A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 19
Parte Final


Notas iniciais do capítulo

Acabou!!

ç.ç

ADEUS E OBRIGADA PELOS PEIXES!!

—--

Obrigado especial a Daiane Okumura, que recomendou essa história e fez a humilde autora muito feliz!! ♥♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748122/chapter/19

O festival estava lotado. Fazia tempo que Shino não ia em um desses, desde a época colegial, uns bons anos atrás.

E ali estava ele, junto a Inuzuka Kiba, com sua vida dando a guinada inesperada.

Se algum dia dissessem que se apaixonaria por um adolescente... hum... consideraria uma piada de mau gosto. Agora não podia mais, tinha um garoto caminhando ao seu lado, com a mão saudavel cheia de espetinhos de morango coberto com chocolate, para provar a veracidade dos fatos. Adolescente que cantarolava alguma canção de um jeito desafinado, inegavelmente feliz.

Desde que aquela história começou, quando um desconhecido arrogantezinho e prepotente o desafiou no shopping as coisas saíram dos eixos. Foi cada vez mais difícil se comportar como um chantagista, pressionando e assustando, trazendo medo aos olhos que não queria ver daquele jeito.

Shino chegou a pensar que estava confundindo culpa com gostar. Precisou sentar-se e analisar muito bem tudo envolvido na questão para concluir que sim, estava se apaixonando por um colegial. E não, o desejo de cuidá-lo não era gerado pela culpa. Era aquela vontade de proteger e de tratar bem, junto a certa possessividade que já sentiu antes, em outros relacionamentos.

— Ali! — Kiba apontou uma barraquinha, tirando Shino dos pensamentos — Vamos tentar aquilo?

Se referiu ao jogo de pescar com uma cestinha de papel. O prêmio de um peixinho dourado valia mais pela sensação de habilidade do que por outra coisa.

— Claro — Shino notou que os espetinhos já tinham sido devorados.

E antes uma montanha de takoyaki. E dango.

Kiba, segundo ele próprio explicou para Shino, estava muito feliz em pagar as despesas daquela noite. Afinal, ele que convidou o rapaz para o festival. E já tinha recebido a comissão pela primeira palestra! Dinheiro que dividiu em três partes: uma para a faculdade, uma para ajudar a mãe com as despesas e a última parte deixou para gastar com futilidades!

Logo se agacharam perto do tanque cheio de peixes. Kiba, no auge da concentração, elegeu o alvo perfeito: o peixinho dourado mais gordinho, com certeza o líder dos outros. Num gesto rápido mergulhou a cestinha e... o papel arrebentou!

— Caralho! — resmungou — Pescar com a mão esquerda é foda.

Pagou uma segunda tentativa. Queria o líder do tanque a todo custo! Mas só conseguiu repetir o desastre nessa e nas outras três chances que desperdiçou.

— Esse peixe é imprendivel — admitiu a derrota, cansado de perder — Reconheço a força dele. Quando meu braço ficar bom juro que pesco esse peixe!

Shino, condoído pela decepção do garoto, resolveu tentar.

— Eu pego pra você.

— Sério?

E Aburame Shino requisitou para si a tarefa de pescar o peixe dourado. Observou com a paciência de um predador, agora abaixado ao lado de Kiba, que acompanhava a cena com ansiedade incontida. Quando percebeu a chance perfeita, Shino mergulhou a cestinha em um movimento veloz, quase ninja. Foi certeiro: em segundos o peixe ficou preso na armadilha.

— CARA... — Kiba exclamou exultante, mas a cestinha fraquejou, o papel rasgou e o peixe voltou para a água com a dignidade de um rei — ... LHO!!!!!

Kiba berrou. E riu tanto que as pernas fraquejaram e ele se sentou no chão. Até o dono da barraca, um velho baixinho e careca metido em um yukata amarelo, riu um pouco.

Shino suspirou ponderando se deveria repetir. Mas o bom humor de Kiba estava de volta. Ele lhe segurou na manga da blusa e deu dois puxões.

— Não precisa tentar de novo, foi a coisa mais engraçada que eu vi hoje! Vamos manter a lembrança!

— Por mim tudo bem.

— Está quase na hora dos fogos! Precisamos achar um bom lugar!

E Kiba ficou em pé, segurando a mão de Shino na sua, um gesto um tanto impensado, ainda que cheio de ousadia. E puxou o rapaz para que ficasse em pé.  Juntos foram avançando, costurando entre os outros frequentadores do festival.

Shino observou os dedos entrelaçados. A mão de Kiba era quente. E firme. O puxava para frente com decisão, ao sabor dos passos apressados e empolgados em busca de um lugar em que pudessem ver a queima de fogos. Tal calor proporcionava aconchego que fluía pelas fibras do seu corpo e lhe aquecia o coração.

Estava total e completamente apaixonado pelo garoto que invadiu sua casa, sua vida.

A questão não era essa. A questão era saber como Kiba se sentia, o quanto daqueles olhares perdidos que enviava em sua direção tinha a ver com algum sentimento romântico ou se era apenas fruto de admiração.

Shino não queria arriscar nada que terminasse brincando com o coração daquele garoto, alimentando sentimentos equivocados.

Desviaram a caminhada para subir os degraus do templo. Lá do alto seria mais calmo e mais sossegado de se assistir o show pirotécnico.

Não foi difícil achar um canto sossegado, longe de outras pessoas. Casais preferiam aquela área, e não tinham muitos naquele começo de noite.

Pararam lado a lado. A diferença entre as alturas revelando menos sobre eles do que a diferença de estilos, tendo como trilha sonora o burburinho dos festeiros, que chegava ali em cima como um som indistinguível do qual mal se davam acordo.

Kiba estava inquieto. E sua tensão requisitava toda a atenção do outro rapaz.

— Shino... ? — falou baixinho, as mãos ainda firmemente entrelaçadas.

Shino virou o rosto para o lado, atendendo ao chamado. Um segundo depois, Kiba se erguia nas pontas dos pés (ainda estava em fase de crescimento, tinha fé que no futuro a diferença não seria tão grande) e unia os lábios de ambos, sem qualquer aviso. O contato foi terno e rápido, logo voltava a posição inicial, apoiando os pés por completo no chão. Abriu os olhos com o coração aos saltos de pura expectativa.

Shino sentiu o frio de quando o casto beijo terminou, largando como herança suave gosto de chocolate com morango, sabor que associaria a Kiba pelo resto da vida que teriam juntos, cuja história a dois começava, naquela noite, a ser escrita.

— Gosto de você — o garoto confessou.

Shino sentiu-se comovido, tocado pela inocência quase dolorosa. Ali estava aquele adolescente, há pouco tempo saído da infância entregando o mais puro de seus sentimentos. Tinha direito de aceitar o que ele lhe oferecia? Ou devia simplesmente seguir em frente e permitir, assim, que Kiba aprendesse sobre os encantos do amor com alguém da idade dele?

Diante do silêncio reflexivo, Kiba ficou nervoso. As palavras vieram como uma enxurrada tentando corrigir as coisas:

— Sei que ainda to no colegial e você já é um adulto… também sei que você é inteligente e que deve preferir companhias melhores do que eu. Mas… não precisa responder agora. Não tenho pressa. Pensa bem: eu sou muito legal e prometo ser um bom namorado… se você me der uma chance juro que não vai se arrepender! Até pesquisei na internet sobre como cuidar de formigas, posso ajudar a criar seus mascotes. E o Akamaru se dá bem com formigas também… ele só não se dá bem com carrapatos e…

Shino usou a mão livre para segurar a nuca de Kiba e puxá-lo para um novo beijo. Dessa vez a coisa real, o contato de verdade: a carícia de lábios e língua. Beijo exigente e voraz, que foi difícil para a inexperiência de Kiba corresponder. O braço quebrado era a única coisa que impedia os corpos de se colarem, um lembrete de que o garoto estava ferido e agir afoito podia estragar tudo.

Quando se separaram, Kiba tinha o rosto corado demais e folego nos pulmões de menos.

— Ca-caralho! — Kiba exclamou com os lábios latejando de vontade de repetir a dose — Tenho muito que aprender!

Shino suspirou de leve. As preocupações e medos afastados de uma vez. O beijo pareceu mais do que certo. Estar ali com Kiba era o exato lugar em que deveria estar.

— Se quiser aprender comigo — Shino soou feliz, enquanto a mão firme na nuca de Kiba o trazia para mais um beijo cinematográfico. A resposta positiva que o garoto tanto queria — Será uma honra te ensinar.

E que Tsume não o escutasse!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aaaaaaa eu adorei fazer essa história! Era pra ser oneshot e virou uma long de 19 capítulos. Socorro.

Foi ótimo jogar o leitor na pele do Kiba e fazer passar raiva, curiosidade, sufoco... mostrar que nada era o que parecia ser e tentar dar uma engatada no romance deles.

Não vou fazer nenhum extra. Mudei de ideia. Vou terminar desse jeito mesmo e partir pra outra! Agradeço a todo mundo que chegou aqui, fiquei feliz de verdade com o retorno que recebi. Não esperava tanto ♥

Pra quem gosta do casal, não é um adeus. A gente pode continuar nos outros projetos:

https://fanfiction.com.br/historia/757834/Marcas_da_Solidao/

https://fanfiction.com.br/historia/751536/Momentos/

Ambos ShinoKiba!!

E dia 01 de abril. Além da Páscoa, teremos fanfics novas com o tema: "Uma verdade que ninguém acredita". Preparem o coração e até mais!! :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Chantagem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.