Monochromatic escrita por Cihh


Capítulo 10
Capítulo 10 - Lost Stars




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Pegue minha mão

Vamos ver onde acordaremos amanhã

Os melhores planos

Às vezes são só uma noite sem compromisso

(Lost Stars, Adam Levine)

 

Max e Miranda ficaram conversando durante a festa inteira, mas mesmo assim pareceu muito pouco. Quando as primeiras pessoas começaram a ir embora, Miranda perguntou que horas eram. Max pegou o celular no bolso da bermuda para ver.

—Quase uma. –Ele disse.

—Tenho que achar Thomas. Não sei que horas ele quer ir embora. Até que horas a festa vai?

—Duas, acho. Quer procurá-lo? –Max perguntou. Ela acenou com a cabeça e eles se levantaram do sofá. Começaram a andar juntos, um ao lado do outro, a procura de Thomas, sem falarem uma palavra. Encontraram o garoto sentado no chão perto de uma escada, com uma perna estendida e a outra dobrada, servindo de apoio para o braço, que segurava uma bebida meio tomada. O cabelo dele estava bagunçado e ele estava todo suado. Miranda chegou mais perto de Thomas, que nem pareceu perceber a proximidade. Ela se agachou e tocou no rosto dele.

—Eu tenho namorada. –Ele disse meio enrolado. Estava bêbado e não parecia reconhecer Miranda. Pareceu falar aquilo de forma automática, como se estivesse usando isso como desculpa para nenhuma garota chegar perto dele a noite toda.

—Thomas. –Max disse alto, dando tapinhas no rosto dele.

O garoto fungou e mostrou o celular para os dois. –Isa está brava comigo de novo.

—Você ligou para ela bêbado? –Miranda perguntou após mexer no celular dele rapidamente.

Thomas fungou de novo e deu um gole na garrafa que segurava. Não respondeu Miranda. Ela olhou para Max. –Acho que temos que ir.

Max coçou a parte e trás da cabeça. –Vocês vieram de carro?

—Não. Viemos de táxi.

—Melhor assim. Eu levo vocês. –Max disse. No fundo, ele não queria que Miranda fosse embora. Queria revê-la o mais cedo possível. –Sobre eu te levar para dar uma volta na cidade... você tá livre amanhã?

—Sim. –Ela disse prontamente. Sorriu para Max. Ela estava tão ansiosa quanto ele.

—Então eu te pego umas duas. Pode ser?

—Pode.

—Onde você tá hospedada?

—Na casa de Thomas. –Ela riu. –Por enquanto.

—Ah. –Max sentiu uma insatisfação com isso. Estava com ciúme. –Bom, eu passo lá pra te pegar amanhã, então.

—Legal. –Ela respondeu, corando de leve. Aquilo era um encontro?

—Eu vou levar Thomas para o carro. –Max disse, cutucando com a ponta da bota de trilha o garoto semi-desacordado. –Você pode abrir o carro pra mim?

—Qual que é? –Miranda respondeu, pegando a chave que Max lhe entregava.

—Um jipe preto pequeno. Tá bem na frente do salão, é só atravessar a rua.

—Tudo bem. –Ela disse, saindo correndo. Max viu Miranda abrir as portas e sair da festa, adentrando a noite escura, e tratou de pegar Thomas no colo rapidamente, mas o garoto era mais pesado do que o esperado, talvez por medir mais que um metro e oitenta, e Max se esforçou para acomodá-lo no ombro.

Miranda saiu e olhou ao redor. As estrelas estava brilhantes, e alguns postes iluminavam a rua. Não havia mais ninguém além dela por ali, e ela procurou rapidamente pelo carro de Max. O carro estacionado logo em frente ao salão da festa era um bonito carro preto, grande e alto. Ela sorriu e começou a ir até o carro para abri-lo quando ouviu um barulho perto dela. Antes que ela pudesse fazer alguma coisa, um homem saiu de trás do carro de Max brandindo uma faca do tamanho do antebraço de Miranda. Ela deu um grito alto e colocou a mão atrás do corpo. O homem sorriu. Ele era mais alto que Miranda e era magro, usava um boné surrado enfiado na cabeça, escondendo os olhos. Miranda só conseguia ver a boca dele, que revelou um sorriso de desdém com alguns dentes faltando.

—Pare de gritar, garota estúpida. –Ele disse, chegando mais perto de Miranda. Apontou a faca para o pescoço dela. –Me passa tudo.

Miranda não tinha absolutamente nada. Nem um celular, nem uma bolsa, nem uma carteira com dinheiro. Tinha deixado tudo na casa de Thomas, e estava dependendo do garoto para tudo. –Não tenho nada. –Ela choramingou. Sabia que isso seria pior.

—Não minta. –Ele rosnou, chegando cada vez mais perto. Ele cheirava a bebida alcoólica. Miranda nunca tinha sido assaltada nem presenciara um crime. Tinha demorado apenas uma noite desde que ela saíra do hotel para que isso acontecesse. E se ela morresse? –Esse carro é seu?

Miranda ficou tensa. O carro não era dela, era de Max. Mas ela estava com a chave dele na mão, atrás das costas. Apertou a chave com força, até sentir a palma da mão arder, formando sulcos. –Não.

Max ouviu o grito de Miranda do lado de dentro. Estava passando pelo último sofá em direção a porta quando ouviu um grito agudo e desesperado, que durou pouco. Ele largou Thomas no sofá, perto de um casal que se beijava, e saiu correndo pela porta. Viu Miranda de costas para ele e um homem com um boné apontando uma faca para ela, perto de seu pescoço. Max não pensou duas vezes antes de correr rapidamente para os dois. O outro homem viu Max se aproximando e xingou, tentando pegar Miranda para impedir que o garoto chegasse mais perto. Max era duas vezes mais largo que aquele homem, e mais ágil também. Ele entrou na frente de Miranda, impedindo o atacante de agarrá-la pelo pescoço. Com um tapa, atirou a faca da mão do homem em direção ao gramado perto do carro. O homem olhou para a faca, e Max aproveitou o momento de distração para desferir um soco no meio do rosto dele. O nariz do outro fez um barulho feio e começou a esguichar sangue com o impacto. Ele começou a gritar, e Max deu um murro na barriga dele, fazendo com que ele se curvasse para frente. Max o empurrou no chão, deixando o homem gemendo de dor e segurando o nariz quebrado. Miranda deu mais um gritinho e se afastou dos dois. Max olhou para ela.

—Fique aqui. Não saia. –Ele disse com firmeza e andou com passos rápidos em direção a festa. Algumas pessoas ouviram o barulho da briga e começaram a se amontoar na entrada para ver o que estava acontecendo. Elas abriram espaço para Max entrar, cochichando. Max viu que Thomas estava sentado, mais lúcido dessa vez. Ele ergueu Thomas do sofá e o ajudou andar para o lado de fora. Vanessa estava andando de um lado para o outro, perguntando para todos se alguém tinha visto o que tinha acontecido. –Aquele cara tentou atacar minha garota. Chame a polícia. Estou vazando.

Ele deixou Vanessa o olhando boquiaberta e foi até Miranda, que a essa altura, tinha se afastado mais do atacante, que continuava no chão, e estava sentada em posição fetal na grama, choramingando. Max abriu a parte de trás do carro, colocou Thomas deitado no banco e foi até Miranda.

—Max... –Ela murmurou. Max ajudou Miranda a se levantar e abriu a porta do passageiro para ela entrar. Max ligou o carro e saiu de lá depressa, antes que ele resolvesse passar com o carro em cima do sujeito que jazia no chão. Os dois ficaram em silêncio por um instante.

—Você está bem? –Ele perguntou enfim.

—Sim. –Ela disse baixinho, segurando uma mão na outra para impedir que elas tremessem.

—Mentirosa. –Max disse, pegando uma das mãos dela. –Está tremendo de medo.

Miranda fungou. Ela não chorava mais. –Fiquei assustada.

—Eu sei. –Ele disse, acariciando a mão dela com o polegar. –Mas você se saiu bem.

—Eu não fiz nada. Só gritei e você meio de ajudar.

—Bem, você gritou. –Ele disse, sorrindo. Max não parecia nada assustado. Mal parecia que tinha acabado de dar uma surra em um ladrão e salvado uma garota.

—Você foi tão maneiro fazendo aquilo. –Miranda disse, esquecendo o próprio medo por um segundo para olhar Max com admiração.

—Só dei dois socos nele. –Max falou, dando de ombros. –Não foi nada demais.

—Foi sim! Sou muito grata.

—Não seja. Eu que fiz você ir até lá sozinha. –Max disse, mantendo os olhos fixos na rua à sua frente, apesar de querer muito olhar para Miranda.

—Você está bem? Está machucado? –Miranda perguntou, examinando-o.

—Estou bem.

Miranda arquejou quando viu que os dedos que Max mantinha no volante estavam sujos de sangue. –Seus dedos.

Max olhou para a própria mão e fez uma careta. –É sangue do cara. Não se preocupe.

—Tem certeza? Não está doendo? –Ele acariciou os dedos de Max por um segundo.

—Não. Mas pode continuar fazendo isso. –Ele disse e Miranda corou mais uma vez, soltando os dedos de Max. Ele vinha feito ela corar a noite inteira falando essas coisas. Mas, no fundo, gostava quando ele as dizia.

—Chegamos. –Max disse, parando em frente à casa de Thomas, que estava completamente escura. Laís, a mãe de Thomas, já devia estar dormindo. Max saiu do carro e Miranda o imitou. Ele abriu a porta de trás e tirou Thomas, que estava desacordado. Colocou-o sobre o ombro e pediu para Miranda abrir a porta da casa. Ela colocou os dedos no bolso de trás da calça de Thomas e abriu a porta rapidamente. Os dois entraram silenciosamente e Max seguiu Miranda até o quarto de Thomas. Ela acendeu a luz e arrumou a cama para o amigo. Max o deitou lá e olhou ao redor. Era um quarto pequeno, simples, e uma mala preta estava parada ao lado do armário de madeira.

—Onde você vai dormir? –Max perguntou para Miranda, que cobria Thomas com um lençol até a cintura.

—No sofá. –Ela respondeu e Max franziu a testa. –Bem, originalmente eu dormiria na cama e Thomas no sofá, mas hoje eu deixarei ele ficar com a cama.

—Bondosa. –Max comentou e Miranda riu. Ela foi até Max e pegou a mão dele.

—Não quer lavá-la? –Perguntou, indicando o banheiro do quarto de Thomas. Max acenou com a cabeça e os dois entraram juntos. Ela ligou a torneira e colocou a mão de Max dentro da pia, passando sabonete nos dedos dele e vendo a espuma descer rosa pelo ralo. Max não tirou os olhos dela. –Pronto. –Ela disse, secando a mão de Max em uma toalha azul.

—Obrigado. –Ele disse. Miranda sorriu e saiu do banheiro. Ele a seguiu para fora. –Eu venho te pegar amanhã, então.

Miranda não queria se despedir. Queria pedir para que Max ficasse, mesmo que aquilo não fizesse sentido algum. Ela acabara de conhecê-lo, mas ela sentia uma energia toda vez que o tocava, e ele a havia salvado de ser esfaqueada! Somente o pensamento de Max indo embora e a deixando sozinha, na sala escura, fez com que ela estremecesse de medo. Ela agarrou o braço grosso dele.

—O que foi? –Ele perguntou levantando uma sobrancelha. –Está com medo? –Perguntou suavemente. Miranda apertou o braço dele como resposta. –Não se preocupe. Ninguém vai entrar aqui. Tranque bem as portas e certifique de que as janelas estão fechadas.

Miranda sabia daquilo tudo. Mas ela não conseguia mais se imaginar completamente segura sem Max ao seu lado. O que era idiotice, mas não conseguia conter esse pensamento. –Certo. –Disse baixinho em resposta quando eles chegaram na porta.

Max olhou para o braço que Miranda ainda segurava com força e puxou-a para um abraço firme. Quando a soltou, Miranda estava vermelha, e o coração dele batia descompassado. Que estupidez. Ele nunca tinha se sentido assim em relação a uma garota. Estava sendo infantil. Por que o coração dele batia tão rápido apenas com um abraço rápido daquele? Ele suspirou e se despediu. –Até amanhã.

Saiu pela porta e a fechou. Miranda olhou para os próprios braços, onde há pouco tinha sentido o calor indescritível do corpo de Max. Ela conhecia aquela sensação, mesmo sendo a primeira vez que ela a sentia. Estava apaixonada. Soube no momento em que viu Max, parado de maneira casual e parecendo entediado na festa. Apaixonou-se pela aparência dele, pela voz grossa e pelo sorriso. Queria dormir para encontrá-lo rapidamente no dia seguinte, mas a ideia de passar a noite sozinha, com frio naquele sofá, era amedrontadora.

Max chegou no carro e se apoiou, olhando de volta para a casa de Thomas. A cabeça dele doía e seus dedos tremiam de leve, como se todos os músculos do corpo dele implorassem para ele voltar. Ele imaginava Miranda choramingando baixinho no sofá, com o rosto escondido entre os joelhos, e ele não conseguiu evitar. Andou a passos largos de volta para a entrada e abiu a porta com força, para encontrar Miranda ainda parada de frente para a porta, como se estivesse com medo de se movimentar. Ela olhou espantada para Max.

—Max? O que foi? –Perguntou, surpresa.

Ele fechou os olhos por um instante. Não sabia o que estava fazendo. Ele sabia que aquilo iria dar errado, que era uma burrada, que ele mal conhecia aquela garota. Mas não conseguiu impedir as palavras de saírem. –Quer ir para a minha casa?


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