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— Clay, é a Will. Se já estiver em Lake Ville, desculpa, mas terá que esperar um pouco mais! Eu já desci do ônibus no trecho pra Outland, só que ainda não achei carona pra aí. Assim que receber a mensagem, me liga. Beijo!

E Will deu fim à ligação para o namorado, fechando o telefone celular e guardando-o de volta no bolso de sua calça. Só então parou de andar em zig-e-zag pela estrada rural por onde se encontrava e fitou o fim da pista de ambos os lados, não vendo nenhum sinal de qualquer veiculo vindo para ali. Bufou.

Se soubesse que para passar um final de semana com seus pais em sua cidade natal lhe causaria tanto cansaço, teria ela pedido que os velhos fossem para sua casa.

Cruzando os braços, a jovem pálida assoprou os cabelos louros levemente bagunçados de sua franja da frente de seus olhos esverdeados e pôs-se a ficar batendo com a ponta dos pés no asfalto, impaciente.

Naquela mesma posição ficou por mais alguns minutos, até que se cansou de ficar em pé e começou a buscar algo que pudesse servi-la de banco. Olhando para os lados, leu com os olhos uma placa na beira da estrada: "Acampamento Lawrence > 4 km".

Por um curto momento até passou por sua cabeça a ideia de ir caminhando até o suposto acampamento e, lá, pedir carona a alguém para que a levasse até a cidade mais próxima, onde o namorado a aguardava morto de saudades. No entanto, logo tirou isso de mente quando reconheceu o quão trabalhoso seria andar pelos próximos 4 quilômetros sob um sol de derreter.

Pegando-a de supetão, Will escutou o ruído de um carro cuja lataria caia aos pedaços vindo de algum lugar próximo. Fitou a estrada a seu encalço e viu, de bem distante, um velho caminhão de lenha seguindo para aonde ela estava. Alargou um sorriso amarelo ao se dar conta de que ele rumava exatamente para onde ela queria.

Sem perda de tempo e mesmo com o veículo ainda distante, a garota começou a gesticular animada para que o motorista a visse ali e parasse para ajudá-la. Pouco menos de um minuto depois, isso aconteceu.

O gruido irritante causado pelo próprio caminhão ao parar mediante a moça foi um pouco incomodativo. Conforme a demora pro motorista dar algum sinal de vida, a pálida sentiu uma leve tensão se instaurando nela e, quando finalmente a porta do carona foi aberta e ela teve uma ampla visão do homem bem mais velho sentado no banco do motorista, fumando um cigarro e a encarando, sentiu-se mais calma. Ou nem tanto.

— O que vai ser, boneca? — ouviu o estranho com uma barba negra excessivamente mal cuidada no rosto para com ela enquanto exibia um sorriso amedrontador e pensou seriamente em desistir da carona e deixar com que ele continuasse sua viagem sozinho.

Antes de responder, Will voltou brevemente o olhar para a estrada atrás dela e percebeu que não tinha sequer um sinal de que algum outro veículo cruzaria a região naquele instante. Aflita para sair rápido dali e reencontrar logo o namorado, fitou o homem cujos olhos pretos eram tão profundos que mais pareciam um buraco negro e tentou parecer simpática.

— Poderia me dar carona até Lake Ville?

E o estranho retirou o cigarro da boca e assoprou a fumaça, antes de novamente lhe sorrir com seus dentes encardidos e responder bastante animado:

— Pode entrar, boneca!

E ela embarcou no velho caminhão. Assim que fechou sua porta, isso, é claro, após algumas tentativas nas quais falhou miseravelmente, Will finalmente viu o estranho dando partida no carro e seguindo caminho.

Enfim pôde suspirar aliviada. Já podia sentir o reconfortante e saudoso abraço de Clayton que teria quando saltasse daquele caminhão logo em sua frente, e riria da cara de incrédulo dele referente a ela ter tido coragem de pegar carona num veículo como aquele.

A visita aos pais tinha sido ótima, mas melhor ainda era voltar para o seu lar e para perto do namorado. Um sonho que para Will já estava bem mais distante do que os vários quilômetros seguintes que se passavam dentro da fechada mata local. Um sonho que se tornou impossível para ela no momento em que resolveu entrar naquele velho caminhão.