Yume escrita por Zatanna


Capítulo 1
Prelúdio


Notas iniciais do capítulo

Essa narrativa serve para os desolados e esperançosos por mais de Death Parade e do casal célebre. Como eu.



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Você está feliz por ter vivido?

 

A resposta estava presa na ponta da língua, no entanto, demorou a entender o que precisava dizer; não para ele, mas para si mesma. Chiyuki se surpreendia com pequenos detalhes que, anteriormente, jamais perceberia em seu acompanhante de ínfimos três meses. Foi o que ele havia dito. Três meses.

Na imensidão da imortalidade de um boneco, aquilo talvez não fosse nada, fosse menos que meros segundos. Contudo, alguns segundos que, com o sorriso certo, poderiam ser tudo.

Absolutamente tudo.

Foi exatamente isso que ela sentiu ao ver o mísero e significante sorriso de Decim, ao partir. Ao partir para sempre, embora fizessem uma despedida tão trivial quanto um até outra hora.

Se ela o visse mais uma vez, o que seria uma sorte ao levar em consideração a existência de tantos outros juízes, tantas outras sociedades e possibilidades de nascença, seria uma grande sorte; como os jogos de cartas, as rodadas de sinuca e as bebidas que Decim preparava.

Chiyuki percebeu que não estava pronta para deixá-lo. Para partir. Mas não tinha mais volta, as portas já se fechavam e o que ela poderia lhe dar era um sorriso, o melhor que conseguisse.

As portas estavam completamente cerradas. Ela jamais voltaria ao Quindecim. Seus pés fraquejaram em seus saltos altos, suas pernas bambearam ao ponto de sentir o desequilíbrio alcançar sua alma. O elevador ainda não tinha se movido, porém todo seu corpo respondia ao tremor que percorria seu coração.

A moça de cabelos negros e uma mecha branca caiu no chão, tremendo tanto quanto, momentos antes, fizera ao rogar para que ele apertasse o botão – o maldito botão que a faria voltar para sua antiga vida em troca da vida de alguém qualquer. Talvez estivesse sensível, sensibilizada, apaixonada.  

Isso era um amor impossível. Um amor que não queria esquecer, mas precisava. Os sentidos e sentimentos que percorrem um ser humano durante a vida, a morte e seu estágio intermediário não seriam tão claros para qualquer outra pessoa, a não ser alguém que se apaixonou pela pessoa errada.

 No mero segundo que percebeu seus sentimentos, o elevador se moveu. Chiyuki não conseguia definir para onde, embora imaginasse o veredito de Decim após tudo que aconteceu. Cerrou seus olhos cor de violeta, esperando o que iria ocorrer, contudo, nada seria igual o que lhe esperava a seguir.

— Olá, senhorita-trunfo — murmurou a voz masculina, chamando a atenção da moça. — Seja bem-vinda ao último andar de nossa adorável torre!

Chiyuki, ainda caída no chão com seus joelhos dobrados, levantou a face à direção da voz, surpreendendo-se com o que havia encontrado. O rosto masculino e idoso demorou a tomar forma por conta das lágrimas, que ainda secavam por conta do susto. Ele sorria amigável, mas algo fez com que a jovem o encarasse com suspeita, ao desembaçar sua vista, pois os olhos eram distintos dos de Decim, de Nona ou dela própria, tinham uma íris completamente esverdeada e, para sua surpresa, as pupilas eram um risco verde extremamente claro.

Ela não sabia como era a morte, porém parecia pior estar ali.

— Você por acaso saberia jogar sinuca?


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