Monochromatic escrita por Cihh


Capítulo 12
Capítulo 12 - Iris


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu voltei finalmente. Desculpem a demora, mas eu tive que voltar de viagem, e depois peguei uma virose, enfim. Mas aqui está o novo capítulo. Ela tem uma abordagem um pouco diferente... Boa leitura e beijinhos.



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E eu desistiria da eternidade para te tocar

Pois eu sei que você me sente de alguma maneira

Você é a mais próxima do paraíso que sempre estarei

E eu não quero ir para casa agora

(Iris, Goo Goo Dolls)

 

Max e Miranda estavam em uma situação deplorável. Estavam vivendo sobre o mesmo teto, mas Miranda tinha vergonha demais de Max, e ele sentia-se culpado por gostar tanto dela, pois sabia que era errado. Mesmo assim, uma força invisível os atraía para perto um do outro toda vez que estavam no mesmo cômodo.

Miranda percebeu que Max estava agindo diferente desde aquele primeiro dia. Ele evitava tocá-la, preferia manter distância e parecia querer passar o menor tempo possível com ela. Ele saía cedo de manhã, e se Miranda não acordasse sozinha, ele já teria saído quando ela estivesse de pé. Mas ele sempre fazia o café da manhã para ela, e o deixava coberto com papel filme na bancada. Max ficava o dia inteiro trabalhando, voltava apenas depois das onze, mas Miranda gostava de esperá-lo para que jantassem juntos. No entanto, nos últimos três dias ele havia ligado para avisar que sairia com os amigos e que não era para ele esperá-la de pé. Ela odiava estar nessa situação, pois adorava ficar perto de Max, gostava quando ele sorria para ela e quando a tocava. Mas naquele momento ela estava apenas triste com a atitude dele.

Já passava da uma da manhã, e Max havia ligado logo que saíra do trabalho avisando que iria encontrar os amigos em um bar. Miranda resolveu esperá-lo. Tinha feito o jantar, macarronada ao molho de tomate, mas ainda não havia comido. Ela tinha tido aulas de culinária no hotel durante alguns anos, mas nunca realmente havia posto os conhecimentos em prática. As aulas estavam sendo úteis à Miranda enquanto ela passasse tempo na casa de Max. Afinal, ele tinha dito que gostava de chegar em casa e comer a comida que ela fazia ao invés de ter de comprar alguma fritura no caminho para comer na janta.

Max estava um pouco bêbado quando chegou. Demorou para encontrar a chave certa que abria a porta do apartamento, e ficou surpreso quando encontrou Miranda sentada no sofá, esperando por ele.

—Falei para você se deitar. –Ele disse meio emburrado. Trancou a porta e se jogou no sofá ao lado dela. Miranda se inclinou para perto dele e pegou-lhe a mão.

—Quer jantar? Eu cozinhei.

Ele balançou a cabeça. –Comi no bar.

—Ah. –Ela disse, desapontada.

Max olhou para a mão que Miranda segurava e suspirou. Eles não conseguiam. Não podiam ficar sem se tocar se estivessem um ao lado do outro, e Max sabia que isso era errado. Adorava a sensação da pele de Miranda na dele, mas tinha consciência de que os dois não podiam ficar muito próximos. Max não era o cara certo para ela.

—Vou dormir. –Ele anunciou, esticando as pernas para o lado oposto ao de Miranda.

—Não quer tomar banho primeiro? –Ela perguntou, preocupada com ele.

—Não. –Ele respondeu, recolhendo a mão. Foi como se uma faca o cortasse em dois.

Miranda respirou fundo e observou Max fechar os olhos para dormir. Ela se aproximou mais dele e cuidadosamente colocou a cabeça dele em seu colo. Admirou as sobrancelhas grossas e o piercing no lábio dele. Acariciou-lhe os cabelos curtos, passando os dedos pelo couro cabeludo. Max começou a respirar mais forte. Ele adorava a sensação dos dedos de Miranda se enroscando nos cabelos dele, do toque dela no topo da orelha.

—Pare. –Ele sussurrou. –Por favor, Miranda. –Ele pediu. Queria implorar para que ela continuasse com aquilo até ele dormir, mas sabia que perderia o controle caso ela o fizesse.

Miranda tirou as mãos de Max e se levantou rapidamente. –Desculpe. –Disse, e viu ele se retorcer com uma expressão de dor. –Eu vou... dormir.

Ela foi correndo para o quarto de Max e se enroscou nos cobertores da cama. Parecia que Max não tinha gostado do fato de ela ter esperado por ele. Parecia que Max não gostava mais dela. Mas a cada vez que o via, Miranda confirmava que estava apaixonada. Os batimentos cardíacos, os pelos arrepiados. Ela precisava se controlar. Toda vez que eles se tocavam, apesar da boa sensação que ela tinha, parecia que Max sentia dor, como se a pele dela fosse quente a ponto de queimá-lo. Os olhos de Miranda encheram-se de lágrimas. Não podia deixar Max ouvi-la chorando.

Antes de sair, Max agachou-se perto da cama e observou o rosto de Miranda enquanto ela dormia. As lágrimas já haviam secado, mas ele sabia que ela havia chorado antes de dormir. Aquilo era ridículo. Não importava o quanto Max rejeitava-a, ela continuava sendo doce e paciente com ele. Max passou o polegar pelo rosto de Miranda, como se pudesse secar as lágrimas que ela havia derramado na noite anterior por causa dele. Miranda abriu os olhos e encontrou os olhos negros como a noite de Max mirando-a. Sentiu-se aquecida e esqueceu-se de como havia se sentido horas antes.

—Bom dia. –Falou baixinho para Max. Ele tocou-lhe os cabelos de leve.

—Bom dia, meu bem. –Ele respondeu no mesmo tom. As vezes Max ficava mais gentil com ela, como se não conseguisse manter o tempo todo a pose e a distância. –Eu vi a macarronada intocada de ontem. Você estava me esperando para jantar?

Ela afirmou com a cabeça. Estava feliz por ter acordado antes que Max saísse. Ela já havia pedido para que ele a acordasse antes de ir trabalhar, mas ele se recusava a fazê-lo.

—Desculpe por ontem. Fui um idiota. –Ele disse, voltando a acariciar o rosto macio da garota. –Você deve estar com fome. Vou esquentar o macarrão para você. –Ele fez menção para se levantar, mas Miranda o segurou pela mão. –O que foi?

—Eu posso comer depois. Mas parece que faz dias que eu não te vejo. –Miranda não estava falando apenas de não ter podido passar muito tempo com Max. Ela estava se referindo ao Max carinhoso, que ela conhecera na festa. –Fique um pouco comigo.

Max estava travando uma batalha interna. Ele queria mais que tudo entrar no cobertor ao lado de Miranda, abraçá-la e se desculpar pelas suas atitudes nos últimos dias, mas sabia que iria se arrepender depois. Mesmo, assim, não conseguiria dizer ‘não’para Miranda, não depois de tratá-la daquela maneira da noite anterior. –Tudo bem. Temos dez minutos.

Miranda abriu espaço para Max na cama. Ela tentou não corar enquanto ele tirava os sapatos para entrar debaixo dos cobertores com ela. Eles nunca haviam dividido a cama, e aquilo parecia íntimo demais, mesmo que ela ansiasse por isso há dias. Queria a atenção dele, que ele a olhasse nos olhos, que ele tocasse seu rosto.

—Eu não queria que você ficasse triste ontem. –Max falou quando já estava ao lado de Miranda. –Eu estava um pouco bêbado.

—Não é culpa sua. Eu fiquei acordada mesmo que você houvesse me dito para não ficar.

Ele balançou a cabeça. –Você não é obrigada a seguir o que eu falo. Eu não mando em você. Foi minha culpa sim, e eu estou arrependido. Não quero que você fique triste morando aqui.

—Não sou. –Miranda disse. De fato, naquele momento, estava muito feliz. Max estava olhando para ela como se estivesse hipnotizado, e o polegar dele fazia círculos na bochecha dela. Ela fechou os olhos e desejou que aquele momento durasse para sempre.

Miranda foi pegar o pijama que ela tinha deixado na casa de Thomas antes de ir morar com Max. Gostava quando tinha algum motivo para sair de casa, pois podia explorar novos arredores da cidade que ela não conhecia. Thomas morava em uma área de classe baixa, mesmo tendo um pai rico como Christopher Parker, pois ele vivia com a mãe, que era secretária e não ganhava tão bem assim. Mas Miranda aproveitou o caminho para observar as flores diferentes que cresciam pelo caminho, as lojas que ela não tinha visto antes, e as pessoas normais andando de um lado para o outro pelas ruas. Ela costumava imaginar como era a vida de cada uma, desde a gentil atendente da floricultura ao homem de terno que passou apressado por ela. Miranda chegou sorrindo à casa de Thomas, e tocou a campainha. A amiga de Thomas que ela tinha conhecido brevemente atendeu. Ela se chamava Nathália, que tinha cabelos loiros compridos, com algumas mechas coloridas.

—Oi! –Nathália disse com um sorriso. –Pode entrar.

Miranda entrou na casa e olhou ao redor. Além de Nathália, estavam ali Thomas, deitado preguiçosamente no sofá, e Alex, o garoto com roupas de skatista e um pequeno moicano na cabeça, que Miranda já conhecia. Lá dentro estava tocando uma espécie de música psicodélica que ela não conhecia.

—E aí? –Alex perguntou, colocando um punhado de salgadinhos na boca. Thomas olhou para Miranda e apontou para o pijama dela, sobre a mesa de jantar.

Ela sorriu e pegou as peças de roupa. Agora não precisaria mais usar as camisetas cheirosas de Max para dormir. Ela não sabia se ficava feliz ou triste com essa novidade. Alex lambeu os dedos da mão. –Vou ao banheiro.

Nathália estava dançando com movimentos estranhos àquela música. –Gostou do meu vestido?

Miranda olhou para a outra garota, que balançava os braços junto com o corpo em cima do tapete da sala. –Sim, obrigada pela ajuda.

—Por nada. –Ela respondeu. Quando Thomas e Miranda foram à festa, ele não quis que ela usasse os vestidos usuais dela, por isso pediu um emprestado para Nathália. Ela fora muito gentil.

—Essa é a namorada de Max. –Thomas falou, batendo o pé no braço do sofá ao som da música. Ele estava descalço, vestindo uma bermuda vermelha e uma camiseta cinza larga.

Miranda ficou vermelha. –Não sou.

—Ainda não? –Nathália perguntou, parando de dançar para encará-la. –Acho que vocês combinam muito.

—Sério? –Miranda perguntou.

—Claro que não. –Thomas interveio. -Vocês não tem nada a ver.

—Opostos se atraem, Thomas. –Nathália respondeu como se fosse óbvio. –Veja você e Isa.

—Não somos opostos. –Thomas falou, fechando os olhos e virando a cabeça para o teto. –Somos perfeitos um para o outro. –Ele disse meio triste. Miranda sabia que ele estava assim pelo que havia acontecido na festa. Thomas tinha ligado para Isa bêbado e falado coisas horríveis para ela, e se arrependeu amargamente depois. Estava tão arrependido que havia parado de enviar mensagens para a garota, mas ainda cultivava o amor em seu interior.

—Por que vocês ainda não estão juntos? –Nathália perguntou, ignorando o tom melancólico de Thomas. Miranda se viu estranhamente atraída a falar tudo para a outra garota. Ela não costumava ter amigas do sexo feminino.

—Ah, eu também não sei. Eu gosto dele, sabe?

—Senta aqui. –Nathália indicou uma cadeira da mesa de jantar, sentando-se em outra. Thomas bufou.

—Será que o Alex tá dando um cagão no meu banheiro? –Ele apertou os olhos e se levantou em um pulo. –Já volto.

Ele saiu da sala e entrou no próprio quarto, deixando Miranda e Nathália sozinhas. A outra garota sorriu e fez um sinal para que Miranda continuasse, como se as duas fossem amigas há longa data.

—Então, eu gosto muito dele. E acho que ele gosta de mim também. Mas... ele anda me evitando nos últimos dias.

—Chama-se culpa. –Ela disse, abaixando o volume da música pelo celular.

—Culpa pelo que? Ele não fez nada de errado.

—Que você saiba. Talvez ele esteja ficando com outra garota. –Ela sussurrou e Miranda arregalou os olhos. Não tinha considerado a possibilidade de Max ter outra namorada.

—Será?

—Não sei. Se ele gosta tanto de você, não sei por que motivo ele te evitaria. Quer dizer, vocês estão morando juntos né? Como ele consegue te evitar?

—Ele sai cedo de casa para trabalhar. E volta bem tarde, pois sai com os amigos.

Ela revirou os olhos. –Isso é péssimo. Ele sai com os amigos sempre e você fica em casa?

—Basicamente.

—Por que você não sai com seus amigos também, já que ele não quer sair com você?

Miranda olhou para baixo. –Não tenho muitos amigos aqui. Só Thomas...

Nathália olhou com simpatia para Miranda. –Eu também não tenho muitos amigos, só esses dois malucos e a namorada de Alex. Mas você pode sair comigo. Se quiser, claro.

Miranda ficou surpresa. –Sério?

—Lógico! Eu gosto muito de sair. Festas e essas coisas. Gosto de dançar. Mas não tenho muitas amigas para me acompanhar também.

Miranda não conhecia Nathália direito, mas ela era animada e parecia estar fazendo um convite sério para que Miranda a acompanhasse. –Acho que iria ser legal. Mas não sei se Max...

—Ele não é seu dono. –Ela disse antes que Miranda terminasse de falar. –Ele nem é seu namorado! Sério, essas coisas me tiram do sério. Max te avisa quando vai sair?

—Nem sempre.

—Saia sem avisar também. Sinceramente, você tem que tratá-lo da mesma forma que ele te trata. Olha, se você não estiver satisfeita morando com Max, eu posso te oferecer um quarto em minha casa para você ficar. Minha irmã quase nunca fica aqui.

—Não eu... gosto de morar com Max.

Nathália considerou essa resposta por um instante. Deu de ombros. –Tudo bem então. Mas minha casa está aberta para você.

Miranda sorriu. Ela era mesmo muito gentil. Ouviu-se uma descarga e Thomas e Alex saíram do quarto. Thomas estava quase batendo em Alex.

—Foi mal. –Alex falou, jogando-se no sofá e comendo mais alguns salgadinhos. –Tive que soltar um barroso.

—Que nojo. –Nathália disse. Thomas revirou os olhos.


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