Uma Chance para Reconciliação escrita por cellisia


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei tão surpresa (e feliz haha) quando recebi mensagem perguntando quando teria atualização dessa fic. ♥
Então aqui vamos nóssssss



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No dia seguinte, as coisas estavam um pouco diferentes. Os dois se tratavam de forma superficial e não falavam muito além do necessário. Sasuke em momento algum a tratava mal, Sakura também parara de agir de modo grosseiro para com ele. Mas não era mais a mesma coisa, era quase como se estivessem encenando papéis em uma peça.

O clima havia mudado. E, de certa forma, podia-se considerar uma mudança boa.

O resto da semana correu de maneira rápida. Em uma quinta-feira à noite, por volta de 22h40, Sasuke foi ao quarto de Sakura saber se ela queria algo antes de ele ir dormir.

— Ei, Sakura – falou ele passando pela porta –, você... – E se calou, ante a cena que viu.

Sakura se encontrava encolhida na cama, chorando copiosamente.

— O que houve? – perguntou ele, indo até ela.

A rosada não respondeu, apenas colocou as mãos sobre o rosto para que ele não a visse chorar.

— Está sentindo dor? – Sasuke tornou a insistir –  Suas pernas doem? Está com cólica?

Sakura então pegou a coberta e jogou sobre o rosto. Sasuke continuou ali apenas esperando. Queria ajudar, mas era difícil uma vez que ela sequer lhe respondia. Ficaram em silêncio por alguns minutos até que ele falou:

— Me... Me desculpe, Sakura... – Ele tornou a ficar em silêncio, pensando se deveria ou não continuar falando. Por fim despejou tudo: – Me desculpe pela forma que te tratei nesses últimos três anos. Me desculpe por dar tanta prioridade ao meu trabalho e te deixar em segundo plano. Desculpe por ser tão desligado e não ter dado assistência quando você perdeu o bebê... Desculpe por priorizar minhas necessidades e me esquecer das suas. Desculpe por tudo que eu fiz achando que estava te beneficiando quando, na verdade, só estava te machucando. –  Ele fungou, parecia estar segurando a vontade de chorar – Sempre achei que estávamos bem, que você estava feliz... Mas a realidade só bateu à minha porta no dia em que você foi embora... E eu... Na verdade, eu não espero que me perdoe. Eu apenas queria que soubesse que meu amor por você nunca mudou, Sakura. E eu sinto muito por ter causado essa situação tão ruim entre nós dois. Se eu pudesse fazer diferente, eu com certeza faria.

Àquela hora, Sakura já havia parado de chorar, no entanto, continuava em silêncio. Sasuke suspirou rendido.

— Acho que você quer ficar sozinha, não é? Tudo bem. Boa noite, Sakura...

Ele já estava na porta, prestes a sair do quarto, quando ela o chamou.

— S-Sasuke... Não... Por favor, não vai não...

Ele se virou, encarando-a surpreso. Ela estava com o rosto inchado e os olhos bastante vermelhos. Sasuke sorriu levemente e voltou para perto dela.

Ele então tomou uma atitude inesperada:

— Chega para lá. – Pediu, apoiando as mãos na cama – Eu não vou fazer nada.

Sakura, com os olhos arregalados em surpresa, arredou para o canto, vendo-o subir na cama logo em seguida.

— Essa cama é muito pequena, não cabe duas pessoas – Alertou ela.

— Cabe sim, Sakura. Você sabe que cabe – Disse ele sorrindo lembrando-se das vezes que fez amor com ela naquela cama apertada. Entrou debaixo da coberta e passou um braço ao redor dos ombros dela logo em seguida.

Ela, a princípio ficou receosa, mas timidamente foi se aproximando dele até apoiar a cabeça em seu peito.

— Você quer falar sobre isso? –  Perguntou ele com a voz branda.

A rosada se limitou em balançar a cabeça negativamente, passando a mão pelo rosto numa tentativa de enxugar as lágrimas.

— Tudo bem. – Sasuke suspirou – Teremos muito tempo depois... Por hora, tente descansar.

Sakura fez um leve aceno com a cabeça. Ficaram então em silêncio, apenas com o barulho de suas respirações e na companhia de seus próprios pensamentos.

— Ah, Sakura! Amanhã você tem outra consulta com a fisioterapeuta. Vou te acordar cedo outra vez, ok?

Não houve resposta. Sakura já se encontrava mergulhada em sonhos.

Querendo admitir ou não, ela estava feliz por ele estar ali. Dormir em seu peito sempre lhe era relaxante, fazia se sentir segura. Mas de certa forma, ela achava aquilo errado. Não estavam mais juntos para compartilharem aquele tipo de intimidade. Mas ela agora estava ocupada demais dormindo para se preocupar com isso.

****

Se não fosse Sakura, eles teriam perdido o horário. Sasuke não voltou para sua cama na noite anterior, acabaram dormindo ali abraçados.

Mesmo que sem intenção, ele a estava sufocando. Tinha um braço sobre seu peito e uma perna sobre sua barriga. Essa era uma das coisas que ela enfrentava constantemente enquanto casada com ele. Sasuke mexia muito durante o sono, então acabava por rolar pra cima dela e deixá-la sem ar, mas quando isso acontecia tinham uma cama espaçosa. Já agora, a cama de solteiro mal cabia Sakura.

— S-Sasuke. – Ela gemeu – Acorde... Ei...! Eu não consigo...

Sakura então lhe mordeu o braço, fazendo com que ele soltasse um grito e pulasse da cama.

— Wow o que foi isso? –  Protestou ele olhando a marca avermelhada próxima ao cotovelo.

— Você estava me sufocando.

— Desculpa. – Ele coçou a cabeça – Não é pro... E, oh meu Deus! – Sasuke pulou da cama, andando de um lado para o outro enquanto trocava de roupa – Sakura, a fisioterapia! Eu perdi o horário! Se você perder a consulta, minha cabeça vai rolar!

Repentinamente parou à porta. Sua calça ainda estava aberta e a blusa ao contrário.

— Ainda está cedo. – Comentou fechando o zíper da calça – Achei que tivesse perdido o horário. Mas se não fosse você, eu provavelmente teria perdido mesmo...

A rosada apenas revirou os olhos rindo do repentino desespero que ele acabara de protagonizar. Sasuke então deixou o quarto, voltando minutos depois já devidamente arrumado. Pegou então as roupas que Sakura pediu e virou-se de costas para que ela pudesse se trocar (o que ele achava uma besteira. Já havia perdido as contas de quantas vezes a vira nua. Isso fora as vezes que ele próprio lhe arrancara as roupas. Mas tudo bem, entendia o ponto dela. Se não eram mais marido e mulher, não tinha mais o direito de olhar seu corpo).

— Hm, pode me ajudar aqui? – Pediu ela timidamente.

— Claro – Voltou-se para perto dela.

Sakura havia escolhido uma jardineira jeans para usar. Ele prontamente a ajudou a se vestir.

— Ei, Sasuke... –  A rosada o chamou com voz baixa – Você... Você falou sério?

O Uchiha estava agachado no chão, ajudando-a a passar as pernas através dos buracos da jardineira.

— Sério, sobre...? – Perguntou ele sem se interromper.

— Ontem você disse que... Você disse que seu amor por mim não mudou... Você falou sério?

Ele se manteve em silêncio alguns instantes antes de responder.

— Sim, eu falei. – Sasuke agora puxava a jardineira para cima, cobrindo-lhe o tronco. Parou repentinamente e a encarou – Eu te amo, Sakura. Continuo louco por você como sempre fui. Mesmo que estejamos separados, você ainda é a mulher da minha vida. E provavelmente vai ser até o dia em que eu morrer.

Sakura se manteve em silêncio, apenas ouvindo. Bem, ele não esperava mesmo que ela falasse algo, era melhor não pressionar. Quando ela estivesse a fim de falar, ele estaria lá para ouvir.

Terminou de ajudá-la com a jardineira e logo em seguida a pegou nos braços, descendo com ela.

****

Após o café, eles saíram. Sakura não quis nada além de iogurte, e ele se limitou a uma maçã, então não se demoraram comendo.

De qualquer forma, era bom sair cedo, Sasuke achava. Ao menos o trânsito estaria fluindo legal.

O trajeto se seguia em silêncio. A rosada, como sempre, se mantinha quieta, apenas olhando pela janela ao passo que ele se encontrava perdido em seus próprios pensamentos.

— Sakura. – Ele repentinamente a chamou – Hm, posso te fazer uma pergunta? É uma pergunta meramente hipotética.

Sakura virou-se para ele, observando-o com um ar irônico.

— Tudo bem. – Disse com um sorriso igualmente irônico – Vá lá, faça sua pergunta hipotética.

— Certo. Temos uma personagem hipotética. Seu nome será, hm, Saya.

— Saya, a garota hipotética. – Sakura repetiu – E qual a história da Saya? Hipoteticamente falando.

— Sim. Saya tinha um namorado igualmente hipotético. Ele pode se chamar... Kazuo. É, esse nome está bom. Saya e Kazuo tinham uma relação legal, eles realmente apreciavam a companhia um do outro. Mas antes de Saya se envolver com Kazuo, ela tinha uma relação estável com outro cara. Outro personagem hipotético, claro. Seu nome pode ser Satoshi. – Sasuke então se calou, como se estivesse pensando sobre como desenvolver a história – Hm... Por um fator externo, e totalmente hipotético, Saya e Satoshi terminaram. Nesse meio tempo ela começou a sair com o Kazuo. Como eu disse, eles tinham uma boa relação, mas por mais que ela tentasse se convencer de que estava tudo bem, no fundo ela sabia que não estava. E, sendo franco, ela ainda sentia falta do Satoshi. Hipoteticamente falando.

— Certo. – Sakura balançou a cabeça assentindo, cruzando os braços em seguida – Saya e Satoshi tinham um relacionamento hipotético. Mas terminaram e ela começou um namoro com o Kazuo. Entendi. E então, qual a pergunta?

— Se você pudesse, que tipo de conselho daria à Saya? Hipoteticamente falando.

A rosada ficou em silêncio alguns segundos antes de falar.

— Um conselho em que sentido? De qual natureza? Você precisa me dar mais detalhes.

— Hm...

— Ok, então me responda algumas coisas pra eu poder formar uma opinião.

—Acho que assim fica mais fácil – Ele assentiu com a cabeça em afirmativa.

— Por que a Saya começou um romance hipotético com Kazuo? Ela o ama?

Sasuke ficou em silêncio alguns instantes, pensando no que responder.

— Não. – disse por fim – Ele é bom pra ela, ele realmente parece gostar muito dela. Ela aprecia sua companhia, e a princípio pensou que o amava, mas na verdade fica com ele numa tentativa de tirar o Satoshi da cabeça.

— Entendi, entendi... –  Sakura balançou a cabeça positivamente.

Novamente o silêncio tornou a reinar dentro daquele carro. Ela estava prestes a falar, no entanto Sasuke fora mais depressa:

— Aliás... Você acha que a Saya está sendo injusta com o Kazuo sendo que não deixou de amar o Satoshi?

— Absolutamente. – Sakura sentenciou – Se ela não tem um interesse real no Kazuo, por que mantém o namoro? Ela basicamente o está usando como reserva do Satoshi. Que egoísta essa Saya... Hipoteticamente falando.

Naquele instante Sasuke sentiu como se uma lança atravessasse seu peito.

— Então, sobre a primeira pergunta – continuou Sakura –, eu diria para Saya decidir um caminho e investir naquilo que ela escolheu. Se ela realmente quer ficar com o Kazuo, precisa ser madura e tirar de vez o Satoshi da cabeça. Esquecer o ex o quanto antes e levar a sério o novo relacionamento. Ela deve ficar com ele porque gosta e não pra ter um namorado reserva.

— Hn...

— Mas! – Sakura continuou, agora com a voz tão branda que até o surpreendeu – Se ela realmente ama o Satoshi e acha que eles podem ter uma nova chance, por que não tentar? Ela pode se esforçar e investir na relação deles, e se ele ainda a amar pode ser que concorde em tentar mais uma vez. O pior que Saya pode receber é um "não".

— Talvez ela ache que o "não" vai doer mais que a separação – Murmurou ele.

— Hipoteticamente falando? – Perguntou ela.

— É apenas um caso hipotético, Sakura.

— Hm, então agora eu faço a pergunta: E se o Satoshi ainda amar a Saya, mas for cabeça dura demais para admitir? Mesmo que ele queira muito voltar com ela, pode ser que o orgulho esteja atrapalhando. Talvez a Saya devesse tentar investir... Isso, assumindo que ela vá parar de iludir o Kazuo.

Sasuke balançou a cabeça em afirmativa, concordando, e ela soube que aquele assunto morreu ali.

— Deus, isso parece o tipo de coisa que eu conversaria com uma amiga, a Ino, sei lá, não com meu marido. – comentou a rosada juntando as sobrancelhas numa expressão de horror – Isso foi... Estranho.

— Por favor, apenas esqueça que eu te perguntei isso – Bufou ele.

Sakura emitiu uma breve risada travessa e Sasuke, embora fingisse estar emburrado, sorriu levemente de canto. Ela dissera “meu marido” de maneira natural, como se estivessem bem. E ele não deixou de perceber isso.

O Uchiha então parou no estacionamento do consultório.

*****

A segunda sessão ocorreu como a primeira vez. Sakura se recusou a deixar que ele entrasse, então novamente ficou mofando sentado nas cadeiras de espera.

Enquanto aguardava, Sasuke ficou pensando em tudo que vinha acontecendo desde então. Talvez ele não quisesse admitir, mas no fundo estava muito feliz por Sakura estar ali. Não ali, tendo uma consulta fisioterápica, mas ali em sua casa durante aqueles dias.

Mesmo que ela estivesse lá apenas para que ele lhe cuidasse, era realmente muito gratificante acordar e vê-la toda as manhãs, até mesmo nos dias em que ela estava com o humor ruim.

O fato de tê-la ali, tão frágil e dependente dele, o deixava mais ávido e disposto a cuidar dela. Ele apenas queria que ainda fossem um casal. As coisas estariam melhor se fosse o caso.

E então repentinamente a porta se abriu, retirando-o de seus devaneios. Uma enfermeira apareceu empurrando a cadeira de Sakura, sendo seguida pela fisioterapeuta.

— Olá, sr. Sasuke! – Tsunade cumprimentou – Hoje tivemos mais um progresso! As pernas de sua esposa parecem estar melhorando rapidamente, têm reagido bem aos exercícios também, o que é um ponto bom.

— Fico feliz em saber – Ele riu.

Era estranho a fisioterapeuta sempre sair de sua sala para dar-lhe o relatório de como fora a consulta. Sasuke se sentia como um pai que é chamado na escola pra ouvir bronca. Embora aquilo não fosse uma bronca. Não que ele ligasse de ela fazer isso. Manter-se informado através de Tsunade era bom, visto que Sakura não o deixava entrar.

— A perna direita dela já está muito melhor! Inclusive nós retiramos o gesso. Está apenas imobilizada agora. Acredito que semana que vem a perna dela já vai estar boa.

— Isso é realmente ótimo!

— Sim, sim. – Tsunade sorriu concordando – Mas a perna esquerda provavelmente vai demorar mais... O impacto nessa perna foi maior, então a cicatrização é mais demorada, entende? Mas não se preocupe! Logo, logo a Sakura estará novinha em folha, andando e correndo por aí como se nada tivesse acontecido.

— Essa é realmente uma boa notícia! – comentou Sasuke – Sakura está contando os segundos pra poder voltar a andar sem depender de uma cadeira.

— Aliás, eu gostaria de adiantar a próxima sessão de Sakura, sr. Sasuke. Ao invés de ser na semana que vem, como marcado, gostaria que voltassem daqui três dias. Vou precisar da total colaboração do senhor na semana que vai se seguir.

*****

Terminada a consulta, voltaram para casa. Novamente o trajeto se seguiu em silêncio, mas dessa vez não era aquele silêncio pesado. Sakura não estava com o mal humor da primeira vez, o que era bom.

Sasuke então parou em um semáforo.

— Sakura. –  Ele a chamou – Por que você nunca me deixa entrar no consultório?

Sakura riu de modo debochado, mas continuou em silêncio. Ele suspirou frustrado vendo que ela não responderia nada.

Após alguns instantes, o sinal tornou a ficar verde e Sasuke deu a partida. O silêncio voltou a reinar dentro do carro, até que ela falou:

— Não quero que me veja tão fragilizada. – Sakura mantinha os olhos na janela para não precisar encará-lo – É... É humilhante demais.

Ele arregalou os olhos em surpresa.

— Na verdade – continuou ela –, toda essa situação tem sido uma completa humilhação pra mim. Ficar dependendo de você pra tudo é o mais doloroso.

— Mas...

— Não, não estou reclamando do fato de você me ajudar. Eu sou completamente agradecida. É só que... – Ela forçou uma risada – Essa sensação de inutilidade, de ser um fardo, é horrível... Eu quero muito melhorar logo para não precisar mais te incomodar.

— Você não me incomoda. – Falou ele com brandura – Se fosse preciso cuidar de você o ano inteiro eu estaria completamente disposto. Você... Você não é um fardo.

Sakura virou-se para ele, fitando-o. Vê-lo com aquele semblante tão calmo era reconfortante.

Então, num gesto repentino, ela estendeu uma mão e a pousou gentilmente sobre a mão direita dele.

— Obrigada, Sasuke – Sussurrou ela sorrindo minimamente.

Ele, que mantinha as mãos ao volante, retirou a mão direita da direção e carinhosamente a entrelaçou à dela.

— Não é nada, Sakura.

Continuaram o trajeto em silêncio. E agora era um silêncio completamente confortável.

Repentinamente, Sasuke viu uma cabeleira vermelha balançando ao vento, parada em um ponto de ônibus.

— Hm, Sakura, você se importa em esperar um pouquinho aqui? – Perguntou ele encostando o carro.

Ele nem esperou pela resposta. Abriu a porta e saiu. Karin estava ali, e ele precisava falar com ela. Ela vinha evitando-o há alguns dias, o que o deixava incomodado.

Andou em sua direção com passos apressados. Precisava ir depressa ou o ônibus que ela esperava podia passar.

— Karin! – Ele gritou acenando.

Ela, que mantinha os olhos fixos em seu celular, ergueu a cabeça na direção da voz que a gritou. Assim que o viu, seus olhos se iluminaram. Ergueu a mão para cumprimentá-lo, mas no segundo seguinte seu semblante mudou e ela recolheu a mão, correndo para dentro do ônibus que estava prestes a sair.

Sasuke não entendeu o que aconteceu, até ser jogado com violência no chão por um homem que vinha em sua direção. O homem bateu na porta do ônibus que ela embarcara na tentativa de entrar também, porém o motorista não abriu a porta e seguiu viagem.

Ele praguejou e xingou. Quando estava voltando, tornou a empurrar Sasuke, que havia acabado de levantar.

— Ei, isso é sacanagem! – Do outro lado da rua Sakura gritou injuriada.

Uma senhora de meia idade que também estava no ponto foi até ele e o ajudou a se levantar.

— Você está bem? – Perguntou.

— Sim, não se preocupe. –  Falou ele batendo a sujeira da roupa – Eu apenas...

— Oh, você se machucou! Seu queixo está sangrando. E suas costas! A blusa rasgou... Que gente mal educada...! – Ralhou ela olhando na direção em que o homem desconhecido passara.

— Está tudo bem. Obrigado pela preocupação, mas eu preciso ir agora, pois a minha esposa está me esperando.

Sasuke se despediu e mancou até o carro.

— O que foi aquilo? – Sakura perguntou alarmada assim que ele entrou no carro – Aquele homem te empurrou de propósito! E... oh meu Deus, Sasuke! Seu queixo. E suas costas!

— Está tudo bem, Sakura – Ele sorriu, contorcendo o rosto ligeiramente em uma careta.

Sakura não falou mais nada, mas durante o restante do trajeto, percebeu que ele tentava evitar de encostar no banco.

****

Ao chegarem em casa, Sasuke a pegou nos braços e subiu com ela para o quarto. Colocou-a na cama e levou sua cadeira de rodas logo em seguida.

— Eu... Eu vou tomar um banho rápido e depois preparo seu almoço – Informou ele.

Sakura balançou a cabeça assentindo.

— Quando você acabar... Volte aqui pra eu dar uma olhada nessa ferida – Pediu ela com um leve toque de preocupação na voz.

— Não precisa, Sakura. Não foi nada – Ele riu.

A rosada cruzou os braços, encarando-o seriamente. Seus olhos de jade brilhavam intensos. Não foi preciso dizer mais nada.

Minutos depois ele voltou. Vestia apenas uma calça leve de malha. Estava com o cabelo molhado, a toalha jogada no pescoço e algumas gotículas ainda escorriam por seu tórax.

Sakura arregalou de leve os olhos. Há quanto tempo ela não o via seminu. E, uau, Sasuke estava realmente bem. Ele disse que havia engordado, mas gordura extra era a última coisa que ela via por ali.

Sasuke andou até ela e ajoelhou-se no chão, de forma que pudessem ficar na mesma altura. Sakura ergueu o queixo dele gentilmente.

— Há um pequeno arranhado aqui... – Falou ela – Ao menos foi superficial. Agora vire-se.

Sakura arredou para a beirada da cama, de forma que houvesse espaço para ele ali. Sasuke levantou-se do chão e sentou na cama, dando as costas para ela.

Havia um arranhado próximo ao ombro dele. Não era profundo, provavelmente sangrara na hora, mas agora era apenas uma elevação em sua pele, além de estar bastante avermelhado.

— Pegue, hm... Algodão e mercúrio para mim. E uma faixa. Eu vou fazer um curativo.

— Sakura, não precisa, é sério.

— Se repetir isso mais uma vez, eu vou fazer você precisar. – Ameaçou ela – Por que você pode cuidar de mim, mas eu não posso fazer o mesmo por você?

Ele então deixou o quarto e logo em seguida voltou com uma maletinha de primeiros socorros.

Sakura rapidamente pôs-se a trabalhar. Embebeu o algodão com a solução de mercúrio e o passou levemente sobre a ferida. Logo em seguida colocou uma band-aid e por fim a cobriu com a faixa. Repetiu o mesmo processo no queixo dele, embora não tivesse colocado faixa ali.

— Pronto. – Anunciou ela – Vai melhorar logo, logo.

— Obrigado – Sasuke sorriu agradecido.

Ele queria poder fazer mais. Queria abraçá-la e beijá-la, mas ele não tinha mais esse direito. Tudo que podia fazer era sorrir. E já estava passando da hora de aceitar isso.

****

A tarde correu. Após o almoço, Sakura se queixou de dores nas pernas, ele então lhe deu algum medicamento e ela logo em seguida dormiu.

Sasuke então se lembrou da namorada. Aproveitando que tinha a tarde de "folga" (ou até que Sakura acordasse), ligou para Karin.

Demorou um pouco, mas ela finalmente atendeu.

"Alô"—  A voz ecoou do outro lado da linha.

— Karin – Sasuke pronunciou o nome dela.

Houve um instante de silêncio.

"Sasuke, oi!".

— Como você está? Não tenho conseguido falar com você ultimamente. Parece que nossos horários estão divergindo com uma frequência assustadora. Eu tentei falar com você hoje, mas, não sei, você meio que fugiu de mim...

"Pois é..."— Do outro lado da linha ela forçou uma risada – "Não, eu não estava fugindo de você. Eu apenas...".

— Mas, hm, eu queria te ver porque queria conversar, mas...

"Oh, Sasuke... Eu... Eu não sei... Eu também queria muito conversar, mas..."

— Mas...? –  Ele a incentivou.

"Eu estou tão confusa ultimamente... Acho que deveríamos nos evitar por enquanto..."

O silêncio reinou. Até que ele falou por fim:

— Por enquanto? Você... Você está terminando comigo por telefone?

"Oh, não!"— ela se apressou em dizer – "Eu realmente gosto de você, eu gosto muito! Por várias vezes já pensei que você era o cara certo pra mim, e ainda penso! Às vezes me pego pensando em minha vida daqui cinco anos e você sempre está nela, e estamos rodeados de crianças pestinhas rindo e correndo pelo quintal, mas... Sabe, desde que sua esposa se acidentou as coisas têm estado tão estranhas entre nós dois..."— Ela tornou a rir, como se risse de uma piada de mal gosto – "Sasuke, você é tão importante pra mim! E eu quero muito que nosso relacionamento dê certo, mas... Como eu disse, estou tão confusa... Não, eu não estou terminando com você. Eu nem seria tão baixa a ponto de terminar por telefone, então definitivamente não! Eu apenas quero essa semana para pensar. Ou até sua esposa ir embora. Por favor..."

Ele então desligou o telefone. Pelo visto não seria agora que Saya conseguiria se resolver com seu Kazuo. Hipoteticamente falando.


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Notas finais do capítulo

E então? Comentários?
Até a próxima



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