Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 25
Sombras do Passado


Notas iniciais do capítulo

Adivinhem quem voltou a aparecer? Eu, a Musa Anônima favorita de vocês! Huehue

E aí meus xuxus, como foi o Natal e o Ano Novo de vocês? Muita alegria? Muita união em família (ou não né, não sei rs)? Muita comida? Deixem nos comentários como passaram para termos mais uma interação entre leitor e autora. ♥

Para os curiosos, eu não podia esperar muito tempo para atualizar SYH. Estou ansiosa para adiantar os eventos futuros então não tenho tempo a perder, minhas férias não vão durar para sempre. Aproveitem o capítulo!

Capítulo postado dia 03/01/2019, às 16:30.



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Félix

— Eles já estão quase chegando. - Adrien diz, batendo na porta do meu quarto na cabana. Continuo encarando a janela e nem mesmo me viro para respondê-lo. - Ei, você me ouviu Félix?

Assinto com a cabeça lentamente e então lhe olho por cima do ombro. Ele já estava pronto para nossas sessões de fotos que começava em quinze minutos, mas fazia questão de receber todos aqueles "amigos" antes de irmos para a praia onde os fotógrafos nos esperavam. Completamente ridículo. Não, não me levem a mal. Não estou chamando o meu irmão de ridículo. Estou chamando essa atitude de ridícula. Todo esse cuidado, esse amor incondicional pelos amigos que ele julgava serem de verdade... Isso é o que eu achava pura estupidez. Nenhuma amizade é para sempre, foi isso que eu aprendi a não muito tempo atrás.

— Seus amigos sabem que você não vai poder estar com eles o dia inteiro, não é? - lhe indago com uma sobrancelha levantada. Ele balança a cabeça para um lado.

— Sim, eles vão entender. - meu irmão responde entrando no meu quarto e se jogando na minha cama perfeitamente arrumada. - Agora o que eu não entendo é como você consegue ser tão sério até durante as férias, quando você está livre dos assuntos da empresa do Gabriel. - ele comenta, franzindo a testa. - Sério cara, você devia tentar relaxar um pouco.

Cruzo os braços e lhe lanço um olhar nada amistoso.

— Se queria que eu relaxasse não deveria ter me feito ficar aqui, na cabana com você. - solto, amargo. - Sabe que não gosto desse lugar desde... Desde o que aconteceu. Também sabe que esse era nosso lugar favorito na infância e que perdeu todo o brilho que tinha quando nossa mãe se foi. - aperto os lábios para não continuar e acabar machucando o loiro que me encarava de volta. - Adrien, não percebe? Esse lugar já deu o que tinha que dar.

Ele dá um longo suspiro e se levanta da minha cama, vindo até a minha direção. O observo colocar a mão no meu ombro e me encarar seriamente como nunca havia visto.

— Você até pode estar certo Félix. - argumenta, dando um tapinha com a mão. - Mas como você mesmo disse nós devemos esquecer o passado. Tentar, pelo menos. - ele faz uma pausa e suspira. - As vezes quando achamos que tudo está perdido é quando a luz mostra o caminho por onde devemos olhar com mais atenção.

Prefiro ficar calado a começar uma discussão com Adrien. Ele parecia cheio de esperança novamente, algo que não via há muito tempo. Em certo ponto de vista ele estava mesmo certo, mas eu jamais iria dizer isso em voz alta. Balanço a cabeça, tentando acabar logo com aquela conversa e juntos ouvimos o som de uma buzina soar. Contenho uma careta quando o rosto do meu irmão se ilumina de alegria.

— Eles chegaram! - exclama, me arrastando pra fora quase aos pulos e praticamente apertando meu pulso até minha circulação do sangue parar e minha mão quase ficar roxa.

Assim que passamos pela porta de entrada a primeira pessoa quem vejo é Gorila descendo do mini-ônibus que Nathalie havia arranjado para os amigos de Adrien. Observo todos descerem, um por um: Tikki, saltitando de alegria com várias coisas na mão sendo seguida por Trixx e Lily que simplesmente jogam suas bagagens para Gorila carregar. Dou uma gargalhada ao ver o quão folgadas são e como nenhuma das duas mudaram desde a última vez que lhes vi. Elas correm junto com Tikki para me cumprimentar e dou um sorriso para as minhas antigas colegas quando chegam perto.

— Félix, quanto tempo! - Tikki exclama, com um sorriso radiante no rosto e me abraça. - Uau, você não mudou nada.

— Digo o mesmo de vocês. - respondo encarando as três e tentando olhar por cima do ombro de Trixx. - Plagg está dentro daquela lata de sardinha também?

— Ah, aquele traste insuportável? - Lily, a loira daquela panelinha, indaga e me faz sorrir de novo. - Infelizmente não conseguimos deixá-lo no meio da estrada.

— Era até perigoso ele começar a correr atrás do ônibus e gritar coisas do tipo "Eu sou o namorado daquela ruiva maluca que já me viu sem calças!". - Trixx brinca, colocando a mão na boca e imitando a voz do moreno de olhos verdes.

— Ei, cadê o respeito sua abusada? - a ruiva questiona, colocando as mãos na cintura enquanto uma crise de risadas me atingia. - Não se esqueça que o cara que tu tá afim é o irmão do "namorado sem calças".

— Ei, garotas, garotas, sem estresse, sim? - digo, tentando apaziguar ambas e indico a cabana atrás de mim com um gesto dramático. - Fiquem a vontade para escolherem o quarto de sempre. Já conhecem o caminho.

As três nem mesmo se despedem de mim e já vão logo se enfiando dentro da nossa casa de praia ainda discutindo umas com as outras. Dou uma risada e quando me viro vejo Adrien ao longe conversando com Nino e nosso primo Louis. Ao lado deles estão uma garota morena de óculos escuros e cabelos meio avermelhados e outra ruiva de rabo de cavalo que, da distância que eu estava dava pra perceber que tinha olhos claros. Ando em direção a eles, mas fito os últimos que saiam do ônibus. Dussu e Wayzz, numa discussão sobre os super-heróis da Marvel que preferi ficar de fora. Aceno de volta quando eles me veem. Plagg aparece logo em seguida carregando umas quatro mochilas entulhadas de roupas provavelmente de Tikki e dele - bem, quem disse que casal que se preze não é o casal que leva roupa pra todo tipo de ocasião? -, quase caindo quando desceu do mesmo. Ele me dirige um olhar estranho e mal tenho tempo para ir até ele perguntar o que houve, pois as últimas pessoas descem do ônibus. Duas pessoas muito parecidas e que pela primeira vez desde a última vez que nos vimos realmente me fez ficar de boca aberta.

Era ela. E provavelmente estava tão surpresa de me ver quanto eu estava.

Meus pés automaticamente me dirigem até ela e quando dou por mim novamente estamos cara a cara. Uma enxurrada de lembranças varre a minha mente quando nossos olhos se encontram e minha garganta se fecha. Ela não tinha mudado nada. O mesmo rosto delicado. A mesma imensidão azul em seus olhos. O cabelo que antes era curto agora quase batia em sua cintura. O mesmo formato dos seus lábios.Tudo parecia igual, mas ao mesmo tempo era completamente estranho. As emoções se misturam dentro do meu coração. Saudade. Tristeza. Uma vontade incontrolável de sair gritando, contente por vê-la mais uma vez. Raiva. O último sentimento é o que me traz de volta para ali, o agora. Não. Não podia me dar ao luxo de voltar para o passado. Sinto a raiva correndo no meu sangue junto da adrenalina. Minha boca está seca e forço minhas palavras a saírem.

— O que você está fazendo aqui? - lhe questiono, áspero. Seu olhar me gela por dentro, mas não tanto quanto o meu produz efeito nela. A mestiça apenas dá um sorriso sarcástico, suspirando.

— Também é bom te ver Félix. - Bridgette responde, sem desviar nosso contato visual. Ela parece analisar algo e continua pensativa. - Você me parece bem mais velho com todas essas rugas no rosto. Sabe, estresse demais não faz muito bem.

— Você também me parece muito mais insuportável e ridícula do que era antes. - retruco, retribuindo seu tom irônico. - É, pelo visto ainda continua fazendo piadinhas medíocres sobre os outros. - ela se cala, apenas continuando a me olhar. Sorrio. - Você sempre foi boa nisso, sabe? Iludir os outros com suas palavras.

— Ao menos eu fui corajosa o suficiente para lutar pelo que era correto e não fingi que não ouvi quando os outros precisavam de ajuda. - ela rebate, séria como sempre ficava quando estavam lhe tirando sua paz. Fechei o rosto.

— O que você chama de coragem eu chamo de estupidez. - respondo, lhe perfurando com os olhos. Ela fica em silêncio. Encaro a garota ao seu lado e fico surpreso com tamanha semelhança que a mesma tem com Bridgette. Aquela deveria ser a tal de Marinette pela qual Adrien tinha me falado. - Louis, porque não mostra a casa para nossas visitas? Você já é da casa, mostre o caminho para elas. - digo ao moreno e ele balança a cabeça.

— Ok pessoal, venham todos comigo sim? Se todo mundo se comportar daqui a cinco minutos estão todos liberados para irem até a praia. - ele exclama chamando todos os que estavam próximos para lhe acompanharem.

— Eu preciso conversar com sua irmã, pode nos dar licença Marinette? - lhe pergunto de uma maneira que eu pareça o menos rude possível. Ela me encara desconfiada por alguns minutos.

— Suponho que tenham muito o que conversar mesmo. - ela responde dividindo o olhar uma última vez entre mim e a irmã mais velha. Depois acompanha a ruiva de olhos claros lhe chamando para dentro da cabana.

Lhes observo fecharem a porta enquanto conversavam com animação e então me viro novamente para Bridgette. Ela olhava na direção da praia. Caminho em direção a varanda da cabana onde há várias cadeiras floridas confortáveis, duas árvores de cada lado do deque onde havia uma grande porta de vidro que dava para o térreo do interior da cabana. A vista de lá era perfeita. Podia se ver toda a praia e a principalmente o tornava aquele lugar tão especial: a paisagem escolhida pela minha mãe. A água azul era apenas uma faixa degradê entre duas montanhas de pedras rochosas da encosta, coberta pelas árvores. Me apoio na parapeito e olho ao longe, sabendo que a morena dos olhos azuis estava ali também. Ela se apoia ao meu lado, distante. Respiro fundo. Meus instintos querem lhe abraçar, sentir seus lábios sobre os meus novamente depois de tanto tempo. Sentir o calor do seu corpo no meu mais uma vez. Enterro minhas unhas na palma da minha mão para manter o controle.

Não. Ela fez a escolha dela. Não é hora de voltar atrás.

— Espero que tenha uma boa resposta para minha pergunta. - digo, me referindo ao que lhe disse há poucos minutos atrás. - Eu fui bem claro quando disse que se quisesse mesmo entrar naquela loucura que nunca mais me procurasse.

— Eu me lembro disso Félix. - a escuto responder, esfregando as mãos e desviando os olhos do mar para elas. - Acredite, não queria quebrar minha promessa. Porém, tenho quase certeza que você também faria o impossível pelo seu irmão mais novo. Estou aqui por ela. Você sabe o quanto eu amo Marinette, nunca me perdoaria se ela corresse qualquer perigo longe de mim.

Dou uma risada fraca e desvio meus olhos novamente para a mulher ao meu lado, com uma cara sarcástica.

— Você não acha que está arriscando muito mais a segurança dela aqui, junto da sua irmã? - questiono, procurando fazê-la entender que aquilo tudo era uma péssima ideia. - Caso não tenha entendido, você é o problema, não ela.

— Você está errado nisso Félix. - Bridgette diz, me encarando seriamente. Estreito as sobrancelhas. - Há muito mais coisa em jogo agora. Há mais gente envolvida do que nós imaginávamos e... Bem, é mais um motivo do porque estou aqui. Porque não sou a única que corre perigo. - ela explica e sinto minhas mãos começarem a suar de repente. - Temo que você e Adrien também estejam.

— Do que você está falando? - indago confuso e preocupado ao mesmo tempo. - Acha que a Rainha do Estilo está de olho no meu irmão? Porque ela faria isso?

— Eu não sei. - a mestiça solta, suspirando e esfregando os olhos parecendo cansada. - Félix, por mais que você odeie o passado e me queira morta junto com ele, você é o único com quem eu posso contar. Não faço a mínima ideia do que a Rainha do Estilo está planejando, mas não tenho dúvidas que ela quer se vingar de nós por tê-la traído. Eu só tenho certeza de uma coisa: ela está planejando algo e nós estamos no meio.

Uma crise de risadas me atinge e eu não consigo me controlar mais. A observo me encarar com uma expressão confusa e me curvo sobre o parapeito da varanda para tentar recuperar o meu fôlego de volta.

— Se essa sua invenção toda foi só para ter algo para conversar comigo depois de o que, cinco anos? Você está de parabéns. - solto, esfregando minhas mãos e sorrindo para a mesma. - Nossa, Hollywood está perdendo uma ótima atriz.

Ela estreita os olhos e agarra a barra do parapeito próxima de onde eu estava, me encarando com uma raiva quase tão profunda quanto a minha. Lhe fito da mesma maneira e o tempo parece parar ao nosso redor.

— Será que pelo uma vez na vida você pode acreditar e ouvir o que eu estou dizendo? - a mestiça pergunta em voz baixa, só para que eu pudesse ouvir. Quando ela percebe que não vou falar mais nada, prossegue: - Você sabe o que eu sinto por você e eu tenho certeza que você não se esqueceu de mim, nem de tudo o que nós passamos. Por mais que me odeie por ter escolhido servir ao governo francês a ficar com você, não quero que ache que não lhe avisei do que você e todos lá dentro podem passar.

Dou mais um passo em sua direção, praticamente perto o suficiente para que pudesse sentir sua respiração bater no meu rosto. Perto o bastante para que, se quisesse, lhe beijasse. Percebo sua respiração falhar e engulo em seco, ignorando as batidas do meu próprio coração ecoando em meus ouvidos.

— Fique longe de mim, do meu irmão e dos amigos dele. - adverto, com um tom corrosivo. - O passado está enterrado junto com a minha história com você. - afirmo, e vejo seus olhos azuis claros como o céu começarem a brilhar. - Se algo acontecer com eles será culpa sua por ter vindo atrás de mim e se alguma coisa atingir Adrien, saiba que eu vou até o fim do mundo para acabar com você e com quer que seja. Eu fui claro Bridgette? - lhe questiono ameaçadoramente.

Ela reprime um soluço e comprime os lábios, fechando os olhos com fora para não começar a chorar na minha frente como já vira acontecer muitas vezes. Contraio o maxilar com força para resistir ao resquício da chama que sentia por ela ainda existente dentro de mim.

— Eu fui claro? - repito, quase perdendo a paciência. Ela abre os olhos e engole o choro.

— Sim, você foi claro. - ela responde com a voz trêmula, balançando levemente a cabeça.

Minutos que mais pareceram a eternidade se estendem entre nós, causando um silêncio assustador entre eu e a mestiça que um dia pertencera o meu coração de vidro, agora estilhaçado por completo. Fomos interrompidos pelo som de Plagg descendo as escadas gritando com Trixx, Louis e as amigas de Marinette, saindo pela entrada da cabana e indo correndo em direção a praia a poucos metros de onde estávamos. Não gosto de plateia durante uma discussão e muito menos de chamar a atenção para algo que nenhum deles precisava saber. Me afasto de Bridgette devagar, sentindo um vazio profundo se apoderar de mim.

— Eu queria que as coisas não tivessem chegado a este ponto Bridgette. - digo, lhe encarando por cima do ombro enquanto me dirigia para dentro da cabana.

***

Alex

Eu e Chloé já estávamos atravessando a ponte que nos levava até a cabana onde a cabana da praia de Calanque se localizava. A limousine era dirigida por James, o mordomo mais fiel da Bourgeios e ele era muito gente boa por deixar o vidro que nos separava do motorista levantado, assim eu e a loira tínhamos um pouco mais de privacidade no banco de trás. Ela estava maravilhosa num shorts curto azul escuro, uma camisa branca de renda e uma blusa de crochê prateada, onde o colar de ouro com um pingente de cristal dourado brilhava em seu pescoço. Era pequeno, belo e ao mesmo tempo aterrorizante.

Tudo que eu sou é um homem,

Eu quero o mundo em minhas mãos.

Eu odeio a praia

Mas eu permaneço na califórnia com os pés na areia.

— Posso saber porque dá mais atenção a esse pingente tão sem graça ao invés de admirar a beleza da deusa que o usa? - ela indaga me analisando dos pés a cabeça com um sorriso no rosto. Rio de sua provocação.

— Perdoe-me ó majestade, ó minha cara deusa, esse mero mortal tão insensato e medíocre que não lhe adora como é devido. - digo, me sentando mais próximo da mesma e curvando minha cabeça levemente. - Como posso recompensar minha falta de respeito?

— Hum... - a mesma parece pensar sobre o que eu deveria fazer e eu não seguro um sorriso de canto. - Acho que tenho lá uma ideia.

Toque o meu pescoço e eu tocarei o seu.

Você nesses pequenos shorts de cintura alta.

Ela passa ajoelhada pelo banco, segurando meu pescoço e sentando no meu colo, sem tirar os olhos dos meus um segundo sequer. Segurando meu rosto com as duas mãos me mordisca de leve a boca, enquanto fecho meus olhos para aproveitar seu toque. Seu beijo começa leve, aos poucos se tornando mais acelerado e fazendo um arrepio passar pelo meu corpo. Minhas mãos deslizam por sua perna e dou um pequeno aperto em uma de suas coxas, enquanto minha outra mão lhe aperta a cintura. Tão rápido como ela começou eu decido parar. Afasto meu rosto do dela com um selinho demorado e dou uma gargalhada com seu bico de tristeza.

— Não me olhe desse jeito loira. - peço, limpando com meu polegar o seu batom onde borrava sua face. - Você sabe que não podemos. Pelo menos não aqui e não com James dirigindo esse carro.

— Porque é tão importante para você ninguém saber que temos alguma coisa? - a Bourgeios questiona, cruzando os braços. Lhe encaro e mordo o lábio inferior.

— Porque nós não podemos transar sempre que estivermos sozinhos garota. - argumento com um sorriso travesso. Ela revira os olhos e se remexe no meu colo, numa tentativa de me provocar e me fazer perder a razão. Boa tentativa, mas falha.

— Porque não Zuberg? - Chloé me pergunta com voz de choro, se alinhando no meu pescoço. Dou uma gargalhada enquanto mexo em seu cabelo com uma das mãos e a outra passeia pelo seu corpo. - Por acaso você nunca fez isso num carro em movimento? - brinca e sinto o sorriso malicioso em sua voz mesmo sem vê-la.

— Eu prefiro dizer que não minha abelha rainha. - respondo, dando um pequeno aperto em seu joelho. Ela bufa, irritada.

Os arrepios começam a chegar

O momento em que minhas mãos encontram sua cintura

E então eu vejo seu rosto

— Nós estamos quase chegando. - Chloé resmunga no pé do meu ouvido e eu fecho os olhos, respirando fundo.

Aquela loira conhecia bem até demais meus pontos fracos. Se ela soubesse como aquilo me afetava jamais iria parar, mas como esconder quando você se sente totalmente atraído por essa pessoa? Dou um grunhido e com um rápido movimento deito seu corpo no banco, lhe beijando sem nem mesmo respirar sobre a mesma. Ela suspira de satisfação enquanto o peso do meu corpo lhe aperta contra o assento. Ela agarra minha nuca com os dois braços e puxa ainda mais meu rosto para si, me deixando cheirar sua pele, morder levemente seu pescoço e ficar tonto com seu perfume caro enquanto lhe ouvia respirar na minha orelha esquerda. Poderia ficar ali por horas a fio apenas porque eu amava aquela mulher e lhe desejava no futuro minha própria esposa, assim como sentia que a mesma se sentia em relação a mim. Só tal pensamento me faz ficar louco pelo contato que temos, por seu corpo, por ela. Porém como nem tudo é um mar de rosas e querer as vezes não é poder, somos interrompidos por James batendo na janela da porta de trás.

O carro já havia parado há algum tempo e nem percebemos. Levanto rapidamente de cima da Bourgeios e limpo seu batom nude da minha boca o máximo que consigo. Ela ajeita o máximo que consegue seu cabelo e me encara com um sorriso esnobe.

— Eu não disse que consigo tudo o que eu quero? - a Bourgeios diz, debochando da minha mísera tentativa de resistir as suas provocações. Faço uma careta, irritado.

Assim que saímos damos de cara com Adrien saindo da cabana. Aceno com a cabeça e ele ergue as sobrancelhas indicando a loira alguns passos a minha frente. Dou um suspiro e o assisto dar um abraço exagerado no outro loiro da vida dela: o melhor amigo de infância. Me aproximo de ambos sem pressa alguma e dou um aperto de mão no mesmo. Passando por nós estava James, carregando mais de quatro malas de roupas apenas de Chloé enquanto eu fazia questão de carregar a minha mochila sozinho.

— Achei que tivessem dito que não viriam. - o Agreste comenta sorridente. Parece mais brilhante que um arco-íris.

— Pois é, eu também achava que não. - digo, dando ombros e inclinando a cabeça para a garota de olhos azuis próxima de mim. - A donzela aí mudou de ideia.

Ela finge não ligar para o que digo e começa a falar sem parar com o loiro ao seu lado. Subitamente meu celular toca. Quando olho o visor sinto a minha felicidade quase acabar.

— Eu já volto. - murmuro, me afastando de ambos e indo na direção contrária a que estão, debaixo de uma árvore bem afastada da cabana e dos ouvidos de todos.

Era ela de novo. O toque diferenciado que colocara em meu celular me causava arrepios sempre que soava em minha cabeça e naquele momento não era diferente. Stella Bourgeios. A Rainha do Estilo.

— Diga, majestade. - atendo o celular sem rodeios. Escuto uma risada fraca do outro lado da linha.

"É bom ver que mesmo andando com minha filha ainda mantem os bons modos que lhe ensinei."

— Difícil seria não me lembrar, se me permite dizer. - retruco, tentando não soar tão áspero quanto julgava estar sendo. - Qual são as ordens dessa vez?

"Quero que encontre Félix Agreste e Bridgette Dupain-Cheng. Minhas fontes disseram que ambos estão na mesma cabana que você. Uma oportunidade que não deve ser desperdiçada."

— E o que quer que aconteça a eles? - questiono, imparcial, porém curioso. Dessa vez sua risada me faz gelar dos pés a cabeça.

"Digamos que a vingança é um prato que se come frio meu querido súdito."

***

Marinette

Louis havia me acomodado no mesmo quarto onde Kattie estava para nos arrumarmos, jogarmos nossas bolsas nas camas de hóspedes e descermos rapidamente para o térreo da cabana para podermos ir logo para a praia. Claro que não estava com tanto pique quanto o resto das pessoas que estavam comigo, mas quem disse que não queria aproveitar aquele lugar paradisíaco? Gente, essa é uma praia exclusiva para pessoas riquíssimas, vocês não estão entendendo. É uma praia fechada apenas para a família a Agreste. É uma praia particular! Mesmo estando super acabada eu precisava de um descanso de todo o estresse que havia passado até ali e eu iria aproveitar de qualquer jeito. Kattie está enchendo sua sacola de praia de bugigangas enquanto eu coloco apenas um protetor solar, meus óculos escuros, meu chapéu e algo para cobrir meu corpo na volta do mar para a cabana de novo.

— É sério que você quer levar metade da sua vida pra areia Kat? - lhe pergunto com um sorriso divertido e ela revira os olhos, rindo.

— Uma mulher deve estar preparada para qualquer situação, minha cara Dupain-Cheng. - a ruiva responde jogando sua sacola sobre os ombros no mesmo instante em que a cabeça de Alya aparece na porta.

— Prontas suas peruas? - ela questiona escancarando a porta aos gritos de emoção.

Não consigo reprimir uma risada alta quando vejo a seguinte cena que me aguardava: praticamente um bolinho de gente descendo as grandes e chiques escadas da cabana Agreste aos berros, com bolas infláveis coloridas, boias de animais, guarda-sóis e esteiras de palha para todo lado que pudesse se olhar. Eles saem tropeçando uns com os outros até atravessarem a porta pela qual entramos e saírem correndo na direção da praia há apenas uns dez metros de onde estávamos hospedados. Balanço a cabeça, envergonhada de tal situação cômica que envolvia todos os que tinham alguma ligação comigo e sigo atrás daquela bagunça em passos mais lentos. Porém, assim que coloco o pé para fora da cabana e dou alguns passos escuto um choro familiar.

Estreito os olhos e quando olho na direção de uma varanda enorme e bem decorada do lado que tinha a vista para o mar de Calanque é que reconheço seu choro. Bridgette estava encostada na sacada da varanda encarando o horizonte onde o sol fazia o mar reluzir em várias tonalidades de azul. Chego até ela com os passos mais silenciosos que consigo e vejo com sucesso que ela nem me notara ali.

— Parece que a conversa entre vocês dois não foi lá muito emocionante. - comento, em voz baixa olhando na direção da minha irmã mais velha. Ela se sobressalta e dá um pulo pra trás, assustada e colocando a mão no bolso de trás do shorts que usava instintivamente. - Desculpe. - digo, sem graça por ter chegado de surpresa. Ela suspira e se apoia novamente no parapeito de ferro estilo antigo. - Você está bem?

— Acho que o universo deve me odiar Mari. - ela diz, apoiando uma das mãos no queixo com a expressão abatida. Arqueio uma sobrancelha.

— E porque você acha que é só com você que isso acontece? - rebato, me apoiando ao seu lado com um pequeno sorriso. - Bridg, as coisas nem sempre vão sair como queremos, mas não é culpa do universo.

Ela dá uma risada sem humor e continua com seu olhar fixo ao longe, distante.

— Há muita coisa em jogo Marinette, não se trata apenas de mim ou do Félix. - minha irmã mais velha solta, me fazendo encará-la em busca de uma resposta. Ou melhor, de várias respostas para as perguntas que juntara até ali.

— Há quanto tempo você e o irmão do Adrien se conheciam? - indago, curiosa. Ela morde o lábio inferior enquanto seus olhos pareciam procurar alguém ao longe. Na certa uma das meninas que correra com sua sacola de praia naquela muvuca. - Pelo jeito com que estavam conversando, pelo menos na minha frente, pareciam ser conhecidos de longa data.

— Eu o conheci quando você tinha catorze anos e eu dezoito. - responde - Era a época que o papai e a mamãe ainda precisavam de ajuda dentro de casa e a época que eu mais fiz besteira em toda a minha vida para resumir a minha desgraça e poupar seus ouvidos. - seu tom distante e triste aguçou ainda mais minha curiosidade.

— O que você quer dizer com isso? - questiono, insistindo em querer saber mais sobre o passado da minha irmã. - O que você fez de tão ruim no passado que eu não sei Bridgette? E porque você estava chorando? Era por causa dele? Do Félix?

— Marinette, chega. - sua voz é firme e não deixa espaço de questionamentos. Nossos olhos se encaram e me vejo como se estivesse de frente a um espelho de tão parecidas que somos. - A minha vida não interessa a ninguém mais do que eu. O que eu fiz ou deixei de fazer foi para cuidar de você, do papai e da mamãe, e se quer tanto saber fique desde já advertida que se fosse preciso faria tudo de novo pelo bem de vocês.

Dito isso ela me deixa ali, debaixo do forte sol do litoral enquanto lhe observo entrar para dentro da cabana pela enorme porta de vidro que dava para a sala de estar do térreo da cabana. Uma questão martela dentro da minha cabeça um pouco antes de Chloé chegar, me avistar com uma visível vontade de querer me enterrar na areia até a cabeça e me deixar queimando no sol.

Será que eu realmente conhecia a minha irmã?


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Notas finais do capítulo

Até o próximo? Huehue :v



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