He's a god and my best friend escrita por sawada san


Capítulo 2
II - Ei! Não aceito poligamia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, como estão? Mais um capítulo para vocês se divertirem, espero que gostem.

Boa leitura!



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O meu concerto de Chopin está com a leitura básica terminada há umas três semanas. Estou aperfeiçoando o andamento, pedal e dinâmica há uma semana. E no momento estou começando a ficar desesperada, quando eu terminar vou estudar o que? E como saber se a música realmente está pronta? Tudo isso porque ainda não consegui um professor decente! Mas todo esse desespero está controladamente escondido, já que a Belle e o Dan estão aqui comigo.

"Meu, quando a Belle disse que você tocava, eu não imaginava que você arrebentava no piano!" Dan elogiou minha performance.

"É, só falta ela acreditar nisso," Belle criticou minha falta de credibilidade.

Revirei os olhos e suspirei. Estou aqui há um mês e já tivemos algumas conversas sobre isso. Como se já não bastasse meus pais e antigos amigos discordando da minha opinião.

"Vocês não entendem. Não é que eu não toque bem, eu toco, mas não o suficiente para a Juilliard!" Me defendi.

Belle só negou com a cabeça. Então voltamos a estudar, tínhamos um trabalho para entregar no próximo dia, alugamos alguns livros na biblioteca e fomos para a sala do piano. Era mais sossegado e só assim para o Dan se concentrar, já que não tinham outras meninas ali além de nós duas.

O Dan é um garoto legal, está no último ano do ensino médio, assim como nós duas. Ele é magro, moreno e sempre usa seu cabelo escuro em um topete, desconfio que ele leva mais tempo que eu arrumando o cabelo. Descobri que ele e a Belle tiveram um rápido romance no primeiro ano, mas depois isso evoluiu para amizade e desde então não se desgrudaram mais. É bem fácil saber onde o Dan está, pois se tiver um amontoado de meninas, com certeza ele estará no centro. Daniel não é exatamente um Deus grego, mas tem seu charme e é bom de conversa.

Quem nos aproximou foi a Belle, pessoa que eu já não tive muita escolha além de virar amiga. Dividimos o mesmo quarto no residencial e desde que cheguei ela foi super legal. Me ensinou qual o melhor chuveiro a usar, como cada professor é, apresentou os grupos do colégio e se mostrou uma ótima amiga. Ela é divertida, escandalosa, estudiosa e muito bonita. A última característica explica porque ela está sempre rodeada de meninos, mas ao contrário do Dan que nem todas querem estar com ele, ele só paquera demais, todos os meninos querem estar com a Belle. Ela é praticamente a menina perfeita: entende de moda e maquiagem, estudiosa, amiga tanto dos alunos quanto professores, pele sem manchas ou espinhas e melhor de tudo, não ronca.

Pela descrição dos dois, é notável que fiz amizade com dois popularzinhos do ensino médio. Mas eles não estão nem no time de basquete nem são líderes de torcida, não possuem coordenação motora para atletismo.

Terminamos o trabalho em uma hora, mas conversamos durante umas duas horas. Quando Dan olhou o relógio ele deu um pulo e começou a juntar suas coisas.

"Meninas o papo está ótimo, mas preciso ir pra academia. Afinal, tudo isso" ele apontava para o próprio corpo, "precisa de cuidado."

Belle também juntou suas coisas, mas não conseguiu segurar sua língua.

"Não entendo como as meninas ficam com você, só tem osso! Que graça tem não ter bunda pra apertar?" Ela gesticulava em direção do nosso amigo magricela.

Ri dos dois enquanto guardava meu material.

"Não cuspa no prato que comeu", disse para Belle. Ela fez uma careta e me mostrou a língua.

Nos despedimos e eles saíram. Eu continuaria na sala, agora para estudar meu instrumento. Ajeitei-me no banco e retomei o concerto, mais alguns dias e ele estaria pronto para um recital.

 

Há uma grande possibilidade de eu ter me subestimado e perdido a hora. A peça está pronta, mas também estou aqui há algum tempo. Uma última tocada e então irei para o refeitório, do contrário vão achar que morri aqui.

Ao terminar a peça, escuto um barulho vindo da porta. Sabendo que o jantar já começou e que possuo uma amiga esfomeada, não me preocupo em olhar para saber quem é.

"Calma, calma" começo minha defesa antes do xilique dela, "você não vai morrer de fome, só vou juntar minhas coisas dai vamos comer."

"Prefiro que você continue onde está."

No susto me levanto rapidamente do banco. A voz que respondeu não era da Belle, era de um homem. Encaro a porta e vejo uma figura de braços cruzados encostada na porta. Alguém que eu não via há quase um mês.

Ao perceber minha surpresa e falta de palavras ele continua.

"Eu não poderia me importar menos com um humano, mas você teve a ousadia de me contrariar e isso não é algo que eu releve" enquanto o moço falava ele ia se aproximando, e eu me afastando.

"Olha, é a segunda vez que nos encontramos então não tenho a mínima ideia do que você está falando," me defendi.

Ele estava começando a ficar próximo demais para um estranho, e isso estava realmente me incomodando.

Passos apressados ecoaram, vindos do corredor provavelmente. Em minha mente eu estava quase rezando para que alguém realmente aparecesse ali.

"Ei! Não sei o que está acontecendo aqui, mas não aceito poligamia." Uma voz feminina surgiu do nada, fazendo com que o cara parasse, para o meu alívio.

Na verdade, a expressão do moço mudou drasticamente. Há alguns segundos ele estava ameaçador e agora estava revirando os olhos. A moça entrou no meu campo de visão e reconheci a suposta monitora que nunca era vista no trabalho.

"Rebecca!" O moço cumprimentou a moça com um sorriso e um tom de voz extremamente falsos. "Senti tanto sua falta, mas no momento estou ocupado, então se me der licença," ele voltou sua atenção para mim.

Novamente, para o meu alívio, Rebecca se posicionou entre o suposto namorado dela e eu. Mas ao invés de diminuir a tensão que repentinamente havia se formado, ela só aumentou quando apontou uma arma para o moço. Um sorriso se formou no rosto do alvo e ele deu um passo para trás, erguendo as mãos como em rendição.

"Nosso combinado é bem claro, suas interações devem ser restritas a mim, deixando os alunos fora disso."

No momento, ela acabou de redefinir o termo de namorada ciumenta. Uma arma é algo demasiadamente exagerado. E ainda não entendo porque o moço continua a sorrir.

"Por mais que sua companhia não seja de todo desprezível, me canso de coisas conseguidas facilmente," ele deu um passo à frente, "e para seu próprio bem, espero que a arma tenha algum efeito."

Terminado a frase ela apertou o gatilho. Ao contrário do que eu pensava, era uma arma de choque, que aparentemente não foi de grande ajuda. O moço fez uma leve careta, mas logo soltou um risinho. Rebecca resmungou um palavrão e avançou no moço. Aparentemente sua intenção era dar um soco no rosto dele, mas não deu certo. Usando apenas um braço ele desviou o soco dela batendo em seu antebraço, torceu-o e a prensou de frente contra a mesa, deixando-a de costas para ele. O moço se inclinou sobre Rebecca e com um tom divertido, porém ameaçador disse:

"Em circunstâncias diferentes nos divertiríamos muito nessa posição, mas você gosta de dificultar as coisas," com sua mão livre ele pegou a arma e disparou nela, "uma pena."

Eu estava paralisada e desacreditada. A cena que acabou de acontecer não é normal. Uma namorada ciumenta, um pervertido, uma arma e agora realmente tem alguém desacordado. Para o meu azar o pervertido meio psicopata não está desmaiado, está voltando sua atenção para mim.

"Então, onde paramos?"

Antes de eu sequer pensar em alguma reação, uma pessoa surgiu meio ofegante na porta, um monitor. Ele analisou a sala por alguns segundos até pousar seu olhar em mim.

"Menina, tem alguém aqui com você?"

A pergunta do moço foi a gota d'água para me desestabilizar, por sorte tinha uma parede atrás de mim, pois do contrário eu já estaria no chão. Eu estava olhando para o casal na minha frente, e o namorado-pervertido estava alternando o olhar entre o nosso visitante e a minha pessoa. Então como é possível o monitor estar me enxergando apenas?

Tentei articular alguma frase, mas minha boca não estava obedecendo meu cérebro. Para ignorar o olhar psicopata do namorado, fechei meus olhos e comecei a inspirar e expirar lentamente. Minhas mãos começaram a dedilhar o concerto em minha perna, um bom sinal.

"Moça, você está bem? Tá meio pálida..." O monitor demonstrou preocupação e então o encarei de volta.

"Concerto estressante," respondi com um sorriso amarelo, apontei o piano com a cabeça "você me atrapalhou."

Ele pareceu ficar sem graça com a minha resposta, pediu desculpas e foi embora, mas não sem antes observar atentamente a sala novamente. Segundos depois de sua saída ainda estávamos em silêncio. Sentei no banquinho do piano e coloquei minhas mãos sobre o teclado, elas estavam tremendo. Escutei o moço se movimentar atrás de mim, relutante me virei para encara-lo, aquilo tinha que ser real, mas não podia ser possível.

A monitora estava agora deitada no chão. O moço se encontrava apoiado na mesa e aparentemente me analisando. A arma estava no chão, longe do alcance dele. Percebendo onde meu olhar estava ele se pronunciou.

"Eu realmente gosto de ver expressões de medo direcionados a mim, mas não vou te machucar. Já tive minha diversão por hoje."

"Não estou com medo." As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse raciocinar, sendo mentira ou não continuei, "quer dizer, ainda não tive tempo para processar o que aconteceu, estou assustada."

Ele cruzou os braços e semicerrou os olhos para mim. Sem muitas opções, voltei meu corpo para o piano e baixei minhas mãos nas três teclas sol's, central e as duas oitavas abaixo. Dando início a Sonata K. 312, Mozart. Essa música é rápida, misturando os trinados, junto das colcheias e tercinas, mais o poli ritmo, é uma confusão, porém tem um belo resultado. Também reflete um pouco as cenas que presenciei, não sobra muito tempo para pensar, é necessário sentir e seguir seus instintos.

Terminada a peça, percebo que minhas mãos não estão mais tremendo. Solto o ar que estava prendendo e descanso minha cabeça no instrumento. Escuto palmas pausadas, que logo cessam.

"Você vai ignorar o que contemplou com música? Devo admitir que mesmo para mim isso é novidade"

Desencostei-me do piano, levantei e parei na frente do moço. Ele parece ser uma pessoa normal, mas não parece ser alguém que deveria estar num colégio de ensino médio. Ele está mais para empresário importante, com ar de superioridade e também mortal. Só que a última característica não se encaixa no quadro de pessoas comuns.

"Você é um super-herói ou um vilão?" A pergunta foi mais para mim do que para ele, mas o deixou surpreso. Alguém anormal na sociedade, hoje em dia, tem que ser um dos dois. Ou louco, sempre temos essa opção.

Parecendo meio atordoado com minha pergunta, ele se pôs de pé, o que fez com que eu desse uns passos para trás. Um resmungo chamou nossa atenção para o chão, Rebecca estava recobrando a consciência.

"Se não quiser perder o jantar, melhor se apressar" o moço sugeriu enquanto saía da sala.

Parada no meio da sala, eu tentava entender o que havia acontecido, de novo. A monitora resmungou um pouco mais alto e se levantou, apoiando-se na mesa.

"O que disse?" Perguntei para ela.

"Onde ele está?" Sua voz ficou um pouco mais clara.

Olhei para a porta e então para ela, só poderia ser de uma pessoa que ela estava perguntando.

"Seu namorado? Ele acabou de sair, pareceu que ia pra janta."

Rebecca guardou a arma e olhou para mim. Ela estava rindo, mas seu olhar estava sério.

"Não é meu namorado. É só um bastardo que de vez em nunca aparece por aqui." Ela saiu da sala e eu a segui.

Caminhamos até o refeitório sem dizer uma palavra. Durante todo o percurso pensei em qual seria a melhor maneira de abordar o que tinha acontecido no piano. Para a minha alegria, ela falou primeiro.

"Olha, estou impressionada com sua calma e seu silêncio" sua voz estava baixa, cuidadosa, "e você me quebraria o maior galho se não contasse para ninguém o que aconteceu."

Seu pedido me surpreendeu. Ela havia sido atacada, isso não era meio que um relacionamento abusivo? Mesmo ela negando o namoro, pode ser um amante, sei lá. Se bem que foi ela quem teve um ataque de ciúmes, então não sei direito quem está certo ou errado nessa história.

"Eu não deveria sacar uma arma na frente de um aluno, muito menos usar em alguém na frente de vocês. Então se essa história vazar eu tô perdida" ela se explicou.

"Mas e o cara?" Finalmente perguntei, ele era o mais estranho de tudo isso.

"O Loki? Teoricamente ele é inofensivo, qualquer besteira o irmão dele aparece por aqui. Só entrei em pânico, sou nova ainda nessas coisas." Ela falou sorrindo e apontando para a arma escondida.

Rebecca se despediu e entrou no refeitório. Lá dentro sentei com meus amigos, que estavam impressionados por eu ter aparecido, já que diziam jurar que naquela noite eu passaria fome. Eles conversavam sobre alguma nova fofoca, uma menina havia supostamente traído o cara com quem estava saindo com o ex-namorado, típico do ensino médio.

"Vocês conhecem algum Loki?" Atrapalhei o assunto deles, mas esse nome não me era estranho.

Tanto Dan quanto Belle me lançaram um olhar questionador, eu estava mudando drasticamente de assunto, mas não deveria ser uma surpresa para eles.

"É um deus aí, da mitologia nórdica, por quê?" Dan respondeu minha pergunta.

Fiz um gesto com a mão significando para eles deixarem para lá. Eu deveria esquecer o que havia acontecido hoje, mas foi meio traumatizante para ser esquecido tão rápido.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo



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