Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 14
Uma Amiga De Infância


Notas iniciais do capítulo

Olááááá, tudo bem com vocês?

Eu fiz esse capítulo baseado na história de um colega do Nyah com sua permissão do uso de alguns personagens, para ver se conseguiria escrever como ele (é claro que eu fiz muito melhor huehuehue :v). Eis aqui o meu desafio junto com uma nova personagem original baseada em fatos reais e inspirada na nossa bela nação: Brasil! XD *todo mundo dá um gritinho em prol o país para apoiar esse período de Copa do Mundo*

Espero que gostem e boa leitura. Até o próximo capítulo! ;)



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Jacques

Eu estava voltando para casa com o meu pai enquanto ele me perguntava como estava na faculdade de Educação Física, algo que minha mãe, Charlotte Olivier, era formada e que me incentivara a seguir carreira também. Achille, meu pai, era policial então aquele jantar com ele era a única oportunidade de colocarmos muitas conversas atrasadas em dia. Ele não se parecia nada comigo: era bem mais alto que eu e minha mãe, tinha a pele bem escura e principalmente não tinha medo do perigo. Já havia perdido todas as contas de quantas vezes ele se meteu em perseguições de criminosos que arriscavam a sua vida e minha mãe não conseguia nem mesmo dormir até que ele entrasse pela porta de casa. Não me julguem pelo que vou dizer, mas às vezes eu queria que o meu pai não focasse tanto em proteger a cidade. Sabe... Eu queria muito que ele fosse mais presente na minha vida.

— Então, já arrumou uma namoradinha filhão? – o ouvi perguntar enquanto dirigia e balancei a cabeça, fazendo minha mente voltar a bela obra de arte que estava no restaurante da amiga de Marinette.

— Bem, sim. Só falta ela admitir isso. – respondi olhando pela janela do carro. Meu pai deu uma gargalhada.

— Deixe-me adivinhar... Essa garota é a mesma que estava cantando no karaokê lá do L’e Vent Souffle? – olhei para o homem ao meu lado com uma sobrancelha arqueada e cocei a nuca. Meu pai podia não me conhecer muito, mas ele sabia de uma coisa: mulheres. Tanto que foi sortudo e tanto ao encontrar a safira que é a dona Charlotte. – Ela é muito bonita Jacques. – afirmou voltando os olhos para o trânsito a nossa frente.

Suspirei encarando o porta-luvas do carro. É, acho que aquela morena maravilhosa realmente me conquistou.

— Não é? – comentei baixo. – Pai, ela estava linda demais. Você viu, não viu?

— Vi sim. – ele me respondeu com uma gargalhada. O carro da frente ainda estava parado, mas como policial meu pai estava duas vezes mais alerta com o cenário ao nosso redor. – Mas eu também vi que ela estava olhando para outro garoto enquanto cantava, e não era pra você Jacques. – eu reviro os olhos com tal verdade.

— Ah, o Nino. – digo e ele faz o nosso carro andar no farol. Estávamos a poucos metros de casa. – É o melhor amigo do Adrien, faz faculdade de música. Infelizmente acho que ele gosta dela também.

Escuto meu pai pigarrear e viro o rosto para encará-lo de novo.

— Pelo que pude observar ela parece gostar desse Nino também. – ele solta e eu cruzo os braços, desviando o olhar para os meus tênis. – Sinto dizer isso meu filho, mas você pode estar dando soco em ponta de faca por essa garota.

— “Soco em ponta de faca”? – repito sem entender. – Como assim?

— É uma expressão brasileira. – explicou com um sorriso de canto. Assenti rapidamente. Adorava quando meu pai falava sobre o país que ele viera. – Significa insistir em algo que não tem solução, que você sabe que pode quebrar a cara no final. – balancei a cabeça procurando pensar. – O que eu quero dizer é que se você percebe que ela está afim desse tal de Nino e continua encima dela, você pode acabar juntando ainda mais os dois ao invés de conseguir ficar com ela. Você compreende o que eu estou dizendo filho?

Entramos na garagem de casa, na Rue de la Paix, e meu pai desliga o carro rapidamente. Eu dou um suspiro pesado e balanço a cabeça.

— Compreendo pai. – respondo. Ele dá um sorriso e bagunça meu cabelo loiro.

— Vamos, sua mãe já deve ter chegado da academia.

Charlotte, ou Lotte como meu pai a chamava carinhosamente, era francesa e sempre amou o esporte. Minha mãe sempre disse que o exercício físico é a maior bênção que Deus nos deu para que nós não morrêssemos sedentários. Inclusive foi por isso que além de dar aulas de Educação Física em outra universidade ela ainda fazia um bico na academia duas ruas acima da nossa casa. Foi lá que meus pais se conheceram há dezoito anos, onde meu pai, Achille, um brasileiro turista acabou entrando na academia com a minha tia que morava aqui na Europa, Anansi, encontrando minha mãe e – por mais estranho que pareça – lhe aplicando um golpe de artes marciais. É claro que todos acham esse “amor a primeira vista” muito exótico, e ele é mesmo, porém a questão não é nem essa. Eles se apaixonaram de verdade. Tiveram um amor verdadeiro. Porque eu não posso ter um igual?

Quando meu pai ia colocar a chave na porta de entrada nós dois ouvimos risadas vindo de dentro da casa. Parecia que tínhamos visitas, mas nós não esperávamos ninguém. Apreensivo, olhei para meu pai e em seus olhos escuros pude notar a mesma apreensão que sentia. Sem hesitar novamente, ele abriu a porta de entrada e cara, eu quase tive um ataque cardíaco!

— Jacques! – uma figura conhecida de quando era pequeno gritou sorridente se levantando do sofá e vindo na minha direção antes que eu pudesse fazer alguma coisa, me derrubando com força no chão. – Uau, estudante de educação física e morto desse jeito? Tem certeza que está no curso certo?

Arregalei meus olhos quando reconheci tal voz. Era ela mesmo! Continuava linda como sempre com os longos cabelos cacheados, os olhos cor de mel e aquele sorriso de iluminar até mesmo a mais escura noite. Ela estava rindo da minha cara e Jesus, como ela estava radiante de me ver. Eu não conseguia nem mesmo me levantar do chão.

— Laura! – exclamei lhe lançando um sorriso. – Mas... Mas que surpresa... O que você tá fazendo aqui?

— Também é muito bom te ver Jacques e sim, como a viagem foi cansativa, viu? – a morena disse ignorando de propósito minha pergunta e me ajudando a levantar do chão. – Obrigada pelas perguntas preocupadas. – reviro os olhos e lhe envolvo em um abraço apertado.

— Desculpe a minha incompetência senhorita Novaes. – brinquei lhe mostrando a língua. Ela odiava quando lhe chamavam pelo seu sobrenome.

— Laurinha, minha garota, como é que você está menina? – meu pai exclamou trancando a porta e dando um abraço na nossa visitante também. Cruzo os braços com ciúmes e vou cumprimentar minha mãe no sofá.

— Eu já estive melhor tio Achille. – ouvi Laura responder com um sorriso triste. Estreitei os olhos e olhei para minha mãe.

— Por quê? Aconteceu alguma coisa no Brasil? – meu pai lhe questionou procurando entender a situação. – Porque para seus pais deixarem você viajar pra França sozinha deve haver algo muito ruim acontecendo.

Percebi Laura hesitar e olhei ao meu redor. Suas malas estavam próximas do sofá vazio na sala de estar e pela quantidade eu deduzi que ela não passaria apenas um final de semana com a nossa família. Podia ver a tensão começar a se espalhar pelo cômodo. Felizmente minha mãe também percebeu e pigarreou, chamando a atenção do meu pai.

— Querido, porque não a deixa arrumar as coisas dela no quarto de hóspedes enquanto conversamos? – ouvi minha mãe perguntar enquanto voava em direção a bagagem da minha melhor amiga de infância. Ele pareceu pensar por alguns segundos e depois balançou a cabeça indo em direção à cozinha, seguido alguns passos depois por minha mãe.

Ouvi um suspiro de alívio vindo de Lau e quando a mesma se virou lhe lancei o meu melhor sorriso.

— Vamos? – lhe convidei segurando várias de suas malas. Ela deu um sorriso pequeno pegando as que sobraram.

— Vamos. – disse me seguindo pela pequena escada até o andar que nossos quartos ficavam.

—--

Laura Ferreira Novaes era filha de um empresário brasileiro chamado Carlos Ferreira, um dos melhores amigos de meu pai Achille quando jovem e quando ainda morava no Brasil. Carlos era casado com Maíra Novaes, uma verdadeira cópia mais velha que Laura – sério cara, as duas eram muito parecidas. Quando eu fiz um ano de idade aqui na França minha melhor amiga nascia, e conforme o tempo se passava nossos pais tentavam nos aproximar também. Entretanto, meu pai logo viu que o melhor amigo dele não era mais como antes: ele começara a dar muito valor ao dinheiro ganho e a desprezar as pessoas ao seu redor. Resumindo, eu fiquei sem ver a minha melhor amiga por muito tempo. Aí, do nada, ela brota na minha casa cheia de malas. Qualquer um ficaria surpreso não?

Eu estava feliz. Lau, como lhe chamava, era muito divertida. Muito simpática. Era uma das melhores companhias do mundo. Por outro lado, ela não parecia nem um pouco contente de estar ali.

— Ei – tentei chamar sua atenção enquanto ela arrumava sua cama. Ela me ouvia, mas não virou o rosto na minha direção. – Vai me dizer como veio parar aqui sem nem nos avisar?

— Peguei um avião oras. – a morena me respondeu, irônica. Reviro os olhos, fechando a porta assim que atravesso com a última mala da mesma.

— Laura pare com suas respostas frias tá bem? – pedi irritado. – Eu quero entender o porquê que seus pais te mandaram pra cá sozinha. Eles te mandaram, não foi? Ou você veio sozinha? – questionei tentando lhe arrancar uma resposta convincente.

— Jacques, por favor, eu estou cansada. – ela disse me encarando profundamente. Podia ver o cansaço de verdade naquele par de olhos de mel e suspirei. – Prometo que te conto tudo amanhã, ok? O que você precisa saber por enquanto é que parece que vou estudar com você no François Dupont.

— Isso é sério? – indaguei me sentando na cama com a mesma, muito animado. – Tipo assim, nós vamos estudar na mesma universidade?

Ela me deu um meio sorriso. Triste.

— Sim, nós vamos. – confirmou balançando a cabeça. Subitamente um sorriso inteiro surgiu em sua face. – Ei, tu tá bem mais bonito do que a última vez que nos vimos hein? Quando você chegou eu não sabia se era o Thor poderoso e gostosão da parada ou se era só você mesmo.

— Exagerada. – disse entre risadas de nós dois. Ela prendeu o cabelo em um coque encima da cabeça enquanto gargalhava. – Você também não está nada mal para aquela garota magricela que não se cuidava de antigamente.

— Antes eu era descuidada. Ontem fui magricela. Hoje sou modelo topster que faz garoto babar. – ela disse séria e agarrou meu braço com força. – Eu já fui a Universal! – exclamou antes de se jogar na cama entre risadas.

Eu? Eu fiquei confuso, mas ri pra ir na onda da minha anfitriã. Ela ficava linda rindo e não seria eu que estragaria o seu sorriso. Ela bocejou e olhou ao redor, me chamando para ir até a grande janela do quarto de hóspedes que já tinha a marca registrada da Novaes. Vários pôsteres de cantores famosos estavam colados pelas paredes do quarto desde a última vez que ela viera nos visitar com seus pais, sete anos atrás. Vários objetos, decorações e até mesmo roupas que ficaram no armário estavam intactas esperando o retorno de sua dona que agora se encantava com mais uma noite fria e estrelada de Paris. Desde que éramos menores nós ficávamos ali até altas horas da madrugada olhando para o céu pontilhado e observando o Museu do Louvre próximo as margens do rio Sena a sudeste de onde minha casa ficava.

A janela tinha um pequeno espaço cheio de almofadas que, sem dúvidas, era o cantinho que a morena de olhos mel mais amava em toda a Paris. Ela se sentou e indicou o lugar do seu lado. Me sentei e ficamos em silêncio por um bom tempo, apenas admirando a beleza noturna da cidade das luzes.

— Obrigada Jacques. – eu olhei na sua direção. Laura mantinha o rosto encostado na janela encarando o horizonte lá fora. – Eu aprendi da maneira mais difícil que eu precisava me cuidar mais. Lá no Brasil, bem... As pessoas valorizam muito a aparência sabe? – ela suspirou ainda sem olhar na minha direção. – A sociedade só te humilha se você não segue os princípios dela. Principalmente se o seu pai é um dos alvos dela.

Permaneci em silêncio, apenas lhe ouvindo. Sabia que o temperamento de Lau às vezes era imprevisível então preferi não lhe interromper enquanto falava. Ela olhou para suas mãos e respirou fundo.

— Então eu mudei a minha aparência, mas por dentro mantive minha essência. – contou voltando o olhar distante para o horizonte. – Eu nunca concordei com muitas coisas que vi ao meu redor. Sempre tentei ser a diferença, não importa a classe social. – a observei abaixar o tom de sua voz. – Talvez isso tenha piorado tudo.

— Piorado o que Laura? – arrisquei perguntar fitando os olhos mel da mesma. Ela estava hesitante. Ela balançou a cabeça, abraçando os joelhos e se encolhendo contra a janela. – Por favor, Lau, diga, você sabe que pode confiar em mim.

Ela não disse mais nada, encarando Paris do lado de fora e parecendo remoer alguma coisa em sua mente. Muda. Esperei alguns minutos e por fim suspirei derrotado. Se realmente quisesse descobrir alguma coisa teria que usar outra tática para arrancar as informações de Laura. Decidi deixá-la sozinha e em paz. Talvez ela precisasse de um tempo sozinha, seja lá o que tivesse acontecido. Me levantei e dei um pequeno beijo no topo de sua cabeça.

— Vá descansar Lau. – disse percebendo o sono lhe atingindo aos poucos. Ela balançou a cabeça, mas continuou ali, a beirada da janela. – Amanhã cedo nós vamos dar uma corrida pelo rio Sena, antes de eu ir pra universidade, então você precisa ter bastante energia.

— Nem inventa moda, você sabe que eu não corro. – a ouvi responder enquanto ia em direção a porta. Dei uma pequena gargalhada.

Pelo menos você conseguiu fazê-la rir de novo.

— Seus dias de preguiça acabaram mocinha. – disse lhe mostrando a língua enquanto ela fazia uma careta. Pisquei. – Boa noite senhorita Novaes.

Fechei a porta no exato momento em que uma metralhada de almofadas atingiram a porta do quarto rebatizado de “Zona da Laura”. Eu não podia deixar de ouvir um pedaço da conversa dos meus pais quando passei pela porta do quarto dos dois. Tudo estava tão baixo que não entendi quase nada e quando o cômodo ficou em silêncio, tratei de seguir meu caminho para o meu próprio quarto. Digamos que meus pais eram jovens de quarenta anos muito apaixonados então... É, eles iriam curtir a noite deles.

Me deitei na minha cama enquanto meus pensamentos ainda estavam preocupados com Laura. Alguma coisa realmente não estava cheirando bem e minha mente não parava de me cutucar para tentar descobrir o que era. Talvez se eu a trouxesse para conhecer meus amigos e Marinette e suas amigas ela resolvesse se abrir... Era isso! Eu teria uma bela maneira de me aproximar de Alya e ainda por cima ajudaria minha melhor amiga. Enquanto sentia o sono chegando me deixei levar lembrando cada detalhe em como a ruiva estava sedutora, gostosa e linda de dar inveja até mesmo em Jacqueline, com todas aquelas maquiagens cobrindo seu rosto.

Eu insistiria até o fim, mesmo que precisasse dar murros em pontas de facas.

***

Laura

 Pela manhã Jacques realmente veio me acordar para corrermos no rio Sena. Na verdade não eram nem seis horas da manhã, ainda era madrugada. Tipo, quem, QUEM me respondam, em sã consciência acorda cinco horas da manhã pra correr?! Meu Deus, Jacques precisa de um sacode. Lá fora estava frio e nem mesmo o Sol havia aparecido ainda, e onde eu estava? Isso mesmo. Correndo.

— Vamos Laurinha, você precisa sair logo dessa sua bolha de conforto sedentária! – ele gritou já há metros de distância de mim, tentando me incentivar. Revirei os olhos e tentei correr mais rápido. Meu corpo todo doía. Meus pulmões me incomodavam para respirar ar puro. Meus rins pareciam facas dentro do meu abdômen.

— Eu... Estou tentando... – respondi de volta, ofegante. O observei parar e me esperar até que o alcançasse. – Jacques... Jacques, eu não consigo...

— Consegue sim Lau, vamos só mais alguns metros. – o loiro incentivou ameaçando correr mais um pouco. Eu estava me esforçando ao máximo mesmo.

— É sério Jacques, para! – exclamei ainda muito ofegante e me apoiando no mesmo. Ele me encarou preocupado. – Eu não consigo respirar direito... Quando corro muito... – tossi enquanto nós nos sentávamos no banco mais próximo do rio Sena.

— Inspira e expira Laura. – ele me pediu fazendo o mesmo comigo. Lhe encarei com o coração me martelando por dentro. – Devagar e profundo. Mais uma vez. Inspira e expira. – o imitei mais três ou quatro vezes e já consegui me sentir mais calma. – Melhor?

— Melhor. – confirmei, balançando a cabeça. Ele suspirou. – Eu te disse que não era uma boa ideia correr. Geralmente não passo muito bem fazendo exercícios físicos quando estou despreparada. Só quando consigo me preparar algum tempinho.

— Porque não me disse antes sua doida? – ele me questionou e eu abaixei a cabeça, rindo.

— Você não perguntou. – respondi com um sorriso maroto. Ele bufou e esfregou o rosto enquanto eu dei uma pequena gargalhada.

Olhei ao redor. O sol começava a surgir no horizonte no mesmo instante que alguns pássaros voavam para longe. Ainda estava frio, mas eu estava morrendo de calor pelo esforço físico inesperado. Lembrei-me instantaneamente da minha casa de verdade, do outro lado do meridiano de Greenwich, no Brasil, onde todo dia de manhã ouvia uma verdadeira algazarra de todos os tipos de pássaros que você pode me imaginar. Mas era uma algazarra muito sincronizada e agradável. Suspirei, já com saudades do lugarzinho que saí. Quem diria que eu, Laura Ferreira Novaes um dia estaria sozinha em Paris? Paris! A cidade que todo mundo gostaria de morar, de conhecer, de visitar, tirar fotos... A cidade que a minha vida finalmente acabaria ou começaria do zero.

— Aqui é tão lindo. – comentei deixando o vento carregar minhas palavras. – Tudo parece ser tão perfeito, sem nenhum tipo de problema. – abaixei os olhos para a rua. - Acho que eu não fui feita pra ser francesa.

Ele tem que perguntar... Alguém precisa se importar e perguntar. Por favor, Jacques, pergunte de novo. Acho que só posso confiar em você.

— Lau – ele disse segurando minha mão com força. – Eu estou aqui. Você pode desabafar, eu prometo que não conto para ninguém.

— Você promete mesmo? – pergunto sentindo minha voz sair trêmula. Se segure Laura, não chore. Não chore.— Promete que eu posso confiar em você? Promete que você nunca vai me abandonar? Que vai me apunhalar pelas costas? – senti que já era tarde demais. Meus olhos já estavam marejados. Ele me olhou de um jeito estranho e então me abraçou.

— É claro que sim Laura. – o ouvi dizer enquanto algumas lágrimas escapavam contra a minha vontade. Tentei secá-las antes que o loiro percebesse, porém mais uma tentativa falha detectada. – Eu sou o seu melhor amigo, esqueceu? Eu nunca esqueci você Lau, mesmo depois de todos esses anos longe... Achou mesmo que eu te deixaria em paz assim tão fácil? – ele me indagou com a voz calma. O apertei mais no abraço.

— Eu... Eu estou cansada de ser machucada pelos outros Jac. – desabafei com a voz embargada. – Sabe, é horrível quando todas as pessoas que você mais confia, mais ama... Que você acha que estão do seu lado te enfiam uma faca nas costas. Eu me sinto como um queijo sendo furado com uma faca. O alvo pra ser acertado com flechas. É como se...

— Como se você fosse o problema pra todo mundo? – Jacques soltou e me fez calar a boca. Me soltei dele e encarei seus olhos.

— Você já se sentiu assim também? – rebati retomando o fôlego. Foi a primeira vez que vi um sorriso triste no rosto do Olivier.

— Todo mundo já teve o seu dia de tempestade Laura. – respondeu distante, sombrio. Por um momento pensei se ele também guardava os seus segredos só para si. – Mas algo que eu posso te assegurar é que depois dela vem a bonança. Não importa quanto tempo ela demore, um dia ela aparece. – ele secou o meu rosto molhado com uma das mãos enquanto eu ainda tentava voltar para a realidade. – Eu posso não saber da sua história ainda — dei um esboço de sorriso com os olhos vermelhos pra ele. – mas conte comigo para mudar o rumo dela.

Dei uma risada fraca, esfregando o meu rosto de choro e colocando minha máscara brincalhona, irônica e indiferente de volta, enquanto puxava meu cabelo cacheado para trás.

— E como você pretende fazer isso? – lhe indaguei arqueando uma sobrancelha. Ele me lançou uma piscadela.

— Você vai ver. – prometeu se levantando e agarrando minha mão para acompanhá-lo. – Agora vamos, preciso me arrumar pra ir para a universidade.

Rindo, voltamos pelo caminho que havíamos pegado até chegar na casa do meu tio de consideração Achille e tomar AQUELE café da manhã. Talvez a minha vida não seria tão ruim quanto eu imaginei que poderia ser.


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