Uma Chance para Reconciliação escrita por cellisia


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Helloooo ~
Feliz ano novo, pessoal ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746982/chapter/7

Quando amanheceu, Sakura fora a primeira a acordar. Olhou o relógio próximo à cama: 10h20.

Uau, havia passado de 09h00 e Sasuke ainda não havia acordado. Mas quem poderia culpá-lo, afinal? Ele passara a noite em claro por ela.

Virou então de lado, ficando cara a cara com ele, observando-o dormir. Ele tinha o semblante tão tranquilo, parecia estar em um sonho tão bom...

Vagarosamente, e um pouco relutante, ergueu uma mão acariciando-lhe o rosto suavemente, fazendo o contorno de suas sobrancelhas, o nariz e por fim a boca. Ah, aquela boca. Como ela sentia falta de poder beijá-la. Sasuke tinha os lábios tão macios e sempre a beijava de modo tão gentil...

Sendo franca, Sakura sentia falta dele mesmo que não quisesse admitir. Sasuke fora o único homem que tivera sua vida inteira, e então de repente ele não estava mais lá. É claro que ela iria sentir falta.

Sempre foram amigos, desde pequenos. Conheceram-se certo dia quando as mães deles, por coincidência do destino, decidiram levá-los ao mesmo parquinho. A partir daí, sempre brincavam juntos quando se encontravam.

Alguns anos mais tarde, por outra coincidência do destino, ingressaram na mesma escola. Sasuke, no entanto era de uma classe mais avançada. Ele era um gênio, então os professores não viam porque não passá-lo adiante. O Uchiha tinha sua própria turma, por isso não tinha muito tempo para brincar com ela, o que fazia com que só se vissem aos finais de semana.

Com dezesseis anos ingressaram no colegial. As coisas eram diferentes agora. Cada um com sua vida e seus próprios interesses distintos. E, por sempre estar à frente dela, eles não tinham muito tempo para conversarem. Apesar disso, sempre lembravam um do outro com carinho, sempre vigiando-se mutuamente.

Quando Sakura ganhou o primeiro lugar na Feira de Ciências, ele estava lá aplaudindo mesmo que ela não o tivesse visto. Quando o time de basquete dele estava perdendo e fizeram uma pausa para redefinir a estratégia, ela lhe deixara uma garrafa de energético e toalhas no banco mesmo que ele não a tivesse visto.

E então Sakura completou dezoito anos, seu último ano no colégio. Havia o baile de formatura, evento tão importante para as garotas, mas ninguém havia lhe convidado. Os garotos não gostavam muito dela devido ao seu gênio forte, então ela acabou por ficar sem par.

Sasuke já não mais estudava naquela escola, não tinha porque se importar com bailes, mas quando soube que ela fora deixada de lado, ele a convidou.

De início Sakura riu, custou para acreditar. Ele nem era mais aluno, não tinha obrigação nenhuma de convidar alguém. E ainda assim ele se dispusera a convidá-la, se preocupara em não deixá-la sozinha.

Está certo que costumavam ser amigos na infância, mas desde que cresceram haviam se distanciado um pouco. Sério que ele ainda se mantinha ciente do que acontecia na vida dela mesmo sem estar presente?

Ela por fim aceitou. Não podia recusar tamanha gentileza. No baile ele então a beijou. Fora o primeiro beijo dela e, para Sakura, fora inesperado, no calor do momento. Com dezoito anos nunca havia sido beijada e então um amigo de infância lhe roubara a pureza dos lábios. Mas, sinceramente, apesar da surpresa que sentiu, não ficou com raiva ante tal atitude dele.

Os anos se passaram. Ela agora estava com vinte e quatro anos, quase concluindo sua faculdade de biologia. Ela e Sasuke se distanciaram um pouco, embora sem nunca perder completamente o contato.

Certa vez ela tinha uma palestra importante para fazer; o resultado da apresentação aumentaria sua média. E então, durante a apresentação, o computador falhou. Ela estava a um passo de perder a cabeça quando alguém que assistia à palestra mencionou a presença de um técnico no campus naquele dia. Tal foi seu espanto ao ver Sasuke, justo ele, entrando naquele auditório e salvando o dia.

Daquele dia em diante eles voltaram a se falar com mais frequência, até que ele a chamou para sair. Sakura aceitou, mas fora bastante criticada por suas amigas, especialmente Ino "Quantos anos esse cara tem? Vinte e seis anos nas costas e não faz nada da vida, não tem um emprego decente. Vive enfurnado em casa mexendo com computador. Por que você vai perder tempo com ele? Olha quantos homens lindos e maduros temos aqui. Aquele médico que estava dando em cima de você, por exemplo".

A rosada não se importou, disse que era apenas um encontro entre amigos. Mas não foi só um encontro de amigos. Não havia acontecido nada, realmente, mas ambos tinham certeza de que iriam se ver de novo. E então ele tornou a convidá-la outra vez, mais outra e mais outra, e por fim a pediu em namoro, o qual ela nem hesitou em aceitar.

Completaram então um ano de namoro e, assim como seu primeiro beijo, ele fora o primeiro a ter sua virgindade também. Quando ele fez vinte e sete anos, a pediu em casamento, o qual ela aceitou sem pestanejar. Ficaram juntos por três anos e agora o tinha ali, deitado na mesma cama que ela, mas não tendo mais qualquer tipo de ligação, exceto a "obrigação" de cuidar dela.

Sakura sentia vontade de chorar. Se arrependia de não ter aproveitado mais o tempo que tivera com ele. Ele era sempre tão carinhoso com ela, até mesmo quando estava ausente ou sem tempo por causa do trabalho.

Sim, ela definitivamente perdera sua chance. Não havia mais volta. Mesmo que ela quisesse e até tentasse reatar o casamento, não teria mais jeito. Não teria por dois motivos: Sasuke provavelmente já perdera o interesse nela. Ele dissera que ainda a amava, mas era bem capaz de ser apenas um amor fraternal. Todo o interesse romântico que ele uma vez tivera por ela já havia acabado, provavelmente.

Afinal, o que ele tinha a ganhar? Por que ele perderia tempo com uma mulher cabeça dura e complicada como ela? Ele não a procurara nesse último ano; ela tinha quase certeza de que ele estava se envolvendo com outra mulher, tocando sua vida – diferente dela, que estivera se afogando em mágoas por um relacionamento que chegara ao fim.

E, segundo, Sakura era orgulhosa demais. Teve a coragem de ir embora, mas jamais admitiria que tinha vontade de voltar. E como ela queria voltar... Sendo completamente franca, sua vontade de voltar para os braços de Sasuke era gritante. Incomodava-lhe o peito.

Ele então se mexeu um pouco, fazendo com que ela recolhesse a mão depressa. Ele não acordou, mas ela também não voltou a tocá-lo.

Ficar observando-o dormir estava bom o suficiente.

*****

Repentinamente Sasuke deu um pulo da cama, o que fez com Sakura se assustasse.

— O que foi isso? – Perguntou ela, olhando-o como se ele fosse louco.

— Meu Deus, eu dormi de mais. Sakura, olhe as horas. 11h07! Eu perdi o horário e...

— Sasuke, se acalme. – Pediu ela, interrompendo-o – O que tem de mais em dormir? Você estava cansado então nada mais justo. Não precisa desse desespero.

Ele, que andava de um lado para o outro juntando suas coisas para entrar no banheiro, parou, encarando-a.

— Eu sei, mas... Estou preocupado com você. Deve estar com fome ou algo assim. Devia ter me acordado – Falou ele com a voz pesarosa.

— Eu estou bem. E, olha, eu acabei de acordar também. Na verdade, acordei por causa desse pulo que você deu – Mentiu ela. Decidiu mentir para não preocupá-lo e evitar que se sentisse culpado.

— Desculpe. – Sussurrou ele, passando a mão displicentemente pelos cabelos – Então, uh, eu vou tomar um banho rápido e já começo a preparar algo pra você comer, ok? Prometo que não vou demorar.

— Sasuke, eu estou bem. – Sakura tornou a repetir, rindo levemente – Por favor, não se preocupe tanto comigo. Você também precisa ter um tempo pra si próprio.

Ele sorriu, aquele sorriso de canto que ela tanto adorava, e entrou no banheiro.

Sakura o viu fechar a porta, ficando a encará-la por alguns instantes. Todos os quartos da casa possuíam suíte própria, mas aquela ali em especial, uau. Ela perdera as contas de quantas vezes já tomaram banho juntos ali, de quantas vezes ele a amou e a fez gemer sob aquele chuveiro.

Então deu-se conta de que estava naquele quarto. Quarto que dividira com ele nos últimos três anos. E a cama. Passou a mão suavemente pelo lençol no lado em que ele estivera deitado.

Tudo aquilo era realmente nostálgico, trazia-lhe uma sensação boa, algo como "estou de volta". Mas preferia que ele não a tivesse trazido para lá. Ao mesmo tempo em que era boa, a sensação nostálgica era ligeiramente tortuosa também. Fazia seu peito doer.

Ele então saiu do banheiro. Dessa vez vestiram uma camisa cinza e bermuda azul marinho.

Sakura olhava pela janela distraidamente, pelo visto não o vira ali. Até que ele colocou a mão em seu ombro.

— Você me ouviu, Sakura? – Perguntou ele calmamente.

A rosada virou-se, encarando-o como se acabasse de tomar consciência da presença dele.

— Ah, desculpe eu me distraí... O que disse?

— Bem, já está próximo da hora do almoço, então perguntei se quer algo leve para comer nesse meio tempo ou se quer esperar até o almoço.

— Hm, o que você vai comer? – Perguntou ela.

— Eu pretendia "beliscar" algumas frutas pra não atrapalhar o almoço, mas pode me pedir qualquer coisa, eu faço pra você.

Sakura sorriu levemente. Deus, ele não se cansava de ser tão gentil e prestativo?

— Não, não se preocupe então. Me contento com frutas também.

— Ok, vou preparar uma salada de frutas. Eu não me demoro, então...

— Sasuke. – Ela o interrompeu – Será que... Antes de ir, será que você pode me levar de volta para o outro quarto?

O Uchiha a olhou curioso.

— É só que... Não sei, acabei me acostumando com aquele colchão – Mentiu ela mais uma vez naquele dia.

Ele não questionou, embora tivesse ficado ligeiramente incomodado. Pegou-a nos braços e a levou para o quarto ao lado, descendo para a cozinha logo em seguida.

Ele nem sabia o porquê daquele incômodo. Sakura apenas pedira para voltar para o outro quarto, nada demais.

Ok, ele sabia que não era apenas isso. Ela não queria mais ficar na companhia dele. Provavelmente o fato de ficar com ele na mesma cama era horrível demais pra ela, talvez lhe trouxesse lembranças ruins de quando estavam casados. Ou, possivelmente, o desgosto que sentia por ele era tamanho a ponto de não querer que dividissem o mesmo cômodo.

****

Cerca de meia hora depois ele tornou a subir com a bandeja em mãos. Várias tigelas estavam dispostas sobre ela, cada uma contendo uma fruta diferente, de modo que pudessem fazer várias combinações saborosas.

Sakura pegou a tigela de morangos inteira para si. Só depois de ter devorado quase tudo é que se lembrou de oferecer a ele.

Eles não se falavam enquanto comiam, mas não porque não tinham o que falar. Sasuke estava convicto de que ela estava desgostosa com ele, então tinha receio de falar algo e deixá-la brava. Já Sakura, ela tinha seu maldito orgulho.

Terminaram então de comer e ele recolheu tudo, descendo em seguida.

A tarde se seguiu de maneira lenta. Sasuke se mantivera ocupado com suas coisas na área da computação enquanto Sakura mexia com o tricô. Ela havia voltado a trabalhar com o hobby, era um bom meio de manter-se distraída, ela achava.

Ele voltara ao quarto dela apenas uma vez naquela tarde. Sakura reclamara de dor, então ele lhe deu algum medicamento.

Por fim a noite chegou. Por volta de 19h00 ele tornou a subir, oferecendo-se para ajudá-la com o banho e mais uma vez não falavam muito além do necessário.

Ambos sentiam que o clima estava estranho entre eles. Estava pior do que na noite em que "colocaram tudo em pratos limpos".

Na ocasião, ao menos havia motivo para tal. Haviam jogado na cara um do outro tudo que os incomodara no casamento e o motivo da separação. Era plausível. Já agora, tudo se baseava em suposições.

Após ajudá-la, ele se retirou indo para a cozinha preparar o jantar. Cerca de uma hora depois, ele tornou a subir levando a costumeira bandeja.

— Trouxe seu jantar, Sakura – Anunciou Sasuke ao passar pela porta.

A rosada, que batia uma agulha contra a outra, desviou a atenção, olhando-o com um sorriso de canto.

— Hoje eu fiz arroz com brócolis, iscas de peixe e bolinho de feijão – Falou ele colocando a bandeja sobre a cama.

Ela sorriu agradecendo e espetou o garfo em um pedaço de peixe. Comiam em silêncio. Sakura mantinha os olhos fixos na janela e Sasuke espetava os bolinhos distraidamente.

Por fim ele falou.

— Hm, Sakura, eu posso te fazer uma pergunta? – Ele nem esperou a resposta. Se ela não quisesse responder, ficaria em silêncio como sempre fazia – Uh, alguma vez você já, quero dizer, alguma vez já teve a sensação de que você está bem com alguém, e esse alguém está bem com você também, ou talvez não, você não tem muita certeza, mas ainda assim você acha que estão bem, e então você faz algo pensando ser certo, mas acaba pisando na bola e deixando a outra pessoa com raiva?

— Ei, calma aí, sr. Metralhadora – Sakura, que tentava manter a expressão séria, falou rindo.

— Desculpe – Suspirou ele.

— Sobre sua pergunta, hm, sim. – Ela falou – Já perdi as contas de quantas vezes já passei por isso.

— E o que você fez?

— Quando meu orgulho não atrapalha, eu tento me abrir com a pessoa em questão. Às vezes não se passa de um simples mal entendido e tudo pode ser resolvido à base da conversa. Mas isso acontece quase nunca porque, bem, você... Você sabe como eu sou cabeça dura. – Ela riu baixinho desviando os olhos – Como daquela vez em que fomos à praia. Eu jurava que havia esquecido meus óculos na areia.

— Nós estávamos na metade do caminho e você me fez voltar só pra procurá-lo. – Comentou ele lembrando-se do ocorrido – Você bateu o pé e fez tanto drama naquele dia, Santo Deus.

— Sabe, eu o encontrei debaixo do meu banco. – Ela tornou a rir – Mas não quis admitir, não depois de todo aquele show que eu dei. Então fiz você voltar.

— Não – Ele a olhava estupefato.

— Sim.

— Sakura, eu não acredito. Você...

— Desculpe – Ela pôs a mão na boca pra abafar a risada. Uma risada sapeca e divertida.

Sasuke não conseguia ficar bravo com ela. Ele não ficara na época, então não seria agora que isso aconteceria. Vendo-a rir, ele não pôde se segurar, começando a rir junto.

Parecia que todo aquele ambiente ruim havia se dissipado. Possuíam uma facilidade tão grande de se entenderem, de criarem um clima bom entre eles... Sasuke às vezes se perguntava o porquê de ainda estarem separados. E então ele se lembrava de que fora ela quem pedira o divórcio, fora ela quem ficara farta dele.

O motivo da risada então acabou e parecia que as coisas iriam esfriar de novo. Então Sakura falou:

— Obrigada, Sasuke.

— Uh? – Sasuke a olhou com curiosidade – Pelo quê?

— Bem, por ter cuidado de mim ontem. Na verdade, obrigada por tudo. Acho que nunca serei capaz de retribuir esse favor que está fazendo por mim durante essas semanas... – Sakura, que mantinha a atenção fixa no prato à sua frente, o encarou – Realmente, muito obrigada.

Ele, que a encarava surpreso, sorriu. Aquele sorriso que sempre a fazia derreter.

— Não há de quê.

E então, num impulso involuntário (ou talvez não tão involuntário assim), ela esticou o corpo em direção a ele, apoiando as mãos em seus ombros largos e depositando um tenro beijo em sua testa.

Sasuke se manteve estático. Fora pego de surpresa e não sabia como reagir. Sakura então se afastou e riu de modo travesso, desviando os olhos para a janela.

— Não há de quê, Sakura – Ele tornou a repetir.

Levantou-se, recolhendo as coisas do jantar, e deixou o quarto em seguida.

Ele não voltou ao quarto dela naquela noite. Ao menos não enquanto ela esteve acordada.

Pouco antes de ir dormir passou por lá. Parou à porta, observando-a dormir durante alguns instantes, e então se dirigiu ao seu quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar :)
Até a próxima! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Chance para Reconciliação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.