Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 29
Planejando um Encontro ou um Desastre?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Tudo bem com vocês?

Bem, aproveitem o capítulo. Nos vemos nos comentários ou no próximo capítulo.

Capítulo postado dia 15/03/2019, às 15:35.



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Narradora

Era a primeira sexta-feira oficial dos mês de férias estudantis e já passavam das oito da noite quando Laura finalmente saiu da casa de Diego. Ambos haviam disputado uma longa - não tão longa assim - partida de Naruto no Play 4 e onde o mexicano insistia em não perder cinco partidas de lavada para a mesma, tentando em vão ganhar da morena com suas táticas falhas. Rindo, ela dissera que na próxima vez daria uma colher de chá e o deixaria ganhar, correndo para evitar os xingamentos em espanhol do Broussard no corredor que dava para o elevador do seu prédio. Agora, sozinha pelas ruas que a levavam para o centro de Paris, Laura tentava colocar suas ideias em ordem. Tinha que arranjar uma maneira de unir aqueles dois animais teimosos novamente... Mas como? Era mais que impossível fazer com que ambos sequer respirassem o mesmo oxigênio, quem dirá fazerem as pazes? A garota nunca fora muito boa em desafios, porém aquele em específico requereria a sua total atenção. Mesmo depois de tudo o que ouvira Laura tinha certeza que no fundo, bem lá no fundo mesmo, Adrien e Diego ainda eram melhores amigos. Ela tinha certeza que ainda que fosse um pedacinho de nada de esperança dos dois lados de voltarem a ser próximos novamente, era uma oportunidade. E era exatamente por aquele 1% de chance que ela pensaria em alguma coisa.

Qualquer coisa.

A Torre Eiffel brilhava ao longe, iluminando seu caminho como mais de mil lâmpadas incandescentes. Logo pôde avistar o letreiro luminoso do ponto de encontro com Jacques e sua família: o L'e Vent Souffle. O restaurante mais conhecido em toda a Paris por sua comida que conectava todo o mundo e seu karaokê vinte e quatro horas. A brasileira sorri, amarrando seu cabelo para trás num rabo de cavalo alto para tentar esconder toda aquela informação que persistia em percorrer seu cérebro depois de saber de toda a verdade sobre o melhor amigo do loiro de olhos azuis. Precisaria falar com ele; mas qual o melhor jeito de se contar uma história tenebrosa daquele porte?

O Adrien acha que a culpa da mãe dele ter morrido é toda da mãe do Diego e dele, e por causa disso os dois são uns babacas que não tem coragem de quebrar esse orgulho e se desculparem com o outro. Acredita nisso Jac?

Laura balança a cabeça lentamente, dissipando tal pensamento. Péssima ideia de começar uma conversa. O semáforo da travessia de pedestres logo abre e em passos nem um pouco apressados a mesma caminhava pela calçada rumo ao seu destino.

Certo, certo. Antes que eu possa fazer qualquer coisa em relação a esses dois idiotas preciso conversar com Jacques. Será que seria uma boa lhe dizer tudo o que penso sobre ele? Quer dizer, muito provavelmente ele só me enxerga como aquela garota magricela e esquisita que sempre chamou de melhor amiga... Mas afinal, o quê eu sinto por ele? Porque raios eu fico sentindo um incômodo na minha barriga sempre que estou perto dele, quando nós "flertávamos" um com o outro? Aquilo não era só uma brincadeira? Quando foi que eu comecei a confundir as coisas e criar paranóias na minha cabeça?

Sem resposta para nenhuma daquelas questões e frustrada consigo mesma, a garota adentra o restaurante mais badalado da cidade e logo de cara já enxerga seu melhor amigo acenando de uma das mesas próximas da área de karaokê, bem no fundo. O cheiro de sua comida favorita invade seus sentidos e a mesma fica surpresa ao ler o cardápio ao seu lado com uma letra perfeitamente feita em giz branco. Prato do dia: Lasanha à Bolanhesa. Laura não consegue reprimir um sorriso ao imaginar que até naquilo Achille sempre acertava: ele conseguia sempre fazê-la alegre prestando atenção nos pequenos detalhes. Ao se aproximar na metade do caminho percebe que nem Charlotte nem seu tio de consideração estavam a sua espera e franzi a testa.

— E aí, como foi com o Dieguito? - Jacques lhe pergunta assim que a mesma se senta na cadeira ao seu lado, procurando manter uma postura neutra. Suspira.

— Bem, se eu te contar você nem acredita. - responde, com uma careta e descansa o rosto em uma das mãos apoiadas na mesa. - Quer arriscar um palpite?

— Prefiro que você me conte de uma vez. - o loiro de olhos azuis safira responde, balançando a cabeça, curioso.

A brasileira estava prestes a falar tudo o que o mexicano havia lhe confidenciado, porém algo lhe impediu de dar com a língua nos dentes. Diego dissera que não confiava em ninguém porque ninguém conseguia compreendê-lo. Ele só desabafara com ela por conta de sua insistência e apenas porque deveria ter acreditado nela para saber de seu passado. Hesitou, apenas o tempo necessário para que pudesse enxergar a verdade. Não podia dizer tudo aquilo, era informação e íntimo demais para compartilhar com qualquer um, até mesmo com o Olivier. Se Diego não havia dito nada daquilo para o loiro até aquele momento era porque não queria envolvê-lo na sua história a tal ponto e não seria ela a premiada a repassar esse abacaxi.

— Bem... - a mesma balbuciou, tentando pensar em alguma coisa rápida. - E-eu, bem, meio que tirei a prova dos nove sobre aquele assunto da Lila Rossi, a que você tinha me falado, e parece que o Diego realmente nunca chegou nela. - Laura comentou, torcendo para que o melhor amigo de infância não notasse o nervosismo em sua voz e acreditasse naquela meia verdade. - Achei que só estivesse sendo... Zoeira demais sobre o Diego nunca ter ficado com ninguém.

Você não está mentindo Laura, só... Só não contou TUDO o que descobriu. Isso é apenas encobrir a verdade, nada demais.

— Bom, isso nós meio que já sabíamos desde o começo Lau. - o garoto diz, cruzando os braços encima da mesa e lhe encarando. - Aliás, eu mesmo lhe contei isso, você realmente duvidou de mim? - a morena engoliu em seco quando o observou lhe encarar profundamente nos olhos com um ponto de interrogação na face. - Tem certeza que foi só isso que você conseguiu arrancar dele?

— Claro que sim. - mente, procurando manter uma distância entre ambos para que seu corpo não tivesse aquele efeito estranho sempre que se aproximava do loiro. - Depois que eu falei que ia arrancar ele daquele quarto pela orelha ele ficou bicudo comigo, nós não conversamos muito até eu achar um jogo de Naruto na pasta dele e nós começarmos a jogar. - dispara, apertando as juntas dos dedos e lhe estalando, nervosa. - Nada demasiadamente extraordinário.

— Hum, ainda não estou muito convencido disso senhorita Novaes. - Jac devolveu, desconfiado. Um suspiro de irritado veio da garota e o fez arquear ambas as sobrancelhas.

— Tudo bem, se quer tanto saber o que aconteceu na casa do seu melhor amigo que você conhece tão bem eu vou lhe dizer. - disse, o fitando de cara amarrada. - Eu até estava conseguindo ganhar a confiança dele e o convencendo a falar sobre alguma coisa até a mãe e a Tuggi entrarem no quarto e começarem a falar o quanto o Diego não se dava com mulheres. Você sabia que elas começaram a falar um papo muito esquisito de como homens tendem a ser mais peludos em algumas partes que...

— Deus me livre Laura, cala essa boca! - o loiro exclama entre uma risada curta e afaga sua mão com uma batidinha. - Obrigado, acho que já entendi o recado, não precisa se dar ao trabalho de continuar com isso.

— Ué, por que não? - Laura indaga com sarcasmo. - Não era você que queria saber tudo que aconteceu e estava duvidando da minha palavra?

— Acredite, já tenho muitos pelos em mim para me preocupar, não preciso saber dos do Diego também. - Jacques responde e ambos riem daquele fato tão... Repugnantemente engraçado.

Apesar de uma leva atmosfera de que para o garoto aquela realmente não era toda a história, os dois preferiram não tocar novamente naquele assunto durante o resto da noite. Logo Achille e Charlotte apareceram, chamando a atenção dos donos do restaurante e iniciando uma longa conversa que excluia tanto Laura quanto o filho do casal. Jac havia lhe dito que Grace e Paul O'Green eram conhecidos já há algum tempo de seu pai entre muitos outros lugares de Paris por conta de sua rotina como policial, algo sempre imprevisível de se prever, entretanto a brasileira ainda achava impressionante como a mãe do mesmo conseguia se dar tão bem com aquela mulher que julgou rapidamente ser a mãe de Kattie, uma nova amiga-conhecida. Ambas eram praticamente idênticas, muito, mas muito parecidas mesmo tirando apenas a cor dos olhos. Com um sorriso, antes de finalmente pedirem suas refeições, Laura pôde ver que seu tio de consideração tinha uma coisa que lhe chamava a atenção na altura de seu ombro direito descoberto. Aos poucos, enquanto o pai de Kattie voltava para trás do balcão para atender outros clientes, seu sorriso foi se desfazendo quando percebeu do que se tratava.

Uma cicatriz. E bem feia por sinal.

— Hã, tio Achille? - chama, baixinho. O mesmo lhe encara de volta com um sorriso caloroso que somente ele possuía para animá-la.

— Sim minha sobrinha? - devolve, apesar do cansaço visível em seus olhos, com um tom divertido.

— Seria muita curiosidade da minha parte se eu perguntasse como o senhor conseguiu essa cicatriz no seu ombro? - a brasileira pergunta um pouco incerta, torcendo a toalha da mesa cobrindo seus joelhos com os dedos um pouco trêmulos.

Por um momento o sorriso do homem negro e inabalável a sua frente vacilou, sendo que aquilo fora o bastante para dizer que tal pergunta se referia a algo do passado que não o agradava muito. Porém, assim como vacilara apenas por um segundo rapidamente voltou ao que era antes. Ele balança a cabeça e aperta a mão da esposa, ambas esticadas sobre a mesa.

— Essa cicatriz é resultado de uma antiga operação, aqui mesmo em Paris, alguns anos atrás. - ele começa. - Eu estava fazendo a ronda da noite quando a delegacia me mandou uma ocorrência urgente de assalto no centro comercial. Houve uma perseguição onde eu e meus companheiros fomos atrás dos bandidos e eu acabei levando um tiro nesse ombro.

"Até hoje ninguém sabe exatamente o que aconteceu naquele dia, mas o que eu sei é se não tivessem me impedido até a ambulância chegar para me levar ao hospital eu poderia ter detido aqueles infelizes com minhas próprias mãos."

— Cruzes Achille, sabe que eu odeio quando você fala assim! - Charlotte exclama dando um tapinha no ombro do marido que retribui com um pequeno suspiro. - Quando vai aprender a valorizar sua vida ao ponto de parar de se entregar pra morrer... Assim, desse jeito?

— Querida, estou apenas respondendo a pergunta da Laurinha. - o policial rebate, lhe encarando com um olhar do tipo "não faça uma tempestade num copo d'água amor!". A mulher loira respira fundo e aperta os olhos, parecendo se controlar.

— Mas então... Quer dizer que o senhor não conseguiu mais nenhuma informação desses bandidos desde então? - a mestiça questiona, procurando compreender toda aquela situação. O pai de Jacques balança a cabeça.

— Não o suficiente para que pudéssemos reagir de algum jeito. - diz, esfregando a mão no rosto, visivelmente cansado de mais uma semana de trabalho pesado. - A única coisa que conseguimos associar ao furto foi o nome de uma organização criminosa chamada "Surveillance" e que estavam na procura de uma peça valiosa que estava dentro de um prédio de yôga, ou alguma coisa do gênero. A partir daí nunca mais houve nenhuma novidade no caso, mas isso não quer dizer que eu desisti dele.

Antes que a brasileira pudesse indagar mais alguma coisa uma mão aperta levemente seu joelho, como um aviso. Ela desvia o olhar rapidamente para o loiro sentado ao seu lado com um olhar confuso e não entende quando o mesmo move os olhos para baixo. Estreitando os olhos a mesma sente o rosto esquentar, envergonhada por ter amassado metade da toalha que segurava na tentativa de conter suas inseguranças. Antes que os pais do amigo pudessem notar o jantar chega, abafando toda a conversa de antes com um verdadeiro alívio para Jacques. O garoto não gostava de ter tanto conhecimento das ocorrências perigosas que a todo momento ameaçavam a vida de seu pai. Ele sabia que era o trabalho e a paixão do mesmo em querer defender as pessoas a todo custo, arriscar sua vida por elas, porém isso não significava que o apoiava nessa carreira. Amava seus pais. Não gostava nem de imaginar o que faria se algo acontecesse a algum dos dois.

Enquanto Charlotte contava alguma coisa engraçada do que havia acontecido naquela semana na academia onde trabalhava, Lau se inclina levemente na direção de um Jacques devorando um pedaço de sua lasanha e esticando um fio interminável de queijo a frente de seu rosto.

— Precisamos conversar quando chegarmos em casa. - cochicha, voltando rapidamente para sua cadeira e enfiando um pedaço de massa, queijo e carne moída com molho na boca.

***

Jacques

Assim que entramos em casa praticamente fui arrastado para o quarto da Novaes com uma desculpa que a mesma dera. Ao que parecia eu estava fazendo um "trabalho da facul de educação física e precisaria fazer alguns testes de exercícios novos com ela" e sinceramente prefiro pensar que meus pais acreditaram, pois do contrário mais tarde teria que aguentar vários comentários desnecessários do senhor Achille nas minhas orelhas. Ela entrou rapidamente, pegando uma outra muda de roupas - provavelmente um pijama - desaparecendo e voltando do banheiro no fim do corredor em poucos minutos. Quando a mesma fechou a porta atrás de mim enquanto eu me sentava em sua cama é que percebi o quão nervosa Laura estava. Suas mãos tremiam levemente enquanto jogava a chave na velha e pequena escrivaninha próxima da cabeceira da cama, arrastando a cadeira dali e sentando na mesma virada.

— É o seguinte, eu fiz contato com ela. - a morena começa, arregaçando as mangas da camisa roxa cheia de lantejoulas prateadas e iniciando o longo processo de desfazer suas tranças.

— Ela quem? - indago, sem entender.

— Lila Rossi, a garota que o Diego parece loucamente apaixonado. - responde, sem tirar os olhos de mim. Assinto levemente, pedindo para que continuasse. - Então, como você sabe, depois daquele dia que nós fomos na universidade onde você estuda eu me matriculei nas aulas extracurriculares de dança, já que meio que já abriram vagas para o próximo semestre e tals, e eu fiquei meio indecisa se fazia dança ou música.

— Certo. - afirmo, apoiando meus cotovelos nos joelhos. - Prossiga capitã.

— Por coincidência ou não do destino descobri que Lila também estava inscrita no programa. - ela continua, terminando de desamarrar um dos lados e balançando o couro cabeludo. Não consigo evitar dar um leve sorriso ao pensar em tamanha semelhança com um cachorrinho coçando a orelha que ela tinha sem perceber. Laura era simplesmente adorável. - Aí você sabe, eu não consegui conter minha curiosidade nem minha língua grande e fui conversar com ela.

— Oh céus. - solto, apreensivo. - Você foi assim, direta? O que foi que ela disse?

— Ela meio que me chamou de esquisita, murmurou alguma coisa que eu claramente não entendi em italiano, virou as costas e foi embora. - revela, dando uma gargalhada e começando o mesmo processo de desmanche na outra longa trança. - Acho que ela ficou com medo de que eu grudasse no pescoço dela gritando como um macaco louco da vida ou algo do tipo.

Não consegui conter minhas risadas e a brasileira também não. Meu Deus, como essa menina era louca! Onde já se viu fazer uma coisa dessas sem mais nem menos? É claro que no mínimo essa pessoa seria normal o suficiente para achar que minha amiga tinha lá algum problema. Tentei respirar fundo e precisei fazer isso três vezes para que pudesse encarar Laura de volta sem começar a rir da sua cara mais uma vez. Ao que observei ela parecia fazer o mesmo.

— Mas enfim, resumindo, parece que nós meio que viramos colegas de dança. - ela conta, e eu me ajeito em sua cama com um pequeno bocejo. - A questão agora é o próximo passo: fazer o Diego finalmente sair com a Lila, ela perceber que ele tá afinzão dela, os dois descobrirem que estão perdidamente apaixonados um pelo outro e pronto. Meu trabalho de cupido estará concluído.

— Eu acho que tem vários probleminhas nesse seu pequeno plano ai. - comento, lhe analisando com uma careta. Ela retribui meu gesto, revirando os olhos.

— E quais, especificamente, seriam esses problemas senhor sabe-tudo? - questiona, aparentemente já um pouco irritada por ter sido contrariada.

— Você é muito romântica Laura. - acuso sem nenhum tom que pudesse realmente ofendê-la. - A vida real, infelizmente, não é tão fácil igual você lê nesses seus livros de romance clichês que vi dentro do seu armário.

— Ei, você tá mexendo no meu armário agora é? - a mesma reclama, com o rosto corado. Não sabia dizer se aquilo era irritação ou se era vergonha. - E a privacidade, cadê?

Coço a nuca, me reprovando mentalmente por ter me denunciado tão rapidamente.

— A questão não é essa. - digo, desviando do assunto. - A questão é: como você vai fazer pro Diego topar entrar nessa? Porque - a cortei antes que se manifestasse, esticando uma das mãos para a mesma - até onde eu o conheço, e eu conheço o Broussard muito bem, ele jamais iria topar sair com a Lila sozinho, ainda mais com você incentivando tudo atrás das cortinas sabendo que seria um completo desastre.

— Aí é que está. - Lau devolve, jogando o cabelo já totalmente solto para trás dos ombros. - É lógico que eu não vou sozinha. Vamos nós quatro.

— Como é? - balbucio, descrente.

— Nós vamos juntos. - a mesma repete, com um sorriso vencedor. Arqueio minhas sobrancelhas. - Vamos fazer o seguinte: amanhã mesmo vou falar com a Lila e marcar um dia para darmos uma volta por aí. Dependendo do que ela disser, passamos para o nosso querido Dieguito e o arrastamos juntos pra fora daquele quarto.

— Só que tem um detalhe. - resmungo, cruzando os braços e balançando a cabeça para evitar o sono que ameaçava me invadir. - O Diego é completamente inexperiente com mulheres. Acredite, ele não faz ideia de como agir com uma garota em qualquer situação. Qualquer mesmo. - dou ênfase em "mesmo" para que ela tivesse noção da gravidade do que falava. - Mas já que a senhorita Novaes aqui já é tão experiente em agir como cupido baseada em "clichês clássicos", você deve ter uma solução plausível pra resolver essa incógnita.

— Mas é claro que eu tenho. - a morena responde com um sorriso convencido e eu arqueio uma sobrancelha. Já imaginava que "solução infalível" deveria ser aquela. - Porém, você só verá no momento necessário mocinho. Nada de spoilers sobre o que eu vou fazer. - lhe observo hesitar por um pequeno instante. - É apenas uma questão de...

— Confiar em você? - completo, esfregando o rosto. Estava começando a ficar mesmo cansado.

— É. - Laura confirma, um pouco tímida. - Tente.

— Não preciso tentar. - discordo, tomando coragem para levantar da cama e lhe encaro de cima, com um sorriso sincero. - Sempre confiei em você Lau.

Ela não diz nada, apenas me encara de volta. Sem querer retribuo aquele desafio e lhe fito com a maior atenção que conseguia. Sua expressão mostrava que a mesma também estava bem cansada daquele dia, porém com mais alguma coisa. Surpresa, alegria. Talvez algo a mais que eu não conseguia identificar com meus olhos pesando. Os cabelos castanhos escuros e na altura na cintura estavam ondulados por conta de terem sido há pouco soltos de tranças apertadas. Estava incrivelmente bonito, deixando uma leve dúvida se ela iria mesmo apenas dormir com um penteado pronto para saídas. Seus olhos... Chego a me espantar com meu coração acelerando ao notar a intensidade daquele par de olhos mel sem piscar. Aquilo era estranho. Aquilo que eu sentia, digo. Lau era uma garota muito bonita, não podia negar, mas, sei lá, tinha alguma coisa acontecendo ultimamente. Até poderia perguntar a ela se sentia alguma coisa diferente ou algo do tipo, mas tava na cara que a mesma iria dar risada da minha cara e me chamar de maricas.

Suspiro, me abaixando e depositando um beijo em sua testa, achando graça quando a mesma ficou com as bochechas um pouco vermelhas. Cara, como ela podia ficar tão fofa envergonhada?

— Nós vamos dar um jeito nisso mais pra frente. - prometi, afagando sua cabeça. De repente me lembrei de algo. - Ah, eu te falei que mês que vem é o mês do aniversário de casamento dos meus pais?

— N-não que eu me lembre. - a brasileira responde, passando a mão no cabelo. - Porque? Você planeja fazer alguma coisa para eles?

— Talvez. - respondo, balançando a cabeça de um lado para o outro. - E vou precisar da sua ajuda se esse "encontro perfeito" realmente der certo. - Ela dá uma risada fraca.

— Então prepare-se meu amor. - a Novaes provoca, cheia de graça. Reviro os olhos dramaticamente. - Eu nunca erro nos meus shipp's, um dia você verá isso. - dá um tapinha em um dos meus braços, já de pé. - Agora vai, eu preciso dormir.

Não entendo o que a mesma quer dizer, apenas balanço a cabeça com uma careta desacreditada. Ela dá uma gargalhada meio forçada e se joga no seu colchão, agarrando o travesseiro já prontos para que Lau dormisse. Dou mais um bocejo e me viro para voltar ao meu quarto e dormir também. Estava praticamente me arrastando para lá quando escuto meu nome.

— Diga. - digo, me virando já com a mão na maçaneta.

— Boa noite. - Laura deseja, com um pequeno sorriso de canto. - E... Obrigada por acreditar em mim.

Não consigo evitar outro sorriso. De fato aquela garota era a pessoa mais adorável e sensível que eu conhecia.

— Boa noite. - desejo de volta, apagando a luz e fechando a porta atrás de mim.


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