*Anne*

Eu estava tentando entender como aquilo podia ser chamado de evento, estava mais para uma festa de gala. Ah, é claro, eles são ricos.

Mike esperava na frente do local. Também haviam várias fãs por alí, com cartazes e tudo. Foi quando eu reparei em um dos cartazes. Não era do BTS, mas sim do EXO. Eles estavam aqui também?

Mike me ofereceu o braço quando desci da limusine, fiz questão de apartar bem forte e ele tentou esconder a careta de dor.

—Ok, eu juro que eu nunca mais faço isso. - Ele disse e eu parei de apertar. - Agora sorria para as fotos.

Era estranho. Bem estranho. Eu estava quase cega de tantos flashes.

—Ué, onde estão os garotos? - Perguntei não vendo eles em lugar nenhum (na verdade quase não vendo nada depois de toda aquela luz na minha cara).

—Eles vão fazer uma apresentação, depois sentarão conosco. - Respondeu Mike.

Antes que eu pudesse sentar alguém chamou minha atenção.

—Com licença, você é Anne? - Eu escutei a voz, mas não acreditei que poderia ser aquela voz. Não... Aquilo seria loucura.

Virei e quase caí ali mesmo.

Era o meu marido.

Caramba... Park Hae Jin na frente. Como é que faz pro ar chegar no pulmão?

Ele me cumprimentou e depois saiu. Meu coração estava quase pulando para fora do meu corpo.

—Vá se acostumando, várias pessoas cumprimentarão você. - Disse Mike.

E foi verdade.

Eu não lembro de algum dia ter salvado o mundo, mas nem se eu tivesse feito isso eu imaginária acontecer algo assim.

Nam Joo Hyuk. Park Shin Hye. IU. Lee Jong Suk. Ji Sub.

Eu perdi as contas de quantas pessoas incríveis conheci naquela noite.

Até que chegou o auge. Se meu coração não parou naquele momento então ele nunca faria isso. Meu ultimate estava vindo em minha direção, não só ele, mas também aquele outro deus grego conhecido como Baekhyun.

Eles me cumprimentaram rapidamente, mas quando o Chen sorriu lindamente e me jogou uma piscadinha eu pensei que desmaiaria ali mesmo.

Se eu desmaiar que eu caia nos braços dele. Seu eu desmaiar tenho que cair nos braços dele. Por favor...

Eu nunca quis tanto na minha vida simplesmente perder os sentidos, mas fazer o que, eu não ia desmaiar só porque eu queria e nem de longe teria coragem de fingir.

Então eu só pude ficar com cara de boba e soltar um suspiro enquanto observava ele se afastar.

—Pra quem está olhando? - V se materializou do meu lado.

—Ninguém. - Tentei disfarçar.

—Você estava olhando para o Baekhyun, não era? Quer que eu chame ele?

—Não. - Sorri. - Só se o Chen vier junto.

Arregalei os olhos. Merda! Aquilo simplesmente saiu da minha boca sem querer.

Taehyung só deu uma gargalhada.
                                   XXX

A apresentação dos meninos j tinha terminado e eles tinham acabado de chegar na mesa.

—O que está achando? - Perguntou Suga.

—Melhor noite de todas. - Respondi.

—Acho que você ganhou um observador. - Ele disse e inclinou a cabeça discretamente na direção da mesa em que os meninos do EXO estavam sentados.

Chen estava nos observando e quando viu que eu olhava deu um tchauzinho.

—Socorro, seu coração tá batendo tão alto que eu até consigo ouvir.

—Cala a boca Suga. - Empurrei o ombro dele.

Ele riu.

—Mas eu não shippo. - Ele disse um momento depois.

Olhei para Chen que agora prestava atenção a algo que Sehun estava falando. Ele era meu Utt, meu bias supremo, mesmo assim eu concordava com Suga.

Minha atenção se voltou para outra pessoa, alguém que estava na nossa mesa. Nossos olhos se encontraram, mas logo desviei.

—Eu também não. - Respondi.
                                  XXX

Quando chegamos em casa fui até a varanda.

O vento batia no meu rosto e arrastava meu cabelo, mas eu não estava me importando. Eu me sentia bonita, me sentia quase livre. Quem se importava com o vento numa hora dessas?

Fiquei olhando para a cidade, era a mesma direção em que eu e Suga ficamos encarando naquela noite em que eu contei sobre o exame.

—Você está linda. - Alguém disse e eu não precisei nem virar, já sabia quem era.

Tentei controlar meu coração, mas era impossível. Ele explodiu como se fosse fogos de artifício. Nem mesmo Chen conseguiria fazer com que eu me sentisse daquele jeito.

J-Hope se encostou na grade ficando do meu lado.

—Tudo bem se eu ficar aqui?

Concordei com a cabeça.

—Você está estranha comigo... Quero dizer, desde aquele dia. - Ele disse olhando para o céu.

—Ahh... Eu só não queria estragar nada para você.

Ele me olhou com uma expressão séria.

—O que você quer dizer?

—Eu sei que você gosta do Tae... - Falei. - E como eu já te disse, não tem nada entre nós dois, mas eu fiquei com medo que ele achasse... Sabe... Sobre a gente.

Eu acho que estava vermelha.

A expressão dele suavizou e logo ele estava dando gargalhadas.

—Mas olha - Ele disse. - Encontrei alguém mais lerdo que o Tae.

Ele ainda riu mais um pouco e eu fiquei lá, tipo, do que essa criatura tá rindo??

—Você rejeitou minhas aulas de dança... Mas posso te dar um bônus agora.

J-Hope pegou o celular e colocou uma música calminha.

—Vem, vamos dançar. - Disse ele me puxando.

Meu coração parecia que ia pular para fora do meu corpo. Eu não via mais nada além dele.

Era uma sensação maravilhosa sentir sua mão delicadamente nas minhas costas, quase no final da minha espinha.

Eu sentia que ele estava me encarando, mas eu não conseguia olhar para ele. Tudo estava muito confuso. Eu sabia que não devia sentir aquilo por ele, e talvez aquela dança pudesse estragar a relação dele com Tae. (Vale ressaltar que não era bem uma dança, estávamos apenas indo para um lado e pro outro, mas aquilo já era suficiente para mim).

A música terminou e J-Hope me fez girar uma vez.

Nós paramos. Um de frente para o outro. Ele havia retirado a mão das minhas costas, mas a outra ainda segurava delicadamente meus dedos.

Tentei me afastar, mas isso não deu certo.

Ele passou o braço livre pela minha cintura e me puxou.

—Olhe pra mim. - Ele sussurrou baixinho. Mas não fiz isso.

Então J-Hope soltou minha mão e pôs a sua embaixo do meu queixo fazendo com que eu olhasse para ele.

—Quero que preste muita atenção no que eu vou dizer agora. - Ele disse.

Fiz que sim com a cabeça, era a única coisa que eu conseguia fazer no momento.

Agradeci mentalmente a mim mesma por ter tirado o salto, caso contrário eu estaria da altura dele e seria uma tarefa realmente difícil encará-lo.

—Não quero que você fuja de mim... - Ele disse. - Eu quero ficar do seu lado e ajudar você. Não quero que você sofra. Quero que seja feliz e, mais que tudo, quero fazer parte da sua felicidade.

Ser feliz. Isso estava nos meus planos há muito, muito tempo. Não era algo muito possível.

Infelizmente, J-Hope ainda segurava meu rosto, então não pude esconder as lágrimas que subiram aos meus olhos.

—Você não vai me afastar, não é? - Ele perguntou.

Eu não queria, não queria nem um pouco, mas o que eu podia fazer?

Perante meu silêncio ele deu um suspiro.

—Você não me deixa escolha. - Ele disse.

Então J-Hope acabou com a distância entre nós e me beijou.

—Você não vai me afastar depois disso, não é? - Perguntou.

Eu não respondi, estava paralisada.

Então ele me beijou de novo.

—Não vai né? - Ele disse.

Eu não conseguia responder.

Mais um beijo.

—Eu posso fazer isso a noite toda. - Ele falou. - Não vou me incomodar, na verdade, vou gostar muito.

Ele ia me beijar de novo, mas encontrei minha voz.

—Não. - Isso não foi mais do que um sussurro.

Ele parou. E então ele sorriu. Um sorriso lindo e brilhante.

—Ok, então considerando que já é domingo porque já passou da meia noite, esse é nosso primeiro dia.

—O... O que?! - Engasguei.

—Nosso primeiro dia. - Ele disse. - Agora é oficial.

—Eu não quis dizer...

Ele me interrompeu.

—Nada disso mocinha. Somos oficialmente um casal, agora não tem mais volta.

Não pude conter um sorrisinho. Aí eu lembrei.

—Mas e o Tae?

—O que tem ele?

—Achei que você gostava dele, por isso estava com ciúmes aquele dia.

Ele riu.

—Eu não estava com ciúmes dele, eu estava com ciúmes de você amor. - Ele piscou.

Um friozinho me subiu pela espinha quado ele me chamou de amor, acho que eu fiquei arrepiada. E ele percebeu.

Ainda estávamos na mesma posição e ele ainda segurava meu rosto.

—Moça dos olhos bonitos, você não faz ideia do quanto é incrível ser seu namorado.

Então ele me beijou de novo. Um beijo longo e maravilhoso.

Eu estava quase explodindo de alegria.

Afinal, talvez fosse possível ser feliz com ele do meu lado. Eu poderia mesmo aproveitar isso?

Talvez eu realmente conseguisse o transplante, talvez tudo desse certo...

Mas esse era um grande problema: minha vida era um grande TALVEZ.

Uma coisa eu sabia: se o meu talvez não acontecesse, se desse tudo errado, J-Hope sairia machucado. E isso eu não poderia suportar. Ver Yoongi naquele estado já partiu meu coração, se eu visse os dois...

Era loucura continuar com aquilo, mas algo lá no fundo não me deixava afastar aquele menino, muito pelo contrário, algo me impulsionava a ele.

—Saranghae¹. - Ele sussurrou no meu ouvido.

Foi aí que eu percebi que ele estava realmente certo. Agora não tinha mais volta, eu estava completamente perdida naqueles olhos, naquele sorriso, naquela voz maravilhosa.

Me perdoe Hoseok, por não conseguir fazer o que é melhor para você.

E foi assim que eu cometi o maior ato de egoísmo do mundo.

¹"Eu te amo" em coreano.