The New Avenger escrita por Dark Sweet


Capítulo 8
Donos da porra toda


Notas iniciais do capítulo

Hey! Olá, terráqueos! Como vão?
Eu voltei rápido, né? Espírito Natalino ainda reinando em mim.
Aqui está um capítulo e grande! Para compensar a demora.
Bon revoar, bebês!
E boa leitura.



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 Dor. Muita dor. Era o que eu estava sentindo no momento. Meu corpo doía, minha mente doía, minha alma doía. Tudo doía.

Por mais que eu ainda não tivesse aberto os olhos, sabia que não estava sozinha. Talvez pelo fato de eu estar escutando vozes ou sei lá. Mas eu não estava sozinha.

—Céus. - resmunguei. - Por favor, me diz que alguém anotou a placa do trator que passou em cima de mim. - falei em um sussurro enquanto tentava abrir meus olhos.

—Melinda. - escutei uma voz feminina e alguém tocando meu braço. Era a minha mãe.

—Oi. - disse assim que meus olhos abriram totalmente. Encontrei meu pai ao lado da minha mãe e Tyler do meu outro lado da cama. - Hey. - sorri para os dois.

—Como você está, querida? - Michael questionou segurando minha mão.

—Dolorida. - respondi em um resmungo. - E você, Tyler? - questionei vendo os machucados no rosto dele.

—Estou bem. Pulso direito torcido, alguns arranhões pelo corpo, um olho roxo e um rosto todo cortado e inchado. - ele deu um sorriso de lado.

—Caramba. - murmurei.

—O que foi? -

—Nem todo machucado você deixa de ser gostoso. - os três riram.

—E nem em uma cama de hospital você deixa de ser tão você. - ele rebateu fazendo-me sorrir.

—Não é uma cama de hospital que irá me fazer... - me interrompi quando me dei conta do que estava falando. Olhei ao redor e observei o lugar onde estava.

Parecia uma ala médica, só que bem mais equipada que qualquer hospital que eu já tenha visto - não que eu tenha visto muitos hospitais. Eu esperava acordar novamente na base secreta da S.H.I.E.L.D. ou no meu próprio quarto. Agora um hospital? Isso era demais.

—Não, não, não. Não era para eu estar aqui. - murmurei sentando na cama e afastando o lençol. - Sabem que eu não gosto de hospital. Não era para vocês terem me trago para cá! Hospital. Nada de hospitais. Eu falei. Eu odeio hospitais. Vocês sabem. Eu preciso sair daqui. Preciso sair daqui. - falei tudo rápido demais enquanto tentava desvenciliar dos meus pais.

—Melinda! Melinda, se acalme, ok? Você está bem. Não aconteceu nada! Não como da outra vez. - ignorei toda a falação dos meus pais e continuei tentando sair da cama a todo custo. Eu tinha que sair dali!

—Melinda. - Tyler apareceu na minha frente e segurou meu rosto. - Olha para mim, ok? Não aconteceu nada. Você não machucou ninguém. Está tudo bem. Relaxa, tudo bem? - com a respiração ofegante eu assenti devagar enquanto me perdia na imensidão dos olhos dele. -Estamos aqui com você, Melinda. -

—Não era para eu estar aqui. Sabem que eu odeio hospitais. São sempre tão... sem graça.— disse olhando ao redor mais uma vez.

—Chamar a minha ilustre Torre de um hospital sem graça é uma grande ofensa, sabe disso, não sabe? - uma voz masculina soou pelo quarto atraindo nossa atenção. Meus olhos se arregalaram, minha boca estava aberta em total surpresa e incredulidade. Eu não estava acreditando.

—Caramba! Você é Tony Stark, o Homem de Ferro. - falei enfatizando a parte do Homem de Ferro. Isso era algo perigoso, já que o ego de Tony Stark era enorme. - Gênio, bilionário, playboy, filantropo e o Homem de Ferro. Oh, céus. -

—Oh. Vejo que ela está mesmo consciente, pessoal. - foi então que eu percebi que tinha outras pessoas ao lado dele. O time de Vingadores.

—Oh, meu Deus. - murmurei embasbacada. - Vocês são... os Vingadores. O time completo e... oh, céus. Até o Thor está aqui! - falei apontando para o Deus do Trovão.

—Olá. - ele sorriu acenando.

—Oi! - sorri mais ainda quando vi o Vingador ao lado dele. - Ca... Capitão. - balbucionei. - O Capitão América. Céus. Você é o Capitão América. Eu sou sua fã, sério. Eu estou vendo realmente o Capitão América? -

—Ei! Eu não gostei disso. Por que o bom velhinho recebeu essa reação e eu só recebi aquela reação sem graça? - Stark falou.

—Steve Rogers, prazer. - o Capitão Gostoso América falou dando um passo na minha direção e estendendo a mão.

—Oh, céus. Melinda Hunters, você já deve saber. Mas saiba que o prazer é todo meu! - falei sorrindo enquanto apertava a mão dele e balançava algumas vezes de mais. - Certo, eu vou parar de balançar sua mão. - disse soltando a mão de Steve e fazendo-o soltar uma risada. - Saudações, agente Romanoff. - bati continência para a ruiva que sorriu. - Barton. - o Gavião sorriu e deu um aceno com a cabeça. - E dr. - olhei para o homem de jaleco. - É um prazer conhecer todos vocês e... - olhei novamente para o médico. - Um médico! Ele é um médico! - resmunguei afastando novamente o lençol. - Não, não, não. Ele é um médico. Eu preciso sair daqui. Não vou deixar que façam tudo de novo comigo. -

—Melinda. Hey, querida. Se acalme. Está tudo bem. Melinda. -

—Não, não. Não está nada bem! Eu tenho que sair daqui. - disse levantando e quase indo ao chão. Minhas pernas não estavam aguentando meu peso.

—Você pode não gostar de médicos, Melinda, mas ainda precisa de repouso. - o homem de jaleco se aproximou. - Não sei se você lembra, mas quase quebrou a perna. Repouso, ok? - ele me olhou. - Eu não vou machucar você e nem fazer qualquer coisa que você não queira. -

—Tipo, enfiar uma agulha no meu braço e tirar meu sangue? - perguntei.

—Tipo isso. - assenti devagar. - E se te acalma, eu me chamo Bruce Banner e não sou de fato um médico. Sou um cientista. - ele sorriu. E um cientista gato, diga-se de passagem.

—Vocês deixaram um maluco cuidar dos meus ferimentos e tudo mais? - indaguei olhando para meus pais então voltei a olhar para o homem à minha frente. - Espera. Você disse que se chama Bruce Banner? - arqueei a sobrancelha.

—Sim. - ele respondeu um pouco confuso. - Por quê? -

—Caramba! - levei minhas mãos à cabeça surpresa. - Você é o Hulk! - soltei uma risada. - Na verdade, o alter ego do Hulk, mas ainda sim o Hulk. Caramba. Eu sou sua fã, sério mesmo. Sou fã de todos os Vingadores, mas você é o meu favorito. - sussurrei essa última parte, mas acredito que todos escutaram.

—É, Verdão, a garota teve um ataque histérico por saber que você era um médico e ficou super tranquila quando descobriu que você é o Hulk. Contraditório, não? -

—Todos têm pavor a algo, não é, sr.  Stark? O meu é de médicos e hospitais. - falei olhando para o bilionário.

—Espera. Como você sabe que eu sou o Hulk? - olhei para o alter ego do Gigante Esmeralda.

—Ah. Meu pai era seu amigo e um dos mais renomados cientistas dos Estados Unidos, sem modéstia a parte, é claro. - falei com um sorriso arrogante.

—Gostei dela. - escutei Tony falar.

—Você foi algumas vezes no laboratório dele e nessas algumas vezes meu pai nos apresentou. - dei de ombros.

—Então nos conhecemos? - ele questionou arqueando a sobrancelha. Ai, que fofo! Vou apertar as bochechas dele!

—Sim! - sorri e então revirei os olhos. - Se bem que eu não esperava que você me reconhecesse mesmo. Quando meu pai nos apresentou eu tinha uns 4, 5 anos. Deve ser por isso que você não lembra de mim. -

—Então seu pai contou a você que Banner era o Hulk? - Thor questionou.

—Ah, não. - soltei uma risada. - Eu já falei que eu sou uma grande fã de todos os Vingadores? Não? Então eu falo agora: eu sou uma grande fã de todos vocês. Então eu costumava acompanhar os noticiários que falavam a respeito de vocês. Principalmente quando se tratava de Tony Stark. Não se ache, por favor. - pedi olhando para Stark que fez um gesto de dispensa carregado de sarcasmo. - Tony Stark se declarando o Homem de Ferro, Capitão América acordando depois de mais de 60 anos congelado no gelo, Thor aparecendo naquela cidade do Novo México e a explosão com radiação gama. Sabem o quanto eu fiquei feliz ao saber que eu conhecia o Hulk? O alter ego do Hulk, no caso, mas isso não importa. - respirei fundo e olhei para Bruce.

—Estou lembrando de você. - a voz de Bruce chamou minha atenção para ele novamente. - Lembro-me do dia em que você me convidou para comer um pedaço de bolo. - sorri.

—E você recusou. - semicerrei os olhos na direção dele.

—Sim, eu não me dou bem com crianças. Então você disse que não gostava de dividir seu bolo com ninguém, mas que iria fazer essa sacrifício comigo e me puxou para a cozinha do laboratório. - sorri lembrando desse dia. - Você é a filha de Richard Walker. - assenti. - Mas... a filha dele morreu. Na explosão do reator de energia que aconteceu no laboratório. Então, como? - senti minha respiração falhar por um momento. Olhei ao redor e vi que o restante dos Vingadores que eu conheci agora também estavam confusos.

—Droga. Vocês não sabiam. - olhei para a dupla de super espiões. - Vocês não contaram a eles? -

—Eu te disse que seu segredo estava guardado conosco. - Natasha cruzou os braços.

—Isso explica os poderes dela. - Tony falou me encarando. - Você estava presente no momento da explosão e também foi atingida, não é? -

—Sim. Fui a mais atingida, porque estava mais perto do reator. - falei baixo fitando minhas mãos. - Eu estava mais perto, porque fui eu quem causou a explosão do reator. - murmurei.

—Está tudo bem, Melinda. Ninguém aqui irá te julgar. - Steve falou em um tom amigável. Assenti.

—É só que... eu... eu não queria... - tentei falar alguma coisa, mas parecia que tudo que estava rodeando minha mente não dava para expressar com palavras.

—Está tudo bem. Você não precisa se explicar, Melinda. -

—Eu sei, Tyler, eu só... - encarei o garoto com os olhos arregalados. - Você... não era para você saber disso! Não dessa forma. Não desse jeito. Não era para você nunca saber e... céus. - estava dando tudo errado! Tudo!

—Eu já sabia. - franzi as sobrancelhas. - Há dois anos. -

—O que? Há dois anos? - sussurrei.

—Está tudo bem. Saber disso não muda nada. O que eu penso ao seu respeito, Melinda, continua do mesmo jeito. - ele sorriu.

—Eu disse. Os pirralhos namoram. -

—Nós não namoramos, Tony. - revirei os olhos. - Somos amigos! -

—Mas tem algo a mais. Eu sei. - ele deu um sorriso sarcástico. - Amigos com benefícios, talvez. -

—Melinda, sei que talvez esse não seja o momento certo, mas precisamos saber o que aconteceu no beco. - Steve falou sério. Meus pais, os Vingadores, Tyler. Todos queriam saber o que de fato tinha acontecido.

—Certo. Eu... ia ao mercado, mas antes ia passar na casa do Tyler para irmos juntos. No caminho, recebi uma mensagem dele perguntando onde eu estava. Eu tenho a mania de me atrasar, então não estranhei a mensagem. Foi então que eu cai. De primeira eu achei que tinha tropeçado, mas quando o cara apareceu eu soube que foi ele quem tinha me empurrado pro beco. E do jeito que sou desastrada, cai. - respirei fundo e olhei para os presentes. - Achei que ele era um idiota que queria me assaltar, me estuprar ou até me matar, mas ele só queria me levar para o chefe dele. Perguntei quem ele era e disse que chamava Bet Dalton, só mais um agente da HYDRA. - revirei os olhos.

—E ex-agente da S.H.I.E.L.D. - Michael falou.

—Outro agente duplo? - vi Barton assentir. - Fala sério! - resmunguei.

—O que a HYDRA queria com você? -

—Ora, Cap. - sorri de leve. - O que a HYDRA pode querer comigo? Uma garota com poderes? - suspirei. - Eu tentei acertá-lo com meus poderes, mas ele desviou e partiu para cima. Usei todos os ensinamentos que a Amy e o Natasha me deram enquanto eu estava na S.H.I.E.L.D. E foram bastante úteis. Obrigada. - olhei para Romanoff que fez um sinal de dispensa com a mão. - Até que quando ele caiu no chão, acertei-o com meus poderes. Então eu parei. Não queria carregar mais uma morte nas minhas costas, por mais que ele merecesse. Foi então que o Tyler apareceu e eu esqueci o cara por um momento. Até que ele me bateu. -

—Distrações. Por isso eu falo: mantenha sempre os sentimentos fora do trabalho. - Tony falou me fazendo revirar os olhos.

—Ele falou que não estava nem aí para a missão dele. Iria me matar. Quando ele se preparou, Tyler o acertou e bateu nele. Tentei usar meus poderes novamente, mas ele estava muito próximo do Dalton. Assim que me aproximei o Tyler foi jogado para longe, momento certo para usar os poderes. Mas nada aconteceu. Nenhum jato saia, nada saia. Então foi que algo aconteceu. Dalton tinha batido em algo. -

—O escudo? - minha mãe questionou fazendo-me assentir.

—Eu fiquei confusa e até mesmo surpresa. Nunca tinha dado meu escudo a alguém. Então, Dalton me acertou de novo enquanto estava embasbacada com minha nova habilidade. - falei com ironia. - E então ele me acertou com o taser. E caramba! Como aquilo doía. Então Tyler o acertou com uma barra de ferro, Dalton revidou, Tyler caiu, ele viu que eu ainda estava consciente e usou o taser novamente. - suspirei. - Meus poderes estavam ali, eu sabia. De uma forma estranha, mas estavam ali. Tentei usá-los, mas quando Dalton percebeu usou o taser novamente. Três vezes era demais para mim. Então Clint apareceu e abateu o Dalton. - dei de ombros.

—E depois? - franzi as sobrancelhas com a pergunta de Bruce.

—Eu... não sei direito. Só lembro do Tyler e de Clint encostando em mim e se afastando. Então eu perdi o controle. Consegui fazer com que um jato acertasse algumas latas de lixo. Ele estava diferente, parecia que o que saia era um jato de energia rodeado por raios. Tipo, quando Thor usa o super martelo dele, sabe? - falei apertando minhas mãos uma na outra. - O que aconteceu comigo? - indaguei olhando para todos eles. Algum deles deve saber o que aconteceu. - Meus poderes. Eles estavam diferentes. -

—Bom, quando o Tyler e eu encostamos em você tínhamos levado um choque. Primeiro eu pensei que foi porque você tinha recebido altas cargas de eletricidade, mas quando você fechou os olhos e os abriu, sabia que tinha algo a mais. - Barton cruzou os braços. - Seus olhos estavam brilhando, Melinda, mas estavam diferentes. Parecia que tinha pequenos raios neles. Você estava perdendo o controle, então tirei Tyler do beco. -

—Então eu... absorvi toda eletricidade que tinha recebido do taser? - perguntei confusa. Aquilo não tinha a menor lógica!

—Sim, Melinda. - Bruce respondeu. - Parece que dar um escudo a alguém não é a única novidade sobre seus poderes. Aparentemente, você pode absorver qualquer tipo de energia. Isso é magnífico! - o alter ego do Gigante Esmeralda sorria largamente. Certo. Ele era um cientista, então não o repreendi por estar achando isso o máximo.

—Certo. Dar escudo a alguém, absorver energia. Qual será a próxima habilidade? Voar? - arqueei a sobrancelha. Ninguém falou nada. Soltei um suspiro. - Céus. Assim que eu sair daqui vou ver se o dr. Palmer me atende sem hora marcada. Estou sentindo que não vou conseguir largar meu antidepressivo tão cedo. - olhei para Stark. - Onde fica o banheiro? -

***

Eu não vou pirar. Eu não vou pirar. Eu não vou pirar. Eu não vou pirar.

Ah! Eu vou pirar sim!

O que estava acontecendo comigo? Eu estava indo tão bem! Consegui passar 11 anos sem ninguém saber sobre meus poderes e agora muita gente já sabe. Os Vingadores, o dr. Palmer, Amy, Tyler.

Tyler. Eu envolvi ele nessa zona toda que se chama minha vida. O garoto apanhou, lutou com um capanga da HYDRA, conheceu os Vingadores. Certo, que esse último foi algo positivo. Tyler ama os Vingadores. Contudo, ele sabe sobre meus poderes! E que história é aquela de que ele sabe há dois anos?

Merda, merda, merda!

Estava tudo dando errado! Tudo!

Levantei a cabeça e encarei meu reflexo no espelho. Meu rosto ainda continha alguns machucados, mas já estavam curando. Apenas um corte no lábio inferior, na maçã do rosto e no supercílio. Nada que não sumisse em pouco tempo já que eu tenho um fator de cura avançado.

Patético.

Olhei meus braços e pernas. Os arranhões pareciam que sumiram em um passe de mágica.

Impressionante.

Respirei fundo algumas vezes. Minha vida estava virando de ponta cabeça novamente. Como quando aconteceu a explosão.

Peguei a escova de dentes que tinha ali exclusivamente para mim e escovei meus dentes. Lavei meu rosto e fiz um coque no meu cabelo. Sai do banheiro e encontrei o quarto em que estava vazio. Menos mal. Não estava com cabeça para encarar mais ninguém.

Olhei ao redor do quarto. Aqui eu não fico nem mais um segundo. Caminhei até a porta, mas parei no meio do percurso e olhei para meu corpo. Eu não vou sair com essa camisola de hospital!

—Droga. - olhei novamente ao redor do quarto e não encontrei minhas roupas. - Qual é! Ninguém teve a decência de trazer uma roupa para mim? - resmunguei. - Será que vou ter que subir até o quarto de alguns dos Vingadores e pegar uma roupa emprestado? -

—Acredito que isso não será necessário, srta. Hunters. - uma voz masculina com sotaque britânico soou pelo quarto fazendo-me olhar para todos os lados.

—Quem disse isso? - perguntei procurando pelo homem portador dessa voz extremamente sexy, mas não havia ninguém ali.

—Me desculpe. Lembrei agora que não fomos apresentado. Eu sou Jarvis. O sr. Stark disse que o que você precisasse poderia pedir a mim. -

—E onde você está, Jarvis? - continuei procurando pelo cara que poderia estar planejando me pregar uma peça.

—Eu sou uma Inteligência Artificial, srta. - a voz falou fazendo-me pressionar os lábios. Inteligência Artificial. Você se superou, Stark.

—E sua voz sai pelas paredes? - questionei olhando para o teto.

—Pode-se dizer que sim. - a resposta veio rápido.

—Que fantástico! - falei empolgada. - E você faz tudo por aqui? -

—Tudo que o sr. Stark e o restante dos integrantes dos Vingadores me instruírem fazer. -

—E como eu faço para ter um igual a você na minha casa? Porque não é justo apenas o Stark ter um IA. -

—Acho que isso não será possível, srta. Hunters. - fiz uma careta.

—Srta. Hunters? Sério? Me chame de Melinda, ok? Gostei de você, Jarvis. Tem certeza que não posso levar você para minha casa? Garanto que eu sou mais divertida que o Stark. - sorri.

—Disso eu não tenho dúvidas. - escutei Natasha atrás de mim e virei-me assustada. - Jarvis me informou que você queria se trocar. Aqui está. - ela me entregou algumas peças de roupa.

—Certo. Eu me troco rapidinho. Você nem irá notar minha falta. - falei correndo para o banheiro.

Tirei a camisola descartável e vesti uma lingerie preta, calça jeans, regata preta e um casaco também preto. Sai do banheiro e encontrei Natasha com os braços cruzados. Oh, céus. Eu fiz merda e não estou sabendo?

—Está tudo bem? - questionei. Romanoff apontou para perto da cama, onde tinha um par de botas preta sem salto.

—Como você está? - ela indagou assim que me sentei na cama para calçar a bota.

—Em relação à que? Sobre a HYDRA estar atrás de mim? Ou sobre minhas novas habilidades? Ou sobre conhecer os Vingadores? - escutei ela suspirar e vir até mim. Terminei de calçar as botas e levantei a cabeça, encontrando Natasha me encarando.

—Em relação à tudo. - foi a minha vez de suspirar.

—Eu não sei. - respondi olhando nos olhos dela. - Saber que a HYDRA está atrás de mim é algo assustador, mas eu não estou temendo por mim, sabe? E sim, pelos meus amigos, meus irmãos, meus pais. O Tyler foi o primeiro e ainda bem que só tem alguns machucados. Depois será quem? O Will? -

—Não se culpe pelo que aconteceu com o Tyler. Ele está bem, Melinda. -

—Mas poderia ter morrido. Se o Clint não tivesse aparecido, Tyler não estaria aqui, Nat. Eu sou uma garota com poderes, mas que não sabe usá-los. Nem mesmo para proteger as pessoas ao meu redor. -

—Você sabe que não tem controle sobre seus poderes porque não quer. - Natasha não foi cautelosa com as palavras. - Você colocou limites em si mesma e olha no que deu: uma garota com poderes sem controle sobre eles. - olhei para meus pés.

—Eu não consigo. - murmurei.

—Você consegue sim e sabe que consegue. Não basta apenas a gente acreditar em você, Melinda. Você tem que acreditar em si mesma. Ainda está em tempo de mudar isso, você sabe. - voltei a encarar os olhos de Natasha.

—Você acha que um dia eu posso controlar meus poderes? -

—O importante é você aceitá-los, Melinda, e eu acho que você está domando essa parte muito bem. - franzi as sobrancelhas. - Desde quando você começou a tratar eles como meus poderes e não como aquilo? - Natasha arqueou a sobrancelha e nos seus lábios tinha um sorriso de lado. Pressionei os lábios me dando conta do que ela falou. Eu não tinha me dado conta disso.

—Eu não sei. - sussurrei.

—Você está perto de aprender a controlá-los. Agora é com você, Melinda. - sorri.

***

—Talvez esse não seja o momento certo, mas eu vou perguntar assim mesmo e não estou nem aí caso algum de vocês fiquem constrangido. - falei olhando para cada integrante dos Vingadores. Estávamos no andar comunal, onde tinha uma sala de cinema, um bar, mesa de sinuca e uma sala de estar - que era onde estávamos. - Quem de vocês está pegando a agente Rivera? Menos você, Tony, que já é comprometido. Ah. E você também, Thor. Esqueci momentaneamente da astrofísica maravilhosa que você namora. - o Asgardiano sorriu.

—Agente Rivera? A Amélia? - assenti para a pergunta de Barton.

—Ah! Ela escolheu o Steve. - Tony revirou os olhos. - Não sei o que as mulheres vêem em você, Picolé. Não vejo nenhuma diversão garantida. -

—O Steve é o exemplo perfeito de que as mulheres preferem os caras mais velhos. - Clint falou rindo.
—Não acredito que a Amy não me contou que ela pegava o Capitão Gostoso América. Ah, mas aquela agente merece uma boas palmadas. - resmunguei. - Me privou de ter um... -

—Eu peço ao Clint para te ajudar e você quer me bater? - escutei a voz de Amy atrás de mim e me virei-me na direção dela. - Essa é sua forma de agradecer ou eu não devia ter pedido ajuda e deixado você morrer? -

—Amy! Amiguinha! - levantei e fui até ela. - Vamos! Temos que conversar sobre outro assunto. - falei passando meu braço pelo dela e começando a ir para qualquer lugar longe da sala de estar.

—Eu, hein. Garota estranha. - ouvi Stark falar antes de ir com Amy em direção à sala do cinema.

—Eu fiz algo de errado? - Amélia questionou assim que soltei seu braço.

—Além de ter me negado um ménage com você e o Capitão América? - cruzei os braços séria.

—Como você descobriu? - ela não me deixou responder. - Stark. -

—Sim. Eu perguntei na maior cara de pau e o Tony respondeu. Pegando o orgulho da América, hein? Quem diria. - sorri.

—Você não está com raiva? - ela franziu as sobrancelhas confusa.

—Ah, estou sim. -

—Então? -

—Quero sua ajuda. - pedi sentando-me no sofá. Amy sentou ao meu lado. - Como você sabe um capanga da HYDRA veio atrás de mim afim de me levar para o lado do mal e essas coisas toda. Eu só consegui me safar um pouco por conta de alguns golpes que você e a Natasha me ensinaram e não por causa dos meus poderes. E sim, eu estou tratando eles como meus poderes. Eu nem tinha me dado conta, mas aí a fofa da Romanoff me disse que estou começando a aceitar que eu tenho de fato poderes. Legal, né? Você também acha isso? Porque por mais que essa ideia me assuste um pouco é bastante satisfatória. Aliás, se eu estou começando a aceitá-los, significa que eu posso controlá-los, não? E eu acho que estou tagarelando demais e retirando a chance de você expressar sua opinião a respeito disso. Então? O que você acha? - olhei para Amy que me encarava com a sobrancelha arqueada.

—Eu acho que você fala demais, Melinda.-

—Não me lembro de ter perguntado se você acha que eu falo demais e sim o que você acha sobre o que a Romanoff me disse. - Amélia revirou os olhos.

—Eu concordo com a Nat, Lindinha. Se você está aceitando seus poderes, você pode controlar eles. - ela sorriu. - Tudo depende de você. -

—E de você também. -

—Como assim? - novamente um olhar confuso.

—Oras. Como você me disse ontem que quebrou o tornozelo em uma missão e o Coulson te deixou de molho, eu te dou uma missão: me ajudar a treinar meus poderes. Você não irá fazer esforço e me fará um grande favor. - expliquei fazendo uma cara fofa no final.

—Te ajudar a controlar seus poderes? - assenti. - Oh. Certo. Claro. - arqueei a sobrancelha. - Eu te ajudo, Lindinha. - dei um sorriso e subi as pernas para cima do sofá.

—Agora me conta: como o Steve é na cama? O super soro realmente é um super soro? - perguntei empolgada. - Você entendeu o que eu quis dizer, né? -

—E quando eu comecei a te achar um ser humano decente. - ela resmungou fazendo-me rir.

—Ora, Amy. Responder minhas perguntas não irá te matar. Fora que você me negou um ménage com o Capicolé, então não me negue os detalhes também. Por favor, vai. - ela me encarou por um momento até que suspirou e, vendo que não tinha saída, começou a responder minhas perguntas.

E nenhuma resposta me decepcionou.

—Queria eu um Steve na minha vida. - suspirei.

—E o Tyler? -

—O que tem o Tyler? - questionei confusa.

—Vocês não estão namorando? -

—Por que você acha isso? - perguntei franzindo as sobrancelhas.

—Eu só achei que... enfim, você não me disse que ele sabia sobre seus poderes. - suspirei.

—Eu não sabia que ele sabia. - respondi encostando as costas no sofá. - Achei que ele tinha descoberto no beco, mas ele me surpreendeu dizendo que sabia há dois anos. -

—Dois anos? - assenti.

—Não sei como ele conseguiu não me perguntar nada a respeito, ou continuar comigo sendo o mesmo Tyler de sempre. -

—Vai ver ele não liga se você tem poderes ou não. -

—O que me assusta é quando eu contar a ele como eu ganhei esses poderes. - respirei fundo.

—Relaxa, Lindinha. Se Tyler for mesmo seu amigo, não se importará com isso. - ela sorriu. - O que me lembra do nosso acordo. -

—Que acordo? -

—Se você descobrisse quem eu estava pegando, você teria que me contar o que aconteceu no verão de 2010. -

—Não me recordo disso. -

—Melinda! - ela me repreendeu séria.

—Eu não vou contar isso aqui na Torre. Jarvis é muito legal, mas trabalha para Stark. E só nesse tempinho eu me dei conta que Tony gosta de se meter demais na vida dos outros. E o IA faz tudo que Stark pede, ou seja, ele pode muito bem contar o que conversamos aqui. -

—Isso seria indelicado da minha parte, srta. Hunters. - Jarvis falou fazendo-me olhar para o teto.

—Mas se ele questionasse você falaria, não? E já conversamos sobre esse negócio de srta. Hunters, não? - cruzei os braços. Amy riu.

—Tudo bem. Eu vou deixar essa passar. - ela falou suspirando e olhando para seu tornozelo direito que estava engessado. - Odeio quando isso acontece nas missões. Me sinto uma inútil. -

—Ora, bebê, você não é uma inútil. Fora que você vai me ajudar, não? Terá um propósito nesse tempo em que estiver de molho. - disse segurando a mão dela.

—Certo. Isso me faz ficar um pouco melhor. - ela sorriu. - Mas me conta: como foi conhecer o time de Vingadores? - sorri.

—Foi simplesmente fantástico! Amy do céu! Você sabe que conhecer o Clint e a Natasha já foi maravilhoso, né? Conhecer o restante do time então? Totalmente sem palavras! Eu conheci os donos da porra toda! E antes que pergunte, isso é uma expressão brasileira. Muito boa, por sinal. Não acha? E o Capitão? Por fotos e tudo mais eu já sabia que o cara era gostoso e um fofo. Agora? Eu descobri que ele é mais ainda! -

—Uhum, sei. Próximo Vingador? - ela falou com a cara fechada.

—Relaxe, ok? Por mais que o Steve seja tudo isso e muito mais, eu não sou talarica. -

—Talarica? O que é isso? - ela indagou confusa.

—Ah. É uma gíria brasileira. - soltei uma risada. - Ela é utilizada quando alguem pega a namorada do amigo e tal. -

—Como foi que essa gíria chegou até você? - dei de ombros.

—Trabalho de escola. Meu professor de Geografia distribuiu um país para cada aluno e eu acabei ficando com o Brasil. De primeira achei uma droga, mas depois vi que tinha umas coisas bastante interessante. -

—Tipo? -

—Segundo relatos de alguns brasileiros, o que o Brasil tem de melhor são as gírias, os memes e a caipirinha. E realmente eles falaram a verdade. As gírias são maravilhosas e os memes? Chegam a serem melhores que os daqui. -

—Vou pesquisar então. - sorri.

—E tem a caipirinha. Amy, essa bebida é maravilhosa. Forte, muito forte. -

—Ainda bem que eu me ofereci para te chamar em vez da sua mãe. - Tyler falou da porta. - Não quero nem saber como a sra. Hunters agiria ouvindo você falar sobre a bendita caipirinha do Brasil. -

—Me chamar para que? - perguntei ficando de joelhos no sofá.

—Irmos embora. Will ficou com o Adam sozinho. - suspirei.

—Certo. - olhei para Amy. - Amanhã você aparece lá em casa? -

—Claro. Finalmente irei conhecer o Will. - ela sorriu.

—É, e de brinde o Adam. - dei de ombros. - Eu posso até chamar o Charlie e a Chris e assim apresento vocês sem ser por uma vídeo chamada. -

—Uau. Me desconsiderou legal. - Tyler falou rindo.

—Até parece que você precisa ser convidado. - falei levantando.

***

—Onde era que vocês estavam, hein? Pelo amor de Deus! Vocês saíram daqui ontem a noite dizendo que a Melinda teve um problema e só chegam agora? 24 horas depois? - mal chegamos em casa e Adam não nos deu sossego.

Não o culpo. Ontem à noite eu sai de casa dizendo que ia ao mercado e só chego na noite seguinte. Fora meus pais. Que assim que receberam uma ligação de Natasha dizendo que um capanga da HYDRA foi atrás da filha deles saíram correndo para a Torre dos Vingadores. E ninguém avisou nada ao Adam. Ok, a culpa é nossa.

—Relaxa, maninho. Estamos bem e... -

—O que aconteceu com você? - ele perguntou vindo até mim e segurando meu rosto entre suas mãos.

—Como assim? - questionei confusa.

—Seu rosto. Está machucado. - ele respondeu passando o polegar sobre o corte na bochecha. Não era para meu super fator de cura avançado ter curado tudo isso?

—Tyler e eu fomos assaltados no caminho ao mercado. - menti. Não tínhamos pensado no que falar para Adam quando voltássemos, então falei a primeira coisa que me veio à cabeça.

—Assaltados? E ele bateu em você? -

—Eu só tinha o cartão de crédito e meu celular, o cara achou pouco e me bateu. Eu estou bem, Adam. - sorri de lado.

—E por que demoraram tanto? - ele questionou descendo as mãos pelos meus braços e segurando as minhas mãos.

—Delegacia. - Michael respondeu. - Melinda e Tyler são menores de idade, precisavam de um responsável. Então, eu e sua mãe fomos à delegacia para que eles prestassem o B.O. -

—Ficaram na delegacia esse tempo todo? - Adam arqueou a sobrancelha. Ele estava desconfiado.

—Tivemos que ir ao hospital. - disse lembrando de Tyler. - Tyler lutou com o cara e acabou torcendo o pulso. -

—Ele está bem? - assenti.

—Está. E você? Como foi passar um dia inteiro com o Will? - perguntei sorrindo.

—O pirralho até que se comportou. Arrumar ele para ir à escola que foi uma missão impossível. - ri e soltei minhas mãos das dele. - Eu não sou um chefe de cozinha, mas fiz a janta. - arqueei a sobrancelha.

—Adam Hunters na cozinha? Quem diria, hein? - ele revirou os olhos.

—Hahaha. Quanta piada engraçada, hein? - soltei uma risada e fui até a cozinha.

—Vocês não vão comer? - perguntei aos meus pais assim que vi eles irem até a escada.

—Não, querida, seu pai e eu estamos exaustos. No momento só queromos descansar. -

—Descansar, é? - arqueei a sobrancelha. Eles balançaram a cabeça e subiram para o quarto.

—Eles estão acabados. - Adam falou me encarando.

—Digamos que eles me viram em uma situação que nenhum pai quer ver um filho. - suspirei me sentando na mesa.

—Como assim? - ele questionou pegando um prato e colocando meu jantar.

—Em uma delegacia, toda machucada e... - respirei fundo e sorri. - Mas então, conte-me: como foi a escola? -

—Um verdadeiro saco. Charlie e Chris perguntaram sobre você e o Tyler, eu não sabia responder onde diabos vocês estavam. - ele colocou o prato na minha frente. Risoto de frango. A especialidade do Adam. - Fora o Will. Tive que arrumar ele para escola, o lanche, buscar ele. Foi um sufoco. -

—Você não ameaçou trancar ele no banheiro de novo, ameaçou? - perguntei começando a comer.

—Não. Dessa vez eu... resolvi ser o irmão que ele precisa, como você mesma disse. - sorri.

—Até que fim, não? - arqueei a sobrancelha.

Terminei de comer e ainda passei um tempo conversando com o Adam sobre assuntos banais. Quando o primeiro bocejo dele veio eu o mandei dormir. Realmente, cuidar de Will não é algo fácil.

Lavei meu prato e subi para meu quarto. Me despi e entrei no banheiro depois de pegar duas toalhas. Tomei um banho demorado e aproveitei para lavar meu cabelo. Enrolei uma toalha no meu corpo e outra no meu cabelo. Assim que sai do banheiro percebi que não estava sozinha.

—Oi. - observei um sorriso de lado nascer em seus lábios.

—Hey. - sorri fraco. - O que faz aqui? - perguntei indo até o guarda-roupa.

—Queria saber como você estava. Eu sei que poderia ter mandado uma mensagem, mas... -

—Tudo bem. - soltei uma risada e olhei para ele sobre o ombro. - Gosto quando você aparece aqui e entra pela janela. - voltei a olhar para o amontoado de roupas que tinha ali. - Eu estou bem, Tyler. E você? -

—Igualmente. - sorri ao ver uma camisa e optei por vesti-la. Sem me preocupar com o Tyler ali, vesti uma calcinha e tirei a toalha que cobria meu corpo. Vesti a camisa e me virei. - Então é você que está com essa camisa? - ele falou arqueando a sobrancelha.

—Digamos que eu peguei sem que você percebesse. - falei me sentando na cama, de frente para ele.

—Acontece que eu percebi sim. - Tyler segurou minha mão. - Eu acho que nunca tive tanto medo de perder você como ontem. - afaguei as costas da mão dele.

—Isso já aconteceu duas vezes, Ty, e, provavelmente, continuará acontecendo até que a HYDRA acabe. Por mais que o mundo tenha a S.H.I.E.L.D. e os Vingadores, isso talvez nunca acabe. - suspirei. - Mas eu acho que você já sabia que um dia isso aconteceria. - olhei para Tyler que me encarou nos olhos. - Como você soube? - perguntei em um sussurro.

—Antes de tudo, quero te pedir que não se culpe caso as coisas tivessem saído um pouco do controle. -

—Como assim? - franzi as sobrancelhas.

—Me promete que não vai se culpar? -

—Mas... - tentei argumentar.

—Promete? - vendo que ele não iria desencanar dessa ideia, eu assenti. - Como eu disse: eu sei disso há dois anos. Houve um dia em que eu dormi aqui com você. Eu já tinha percebido que durante esse dia você estava estranha, quieta e ao mesmo tempo inquieta, como se algo te perturbasse. Por isso eu decidi dormir contigo. Você não queria, mas depois de muita insistência da minha parte, acabou aceitando. - Tyler ficou brincando com meus dedos enquanto prosseguia. - Eu não consegui dormir. Você estava inquieta, estava tendo pesadelos com seu pai. - fechei os olhos por um momento.

Lembrar desses pesadelos era horrível. Os pesadelos eram horríveis. Era a mistura de lembranças com minha consciência me fazendo se sentir culpada. E ela conseguia. Senti Tyler apertar minha mão e afagar os nós dos meus dedos.

—Em um dado momento eu fui ao banheiro e quando voltei, seus olhos brilhavam e tinha algo ao seu redor, com um brilho mais fraco que o do seus olhos. Eu fiquei impressionado assim que me toquei do que se tratava. - abri a boca para contrariar, mas ele não deixou. - Eu sei, era para eu ter ficado assustado ou algo do tipo. Contudo, eu não conseguia. A minha amiga tinha poderes. Como não achar isso o máximo? - um sorriso lutou para nascer em meus lábios ao ouvir o tom empolgado de Tyler, mas eu não o deixei sair. - A minha vontade era que assim que você acordasse, te perguntar a respeito deles. O que eles faziam, como funcionavam, se você já tinha nascido com eles. Só que então eu percebi que falar sobre eles devia ser algo difícil para você, já que nunca chegou a sequer tocar nesse assunto. Então, eu fiquei quieto. Deixei na surdina e tentei ao máximo esquecer isso, mas nunca consegui. -

—A forma como eu os ganhei foi horrível, Tyler. - sussurrei soltando minha mão da dele e esfregando a palma da mão no meu braço coberto pela manga comprida da camisa. - Acredite, se eu tivesse ganhado esses poderes de uma forma diferente e não tivesse matado ninguém ao usá-los, eu gostaria deles. -

—Quer me contar como você conseguiu eles? - olhei nos olhos dele e respirei fundo, começando a contar tudo o que aconteceu no laboratório.
No final de tudo, senti como se tivesse tirado um terço do peso que tinha nas costas. Contar o que aconteceu ao Tyler era algo assustador, mas ao mesmo tempo era um alívio.

Imagina quando eu contar ao Adam, Chris e Charlie? Será que eu conseguiria parar de me achar uma péssima amiga e irmã por estar escondendo esse segredo deles? E o dr. Palmer? Ele era um terapeuta, seu trabalho é ajudar seus pacientes. Será que quando eu contar o que aconteceu ele vai me ajudar a aceitar que aconteceu o que aconteceu e que nada pode mudar isso?

—Eu nunca imaginei que você passava por tudo isso, Melinda. - Tyler falou depois de um tempo. - E é algo que você não deixou transparecer, nunca. Você devia ter nos contado. Ninguém iria te julgar. -

—Eu não conseguia. Na verdade, nem sei se consigo. Assim que vocês se tornaram meus amigos eu disse para mim mesma que faria de tudo para que nenhum de vocês soubessem que eu tenho poderes. Principalmente como eu os adquiri. - fiquei brincando com o anel no meu dedo e suspirei. - Não era apenas por causa do medo de vocês não pensarem o mesmo de mim. Era porque se vocês soubessem, as chances de estarem em perigo eram grandes. Por mais que meus poderes estivessem sempre ocultos de todos, tinha sempre uma possibilidade de alguém saber. A HYDRA está aí e não me deixa mentir. Você também. - olhei para Tyler. - Eu nem sabia que você tinha ideia sobre meus poderes e mesmo assim quase morreu ontem. -

—Quando eu vi aquele cara batendo em você, Melinda, a única coisa que se passava na minha cabeça era bater nele até matá-lo. E bati, mas quem teve mais êxito nisso foi você. E mesmo estando a beira da morte, não deixei de achar aquilo sexy. - sorri.

—A Amy e a Natasha me ensinaram alguns golpes e essas coisas. - dei de ombros. - Aliás, como foi conhecer os Vingadores? - Tyler sorriu.

—Está brincando? Conhecer os Vingadores foi algo que eu não tenho palavras para descrever! -

—Shhhh!— pedi rindo. - Para todos os efeitos eu estou dormindo e você não está aqui. Então demonstre sua felicidade um pouco mais baixo, ok? - ele assentiu.

—Mel, sei que conhecemos eles em uma situação difícil, digamos assim, mas foi algo espetacular. Até o Thor estava lá! E a Natasha? Meu Deus! Aquela mulher é o sonho de consumo de qualquer pessoa! -

—Não é? - sorri. - Queria eu pegar aquela deusa. Será que ela participaria de um ménage com nós dois? Ela bem que poderia chamar o Clint e a gente transformava em uma orgia. Uma orgia perfeita. - suspirei.

—Perfeita mesmo. - Tyler concordou rindo. - Conhecer todos os Vingadores foi maravilhoso, mas eu gostei mesmo de conhecer Tony Stark. - revirei os olhos.

—Claro. Ele sempre foi seu Vingador preferido. -

—Lógico que sim! O cara é gênio, bilionário, playboy, filantropo e o Homem de Ferro! Quer algo melhor que isso? -

—Um cientista com problemas de controle de raiva? - sugeri. - Um super soldado? Uma dupla de super espiões assassinos? Um Deus que tem um martelo super divo? -

—Não gostou do Tony? - ele arqueou a sobrancelha.

—Gostei, claro que gostei. Mas eu também gosto de te irritar com isso, lembra? - Tyler sorriu. - Fora que eu só faltei estrangular o Tony! Não parava de dizer que a gente tinha alguma coisa. -

—Mas ele está certo, não está? - Tyler questionou sorrindo e inclinando seu corpo em minha direção.

Seus lábios encostaram nos meus com calma enquanto suas mãos pousavam em minhas coxas. Subi minhas mãos para o pescoço de Tyler e mordi o lábio inferior dele.

—É, estava. - sussurrei com meu rosto próximo ao dele.

—Tinha esquecido o quanto você fica sexy com essa camisa. - Tyler falou próximo ao meu ouvido e mordendo o lóbulo da minha orelha. - E com essa toalha na cabeça. -

—Vai ficar de falação ou... - ele me interrompeu com um beijo.

—Vou ficar com o ou.— sorri e desci minhas mãos para o casaco dele, retirando-o do corpo.

—Ótima escolha. -


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Notas finais do capítulo

Hey! Então? Gostaram? Não gostaram? Comentem!
Gente, quero agradecer aos comentários. Vocês são umas fofas, namoral.
O próximo capítulo vem em breve.
Bon revoar!



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