Lawrence's - O Acampamento Maldito escrita por Rich Kevin


Capítulo 6
Capítulo 03: O Fiscal




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/747390/chapter/6

~~~

Clayton cortava a extensa e pacata rodovia numa velocidade absurdamente alta em sua moto. Fazia as curvas extremamente fechadas que apareciam em seu caminho quase se arrastando no chão. Ansiava em encontrar logo alguma casa ou outro ponto comercial onde poderia pedir por novas pistas do paradeiro da namorada.

Mil e uma coisas lhe enchiam a cabeça, desde seus primeiros momentos com Will até possíveis situações em que ela poderia estar se encontrando, que o faziam ter fortes calafrios. Encontrava-se mediante a tantas preocupações que o moreno nem notou a velha indicação limite de velocidade na beira da estrada, por qual passou zunindo como um raio. 
"MAXIMO PERMITIDO: 100 KM/H".

***

Taryk mantinha-se agachado sobre as folhas secas das árvores mais próximas a rodovia, porém sua atenção centrava-se numa grande armadilha para urso quase que escondida sob as mesmas folhas secas. Passava um dos dedos pela extensão de metal da afiada boca de lobo enferrujada com apreensão, não fazia ideia de quem colocara tal monstruosidade ali, mas aquela mata se enquadrava num artigo de proteção anti-caça cujo dezenas de avisos espalhados pela rodovia tentavam deixar a todos os caçadores desavisados a par das multas gordas que podiam receber caso fossem pegos caçando por ali.

O que mais lhe causava torpor fora o fato de que quase prendeu seu pé ali, não fosse ter visto de relance uma das lâminas desta acima do nível das folhas enquanto inspecionava os animais presentes no habitat. Outra coisa que alfinetava sua cabeça era o fato de o número de seres vivos naquela mata ter reduzido de forma tão drástica com o decorrer do ano. Sempre estava de olho nos turistas que por ali transitavam e raramente achava um com aparência de caçador. O que poderia estar havendo aos animais dali, se não fossem as mãos de caçadores?

Com a ajuda de um pequeno galho próximo, o ambientalista magro e alto desarmou a armadilha, que deu uma brusca fechada no galho e o partiu em migalhas, e se colocou de pé. Seus planos a seguir seriam seguir pelo interior da floresta na busca de mais armadilhas para desarmar e, principalmente, na caça de quem estivesse pondo-as lá. Todavia, o cantar-pneus de uma moto que passou demasiadamente apressada pela rodovia fora da mata o deu novos objetivos.

— Esses loucos! — esbravejou, correndo até sua moto policial disfarçada atrás de alguns arbustos e montando sobre ela. — Causam um acidente, morrem e ainda querem levar companhia com eles!

Taryk cobriu seus cabelos encaracolados e seus olhos verde claros com o capacete, ligou o veículo, colocou a sirene para soar e entrou na rodovia ao encalço do motoqueiro.

O outro era rápido, ele reconhecia. Mas para impedir um meliante de fugir, ele era mais. Colocou 300 km/h com facilidade na reta que teve pela frente e conseguiu, em questão de minutos, acompanhar o forasteiro desavisado. Com um misto de buzinadas e o alarme da sirene, finalmente fez com que o outro tomasse nota de sua posição e esperou-o aumentar a velocidade para tentar fugir. Isso não aconteceu. Ao tomar conhecimento do fiscal em sua perseguição, o motoqueiro começou a reduzir sua velocidade e guiar-se para a faixa de acostamento.

Em poucos segundos, lá estacionava Taryk lateralmente ao sujeito parado sobre a moto. Ao ver o ambientalista chegando, este retirou seu capacete e saltou do veículo. Era Clayton.

— Posso ajudar? — o moreno perguntou curioso, acompanhando o fiscal descendo de sua moto e retirando seu visor.

— Claro que pode. Comece prestando mais atenção no limite de velocidade para essa rodovia exposto em várias placas ao longo do caminho. — disse, autoritário. 
De um de seus bolsos, Tarik retirou um bloco de notas e uma caneta e foi para próximo de Clayton, que não tinha dúvidas quanto a previsível multa que ganharia. — Documentos.

— Só um instante.

Junto dos papéis com suas informações pessoais que entregou ao tira, saira também a foto de Will. O fiscal a abriu com desinteresse e observou a imagem da atraente moça loira. Seus olhos se arregalaram instantaneamente enquanto Clayton se pôs a explicar o motivo de sua distração.

— Olha, desculpa, eu realmente sei que fiz errado em estar acima da velocidade aqui. Pode me multar. - comentou. O ambientalista então voltou sua atenção a ele. — Acontece que esta da foto é a minha namorada e ela está desaparecida há dois meses, e eu não estou mais sabendo o que fazer!

— Desaparecida? — Tarik repetiu pausadamente, desentendido. O outro rapaz afirmou com um acenar. 
— Por acaso a viu por aqui? — Ele perguntou, sem muita esperança. O jovem fiscal, porém, o surpreendeu com um gesto de positivo.
— Sim, sim! Me lembro bem de vê-la as margens desta rodovia, há alguns meses.

Clayton quase teve um ataque cardíaco com o choque da notícia, que o abalou por inteiro. Descontrolado, ele agarrou os ombros do policial, implorando por alguma informação de seu paradeiro.

— Ei, se afaste. — Taryk o pôs de volta em seu lugar. 
— Me... Me desculpa. — Clayton afastou os braços. — Mas estou buscando por ela como um louco, todos na família dela estão preocupados e eu estou a ponto de perder as esperanças... Se souber qualquer coisa a seu respeito, por favor, me fale! 
— Tudo bem. — ele suspirou. — A vi por pouco tempo, mas tenho certeza se tratar dela. Eu estava alguns quilômetros a frente, verificando uma parte da mata sob meu comando, quando a vi saltar de um ônibus intermunicipal e se colocar no aguardo de alguma carona pra esta direção.
— E? — o moço queria mais.
— Depois de alguns minutos vendo-a ficar esperando, pensei em interromper meu trabalho e oferecê-la carona até Lake Ville, no entanto, quando pretendia me retirar da mata apareceu um velho caminhão de madeira e ela se foi junto dele.
— A Will? Num caminhão de lenha? — Clayton se questionou, confuso.
— Ela aparentava estar ansiosa pra chegar na cidade, ou encontrar alguém. Deve ser por isso que nem pensou duas vezes antes de aceitar a carona. — e Taryk entregou de volta os documentos do moreno de volta para ele. Ainda com tamanha descoberta que o deixava tenso, tirou um tempo para checar pela possível multa. — Não te multei. Já passei por isso quando minha irmã fugiu de casa e sei como é.
— Tudo bem, obrigado. — o outro arfava, atônito, enquanto recolocava os papéis no bolso. — Pode me dizer se sabe pra onde ela foi após isso, ou se a viu novamente?
— Sinto muito, depois desse dia sai de férias e só retornei pra cá há cinco dias. — o ambientalista então se pôs a pensar. — Mas olha, talvez encontre novas informações dela nos Lawrence's. É um acampamento aqui perto, a entrada fica a dois quilômetros.
— Tá legal, muito obrigado, amigo! — Clayton apertou fortemente em seus ombros, exibindo um sorriso de gratidão que não enfeitava seu rosto há muito tempo. Voltou para a sua moto e recolocou seu capacete sem perda de tempo.
— Só tome mais cuidado! — Taryk advertiu-o. — Sei que está preocupado com sua namorada, só que não esqueça que também deve se preocupar com as outras pessoas que trafegam pela rodovia. Nada de correrias tão excessivas, hein! 
E o moreno concedeu. Então, o fiscal logo o viu ligar sua moto e partir dali.
— E boa sorte! Espero que a encontre bem! — desejou, e recebeu um buzinar em sinal de agradecimento.

Eis que o pálido, sem mais nada a fazer ali, também retornou ao seu veículo e voltou ao trabalho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

"Taryk Vandalls" - Michael Landes



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lawrence's - O Acampamento Maldito" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.