conhecê-la, muitas vezes eu pensei sobre jogar tudo para o alto e só viver ao seu lado. Seria perfeito, ou não.

            O fato é que agora que estou tão próximo de voltar à Nova York, minha cabeça está uma bagunça. Minha mãe me disse que independente da minha escolha ela vai me apoiar para onde quer que eu vá. Mas deixar alguém que de verdade se tornou tão importante para mim, está se tornando mais complicado do que eu imaginava, e eu nem ao menos sentir seu gosto, nem mesmo o prazer de tê-la para mim. Eu tentei trata-la como uma irmã, assim eu não confundiria o sentimento, mas foi simplesmente impossível. Eu tentei mantê-la afastada, mas todas as vezes que eu a via eu queria toca-la, abraça-la sentir seu cheiro doce e fresco, a maciez de sua pele sobre minhas mãos ásperas de trabalhar nas cercas e nos jardins dos vizinhos.

            Eu só preciso encontrar uma saída que seja mais fácil de lidar. Enquanto eu estava pensando nisso, eu caminhei até meu carro e quando ia abrir a porta uma mão tocou meu ombro. Eu me virei e dei de cara com a garota que estava me encarando no salão do baile.

— Oi – ela disse com uma voz um pouco adocicada demais para meu gosto.

— Oi – eu respondi.

— Já indo embora?

— É, a festa já deu pra mim.

— Ah – ela pareceu um pouco desapontada – tudo bem, eu não quero atrapalha-lo. Eu... eu só queria perguntar algo.

— Vamos lá diga – eu disse um pouco sem paciência já.

— Algumas pessoas me disseram que você é muito bom em matemática. Anh na verdade disseram muito mais – eu levantei as sobrancelhas e a esperei terminar – então eu estou com umas dificuldades nessa matéria e... bem queria saber se você poderia me dar umas aulas de reforço – ela disse por fim.

— Olha há outras pessoas melhores que eu, e como você deve saber meu tempo é realmente curto para sobrar para aulas de reforço – eu disse.

— Ah, eu sei. Mas como você sabe esses nerds não são muito fãs do pessoal dos esportes. Então eu pensei que você poderia me ajudar... sabe somos do mesmo nível – só o fato dela dizer aquilo me embrulhou o estomago, eu não era muito ligado em status e o fato dela parecer desprezar algumas pessoas por não serem da mesma classe dela, me fez mal – eu prometo me encaixar nos horários que você me dispor e como pagamento posso fazer o que você quiser – ela disse com malicia, e aquilo foi o estopim, eu estava para dar-lhe uma resposta grossa quando algo caiu sobre mim, ela seria perfeita. De alguma forma ela seria perfeita para minha saída afinal.

— Tudo bem. A gente pode se encontrar na biblioteca na terça-feira as quatro para a primeira aula – eu disse e entrei no carro pronto para partir.

— A proposito eu sou Jenny – ela disse, eu balancei a cabeça sabendo que me arrependeria daquilo. Sorri para ela e respondi:

— Eu sou Nickolas.

— Eu sei – ela disse – Nick – ao ouvi-la me chamar de Nick, eu sabia com certeza que me arrependeria amargamente. Acenei para ela e fui para casa. A noite havia me apresentado uma saída da qual eu estava procurando, mas não era uma saída muito agradável para ambas as partes. Eu só esperava que aquilo não a magoasse tanto, por Deus eu me rasgaria aos pedaços se a fizesse sofrer.


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Notas finais do capítulo

Oh Jesus, vocês já querem dar uns tapas em Nick tanto quanto eu?



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